efdeportes.com

Configuração de um treino de flexibilidade aplicável em 

aulas de educação física para crianças em idade escolar

Configuración del entrenamiento de la flexibilidad aplicable en las clases de Educación Física para niños en edad escolar

 

*Aluna do curso de graduação em Educação Física

do Centro Universitário Campos de Andrade

**Professor Mestre do Centro Universitário Campos de Andrade

e orientador deste Trabalho de Conclusão de Curso

Maria Carolina Lemes*

Fábio Bandeira**

carocna@hotmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          Crianças em idade escolar (6 a 12 anos) devem desenvolver treinos de flexibilidade a fim de evitar problemas posturais e encurtamentos musculares na adolescência e idade adulta. A flexibilidade é definida como a amplitude fisiológica máxima em um dado movimento articular, sendo específica para a articulação e para o movimento (ARAÚJO, 2002) e depende da elasticidade muscular e da amplitude articular. Nessa idade, treinos de flexibilidade com alongamentos passivos têm resposta significativa devida à ação sobre o Órgão Tendinoso de Golgi (OTG). A flexibilidade é uma capacidade física responsável pela execução voluntária de um movimento de amplitude angular máxima, por uma articulação ou conjunto de articulações, dentro dos limites morfológicos, sem risco de provocar lesão. (DANTAS, 1999). Por isso a importância de esses treinos ocorrerem durante as aulas de Educação Física onde o professor poderá orientar de forma correta os alongamentos assim como aperfeiçoar a flexibilidade que se torna arriscado sem orientação especializada. Dessa forma, o objetivo desse trabalho se dá em organizar um treino de alongamento passivo aplicável durante aulas de educação Física para crianças entre seis e doze anos.  

          Unitermos: Crianças. Flexibilidade. Alongamento passivo.

 

Abstract

          School-age children (6-12 years) should develop training for flexibility in order to avoid postural problems and muscle shortening in adolescence and adulthood. Flexibility is defined as the maximum physiological range in a given joint movement, being specific for the articulation and movement (ARAÚJO, 2002) and depends on muscle elasticity and joint range of motion. At this age, flexibility training with passive stretches has significant response due to the action on the Golgi Tendon Organ (OTG). Flexibility is responsible for the physical capacity voluntary implementation of a maximum angular range of movement, by a hinge or set of joints, within the limits morphological, without risk of causing damage. (DANTAS, 1999). Hence the importance of these workouts occurs during physical education classes where the teacher can guide correctly the stretching as well as improve the flexibility that makes it risky without expert guidance. Thus, the aim of this work is done in organizing a training of passive stretching applied during physical education classes for children between six and twelve years.

          Keywords: Children. Flexibility. Passive stretching.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 171, Agosto de 2012. http://www.efdeportes.com

1 / 1

Introdução

    A perspectiva mais ampla desse trabalho é configurar um treino de flexibilidade aplicável em aulas de Educação Física para crianças em idade escolar. Através de exercícios de alongamento passivo sobre inserções musculares com ativação do Órgão Tendinoso de Golgi que, são menos sensíveis ao estiramento comparado aos fusos. Para Rasch e Burke (1977), posturas habituais e o fatigante trabalho cotidiano, dentro de amplitudes limitadas de movimento, levam a um encurtamento adaptativo dos músculos. Após alguns anos, a falta de flexibilidade tende a se tornar permanente e irreversível.

    Para demonstrar que o treino de flexibilidade surte efeito sobre a criança nos aspectos: postura, amplitude articular e flexibilidade, foi feito um acompanhamento durante dois meses com uma criança de 12 anos, sexo masculino, saudável e dentro dos padrões de altura e peso considerados normais para idade. Os testes utilizados foram o de sentar e alcançar (WELLS, 1952) para flexibilidade e a Tabela da American Medical Association para avaliar amplitude articular.

Metodologia

    Essa pesquisa trata-se de um estudo de caso realizado com uma criança de 12 anos do sexo masculino, que mede 1,56 m e pesa 44 kg. Para que os procedimentos fossem realizados, primeiramente foi solicitada a autorização da mãe da criança por escrito, onde se informava os objetivos da pesquisa. Antes da primeira coleta de dados, foi medido peso e altura. O primeiro teste realizado foi o teste de sentar e alcançar, cujo protocolo está descrito por Barbanti (1996). O teste de flexibilidade realizado foi com um banco de “Wells”, uma caixa de madeira apresentando dimensões de 30,5 x 30,5 centímetros, sendo a parte superior plana com 56,5 centímetros de comprimento, onde foi fixada uma régua sendo que o valor 23 coincide com a linha onde o avaliado acomodou seus pés, para realizar o teste.

    O menino teve sua flexibilidade avaliada da seguinte forma: sentado no chão, com os pés encostados em baixo do banco, pernas estendidas, as mãos sobre a régua e deslizando sobre a caixa, o máximo de distância conseguida pela criança avaliada em três tentativas, sendo considerada a melhor medida tendo o menino permanecido na posição por pelo menos dois segundos. E para mensurar a amplitude articular e se houve melhora neste quesito, utilizou-se a Tabela da American Medical Association extraída da internet de site citado anteriormente.

    Os dados foram coletados em duas ocasiões com intervalo de 60 dias. Inicialmente em setembro de 2011 onde até então a criança não havia participado de qualquer programa envolvendo treino de flexibilidade com objetivo específico de acordo com informações fornecidas pela responsável e pela criança. E em novembro de 2011, após os treinamentos, foram coletados os dados novamente. Nesta nova coleta, a criança havia executado o treinamento de flexibilidade proposto, que consistiu em 20 minutos semanais, sendo 10 minutos nas segundas-feiras e 10 minutos as quartas-feiras, desde a data da primeira coleta, totalizando 17 dias de aplicação do treino. Foram aplicados cinco exercícios específicos de alongamento passivos sendo os músculos agonistas: ísquios-tibiais, adutores, peitoral, paravertebrais e quadríceps. O treino experimentado foi com tração sobre ação no Órgão Tendinoso de Golgi.

    De acordo com Franken (2010, s/p):

    O OTG é um mecanoreceptor sensível à contração dos músculos esquelético, a pequenas alterações na tensão do tendão e responde a tensão adicional tanto por estiramento passivo de um músculo como por contração muscular ativa (BANDY & SANDERS, 2003; ALTER, 1999). São localizados nas aponeuroses, ou junções músculo-tendinosas, e não dentro dos tendões. A principal tarefa do OTG é impedir a atividade excessiva das fibras nervosas que inervam o músculo extrafusal. Se os músculos forem alongados por 15 a 30 segundos em toda a sua extensão, acarreta em tensão no tendão.

Resultados

    Na primeira coleta de dados para o teste de sentar e alcançar utilizando o banco de Wells o menino deslizou as mãos sobre a régua onde, das três tentativas, a diferença entre a primeira medida e a ultima foi de um centímetro. Nesta data a marca máxima alcançada pelo garoto foi com o dedo médio alcançando o valor 15 na régua, variando entre 14 e 14,7, nas outras duas tentativas. Lembra-se que o valor 23 corresponde à posição do pé do garoto em baixo do banco de Wells. Após os 17 treinos com exercícios de alongamento passivo, outros dados foram coletados sendo, três tentativas de maior alcance com pelo menos 2 segundos de posição. Os números foram para maior marca 20,5 e 20 para a menor, evolução demonstrada no Gráfico 1 a seguir:

Gráfico 1. Resultado do teste de sentar e alcançar utilizando o banco de Wells

    Para a avaliação de amplitude articular, foi usada como tabela de referência a tabela da American Medical Association. A tabela 1 abaixo foi adaptada e corresponde as articulações que foram avaliadas na criança. Na primeira coleta obtivemos as seguintes medidas para ombro:

  • flexão: 100,

  • extensão: 34,

  • abdução: 150.

    Para quadril os números foram:

  • flexão: 79,

  • extensão 18,

  • abdução: 21,

  • adução: 9.

    E finalmente coluna cervical na flexão o ângulo foi de 37 e torácica na extensão chegou a 38 e flexão lateral a 42 graus de angulação. Na segunda coleta pode-se observar que em todas as articulações houve aumento da angulação. Medidas do ombro após os dois meses:

  • flexão: 119,

  • extensão: 46,

  • abdução: 159.

    Para quadril forma encontrados os seguintes resultados:

  • flexão: 89,

  • extensão: 25,

  • abdução: 27,

  • adução: 14.

    E finalmente coluna cervical na flexão o ângulo foi de 48 e torácica na extensão chegou a 49 e flexão lateral a 48 graus de angulação.

Tabela 1. Tabela da American Medical Association

Discussão

    De acordo com os PCN's, a prática da Educação Física na escola poderá favorecer a autonomia dos alunos para monitorar as próprias atividades, regulando o esforço, traçando metas, conhecendo as potencialidades e limitações e sabendo distinguir situações de trabalho corporal que podem ser prejudiciais. Incluindo nas aulas de Educação Física pequenos treinos de flexibilidade pode-se atingir objetivos além do ganho de flexibilidade e aumento da amplitude articular. Acredita-se que o aluno consiga aumentar sua consciência corporal reconhecendo suas capacidades e limitações. Nesse estudo de caso foi possível observar uma melhora significativa sendo que no teste com o Banco de Wells o menino obteve um aumento de 36,66% em sua flexibilidade. Não foi diferente em relação às amplitudes articulares. No ombro notou-se um aumento de 19% para flexão, 35,3% para extensão da mesma articulação e de 6% para abdução. No quadril o aumento da flexão corresponde a 12,65%, na extensão foi de 38,8%, para abdução 35% e para adução da articulação do quadril o aumento foi de 28,57%. Na coluna cervical o grau de aumento foi de 29,73% e finalizando com extensão e flexão lateral da torácica foi 28,95% e 14,29% respectivamente.

Conclusão

    Para concluir essa pesquisa foi utilizada como referência a opinião do próprio garoto, onde ele disse se sentir melhor para sentar na carteira da escola e também melhor desenvolvimento na prática do tênis, esporte que ele é adepto. Se a prática de alongamentos fosse implantada como essencial durante todas as aulas de Educação Física com período estipulado, é bem possível que os escolares obtivessem como resultado além da flexibilidade, um aumento na qualidade de vida e consciência corporal.

Referências

  • AMARAL, A. L.; BARROS, R. V. A Importância da Avaliação Física na Criança e no Adolescente em Fase Escolar. Disponível em: http://www.construirnoticias.com.br/asp/materia.asp?id=925. Acesso feito em ago./2011.

  • ARRUDA, K. M. F. de; SILVA, E. A. A. Desenvolvimento Motor na Educação Infantil através da ludicidade. Connectionline. Disponível em: http://www.univag.com.br/adm_univag/Modulos/Connectionline/Downloads/04___Desenvolvimento_Motor_....pdf. Acesso feito em ago./2011.

  • BARBANTI, V. J. Dicionário de educação. Disponível em: www.eventosufrpe.com.br. Acesso feito em set./2011.

  • BARROS, R. V.; ABAD, C. C. C.; KISS, M. A. P. D.; SERRÃO, J. C. Massa óssea e atividade física na infância e adolescência. Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte. São Paulo, v. 7, n. 1, p. 109-118, 2008.

  • BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais – Educação Física. Brasília: MEC/

  • SEF, 1997. Disponível em: http://www.portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro07.pdf. Acesso feito em nov./2011.

  • FARINATTI, P. T. V. Flexibilidade e esporte: uma revisão da literatura. Rev. paul. Educ. Fís. São Paulo, v. 14, n. 1, p. 85-96, jan.-jun. 2000.

  • FRANKEN, Marcos. Flexibilidade: aspectos fisiológicos e fatores limitantes. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, año 15, n. 148, Sep. 2010. http://www.efdeportes.com/efd148/flexibilidade-aspectos-fisiologicos-e-fatores-limitantes.htm

  • Medula espinhal. Disponível em: http://www.fisiologia.kit.net/fisio/nervoso/5.htm. Acesso feito em nov./2011.

  • RASCH, P.; BURKE, R. K. Cinesiologia e anatomia aplicada: a ciência do movimento humano. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,1977.

  • RASSILAN, E. A; GUERRA, T. C. Evolução da flexibilidade em crianças de 7 a 14 anos de idade de uma escola particular do município de Timóteo-MG. Movimentum - Revista Digital de Educação Física. Ipatinga, v. 1, p. 1-13, Ago./dez. 2006.

  • SANTOS, M. M.; SILVA, M. P. C.; SANADA, L. S.; ALVES, C. R. J. Análise postural fotogramétrica de crianças saudáveis de 7 a 10 anos: confiabilidade interexaminadores. Rev Bras Fisioter. São Carlos, v. 13, n. 4, p. 350-5, jul./ago. 2009.

  • SILVA, Jacqueline da; TARANTO, Isabel Cristina; PIASECKI, Fernanda. Ginástica laboral: alongamento x flexionamento. SaBios-Rev. Saúde e Biol. Campo Mourão, v. 1, n. 2, p. 6-12, jul./dez./2006.

Outros artigos em Portugués

  www.efdeportes.com/
Búsqueda personalizada

EFDeportes.com, Revista Digital · Año 17 · N° 171 | Buenos Aires, Agosto de 2012  
© 1997-2012 Derechos reservados