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Perfil nutricional e alimentar de gestantes adultas 

atendidas na Unidade de Saúde da Família (USF) do 

bairro Maracanã do município de Montes Claros, MG

Perfil nutricional y alimenticio de embarazadas adultas atendidas en la Unidad 

de Salud de Familia (USF) del barrio Maracaná del municipio Montes Claros, MG

 

*Nutricionista. Graduada/o pelas Faculdades Unidas do Norte Minas (FUNORTE)

**Mestrado em Biotecnologia pela Universidade Vale do Rio Verde

***Enfermeiro. Mestrando em Ciências da Saúde

pela Universidade Estadual de Montes Claros (UNIMONTES)

****Enfermeira. Mestrando em Ciências da Saúde

pela Universidade Estadual de Montes Claros (UNIMONTES)

*****DDS, MS, PHD. Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

(Brasil)

Ana Paula Mendes Miranda Silva*

Renata Souza Santos*

João Lucas Santana Benevides*

Darlê Martins Barros Ramos**

João Marcus Oliveira Andrade***

Alanna Paraíso****

Prof. Dr. Luciano Marques da Silva*****

lucasbenevides_nutricao@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          Introdução: A avaliação do estado nutricional e a avaliação dietética através de inquéritos alimentares durante o período gestacional são importantes, pois podemos detectar problemas nutricionais, além de serem úteis para se estabelecer intervenções precoces e eficazes durante a assistência pré-natal. Objetivo: O presente estudo teve como objetivo avaliar o perfil nutricional e alimentar de gestantes adultas atendidas pela Unidade de Saúde da Família do bairro Maracanã. Metodologia: Estudo quantitativo, com amostra de 11 gestantes. Foram realizadas visitas domiciliares, onde foram obtidos os dados antropométricos e aplicado o Recordatório Alimentar para obtenção dos dados alimentares. Para a determinação do estado nutricional foi utilizado o Índice de massa corporal (IMC) por semana gestacional classificado segundo os níveis adotados pelo Ministério da Saúde, SISVAN (2004). As necessidades calóricas e protéicas foram determinadas de acordo com o método preconizado por Vitolo (2008). Para os micronutrientes (cálcio, ferro e ácido fólico), foi seguido o parâmetro preconizado por Mahan e Stump (2005). Para análise foi utilizado o programa SPSS 17.0 (Statistical Package for the Social Sciences) for Windows, o teste t de Student, o teste de ANOVA e o teste Qui-quadrado para avaliar as diferenças de proporções dos dados categóricos sendo considerado significativo p≤0,05. Resultados: Observou-se que 72,8% estavam com o estado nutricional inadequado. Com relação à alimentação foi verificado que 63,6% e 72,7% das gestantes apresentaram consumo calórico e protéico acima do recomendado, respectivamente. Com relação aos micronutrientes, todas as gestantes apresentaram ingestão inadequada de ferro, ácido fólico e cálcio. Conclusão: As gestantes estão com o estado nutricional e alimentar inadequados, predispostas a carências nutricionais específicas. Elas necessitam, portanto, de atendimento nutricional, visando o controle do ganho de peso e o adequado aporte de nutrientes.

          Unitermos: Gestantes. Estado nutricional. Perfil alimentar.

 

Abstract

          Introduction: The assessment of nutritional state and dietetic assessment through feed inquests during gestation period are important indeed, since we may identify nutritional issues, as well being useful to settle precocious interventions throughout prenatal assistance. Objective: The current survey has as objective the evaluation of the nutritional and alimentary profiles of adult pregnant aided by Unidade de Saude da Familia located in Maracana district. Methodology: Quantitative research, with samples of 11 pregnant. Home visits were performed, in which were obtained anthropometrical data and afterwards applied the Alimentary Reminiscent for the acquisition of alimentary data. In order to determine the nutritional condition, the Body Mass Index (BMI) has been employed by gestational week classified according to the levels adopted by Ministerio de Saude, SISVAN, 2004. The caloric and protein needs have been determined according to the method established by Vitolo (2008). To the micronutrients (calcium, iron and folic acid), the parameter established by Mohan and Stump (2005) have been followed. For analysis, it were used the SPSS 17.0 software (Statistical Package for the Social Sciences) for Windows, the student test t, the ANOVA test and the Qui-Square to evaluate the differences of proportions from categorical data, have been considered significant p≤0,05. Results and Discussion: It has been observed that 72,8% were under inadequate nutritional state. In relation to feeding, it has been verified that 63,6% and 72,7% of pregnant featured caloric and protein consumption over the recommended, respectively. In relation to the micronutrients, all pregnant displayed inadequate ingestion of iron, folic acid and calcium. Conclusion: The pregnant are under inadequate nutritional and alimentary condition, predisposed to a lack of specific nutrients. Along these lines, they need nutritional service, aiming the control of weight and suitable inherent nutrients.

          Keywords: Pregnant. Nutritional state. Food profile.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 171, Agosto de 2012. http://www.efdeportes.com

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Introdução

    A gravidez é um período em que ocorrem várias transformações fisiológicas no organismo da mulher, o que gera uma grande necessidade de nutrientes essenciais, cuja finalidade é manter a nutrição materna e garantir um adequado crescimento e desenvolvimento fetal, pois a melhor fonte de nutrientes para o feto é aquela proveniente dos constituintes da alimentação materna (BERLAMINO et al., 2009).

    A assistência nutricional da gestante durante o pré- natal tem como principais objetivos identificar fatores de risco, estabelecer o estado nutricional, garantindo assim o diagnóstico e a prevenção de inadequações nutricionais, no sentido de corrigir distorções e planejar a educação nutricional (BROGNOLI et al., 2010).

    O estado nutricional é principalmente determinado, pela ingestão de nutrientes, seja em termos de micro ou macronutrientes. Por isso, um aporte energético inadequado da gestante pode levar a uma competição entre a mãe e o feto, limitando assim a disponibilidade de nutrientes necessários ao crescimento adequado do feto (MELO et al., 2007).

    A avaliação do estado nutricional durante o período gestacional através de medidas antropométricas (peso e estatura) é um procedimento muito utilizado e de baixo custo, além de ser útil para se estabelecer intervenções precoces e eficazes durante a assistência pré-natal (STULBACH et al., 2007).

    Para Brognoli et al. (2010), é essencial a avaliação dietética através de inquéritos alimentares, porque podemos detectar problemas nutricionais que podem ser prejudiciais no decorrer da gravidez, o que contribui para uma intervenção oportuna com impacto positivo nas condições de nascimento da criança.

    De acordo com Malta et al., (2008), existe em especial um risco de consumo insuficiente de micronutrientes, pelo fato de haver um aumento de suas necessidades relativamente maior do que a elevação da necessidade de energia.

    Deficiências de minerais como cálcio, ferro, e vitaminas como o folato entre outros micronutrientes, podem estar associados com anomalias congênitas, pré-eclâmpsia, ruptura prematura de membranas, parto prematuro e alta incidência de bebês com baixo peso (LUCYK E FURUMOTO, 2008).

    De acordo com Rodrigues e Jorge (2010), 50% das gestantes em todo o mundo são anêmicas, sendo que 23% encontram-se em países industrializados e 52% em países não industrializados.

    O ácido fólico de acordo com algumas pesquisas desempenha importante papel no processo reprodutivo (UEHARA E ROSA, 2010). Para Busch, Silva e Bosco (2009), a deficiência de ácido fólico causa prejuízo na síntese de proteínas e na divisão celular podendo levar a aborto, sangramento no terceiro trimestre, anemia megaloblástica no final da gravidez, defeito no tubo neural (DTN) entre outras complicações.

    Durante o período gestacional, ocorrem transformações no metabolismo do cálcio, que incluem mudanças nos hormônios que são responsáveis pela sua regulação o que favorece a transferência do cálcio da mãe para o feto (BUZINARO, ALMEIDA E MAZETO, 2006). Conforme Rocha e Júnior (2005), o recém-nascido possui em média 21 gramas de cálcio no corpo, cuja maior parte é adquirida no último trimestre do período gestacional, fase na qual acorre uma obtenção de peso mais rápida pelo concepto no seu desenvolvimento intra-uterino.

    Enfim, o feto é dependente da mãe para que haja um bom crescimento e desenvolvimento, portanto o estado nutricional materno não influencia somente a saúde da gestante, mas também na saúde do concepto podendo este apresentar baixo peso ao nascer, prematuridade, morbidade e mortalidade infantil (HEDRICH et al., 2007).

    Levando em consideração tais aspectos, o presente estudo teve como objetivo avaliar o perfil nutricional e alimentar de gestantes adultas atendidas na Unidade de Saúde da Família (USF) do bairro Maracanã localizado no município de Montes Claros – MG.

Metodologia

    O presente estudo caracterizou-se como uma pesquisa quantitativa. A pesquisa foi realizada na Unidade Saúde da Família (USF) do bairro Maracanã, onde a amostra foi composta por 11 gestantes adultas freqüentadoras desta unidade de saúde.

    Foram incluídas neste estudo, as gestantes adultas (>20 anos) cadastradas na unidade de saúde e que tinham idade gestacional de até 24 semanas de gestação. Vale ressaltar que as gestantes somente foram avaliadas após a leitura e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

    A coleta de dados foi realizada no período de agosto de 2011 por meio de visitas domiciliares as gestantes. No primeiro momento da entrevista foi aplicado o questionário (adaptado de BUSCH, 2009), contendo informações relativas à idade, estado civil e nível socioeconômico.

Questionário

    Idade Gestacional

  • ( ) ate 24 semanas

  • ( ) > 24 semanas

Idade (anos) _______

Renda Familiar (salários mínimos)

  • Menos que 1 salário mínimo ( ) < R$ 545,00

  • 1 a 2 salários mínimo ( ) R$ 545,00 a R$ 1090,00

  • De 2 a 3 salários mínimo ( ) R$ 1090,00 á R$ 1635,00

  • ≥ 4 salários mínimo ( ) ≥ R$ 2180,00

Escolaridade

  • Ensino fundamental Incompleto ( )

  • Ensino Fundamental Completo ( )

  • Ensino médio ( )

  • Ensino superior ( )

Tipo de Moradia

  • Própria ( )

  • Alugada( )

  • Com familiares ( )

Ocorrência de patologias na

gestação

  • ( ) Sim

  • ( ) não

Se sim, quais?

  • ( ) HA 

  • ( ) Diabetes

  • ( ) outras

Uso de bebida alcoólica na

Gestação

  • Sim ( )

  • Não ( )

Usa Cigarro?

  • ( ) Sim

  • ( ) Não

Estado Civil

  • Sem informação ( )

  • Solteira ( )

  • Amasiada ( )

  • Casada ( )

  • Viúva ( )

  • Divorciada ( )

Profissão: __________________________________________________________

Questionário adaptado de BUSCH et al., 2009. Adequação do consumo alimentar das gestantes freqüentadoras de um grupo de gestantes de um município do interior do Rio Grande do Sul.

    No segundo momento foram obtidos os dados antropométricos, peso e estatura. Para mensuração do peso, foi aferido utilizado uma balança digital com capacidade máxima de 150 kg. As gestantes foram colocadas na balança, posicionadas em posição ortostática, descalças, permanecendo eretas com os pés juntos no centro da plataforma e com os braços estendidos ao longo do corpo para evitar alterações na leitura da medida.

    Para a aferição da altura, foi utilizada uma fita métrica inelástica com comprimento total de 150 cm, sendo afixada na parede de forma vertical com uma altura máxima de 180 cm, afixado depois de 50 cm do chão. As gestantes foram posicionadas de forma ereta, de costas para a fita inelástica, com os braços estendidos ao longo do corpo. Os pés foram unidos fazendo um ângulo reto com as pernas. Os calcanhares, ombros e nádegas foram encostados na parede plana e sem rodapé.

    Para a determinação do estado nutricional foi utilizado o Índice de massa corporal (IMC) por semana gestacional classificado segundo os níveis adotados pelo Ministério da Saúde, Protocolo do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional - SISVAN (2004).

Avaliação do estado nutricional da gestante segundo Índice de Massa Corporal (IMC) por semana gestacional

Fonte. Protocolo do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional - SISVAN (2004)

    O Ministério da Saúde preconiza a utilização do Método de Atalah para a classificação do estado nutricional da gestante, que se baseia no IMC ajustado para idade gestacional.

    Os dados sobre a ingestão alimentar foram coletados, em entrevista, por um Recordatório Alimentar de 24 horas, no qual foi aplicado no meio da semana, as gestantes recordaram e descreveram todos os alimentos ingeridos no dia anterior à entrevista, com o tipo de preparação e a quantidade que foi expressa em medidas caseiras.

    A necessidade calórica foi obtida por meio do cálculo simplificado do valor energético recomendado (VER) utilizando calorias/kg, estimado através da multiplicação do peso ideal pré-gestacional por quilograma (kg) de peso ideal para mulheres adultas, que é de 36 kcal /kg de acordo com as RDA de 1989, e adicional de 300 kcal para as gestantes que se encontravam no 2º trimestre de gestação. A necessidade de proteína foi estabelecida segundo a recomendação de Vitolo (2008) que é de 60g/dia.

    Com relação aos micronutrientes (cálcio, ferro e ácido fólico), foi seguido o parâmetro preconizado por Mahan e Stump, (2005), cálcio 1000g/dia, ferro 27 mg/dia e ácido fólico 600μg/dia.

    A análise de ingestão alimentar foi realizada com a utilização do software Diet Pro versão profissional 3.0., os valores de calorias, proteínas e micronutrientes encontrados foram comparadas com as necessidades estimadas.

    Os dados foram tabulados e avaliados pelo programa SPSS 17.0 (Statistical Package for the Social Sciences) for Windows. Foi utilizado o teste t de Student para análise das médias encontradas em comparação com os valores de referência, o teste de ANOVA para comparação de grupos e o teste Qui-quadrado para avaliar as diferenças de proporções dos dados categóricos sendo considerado significativo p≤0,05.

    O estudo foi submetido ao comitê de Ética e Pesquisa com Seres Humanos das Faculdades Integradas do Norte de Minas – Funorte, sendo aprovado sob o protocolo nº01670/11, atendendo aos aspectos éticos da pesquisa que envolve seres humanos (Resolução 196/96 da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP).

Resultados e discussão

    A amostra foi constituída por 11gestantes, com idade mínima de 21 anos e média igual a 30,18 ±7,16 anos. Em relação ao estado civil, constatou-se que a maior parte das gestantes eram casadas (n = 6; 54,5%), existindo, também mulheres que vivem com companheiro ( n= 3; 27,3%), e solteiras( n= 2; 18,2%).

    Quanto ao nível socioeconômico, 63,6% das gestantes possuem renda de até dois salários mínimos e 63,6% informaram ser donas de casa. Estudos de Cotta et al. (2009) mostram que a baixa renda pode estar associada ao consumo de determinados alimentos em detrimento de outros, e ainda referem que quanto menor a renda, menor seria o poder de compra e acesso a uma alimentação diversificada.

    Com relação ao tipo de moradia, 63,6% residiam em casa própria, 18,2% em casa alugada e 18,2% com familiares. Observou-se ainda que as gestantes, não faziam uso de bebidas e cigarros. Indicando que bons hábitos influenciam positivamente no recém-nascido. E também não apresentam nenhum tipo de patologias.

    Quanto à escolaridade prevaleceu o ensino médio 5 (45,5 %); Ensino fundamental incompleto 1 (9,1 %); ensino fundamental completo 4 (36,4 %) e o ensino superior 1 (9,1%). A baixa escolaridade pode ser um agravante para a saúde das mulheres sendo considerado pelo Ministério da Saúde como um fator de risco obstetrício (SPINDOLA, PENA E PROGIANTI, 2006).

    Nochiere et al. (2008) consideram que o nível de escolaridade incide na condição socioeconômica, e refletem acerca de que as gestantes com baixo poder aquisitivo, teriam menor acesso a alimentos em termos quantitativos e maior consumo de alimentos mais calóricos por serem mais baratos.

    Constatou-se que 36,4% das gestantes apresentaram-se com sobrepeso, 27,3% com peso adequado e 36,4% com baixo peso. Com isso verificou-se que 72,8% das gestantes analisadas encontram-se com o estado nutricional inadequado.

    Na literatura, encontramos achados similares, no estudo de Brognoli et al., (2010), onde avaliaram o consumo alimentar de gestantes freqüentadoras do Programa de Pré-Natal da cidade de Curitiba, encontraram 52% de gestantes com o estado nutricional inadequado.

    Verifica-se ainda que não há diferenças estatisticamente significativas entre os grupos, conforme mostra a figura 1.

Fonte. Protocolo do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional - SISVAN (2004)

    Tal fato pode interferir negativamente na gestação favorecendo casos de hipertensão, diabetes mellitus gestacional. Sabe-se, mulheres acima do peso podem ter câncer de mama e útero, anormalidades menstruais, infertilidade, apnéia obstrutiva do sono, desordens reprodutivas, aborto, ou seja, o risco de morbidade aumenta a cada dia (VALLE, DURCE E FERREIRA,2008).

    É importante ressaltar que o peso excessivo durante o período gestacional exerce um efeito significativo para o aumento das taxas de parto operatório, bem como a elevação dos riscos de resultados perinatais desfavoráveis, como maior prevalência de desproporção céfalo-pélvica, trauma, asfixia, morte perinatal e fetos macrossômicos (ANDRETO et al., 2006).

    Considera-se ser de suma importância o incentivo a hábitos alimentares saudáveis nesta população, como estratégia de prevenção das patologias que podem ser desencadeadas pela obesidade.

Tabela 1. Características socioeconômicas das gestantes

Fonte: Questionário socioeconômico das gestantes, 2011

    Em relação ao consumo médio de calorias, os valores encontrados foram de 2373,36 kcal ± 818, 58, conforme mostra a tabela 3. Verificou-se que a maioria das gestantes 63,6% (tabela 2), tinha o consumo de calorias acima do recomendado. Este fato pode ter como causa, o constrangimento das gestantes ao revelar para a entrevistadora as dificuldades econômicas enfrentadas ou por falta de interesse no estudo.

    Outros estudos mostram o contrário em relação ao consumo energético. Barros et al. (2004), avaliou a ingestão alimentar de gestantes no estado do Rio de Janeiro, onde foi verificado que o consumo de calorias das gestantes entrevistadas estava abaixo dos valores recomendados para mais da metade da amostra.

    De acordo com Lacerda et al. (2007), o consumo energético excessivo durante a gestação pode ocasionar maior ganho de peso na gravidez, e como conseqüência maior taxa de retenção de peso pós-parto e obesidade materna.

Tabela 2. Distribuição das gestantes, segundo a ingestão de calorias, proteínas, cálcio, ferro, ácido fólico e estado nutricional

Fonte: Recordatório Alimentar das gestantes da USF do bairro maracanã, 2011

    Com relação, a ingestão de proteínas, o consumo médio foi de 86,79g (tabela 3), ou seja, 72,7% (tabela 2) das gestantes apresentaram o consumo excessivo de fontes protéicas.

    O consumo elevado de proteínas foi detectado em outras pesquisas realizadas com gestantes, Nochiere et al. (2008); Hedrich et al. (2007), obervaram que 62,8% das gestantes apresentaram consumo excessivo de proteínas. No entanto, confrontando com este estudo, a pesquisa de Bertin et al. (2006), encontrou que a maioria das gestantes tinham a ingestão alimentar adequada de proteínas.

    Quanto à análise de adequação de micronutrientes verificou-se que as dietas estavam muito inadequadas em relação ao ferro, cálcio e ácido fólico, conforme mostra a tabela 3. Os consumos desses micronutrientes insuficientes indicam tanto a necessidade de ações programáticas que incluam avaliação da alimentação e orientação alimentar, no nível da atenção individual no pré-natal, como, principalmente, a relevância de intervenções coletivas de promoção e apoio ao consumo de alimentação saudável.

Tabela 3. Consumo médio de calorias, proteínas e micronutrientes em relação aos valores de referência

Fonte: Recordatório Alimentar das gestantes da USF do bairro Maracanã, 2011

    A deficiência desses micronutrientes das dietas analisadas pode ser explicada pelo baixo consumo de frutas, verduras, leite e seus derivados. Justificando assim carência nutricional relacionada principalmente aos micronutrientes.

    De acordo com as últimas pesquisas de orçamento familiares no Brasil, constatou-se a insuficiência no consumo de frutas, legumes e verduras na dieta dos brasileiros em todos os segmentos populacionais, e de acordo com estudos prévios fatores socioeconômicos como nível educacional e renda familiar são importantes determinantes da ingestão baixa desses alimentos (Neutzling et al., 2009).

    È importante ressaltar que houve diferença significativa em relação aos valores recomendados e os valores consumidos pelas gestantes.

    A ingestão de ferro apresentou-se inadequada em 90.9 % das dietas analisadas. Assim como no estudo de Hedrich et al. (2007), onde 97,2% das gestantes avaliadas apresentaram ingestão inadequada de ferro.

    A deficiência de ferro apresenta elevada prevalência mundial. Estima-se que 60% das gestantes no mundo sejam anêmicas (SILVA et al., 2007). No Brasil, estimam-se prevalências de 30 a 40% de anemia em gestantes (SATO et al., 2010).

    Vitolo, Boscaine e Bortoline (2006), destacam que as principais causas de anemia entre as gestantes são, baixo nível socioeconômico, maior número de partos, baixo nível educacional, idade gestacional mais avançada, reservas inadequadas de ferro, ausência de suplementação de ferro e dietas deficientes em quantidade e qualidade de ferro.

    Vale ressaltar que o ferro é um nutriente de suma importância para a saúde materno-infantil, e as conseqüências da carência desse nutriente em nível pessoal, acrescidas das conseqüências sociais e econômicas para a população, reforçam a necessidade da prevenção e do tratamento da anemia por deficiência de ferro.

    O ácido fólico foi considerado inadequado em 100% das dietas avaliadas. Um dos problemas para a saúde da criança que pode advir da deficiência de ácido fólico é a má-formação do tubo neural, com possibilidade de subseqüente anemia megaloblástica materna ou do recém-nascido (BUSCH, SILVA E BOSCO 2009).

    Segundo Santos e Pereira (2007), as gestantes são propensas a desenvolver deficiência de folato provavelmente devido ao aumento da demanda desse nutriente para o crescimento fetal e tecidos maternos.

    Portanto, o ácido fólico é essencial durante a gravidez. Sabe-se que pela dieta não é possível obter doses recomendadas de ingestão, sendo necessária a suplementação (BUSCH, SILVA E BOSCO 2009).

    Quanto à análise do consumo de cálcio, verificou-se que 100% das gestantes, realizavam ingestão baixa deste mineral. Na gestante, a deficiência deste nutriente abaixo da recomendação, pode levar a mobilização dos estoques maternos de cálcio do esqueleto para atender a demanda fetal. (ROCHA E JÚNIOR 2005).

    Resultados semelhantes aos encontrados por Fazio et al. (2011), nos quais a maiorias das gestantes avaliadas tiveram uma ingestão de cálcio abaixo dos valores recomendados.

    A gestação merece o máximo de atenção com relação à oferta de micronutrientes, em especial, cálcio, ferro e ácido fólico, tendo em vista que a deficiência desses nutrientes está relacionada com uma série de efeitos deletérios para o binômio mãe-filho, com conseqüente aumento das taxas de morbimortalidade, dentre outros agravos à saúde.

Conclusão

    Com base nos resultados obtidos, conclui-se que 72,8% das gestantes estudadas encontram-se com o estado nutricional gestacional inadequado. A maioria das gestantes 63,6% tinha o consumo de calorias acima do recomendado, apresentaram o consumo excessivo de fontes protéicas e com quantidade de ferro, cálcio e ácido fólico insuficientes.

    Diante disso, as gestantes estão com sobrepeso, assim como as normais, predispostas a carências nutricionais específicas. Elas necessitam, portanto, de atendimento nutricional, visando o controle do ganho de peso e o adequado aporte de nutrientes. Como forma de melhorar as condições maternas para o parto, levando em consideração tanto as condições fisiológicas como as sócias, econômicas e culturais.

Referências

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