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Incidência de lesões em jogadores do campeonato
sergipano de futsal de 2011

Incidencia de lesiones en jugadores del campeonato de futsal de Sergipe en 2011

Injury incidence in indoor soccer players in the Sergipe Futsal League, season 2011

 

*Estudante do 9º período do Curso de Fisioterapia da Universidade Tiradentes

**Professor mestre do Curso de Fisioterapia da Universidade Tiradentes

***Professor doutor do Curso de Fisioterapia e Tutor da Residência

Multiprofissional da Universidade Federal de Sergipe

(Brasil)

Gabriel Leal*

Thiago Oliveira Almeida*

Carlos Eduardo de Andrade**

Paulo Autran Leite Lima***

Walderi Monteiro da Silva Júnior***

walderim@yahoo.com.br

 

 

 

 

Resumo

          O objetivo desse estudo foi investigar a incidência de lesões em jogadores do Campeonato Sergipano de Futsal no ano de 2011. O trabalho foi realizado nas sedes dos quatro principais clubes desse campeonato, sendo aplicado um questionário com dezoito perguntas em 45 atletas. A média de idade desses jogadores foi de 26,9 ± 1,8 anos e os mesmos treinavam em média 02 vezes por dia, 05 vezes por semana. De acordo com os achados, houveram 28 lesões em 61 partidas, sendo 21 no 1º turno e 7 no 2º turno. Foi observado que 71,4% dessas lesões ocorreram durante a competição e 28,6% em situação de treino. Dos 25 atletas que relataram ter algum tipo de lesão, 56,0% realizaram somente o tratamento medicamentoso, 24,0% tratamento fisioterapêutico e medicamento, 8,0% realizaram tratamento por imobilização e 12,0% não realizaram nenhum tipo de tratamento. Sendo assim, conclui-se que a maior parte dos atletas avaliados apresentou algum tipo de lesão durante o campeonato podendo estar associado ao tipo de preparo físico realizado pelos mesmos durante a temporada.

          Unitermos: Incidência. Futebol. Traumatismo em atletas.

 

Abstract

          The aim of this work was to investigate the injuries incidence in players of Sergipe Futsal League in 2011. The study was conducted at the headquarters of the four major clubs in the tournament and a questionnaire with 18 questions was applied in 45 athletes. The mean age of those players was 26.9 ± 1.8 years and they trained on average 02 times per day, 05 times a week. According to the findings, there were 28 lesions in 61 matches, including 21 in the first round and 07 in the second round. It was observed that 71.4% of these injuries occurred during competition and 28.6% in practice situation. Of the 25 athletes who reported having some type of injury, 56.0% received only medication treatment, 24,0% realized physical therapy and medication, 8.0% immobilization treatment and 12.0% did not undergo any treatment. Therefore, we conclude that most of the athletes tested showed some form of injury during the tournament and this can be associated with the type of fitness achieved during the season.

          Keywords: Incidence. Indoor soccer. Athletic injuries.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 171, Agosto de 2012. http://www.efdeportes.com

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Introdução

    O futsal é um esporte em contínua ascensão atraindo cada vez mais adeptos em todas as partes do mundo. Sendo uma adaptação do futebol de campo, essa modalidade é jogada por aproximadamente 12 milhões de brasileiros1. As lesões esportivas advindas da prática de alto rendimento sempre foram motivo de preocupação para a vida de um atleta2,3. O futsal, por ser um jogo de contato físico e que promove alterações biomecânicas durante todo momento, apresenta níveis de lesão superior quando comparados a outras modalidades, como por exemplo, o futebol4.

    Em relação à localização anatômica das lesões relacionadas ao futebol, observa-se uma maior tendência de ocorrer lesões nos membros inferiores (pé/tornozelo, perna, joelho, coxa, quadril/pelve), seguida de acometimento na coluna e em membros superiores. De acordo com as estruturas envolvidas, as lesões podem ser classificadas em três formas: musculotendíneas (distensão, tendinites); articulares (luxações e entorses); e, ósseas (fraturas e contusões)2,3.

    A predisposição da ocorrência de lesões pode estar relacionada a fatores intrínsecos (presença de alterações estruturais do corpo) ou a fatores extrínsecos (condições do piso, iluminação da quadra, tipo de calçado utilizado pelo atleta, excesso de treinamento, dentre outros)5.

    A realização de campeonatos profissionais em pequenos centros, como o realizado no estado de Sergipe, carece de pesquisa e auxílio financeiro para estabelecer e compreender quais fatores contribuem para o surgimento da lesão.

    Sendo assim, esse estudo é justificado pela necessidade de quantificar e qualificar as lesões em atletas que participaram do Campeonato Sergipano de Futsal em 2011, identificando o segmento corporal mais acometido, demonstrando o período do campeonato em que mais lesões aconteceram e ajudando a esse segmento esportivo a reprogramar sua pré-temporada e melhorar o preparo dos seus atletas durante o campeonato.

    O objetivo desse trabalho foi investigar a incidência de lesões em atletas dos quatro principais times do Campeonato Sergipano contemplando a identificação do tipo de lesão, localização anatômica e a posição na quadra que mais gerou lesões durante os treinamentos e os jogos.

Metodologia

    A pesquisa desenvolvida foi do tipo transversal, descritiva, exploratória e analítica, utilizando 45 atletas de futsal do sexo masculinos das quatro principais equipes (Associação Capela Social Futsal - ACSF, Itabaiana Futsal - IF, Associação Clube Moita Bonita - ACMB e Internacional Esporte Clube - IEC) participantes do Campeonato Sergipano de Futsal de 2011. Essa competição foi realizada em 02 turnos, sendo o primeiro disputado por 10 equipes e o segundo por 06.

    Foi aplicado um questionário estruturado para a pesquisa contendo informações sobre o nome do time e do jogador, idade, peso, altura, posição de jogo, tempo de prática da atividade e se pratica outra atividade remunerada, dias do treinamento físico, ocorrência e freqüência de lesão, se jogou a pré-temporada, se realizou tratamento da lesão (cirúrgico, medicamentoso, reabilitação), infra-estrutura da equipe para o tratamento.

    Inicialmente os atletas foram familiarizados com o questionário, com o objetivo do estudo e os que concordaram em participar assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido permitindo a sua participação da pesquisa de forma voluntária, de acordo com os ternos da resolução 196/96, de 10 de outubro de 1996, do Conselho Nacional de Saúde do Ministério da Saúde. O projeto de pesquisa em atletas de Futsal teve a apreciação do Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Federal de Sergipe, protocolo CEP 336/2011.

    A análise estatística das variáveis analisadas foi realizada sob a forma de freqüência simples e de percentuais dispostos em gráficos do tipo barra processados no programa estatístico Origin.

Resultados

    A média de idade dos atletas foi de 26,9 ± 1,8 anos, com peso de 71,4 ± 2,2Kg e altura de 1,7 ± 0,1m. Os jogadores relataram realizar treinamento duas vezes por dia, sendo um treino físico e outro tático, durante 05 vezes por semana.

    Os atletas sofreram 28 lesões em 61 partidas (média de 01 lesão a cada 2,2 jogos). Em relação à situação em que ocorreram as lesões, foi observado que 20 lesões (71,4%) aconteceram durante a competição e 08 (28,6%) em situação de treino. Quanto aos dados das lesões na competição, observou-se que no primeiro turno ocorreram 16 lesões e no segundo, 04 lesões. A equipe mais acometida foi a Associação Capela Social Futsal (ACSF) com 07 lesões em 22 jogos, seguida da Itabaiana Futsal (IF) com 06 em 19 jogos, da Associação Clube Moita Bonita (ACMB) com 04 em 18 jogos e da Internacional Esporte Clube (IEC) com 03 em 17 jogos. Esses achados podem ser observados na figura 01 e através desses relatos pode-se correlacionar que a equipe mais lesionada, a ACSF, foi a mais que mais participou de jogos.

Figura 01. Porcentagem de lesões na competição (n = 20)

    A figura 02 contém a porcentagem de lesões ocorridas durante os treinamentos. Observa-se uma menor incidência quando comparada à competição. A equipe da ACSF apresentou o maior índice de lesões nos treinos, com 04 lesões, seguida das equipes IF e ACMB com 02 ocorrências, cada. Os jogadores da IEC não sofreram lesões nesse período.

Figura 02. Porcentagem de lesões na competição (n = 08)

    Referente ao tipo de lesão (figura 03), a maior incidência foi de entorse, apresentando 15 relatos (54,6%), seguido de distensão muscular com 10 (35,7%), de pubalgia com 02 (7,2%) e de tendinite com 01 (3,6%).

Figura 03. Porcentagem dos tipos de lesão (n = 28)

    De acordo com os dados obtidos na pesquisa, os locais anatômicos mais afetados foram o tornozelo e o joelho com 08 relatos (28,6%) cada, seguidos de coxa e perna com 05 (17,8%) cada e quadril com 02 (7,1%). Esses dados podem ser apreciados na figura 04.

Figura 04. Porcentagem de lesão em função com o local anatômico acometidos por lesão (n = 28)

    Com relação à incidência de lesão em decorrência do posicionamento na quadra (figura 05), observa-se que os goleiros tiveram menor incidência de lesão comparando-se aos jogadores de defesa e ataque, notando-se um predomínio nítido das lesões nos fixos (06 lesões, 24,0%), alas (12 lesões, 48,0%) e pivôs (05 lesões, 20%).

Figura 05. Porcentagem de lesões em função do posicionamento do jogador na quadra (n = 28)

    Em um total de 25 atletas lesionados, 14 (56,0%) realizaram somente tratamento medicamentoso, 06 (24,0%) tratamento medicamentoso e fisioterapêutico, 03 (12%) não realizaram nenhum tipo de tratamento e 02 (8,0%) realizaram tratamento por imobilização. O tratamento fisioterapêutico realizado pelos atletas lesionados limitou-se ao repouso, crioterapia, massagem com utilização de pomada antiinflamatória. Também se pôde constatar que nenhuma das equipes possuíam infra-estrutura adequada, como centro de reabilitação ou clínicas conveniadas e equipe multidisciplinar.

Discussão

    O fato de ocorrerem mais lesões durante a competição pode ser justificado pelo maior índice de competitividade e agressividade dos jogos. Alguns autores observaram que as lesões ocorrem com maior freqüência nos principais eventos competitivos em detrimento dos treinos podendo ter uma incidência entre três e quatro vezes superior6-8.

    Hillman9 afirma que um dos fatores que levam à ocorrência de lesões é o fato de jogadores mais jovens, menos habilidosos, envolverem-se em contusões, entorses ou distensões por não posicionarem o corpo corretamente para absorver a força ou para executar determinadas habilidades.

    Segundo Ostenberg10, os times que atuam com maior freqüência apresentam maior incidência de lesões ortopédicas, justificadas pela maior exposição ao risco de lesão, além dos fatores psicológicos relacionados ao excesso de jogos e de partidas decisivas. Dados semelhantes foram observados nessa pesquisa onde a equipe que mais jogou foi a que mais indicou ocorrência de lesões.

    Corroborando com essa pesquisa, Wüst e Bigolin11 relataram que a prática do futsal, profissional ou amador, está relacionada a uma maior incidência de lesões na região do tornozelo, especialmente as do tipo entorse, sendo um tipo de lesão que acarreta ao afastamento do atleta por um período considerável. Araújo12 afirma que esse tipo de lesão é causado por movimentos excessivos ou anormais, que pode ou não causar deformidades, dependendo da tensão aplicada aos tecidos ligamentares. Outros autores concluíram que a taxa de entorse no futsal é ligeiramente superior ao futebol de campo, sendo essa diferença atribuída ao piso emborrachado e mais aderente13.

    A localização das lesões registradas nessa pesquisa foi similar à encontrada em outros estudos6,13-18, afetando predominantemente as articulações do tornozelo e joelho, e os músculos da coxa e perna. A desproporção entre os segmentos corporais pode ser atribuída à maior demanda da extremidade inferior no futebol e especificidade do esporte. As lesões no tornozelo são responsáveis por 31% das lesões do futebol e a entorse de tornozelo é a ocorrência mais comum, sendo a responsável por aproximadamente 25% das lesões esportivas.

    A posição com maior freqüência observada das lesões foi nos jogadores da posição de ala, pois esse posicionamento possui um maior número de jogadores e os que mais são exigidos durante a partida, ajudando na defesa e no contra-ataque. Para Pedrinelli3, esses fatos podem comprovar a mudança no estilo do futebol atual, no qual os pivôs sofrem marcações mais intensas e muitas vezes violentas.

    Segundo Prati19, a fisioterapia no esporte vem se mostrando indispensável, tendo-se em vista que o grau de competitividade é maior, levando os atletas, mediante seus treinamentos, a um patamar bem próximo do seu limite máximo individual. O fisioterapeuta deve atuar na prevenção juntamente com o técnico e preparador físico (trabalho multidisciplinar), inclusive complementando o programa de treinamento, por exemplo, através de técnicas de relaxamento, facilitação neuromuscular proprioceptiva e programas de fortalecimento. Ainda segundo esse autor, é necessário que o fisioterapeuta tenha conhecimento nas áreas de biomecânica, treinamento físico, fisiologia da ação muscular, articular e sistêmica além da terapêutica quando necessário.

Considerações finais

    A maior parte dos atletas sofreu algum tipo de lesão durante a temporada. Sendo que os jogadores que participaram de mais jogos apresentaram maior índice de lesões. A entorse do tornozelo foi o achado clínico mais freqüente e foi contatado que a posição de ala apresentou o maior índice de ocorrência. O tratamento mais realizado foi o medicamentoso e quando esses atletas eram submetidos à fisioterapia a conduta foi limitada a associação de repouso, crioterapia e massagem com pomada antiinflamatória. Sendo assim, esse trabalho sugere novas pesquisas que abordem temas de prevenção e tratamento das possíveis lesões ocorridas nessa modalidade esportiva, ajudando a esse segmento esportivo no estado de Sergipe a reprogramar sua temporada e a melhorar a forma de treinamento de seus atletas durante o campeonato.

Agradecimento / Financiamento

    Os autores agradecem aos atletas e a direção técnica das equipes participantes, assim como ao suporte financeiro do CNPq.

Referências

  1. Confederação Brasileira de Futebol de Salão. Origem do Futsal. http://www.cbfs.com.br. Acessado em 02 de fevereiro de 2011.

  2. Cohen M, Abdalla RJ, Ejnisman B, Amaro JT. Lesões ortopédicas no futebol. Rev Bras Ortop 1997;32:940-944.

  3. Pedrinelli A. Incidência de lesões traumáticas em atletas de futebol. Dissertação de M.Sc., Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil, 1994.

  4. Alano TF, Monte AAM, Barbosa AR. Lesões mais freqüentes no futsal brasileiro: dados de cinco equipes participantes da liga nacional de 2009. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, 2010; 143:1-5. http://www.efdeportes.com/efd143/lesoes-mais-frequentes-no-futsal-brasileiro.htm

  5. Moreira D, Godoy JRP, Braz RG, Machado GFB, Santos HFS. Abordagem cinesiológica do chute no futsal e suas implicações clínicas. Rev Bras Cien e Mov 2004;12:81-85.

  6. Backx FJG, Beijer HJM, Bol E, Erich WBM. Injuries in high risk persons and high risk sports. Am J Sports Med 1991; 19:124-130.

  7. Engstrom CB, Johanson C, Törnkvist, H. Soccer injuries among elite female players. Am J Sports Med 1991;14:372-375.

  8. Inklaar H. Soccer injuries: incidence and severity. Sports Med 1994;18:55-73.

  9. Hillman SK. Avaliação, prevenção e tratamento imediato das lesões esportivas. Barueri: Manole, 2002.

  10. Ostenberg A, Roos H. Injury risk in female European football. A prospective study of 123 players during one season. Scand J Med Sports 2000;10:279-85.

  11. Wüst E, Bigolin SE. Relação entre a avaliação sensório-motora e a percepção do atleta quanto ao uso de bandagens funcionais na prática do futsal. Rev Terapia Manual 2005;3:420-424.

  12. Araújo JS. Análise das lesões ocorridas na temporada 2007 da liga nacional de futsal na equipe Unisul Esporte Clube. Monografia de graduação. Universidade do Sul de Santa Catarina, Santa Catarina, SC, Brasil, 2007.

  13. Jungle A; Dvorak J, Graff-Baumann T. Football injuries during the World Cup 2002. Am J Sports Med 2004;32:23-27.

  14. Kakavelakis KN, Vlazakis S, Vlazakis I, Charissis G. Soccer injuries in childhood. Scand J Med Sci Sports 2003;13:175-178.

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  16. Kibler WB. Injuries in adolescent and preadolescent soccer players. Med Sci Sports Exerc 1993;12:1330-1332.

  17. Ladeira CE. Incidência de lesões no futebol: um estudo prospectivo com jogadores masculinos adultos amadores canadenses. Rev Bras Fisiot 2000;4:39-47.

  18. Peterson L, Junge A, Chomiak J, Graff-Baumann T, Dvorak J. Incidence of football injuries and complaints in different age groups and skill-level groups. Am J Sports Med 2000;28:S51-S57.

  19. Prati FAM. Lesão: fatores desencadeantes e prevenção. Rev Fisiot Mov 1992;01:9-20.

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