Perfil de crescimento de escolares com idades entre 7 e 10 anos na cidade de Florianópolis, SC Perfil de crecimiento de escolares con edades entre 7 y 10 años en la ciudad de Florianópolis, SC |
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*Mestrando em Ciências do Movimento Humano (PPGCMH/CEFID/UDESC) **Professora do Programa de Pós Graduação em Ciências do Movimento Humano do Centro de Ciências da Saúde e do Esporte da Universidade do Estado de Santa Catarina (PPGCMH/CEFID/UDESC) |
Luciano Portes de Souza* Thais Silva Beltrame** (Brasil) |
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Resumo A aprendizagem motora depende da associação das características herdadas com experiências vividas, sendo o ambiente uma rica fonte de mudanças que influencia o desenvolvimento. O perfil de crescimento e o estado nutricional podem afetar de diversas formas a aprendizagem motora e a aprendizagem cognitiva de crianças na escola. Para tanto, o objetivo deste estudo foi identificar o perfil de crescimento de escolares do ensino fundamental da cidade de Curitiba através de medidas antropométricas. Neste estudo descritivo exploratório, participaram 97 escolares de uma escola estadual da cidade de Florianópolis, sendo 46 do sexo masculino e 51 do sexo feminino com idades entre 7 e 10 anos. Para a tabulação de dados foi usado o software Microsoft Office Excel 2003 e para análise dos dados os softwares SPSS 16 e Who AnthroPlus v.1.02. Ficou evidenciado que os indivíduos estão crescendo acima do P50, porém o peso com desenvolvimento superior. As meninas encontram-se no início do estirão adolescente enquanto meninos apresentam o retardo no crescimento comum ao momento pré-estirão. Através da relação peso/estatura e IMC, identificou-se o quadro de sobrepeso nos sujeitos de ambos os sexos. Pôde-se concluir que as crianças estão se desenvolvendo acima da curva média de crescimento; porém o ganho de peso está superiormente desproporcional em relação à estatura. Este ganho demasiado de peso traz conseqüências que podem ser observadas através do cálculo do IMC, que sugerem que os indivíduos apresentam sobrepeso com forte tendência à obesidade. Unitermos: Escolares. Peso. Estatura. IMC.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 171, Agosto de 2012. http://www.efdeportes.com |
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Introdução
Os primeiros anos de vida do ser humano são caracterizados por mudanças que são primordiais e que serão um marco nas dimensões cognitivas, motoras, sociais e afetivas. Esta visão das várias dimensões é aceita no meio acadêmico, mas ela remete ao profissional que trabalha diretamente com a educação de crianças a responsabilidade de integrar todo o conhecimento disponível de modo a garantir uma visão global e harmônica de um ser extremamente complexo. No contexto da escola, os problemas levantados nunca são apenas físicos, ou emocionais, ou cognitivos, estão diretamente interligados, relacionados. Conseqüentemente, as soluções não se encontram nem na sala de aula, nem no refeitório, nem no trabalho individual, nem no trabalho em pequenos ou grandes grupos, mas em todas as instâncias da vida escolar (PELLEGRINI et al, 2005). Segundo os mesmos autores, as características individuais dos alunos, dos professores, diretor e seus auxiliares e do contexto social onde a escola está inserida devem ser levados em consideração quando do planejamento das atividades da escola. A busca por soluções a problemas específicos de cada escola passa, necessariamente, por uma análise detalhada de cada uma das dimensões do comportamento e dos meios disponíveis na escola para a sua solução.
A escola é o local onde grande parte das crianças pode ter as primeiras noções de mundo e sociedade longe da família. À escola cabe a função de proporcionar a quem chega até ela, oportunidades de adquirir novos conhecimentos e de obter vários tipos de vivências. À Educação Física escolar, cabe a tarefa de oportunizar a prática do movimento, proporcionando aos alunos um melhor conhecimento corporal, aprendizado de diferentes habilidades motoras, bem como conhecimento de como corpo reage a determinados estímulos (ETCHEPARE; PEREIRA, 2004, p. 1).
A aquisição de habilidades motoras sejam aquelas consideradas grossas, que envolvem a participação de todo o corpo, ou aquelas que são consideradas finas, que requerem precisão ao atingir a meta, ocorrem a todo tempo devido à interação das restrições do organismo, da tarefa e do ambiente (NEWELL, 1986). As restrições do organismo dizem respeito às características físicas e funcionais do organismo, incluindo peso, altura, força, resistência cardiovascular, preferência manual, capacidades perceptivas e cognitivas, etc. Dentre as restrições físicas, o peso e altura são indicadores do grau de nutrição das crianças, com sérias consequências para o desenvolvimento das crianças em idade escolar, e que é assunto principal deste estudo (PELLEGRINI et al., 2005).
O acompanhamento do crescimento físico através da antropometria é parte essencial de avaliações das condições de saúde e nutrição de crianças em idade escolar. A Organização Mundial da Saúde (OMS) dá maior importância à utilização das curvas de crescimento de crianças norte-americanas na avaliação antropométrica do estado nutricional, quais sejam, aquelas compiladas pelo National Center for Health Statistic (NCHS). Esta recomendação parte da premissa da inexistência de diferenças no potencial genético relativo ao crescimento físico em crianças bem nutridas de diferentes etnias, o que se constitui na proposta de uma só referência para todos. É também importante dizer que não há unanimidade com relação a esta proposição. Estudos enfocando grupos populacionais específicos, como crianças de origem asiática, têm questionado a validade do emprego das curvas do NCHS como padrão em avaliações antropométricas do estado nutricional, notadamente com relação ao parâmetro estatura (KAC; SANTOS, 1996, p. 54).
Dos fatores que mais influenciam o crescimento humano, a nutrição é o mais importante. Numerosas pesquisas têm fornecido claras provas de que deficiências alimentares podem ter efeitos muito prejudiciais no crescimento durante a pré-infância e a infância. A extensão do atraso no crescimento, obviamente, depende da gravidade, duração e da época do aparecimento da subnutrição. Por exemplo, se a má nutrição crônica ocorre nos quatro primeiros anos da criança, existe pouca esperança de que ela venha a igualar-se às outras crianças de sua idade em termos de desenvolvimento mental, porque o período crítico de crescimento cerebral já terá passado (GALLAHUE; OZMUN, 2005, p. 213).
Outro fator importante sobre o crescimento e estado nutricional e que afeta muitas pessoas é a obesidade. A obesidade é, possivelmente, a alteração metabólica mais conhecida no mundo. Ela é um distúrbio crônico em expansão, com prevalência crescente em todas as faixas etárias, tanto em países desenvolvidos quanto nos que ainda não se desenvolveram, o que a torna epidêmica, sendo considerada nos Estados Unidos o maior problema de Saúde Pública. Durante as últimas três décadas, o número de crianças com sobrepeso neste país quase que duplicou; o mesmo acontecendo em países onde patologias raras representam importantes problemas de Saúde Pública (OLIVEIRA et al, p. 326).
No Brasil, o panorama de prevalência crescente não é diferente, sendo que no inquérito Pesquisa Nacional sobre Demografia e Saúde – PNDS, realizado em 1996, foi encontrada prevalência igual a 4,9%, e os inquéritos nacionais realizados nas décadas de 70, 80 e 90 demonstraram crescimento de 3,6% para 7,6% no sexo feminino, em crianças de quatro e cinco anos. Foi relatada, em São Paulo, prevalência de 2,5% de obesidade em crianças menores de 10 anos, entre as classes econômicas menos favorecidas, e de 10,6% no grupo mais favorecido. Em um estudo realizado em escola de classe média/alta no nordeste do Brasil, foram detectadas em crianças e adolescentes prevalências de 26,2% de sobrepeso e 8,5% de obesidade. A obesidade infantil, por exemplo, na América se transformou em uma epidemia silenciosa, uma vez que o reconhecimento clínico dos riscos da enfermidade, por parte dos médicos clínicos, não é satisfatório, existindo uma dificuldade em quantificá-la e tratá-la eficazmente, além ainda da inexistência de programas de prevenção (OLIVEIRA et al, p. 326).
Nesse sentido esta pesquisa gerou o seguinte problema: Qual é o perfil de crescimento de escolares com idades entre 7 e 10 anos da cidade de Florianópolis/SC? Partindo do problema, definiu-se como objetivo principal, identificar o perfil de crescimento e desempenho motor de escolares do ensino da cidade de Florianópolis através de medidas antropométricas. Geraram-se então os seguintes objetivos específicos: verificar o peso e estatura dos escolares; verificar o estado nutricional dos escolares pelas referências da Organização Mundial de Saúde.
Materiais e método
De acordo com a classificação de tipos de pesquisa proposta por Thomas e Nelson (2002), o tipo de pesquisa utilizado para este estudo foi o descritivo exploratório que, segundo os mesmos autores, tem como objetivo apresentar dados quantitativos e qualitativos sobre as pessoas ou situações. Neste sentido, para o presente estudo foi pretendido descrever as características de escolares da rede estadual da cidade de Florianópolis/SC. Participaram do estudo 97 crianças de ambos os sexos, com idade entre 7 e 10 anos. Esses participantes foram escolhidos de maneira intencional, sendo convidados os alunos do 1º ao 5º ano com idades entre 7 e 10 anos.
As aferições das medidas de peso, estatura e desempenho motor dos indivíduos foram realizadas por um grupo de professores e estudantes de Educação Física participantes do Laboratório de Distúrbios da Aprendizagem e do Desenvolvimento (LADADE - UDESC) devidamente capacitados. Para realizar as medidas de peso e estatura foram utilizados uma balança Tânita modelo BC533 e um estadiômetro Compacto Wiso. As aferições foram realizadas entre os meses de outubro e novembro de 2011. Neste estudo foi utilizada a estatística descritiva e análise qualitativa dos dados. As variáveis apresentadas no estudo foram separadas em grupos por idade e gênero; sendo calculado o IMC, a relação peso/estatura, as médias e desvio padrão para posterior comparação entre os grupos e as tabelas de crescimento fornecidas pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Para a tabulação dos dados foi usado o software Microsoft Office Excel 2003 e para as análises dos dados os softwares SPSS 17 e WHO AnthroPlus v.1.0.2.
Resultados
Foram avaliados 97 escolares, sendo 46 (47,4%) do sexo masculino e 51 do sexo feminino (52,6%). Os resultados obtidos para as médias e desvio padrão de peso, estatura, IMC e relação peso/estatura dos sujeitos são ilustrados nas tabelas a seguir:
Tabela 1. Médias e Desvio Padrão para peso, estatura e IMC dos sujeitos de sexo masculino com idade entre 7 e 10 anos
Na tabela 1, observamos dados referentes às médias e desvio padrão de peso, estatura, IMC peso/estatura de crianças do sexo masculino, com idade entre 7 e 10 anos, onde constatamos que os sujeitos do sexo masculino com 7 anos apresentaram um peso médio de 25,85 Kg (±4,94), estatura média de 124,60 cm (±5,62), IMC médio de 16,57 (±2,52) que, de acordo com as tabelas de referência da OMS, os sujeitos encontram-se com peso e estatura adequados para a idade, e o estado nutricional classificado como eutrófico. Para os sujeitos de sexo masculino com 8 anos de idade, percebemos o peso médio de 32,58 Kg (±9,09), a média para estatura de 132,56 cm (±4,86), IMC médio de 18,41 (±4,40) que, de acordo com as mesmas tabelas este grupo também se encontra com peso e estatura adequados para a idade, também apresentando estado nutricional eutrófico.
Os sujeitos do sexo masculino com 9 anos de idade apresentaram um peso médio de 36,33 Kg (±8,75), estatura média de 143,20 cm (±6,79), IMC médio de 17,75 (±4,15), tendo o estado nutricional também classificado como eutrófico, apresentando peso e estatura adequados para a idade segundo referências da OMS. Nos sujeitos de sexo masculino com 10 anos de idade, verifica-se o peso médio de 37,59 Kg (±10,16), a média para estatura de 143,14 cm (±7,48), IMC médio de 18,12 (±3,50) caracterizando, assim como os sujeitos de 7, 8 e 9 anos de idade, um estado nutricional eutrófico, com peso e estatura adequados.
Analisando o ganho de peso e estatura dos sujeitos de sexo masculino percebe-se que há uma regularidade no crescimento desses indivíduos, porém entre 9 e 10 anos, aparentemente, ocorre uma desaceleração no crescimento, tanto na estatura quanto no peso. Atentando ao IMC, percebe-se uma oscilação nos valores; o que pode indicar que o crescimento dos indivíduos não vem ocorrendo de modo proporcional, onde o ganho de peso pode ser proporcionalmente maior que o ganho de estatura.
Tabela 2. Médias e Desvio Padrão para peso, estatura e IMC dos sujeitos de sexo feminino com idade entre 7 e 10 anos
Na tabela 2, observamos dados referentes às médias e desvio padrão de peso, estatura e IMC de crianças do sexo feminino, de 7 a 10 anos de idade. Para os sujeitos de sexo feminino com 7 anos de idade, foi encontrado o peso médio de 27,41 Kg (±3,68), estatura média de 128,76 cm (±4,11), IMC de 16,60 (±2,72) que, de acordo com as tabelas de referência da OMS, caracterizam estado nutricional eutrófico, com peso e estatura adequados para a idade. O grupo de sujeitos com idade de 8 anos obteve como peso médio 28,58 Kg (±4,13), estatura média de 131,80 cm (±6,32), IMC de 18,11 (±4,11), também apresentando peso e estatura adequados para a idade e estado nutricional eutrófico.
Para os sujeitos de sexo feminino com 9 anos de idade, o peso médio foi de 35,90 Kg (±9,26), a estatura média foi de 138,61 cm (±6,32), IMC de 18,11 (±4,11) que caracteriza um estado nutricional eutrófico, com peso e estatura adequado para a idade. Para o grupo de 10 anos de idade, foi obtido como peso médio 37,93 Kg (±6,28), estatura média de 143,25 cm (±7,81), IMC de 18,46 (±2,60) ambas as medidas identificam os sujeitos como em quadro de crescimento, peso e estatura, adequados para a idade e estado nutricional eutrófico.
Assim como nos sujeitos do sexo masculino, podemos observar a ocorrência de um crescimento linear nos sujeitos do sexo feminino; porém, diferentemente dos sujeitos do sexo masculino, uma desaceleração no crescimento dos sujeitos com idades entre 9 e 10 anos de idade não ficou tão evidente no grupo de sexo feminino.
Tabela 3. Percentis para peso, estatura e IMC dos sujeitos de ambos os sexos
De acordo com a tabela 3 podemos observar que os sujeitos, de modo geral estão crescendo acima da média (P50) para as respectivas idades, porém pode-se perceber que em diversos momentos o peso apresenta um percentil mais elevado em relação ao percentil de estatura.
Tabela 4. Freqüência das classificações do estado nutricional dos sujeitos do estudo.
Na tabela 4 podemos ver a distribuição de frequência das classificações do estado nutricional entre sexos e geral. A maioria dos sujeitos apresentou estado nutricional eutrofico 65,97% (n=64), enquanto 32,98% (n=33) dos sujeitos apresentou peso acima do normal, sendo 19,58% (n=19) com sobrepeso, 10,30% (n=10) com obesidade, e 3,09% (n=3) com obesidade severa; enquanto que na outra extremidade da tabela, apenas 1 sujeito (1,03%) apresentou o quadro de magreza. Em ambos os sexos a prevalência de sujeitos acima do peso foi elevada, cerca de 32,59% (n=15) entre o sexo masculino e 33,32% (n=33). Embora o grupo masculino tenha apresentado quadros mais graves de peso elevado, a quantidade de sujeitos do sexo feminino com peso acima do normal é o dobro de sujeitos do sexo masculino.
Discussão
Segundo Giugliano e Mello (2004, p.130; apud DIETZ; BELLIZZE, 1999), o sobrepeso na infância e adolescência é caracterizado por um índice de massa corporal por idade (IMC/idade) acima do percentil 85 e obesidade acima do percentil 95. Os sujeitos deste estudo apresentaram medidas entre o percentil 54 e 68, característico no quadro de eutrofia. Malina e Bouchard (2002, p.47) afirmam que durante o período entre a primeira e a segunda infância ocorre uma diferença nas taxas de crescimento para estatura e peso. O crescimento em estatura ocorre em uma taxa de desaceleração constante neste período. A criança está ficando mais alta, mas em uma taxa constantemente mais lenta. A taxa atinge seu ponto mais baixo logo antes do início do estirão de crescimento da adolescência. O crescimento em peso, por outro lado, ocorre em uma taxa pequena, mas em constante aceleração, o que nos permite pressupor que as crianças do estudo estão em um processo normal de crescimento.
Apesar de o grupo feminino estudado não ter caracterizado fortemente essa desaceleração no crescimento citada por Malina e Bouchard (2002, p.47), este fato pode ser estar atrelado ao fato de neste período (próximo aos 9 anos) as meninas estarem iniciando a aceleração do estirão adolescente, enquanto os meninos vão iniciar o processo de estirão (em média) apenas dois anos após as meninas, como podemos observar na figura 1.
Figura 1. Curvas típicas de velocidade individuais para comprimento ou estatura em meninos e meninas (MALINA E BOUCHARD, 2002, p. 52)
A comparação entre os achados para o peso dos sujeitos, novamente pode ser explicada através da observação da figura 2, onde percebemos que o ganho de peso continua constante, com pouca variância entre gêneros até os 10 anos para as meninas e por volta dos 11 anos nos meninos, onde ocorre a aceleração do estirão adolescente.
Figura 2. Curvas típicas de velocidade individuais para peso corporal em meninos e meninas (MALINA E BOUCHARD, 2002, p. 53)
Pode-se observar através da análise dos dados das tabelas 3 que os sujeitos do sexo masculino apresentam ganhos maiores de peso em relação à estatura como predito por Malina e Bouchard (2002, p.47); porém um fato relevante a ser observado é que os sujeitos encontram-se acima do P50 para as medidas estudadas, o que de certa forma, não pode ser considerada uma vantagem para este grupo. As medidas do P50 consideram este ganho superior de peso para as idades (tabela 3) e os percentis deixam evidenciado que as medidas não se apresentaram homogêneas; as medidas de peso se desenvolveram mais do que o esperado tanto em relação à estatura quanto ao próprio peso.
Este ganho acentuado de peso merece a atenção dos profissionais de saúde que atuam junto a este grupo, pois de acordo com Carvalhal (2008, p.287, apud OMS, 2002) dentre os 10 fatores de risco que causam mais doenças, o excesso de peso foi considerado o quinto fator, com as taxas mais baixas e mais elevadas de mortalidade.
O mesmo fenômeno pode ser observado no grupo de sujeitos do sexo feminino (tabela 3). As meninas do estudo apresentaram um ganho de estatura e peso superiores ao P50, onde o peso desenvolveu de maneira superior em relação à estatura.
O número de crianças obesas tem vindo a aumentar em todos os países desenvolvidos nos últimos anos, como demonstram os estudos realizados nos diferentes países, quer na Europa quer nos EUA (CARVALHAL, 2008, p.287). O número de crianças obesas tem vindo aumentar exponencialmente como são exemplos dos estudos apontados pela mesma autora, onde nos EUA, a taxa de incidência de crianças (6 a 11 anos) com sobrepeso e obesas aumentou de 4% para 15%, sendo 4% em 1974, 7% em 1980, 11% em 1994 e 15% em 2000. É possível que o número de crianças com sobrepeso e obesas nesta faixa etária corresponda atualmente a 20% deste grupo nos EUA.
Se analisarmos os dados do presente estudo, são 97 escolares que representam uma parcela de uma população que segue o mesmo rumo de crianças com sobrepeso e obesas em países onde a composição corporal são problemas que exigem interferência de políticas públicas no campo da saúde e qualidade de vida.
Conclusão
O presente estudo buscou investigar as condições de crescimento de escolares da cidade de Florianópolis, do qual se pode concluir que as crianças estão se desenvolvendo dentro do padrão e acima da curva média de crescimento tanto para peso quanto para estatura; porém o peso tem aumentado de maneira desproporcional em relação à estatura, onde aquela medida supera esta. Este ganho demasiado de peso traz conseqüências que podem ser observadas através do cálculo do IMC, que sugerem que os indivíduos apresentam sobrepeso com tendência à obesidade. As conseqüências da obesidade apresentam repercussões a vários níveis: físico, psicossocial e econômico. Em se tratando de escolares, podemos inferir que a escola é por excelência o lugar ideal na defesa e implantação de políticas de saúde que visem o combate à obesidade, onde a Educação Física em conjunto com demais áreas curriculares tem papel fundamental na construção de uma cultura, de um estilo de vida que contemplem hábitos e meios que evitem a obesidade e demais problemas decorrentes desta doença dos tempos modernos.
Referências
CRVALHAL, M.I.M. O papel da actividade física no combate à obesidade. Actividade Física, Saúde e Lazer: Modelos de Análise e Intervenção. Lisboa: Lidel, 2008.
ETCHEPARE, L.S.; PEREIRA, E.F. Proposta e validação de um instrumento para avaliação de vivências em educação física. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, s/v, n.77, p. 1-6, out./2004. http://www.efdeportes.com/efd77/avalia.htm
GALLAHUE, David L.; OZMUN, John C. Compreendendo o desenvolvimento motor: bebês, crianças, adolescentes e adultos. 3. ed. São Paulo: Phorte, 2005.
GIUGLIANO, Rodolfo; MELO, Ana L. P. Diagnosis of overweight and obesity in schoolchildren: utilization of the body mass index international standard. Jornal de Pediatria, 2004, vol.80, n. 2, p. 129-134, ISSN 0021-7557.
KAC, Gilberto; SANTOS, Ricardo V. Crescimento físico em estatura de escolares de ascendência japonesa na cidade de São Paulo, Brasil. Cad. Saúde Pública. 1996, v. 12, n. 2, pp. 253-257.
MALINA, R.M.; BOUCHARD, C. Atividade física do atleta jovem: do crescimento a maturação. São Paulo: Roca, 2002.
OLIVEIRA, A.M.A.; CERQUEIRA, E.M.M.; OLIVEIRA, A. Prevalência de sobrepeso e obesidade infantil na cidade de Feira de Santana-BA: detecção na família x diagnóstico clínico. Jornal de Pediatria (Rio J.), July/Aug. 2003, vol.79, no.4, p.325-328.
PELLEGRINI, A. M.; NETO, S. S.; BENITES, L. C.; VEIGA, M.; MOTTA, A. I. O comportamento motor no processo de Escolarização e a formação de professores de educação básica. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires. Ano 10, n° 81, Fevereiro de 2005. http://www.efdeportes.com/efd81/motor.htm
THOMAS, J.R.; NELSON, J.K. Métodos de Pesquisa em Atividade Física. 3 ed. São Paulo: Artmed, 2002.
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