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Acessibilidade e nível de qualidade de vida, da equipe de basquetebol 

em cadeira de rodas da Associação Pestalozzi da Paraíba, APEP

La accesibilidad y el nivel de calidad de vida del equipo de basquetbol en silla de ruedas de la Asociación Pestalozzi de Paraíba, APEP

 

*Graduado em Educação Física – UEPB

Especialista em Saúde da Família – FATEB/Faculdade Montenegro

Especializando em Educação Física Escolar – UEPB

**Coautor. Graduado em Educação Física – UEPB

Especializando em Educação Física Escolar – UEPB

***Orientador - UEPB

(Brasil)

Washington Almeida Reis*

Allan Kardec Alves da Mota**

Pedro César Pereira de Almeida**

Cristiano de Sousa França**

Profº Esp. José Eugênio Eloi Moura***

reis_washington@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

           Atualmente, o conceito sobre acessibilidade e qualidade de vida vem tomando novo rumo com políticas públicas voltadas para a educação, lazer e promoção de saúde numa perspectiva de ampliação da qualidade de vida dos deficientes. No entanto, os problemas ambientais e sociais enfrentados por pessoas que utilizam cadeiras de rodas para locomover-se, interferem diretamente na qualidade e estilo de vida dos indivíduos com necessidades especiais. Desta forma, o estudo tem como objetivo verificar a interferência dos aspectos relacionados à acessibilidade para o nível de qualidade de vida dos componentes da equipe de basquetebol em Cadeira de Rodas da Associação Pestalozzi da Paraíba – APEP. Para coleta de dados foram utilizados: um questionário relacionado ao perfil social, um roteiro de entrevistas e o Pentáculo do Bem Estar proposto por Nahas (2000) que inclui características nutricionais, nível de estresse, atividade física habitual, relacionamento social e comportamentos preventivos, sendo demonstrado em figura no formato de um Pentáculo (estrela), com intuito de facilitar a visualização dos seguimentos abordados. A amostra foi composta por 9 atletas da equipe sendo todos do sexo masculino na faixa etária entre 30 e 42 anos. Todos os atletas tiveram classificação regular nas variáveis Nutrição e Comportamento Preventivo. No entanto, nos componentes Atividade Física, Controle do Stress e relacionamento Social obtiveram uma classificação positiva. Conclui-se que o perfil do estilo de vida do grupo está bom, apesar da realidade ser caracterizada pelo descaso e necessidades dos cadeirantes no que diz respeito a estilo e qualidade de vida.

           Unitermos: Acessibilidade. Qualidade de vida. Deficientes.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 171, Agosto de 2012. http://www.efdeportes.com

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Introdução

    Nos dias atuais, as pessoas que apresentam algum tipo de deficiência, ainda sob visão estereotipada e preconceituosa da sociedade, enfrentam dificuldades com políticas públicas que se apresentam de forma tímida em relação aos problemas inerentes a acessibilidade contribuindo de forma negativa para a qualidade de vida dos deficientes.

    Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), 10% (dez por cento) da população de cada país são portadoras de algum tipo de deficiência física, sensorial (visual e auditiva) e mental. No Brasil, o Censo Demográfico 2000 indicou que aproximadamente 24,5 milhões de pessoas, ou 14,5% da população total, aproximadamente, apresentaram algum tipo de incapacidade ou deficiência.

    A Paraíba é o Estado brasileiro com o maior percentual de deficientes físicos. De acordo com os dados do IBGE de 2000, 18,76% da população paraibana, o equivalente a 700 mil pessoas apresenta algum tipo de deficiência. Esse percentual deve-se ao fato do Brasil se incluir nos chamados países em desenvolvimento, pois os índices de deficiência estão intrinsecamente relacionados à situação econômica e social do país.

    A acessibilidade é uma condição básica para a inclusão social das pessoas com deficiências ou que tenham necessidades especiais balizadas na lei 7.853/89, tendo a política nacional para integração do portador de deficiência, criando assim, as principais normas para deficientes. No entanto, ainda nos deparamos todos os dias com um cenário inexeqüível como escadas, calçadas, elevadores inadequados e portas estreitas, excluindo um em cada catorze brasileiros com determinados tipos de deficiência física.

    Além dos problemas relacionados à acessibilidade, as mudanças comportamentais podem ser muito efetivas na área de prevenção e controle das doenças associadas à inatividade física, alimentação inadequada e outros hábitos de vida errôneos. Nas últimas décadas tem sido abundante a produção de modelos e medidas que tentam explicar qualidade e outros aspectos de um conceito maior denominado saúde. Os fatores nutrição, atividade física e controle do estresse têm sido tradicionalmente associados com questões da saúde e bem-estar.

    Para Nahas (2006), qualidade de vida é como a condição humana resultante de um conjunto de parâmetros individuais e sócio-ambientais, modificáveis ou não, que caracterizam as condições em que vive o ser humano. Apesar das limitações e dificuldades arroladas à acessibilidade e qualidade de vida dos deficientes, podemos perceber que a busca da melhora no estilo de vida, manutenção e promoção de saúde têm crescido de forma significativa, enfrentando-se barreiras de caráter público e uma alarmante desigualdade impulsionada por líderes governamentais.

    Há dados históricos que apontam que países como Reino Unido e Estados Unidos passaram a estimular a atividade esportiva como prática complementar ao processo de reabilitação dos indivíduos com traumas provocados pelos confrontos nos campos de batalha durante a II Guerra Mundial.

    O basquetebol em cadeira de rodas foi criado nos Estados Unidos pelos veteranos da II Guerra Mundial em 1945, no entanto não existe nenhum registro por escrito que confirme esta data. O primeiro registro que se tem é de 6 de dezembro de 1946, quando foi publicado um artigo em um jornal americano comentando sobre os acontecimentos em uma partida de BCR (STROHKENDL, 1996).

    No Brasil, o surgimento do BCR deu-se por intermédio de Sérgio Del Grande e Robson Sampaio que, ao retornarem de um programa de reabilitação nos Estados Unidos, trouxeram esta modalidade para São Paulo e Rio de Janeiro

    Todavia, o desporto é uma das atividades mais procuradas, pois, quando se fala em saúde , é fácil relacionar a grande contribuição da atividade física para a redução do nível de riscos ao qual cada pessoa está sujeita durante a vida, então se pode dizer que o esporte tem um impacto positivo, e tem se mostrado como um fenômeno transformador de maneira expressiva para a saúde, reduzindo a probabilidade de muitas doenças e atuando diretamente no processo evolutivo dos indivíduos.

    Com a oportunidade de estudar a única equipe no Estado da Paraíba atualmente, percebe-se a preocupação e interesse de todos os alunos, atletas ou usuários que compõe a instituição. Nesse contexto, o objetivo do estudo foi avaliar o nível de qualidade de vida e levantar questões sobre a acessibilidade dos atletas da equipe de basquetebol no local onde é praticada a modalidade esportiva.

    Nesta perspectiva, os acessos à educação, ao trabalho, à cidadania, à atividade física, esporte e lazer deveriam ocorrer em um ambiente social o mais acessível e abrangente possível, podendo-se perceber que os educadores têm um grande potencial para contribuir com a integração e qualidade de vida dos portadores de deficiência.

Metodologia

    O presente estudo trata-se de uma pesquisa de campo, de caráter descritivo, transversal e com abordagem quali-quantitativa. Ele abrangeu uma amostragem representativa dos atletas da equipe de basquetebol da Associação Pestalozzi da Paraíba – APEP, localizada na Rua Ranieri Mazilli, 1732 - Cristo Redentor João Pessoa – PB, sendo que as atividades práticas são realizadas no sendo que as atividades práticas inerentes ao basquetebol são realizadas no Centro Integrado de Educação Física (CIEF), localizado na Av. Espírito Santo da mesma cidade. Inicialmente os atletas foram abordados de forma intencional explicando-lhes como se realizaria a pesquisa, sua importância, objetivo e forma de coleta de dados, apresentando-lhes o termo de consentimento livre e esclarecido para a legalidade e autorização da pesquisa.

    A amostra foi composta por 9 atletas da equipe sendo todos do sexo masculino na faixa etária entre 30 e 42 anos tendo como critério de inclusão todos os que estavam presentes e regularmente matriculados na associação e como critério de exclusão os que não quiseram participar da amostragem. Foram utilizados como instrumentos de coleta de dados um questionário para analisar o perfil social compreendendo informações sobre grau de escolaridade e renda familiar, um roteiro de entrevista com perguntas sobre acessibilidade e fatores que os impedem da realização da prática esportiva ativa e o questionário denominado Perfil do Estilo de Vida Individual, validado por Nahas (2000) para quantificar o nível de qualidade de vida dos atletas nos aspectos, nutrição, atividade física, comportamento preventivo, relacionamentos, estresse, que representam quinze questões através de tabelas e gráficos. O projeto de pesquisa foi submetido à apreciação pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual da Paraíba – UEPB, estando baseado nas Diretrizes Éticas de pesquisa que envolve seres humanos, de acordo com o CONEP - Conselho Nacional de Ética em Pesquisa, sendo aprovado, sob o número do CAAE 0436.0.133.000-10.

Resultados e discussão

    Para os fins de processamento e análise dos dados, foi realizada uma Estatística Descritiva, com uso de média e desvio padrão das variáveis, a partir do Software Microsoft Excel 2007, os quais estão visualizados em quadros, figura e gráficos. O Basquetebol e outros esportes devem ser praticados preferencialmente em locais adaptados para facilitar a locomoção das pessoas portadoras de deficiências, devendo-se conter rampas, banheiros, pontos de ônibus adequados, estacionamentos, portas amplas e sem obstáculos arquitetônicos servindo para o melhor acesso e segurança principalmente para deficientes de característica motora e visual.

    Nos últimos anos, em todo o mundo, tem se falado muito no termo “acessibilidade”. Hoje em dia é muito comum ouvirmos falar sobre o direito de todas as pessoas, independente de sua condição, à educação e à prática de atividades físicas. Diante desse quadro, muitos mecanismos legais têm sido criados para garantir esses direitos a todos os indivíduos.

    De acordo com o Art. 1º da Associação Brasileira de Normas e Técnicas- ABNT, no que se refere a normas gerais e critérios básicos para promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, mediante a supressão de barreiras e obstáculos nas vias e espaços públicos, no mobiliário urbano, na construção e reforma de edifícios e nos meios de transporte e de comunicação esta escadaria de acesso principal ao ginásio está fora do padrão. Ao indagarmos sobre a acessibilidade, perguntamos aos cadeirantes, se o local da prática esportiva era adaptado, se havia algum tipo de barreira que impossibilitasse tais desfrutar da prática esportiva, tivemos por respostas:

    [...] “Não, porque os problemas de acessibilidade estão sempre presentes em nossas vidas”.

    [...] “Não, o acesso a quadra não tem nenhuma rampa, temos que subir e descer os degraus que têm aqui no ginásio”

    [...] “Não. Além dos problemas de acessibilidade no ginásio, a falta de transporte dificulta a prática ativa minha e dos meus companheiros, as ruas perto de casa são esburacadas e até eu chegar ao ônibus que são apertados demora muito”.

    No referente banheiro podemos perceber o não cumprimento das normas presentes no Art. 4º, que trata regras de construção, para efeito de licenciamento da respectiva edificação, baixadas pela autoridade competente, destinadas a facilitar o acesso e uso desses locais pelas pessoas portadoras de deficiência.

    O esporte figura como uma poderosa ferramenta para a reintegração do deficiente à vida social. Melhora a qualidade de vida, aumenta a auto-estima, dá disposição, amplia o círculo de amizades, desenha o corpo, mexe coma cabeça e com o humor. Pollock e Wilmore (1993) citam que o avanço tecnológico vem transformando os cidadãos, que eram fisicamente ativos, em pessoas com pouca ou nenhuma oportunidade para o envolvimento em programas de atividades físicas No entanto a busca pela atividade física, sendo o basquetebol como desporto adotado pelo grupo mostra-se acentuada e indispensável, pois além da integração e diversão, a dinâmica e competitividade é extremamente motivante contribuindo para os aspectos psicomotores dos participantes. Alguns relatos sobre este questionamento foram registrados no roteiro de entrevistas:

    [...] “O basquetebol pra mim é tudo, eu acordo e durmo pensando em basquete, encontro a maioria dos meus amigos e adoro os professores que contribuem para nossa participação nesse esporte maravilhoso”

    [...] “Eu procurei o basquete por ser agitado e divertido...”

    [...] “Porque eu achei muito interessante a modalidade em cadeira de rodas e foi o que mais me identifiquei”

    A maioria dos entrevistados relatou que origem da lesão foi de nascença, porém houve casos da aquisição da deficiência em acidente automobilístico e um caso de bala perdida. Assim registramos os depoimentos no momento da entrevista:

    [...] “A minha lesão foi adquirida através de acidente de moto, eu estava na minha mão certa e no sinal de repente um carro bateu em mim atingindo as minhas pernas, fiquei alguns dias na UTI”...

    [...] “Eu já gostava e praticava o basquete antes da minha lesão que foi adquirida através de bala perdida...”

    De acordo com Sallis e Owen (1999) apud Nahas et al. (2000), o estilo de vida representa o conjunto de ações cotidianas e variáveis como: Nutrição, Comportamento Preventivo, Relacionamento Social, Controle do Stresse e Atividade Física compõe a estrutura referente a qualidade e estilo de vida que reflete nas atitudes e valores das pessoas.

    Considerando as respostas do grupo aos 15 itens do questionário, foi colorida a figura 01, construindo uma representação visual do Estilo de Vida atual do grupo pesquisado e posteriormente os resultados foram analisados através das tabelas e gráficos. O espaço em branco representa se o grupo marcou zero. Do centro até o primeiro circulo se marcou 1, do centro até o segundo circulo se marcou 2, e do centro até o terceiro círculo se marcou 3. A escala é a seguinte:

  • (0) absolutamente não faz parte do seu estilo de vida;

  • (1) às vezes corresponde ao seu comportamento;

  • (2) quase sempre verdadeiro no seu comportamento;

  • (3) a afirmação é sempre verdadeira no seu dia a dia; faz parte do seu estilo de vida.

Figura 1. Representação do Perfil do Estilo de Vida atletas da equipe de basquetebol em cadeira de rodas

    Nahas (2000), afirma que quanto mais colorida estiver à figura mais adequada está o estilo de vida das pessoas.

Referencia de score de classificação

 

Gráfico 01. Média geral das variáveis

    Como podemos observar no componente Nutrição e Comportamento Preventivo, os atletas obtiveram média um. Nahas (2001) relata que médias nos níveis zero e um, indicam que o grupo deve ser orientado e ajudado a mudar seus comportamentos nos itens avaliados, pois eles oferecem risco à sua saúde e afetam sua qualidade de vida. Já no componente Relacionamento Social, Atividade Física e Controle do Stress ás médias foram dois, ainda Nahas (2001) menciona que média entre dois e três reflete um estilo de vida bastante positivo.

Gráfico 02. Classificação de acordo com a tabela de score

    De acordo com o score da tabela proposta por Nahas (2000), o grupo encontra-se nos componentes nutrição e comportamento preventivo em situação regular que tem índice entre 1 e 1,99. Já os componentes Atividade Física, Relacionamentos e controle do Stress estão na classificação como positivo tem índice entre 2 e 3 na tabela de classificação.

Considerações finais

    Visualizando a estrela do Pentáculo do Bem Estar de Nahas (2000), que foi preenchida com a média das respostas dos atletas conclui-se que o Perfil do Estilo de Vida do grupo está bom. Nos Componentes: Relacionamento Social, Atividade Física e Controle do Stress as médias 2 representam um perfil bastante positivo. No entanto, os Componentes: Comportamento Preventivo e Nutrição não foram bons, comprovando que os problemas de acessibilidade corroboram diretamente para a qualidade e estilo de vida do grupo que apesar dos diversos descumprimentos de leis e normas asseguradas, conduzem uma vida esportivamente ativa e normal.

    Nosso estudo buscou um aprofundamento das discussões sobre a relação de que problemas de acessibilidade interferem na realização da prática esportiva ativa tomando como base o conhecimento de benefícios que essa prática produz na vida de indivíduos com um estilo de vida ativo. No que se refere à acessibilidade de cadeirantes em locais de lazer e esporte, espera-se que as normas e adaptações sejam adotadas e respeitadas de forma homogênea para com os ditos “normais” contribuindo para uma melhora na qualidade de vida dos portadores de deficiência.

Referências

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