Característica das aulas de Educação Física no Ensino Médio Características de las clases de Educación Física en Escuela Media del Colegio Estatal Olavo Bilac del municipio de Peabiru, PR |
|||
*Licenciada em Educação Física pela Faculdade Integrado de Campo Mourão **Especialista em Educação Física Escolar pela Faculdade Integrado de Campo Mourão Docente do Curso de Educação Física da Faculdade Integrado de Campo Mourão (Brasil) |
Katharine Aguiar Tolomeotti Luciany Mydlo Sardi |
|
|
Resumo A disciplina de Educação Física é alvo de muitas discussões. Buscando contribuir com conhecimento a respeito da disciplina, o presente estudo teve por objetivo investigar como são caracterizadas as aulas de Educação Física no Ensino Médio do Colégio Estadual Olavo Bilac do Município de Peabiru-PR. Caracterizou-se por uma pesquisa descritiva de natureza qualitativa, tendo como população alvo alunos regularmente nos 1º, 2º e 3º ano do Ensino Médio de 2011, no período matutino do Colégio Estadual Olavo Bilac, município de Peabiru-PR, sendo a amostra composta por 15 alunos. O instrumento utilizado para a coleta de dados foi um questionário com 4 perguntas abertas, sendo o mesmo elaborado pela pesquisadora, e devidamente convalidado. Os dados foram analisados mediante as respostas obtidas nos quadros, tendo como resultado que os alunos de maneira geral caracterizam as aulas de Educação Física do Ensino Médio como sendo sempre realizadas, na quadra e em sala de aula, com atividades teórico-práticas e com maior ênfase no conteúdo Esportes Coletivos. Unitermos: Educação Física. Estudante. Prática pedagógica. Professor. Conteúdos.
|
|||
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 171, Agosto de 2012. http://www.efdeportes.com |
1 / 1
1. Introdução
A Educação Física é uma prática educativa obrigatória. Discutiremos aqui qual a visão dos alunos em relação à característica das aulas dessa disciplina. De acordo com Paraná (2008) ainda existe a hegemonia que entende a disciplina de Educação Física tão-somente como treinamento do corpo, sem nenhuma reflexão sobre o fazer corporal. O trabalho do professor de Educação Física é importante porque no momento de sua aula ele deve construir uma cidadania que tenha como alvo, a participação, a solidariedade, a cooperação, o diálogo e o questionamento tendo em vista a transformação da sociedade através da formação de cidadãos conscientes e críticos (MARQUES, 2009).
O individualismo de cada professor no momento de sua aula, a maneira como norteia ela, tem amplo valor sobre a disciplina, ou seja, caracteriza individualmente aquela aula como sendo boa ou ruim.
Carreiro da Costa (1996) citando Wittrock (1986) ressalta que estudos realizados no ensino em geral demonstram que o nível de atenção e de compreensão do aluno está associado à qualidade da prática e o nível de consecução das aprendizagens, o que demonstra claramente que a atitude do professor frente ao ensino é um fator determinante também para a motivação do aluno em aprender (CONTE, 2008, p. 23).
A proposta das DCEs (2008) é que o professor deve trabalhar com seus alunos todos os conteúdos estruturantes da Educação Física, sendo eles: Esporte, Jogos e Brincadeiras, Lutas, Ginástica e Dança, buscando contextualizar os conteúdos desenvolvidos e os relacionar, utilizando nas aulas os elementos articuladores.
Esses encaminhamentos são propostos para serem trabalhados entre os professores da ciência de Educação Física.
A Educação Física no contexto Escolar sofre grandes conflitos sobre sua falta de identidade e valor. A Prática Pedagógica do professor dessa disciplina está diretamente ligada a esses conflitos. É de grande valia ter dados válidos e fidedignos sobre essa prática, através da caracterização das aulas na busca dessa identidade e valores esquecidos da Educação Física Escolar (PAIS, 1993).
Poderemos observar se a visão dos alunos com relação à disciplina de Educação Física está distorcida do que ela realmente propõe como disciplina no Currículo Escolar.
Buscando a partir de esta pesquisa investigar como são caracterizadas as aulas de Educação Física no Ensino Médio do Colégio Estadual Olavo Bilac do Município de Peabiru-Pr.
Coletaremos dados sobre o nível de participação dos alunos nas aulas de Educação Física; os conteúdos trabalhados nas aulas de Educação Física; iremos analisar se nas aulas de Educação Física são realizadas atividades teóricas e práticas e saberemos, de acordo com os alunos, quais os locais utilizados para a realização das aulas de Educação Física.
O interesse visto nesse tema de estudo é amplo e engloba fatores pessoais, acadêmicos e sociais. Pessoalmente esse estudo será de grande valia, pois obteremos dados sobre o que os alunos estão pensando da disciplina de Educação Física. Assim poderemos ter uma base de como eles caracterizam as aulas, e se está de acordo com o que está proposto nas DCEs.
Academicamente o estudo é de extrema importância e está relacionado amplamente com as necessidades de acordo com a atuação do curso de Educação Física – Licenciatura, pois será observado o que foi prescrito na prática, de um dos principais assuntos da disciplina dentro da Licenciatura. Como está à visão dos alunos através da caracterização das aulas de Educação Física, assim teremos dados sobre o que pensam dessa disciplina.
Socialmente será interessante termos estudos publicados sobre o que acontece dentro das escolas, no nosso caso, na disciplina de Educação Física, da forma do fazer dos professores nas aulas analisando o modo de pensar dos alunos sobre as aulas vivenciadas. Assim, será possível termos exemplos da teoria de como devem ser as aulas de Educação Física relacionadas à verdadeira aula que esta sendo aplicada dessa disciplina nas escolas, o que os alunos do ensino médio pensam sobre a disciplina, de acordo com a caracterização das aulas.
2. Referencial teórico
2.1. Ensino Médio
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9394/96, Art. 35), diz que as finalidades específicas do Ensino Médio são:
[...] consolidar e aprofundar os conhecimentos adquiridos no Ensino Fundamental; possibilitar o prosseguimento dos estudos; preparar para o trabalho e a cidadania; desenvolver habilidades como continuar a aprender; capacidade de se adaptar com flexibilidade às novas condições de ocupação e aperfeiçoamento; aprimorar o educando como ser humano, incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico; e compreender os fundamentos científico-tecnológicos dos processos produtivos, relacionando teoria e pratica (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional).
Já que a Educação Física tem a cultura corporal como seu objeto de estudo, é importante que o aluno ao terminar o Ensino Médio seja conhecedor de seu próprio corpo, de suas possibilidades e limitações. E para isso, é importante que, no decorrer das aulas o aluno reflita sobre suas práticas corporais de maneira responsável e crítica, tornando-se capaz de tomar suas próprias decisões (DARIDO, 2007).
2.2. Educação Física no Ensino Médio
A Educação Física foi implantada no currículo em 1882 com o parecer de Rui Barbosa e, nas décadas finais do século XIX e nas primeiras do século XX, este componente curricular esteve sob forte influência militar. Seu ensino baseava-se nas relações em que o professor assumia o papel de instrutor e o aluno de recruta, enaltecendo a questão da disciplina, da obediência e subordinação às ordens por parte dos alunos (VERENGUER, 1995).
Atualmente a Educação Física começa a lutar por sua legitimidade, querendo assim, conquistar um lugar de respeito junto aos demais componentes curriculares. A Educação Física está em busca de seus princípios fundamentais, questionando quais são seus objetivos, seus conteúdos, suas metodologias de modo a dizer da sua importância junto aos demais saberes escolares (FRANCO, 1997).
A Educação Física, mesmo sendo uma disciplina do currículo escolar, ainda é percebida por muitos como uma atividade. Segundo Kolyniak (2000), um dos motivos para que esta indefinição ocorra são os problemas específicos, como, por exemplo, a ausência de um corpo teórico próprio que seja referência para toda a categoria profissional.
Nota-se hoje, que a Educação Física, e em especial a do Ensino Médio, é um componente que, é marginalizado, discriminado e desconsiderado. Santin (1987) diz que a Educação Física nem sempre foi considerada de capital importância, nem mesmo por alguns de seus profissionais, porque não é posta como uma real educação humana, mas apenas como suporte para atividades esportivas, acabou sendo uma disciplina dispensável.
Para Mattos e Neira (2000) há escolas em que o aprofundamento tático das modalidades é o único conteúdo das aulas de Educação Física. Essa especialização, não se mostra eficaz, pois só quem domina os fundamentos do jogo pode "jogar taticamente", perdendo o significado desse conhecimento de alto nível. Vemos que a prática pedagógica, desse modo, pouco tem contribuído para a compreensão dos fundamentos, para o desenvolvimento da habilidade de aprender ou para a formação ética.
Segundo os autores, para os alunos que apresentam um fracasso no desenvolvimento motor ou não alcançam o desempenho desejado, a Educação Física passa a ter característica recreativa, encontram-se hoje alunos que freqüentam as aulas de forma descompromissada e percebemos uma visível evasão das aulas. Assim, os alunos afastam-se das quadras, do pátio, e procuram locais extra-escolares como clubes e academias para as experiências corporais que lhes trazem satisfação, ou seja, se afastam das práticas motoras escolares não eficientes para atender suas expectativas, mas não se desinteressam pelas manifestações da cultura corporal e assuntos relacionados ao próprio corpo (MATTOS e NEIRA, 2000).
A Educação Física como integrante da escolarização básica, na qual o Ensino Médio encontra-se inserido, aparece contemplada na atual estrutura curricular da Educação brasileira, na área de Linguagens e Códigos e suas Tecnologias (DARIDO e GALVÃO, 1997).
Segundo Mattos e Neira (2000) para inserir a Educação Física dentro do currículo escolar e colocá-la no mesmo grau de importância das outras áreas conhecimento os professores devem trabalhar através da fundamentação teórica, da vinculação das aulas com os objetivos do trabalho, da não improvisação e, principalmente, da elaboração de um plano que atenda às necessidades, interesses e motivação dos alunos.
Assim, a Educação Física estará lutando para ser compreendida como parte integrante da cultura escolar, isto é, enquanto um componente que desenvolve atividades expressivas dos alunos como: jogos, ginásticas, danças esportes, brincadeiras e lutas. Enfim, como um componente que atende a produção de cultura do educando.
Saber quais os interesses dos alunos, procurar entender a sociedade em que estão inseridos, procurar chegar próximo à realidade deles, individualmente e permitir a participação no planejamento das aulas poderá vir a ser uma solução para os problemas que a disciplina de Educação Física enfrenta.
Segundo Correia (1996) a Educação Física tem como compromisso uma educação sobre o movimento levando em consideração a realidade que os alunos estão inseridos, para que seus interesses e necessidades sejam atendidos. Assim, se estará educando para a cidadania, para que dentro do processo possa ocorrer o exercício da reflexão crítica garantindo uma educação para a autonomia.
Para o autor, trabalhar com o planejamento participativo tem inúmeras vantagens, incluindo, os níveis satisfatórios da participação e motivação dos alunos nas atividades, valorização da Educação Física dentro da escola por eles e pela direção e a possibilidade dos alunos se expressarem, graças ao caráter participativo da proposta.
2.3. A prática pedagógica do professor
Freire (1996) diz que o fazer do professor, que exerce a docência consiste em pesquisar, planejar, ensinar, de forma consciente quanto ao processo ensino-aprendizagem-conhecimento, orientando os alunos nas ações de apropriação e de produção dos conhecimentos.
De acordo com Clarck e Peterson (1997), o pensamento, a planificação e a tomada de decisões dos docentes constituem parte considerável do contexto psicológico da aprendizagem. Neste contexto, os autores enfatizam que os professores interpretam e atuam sobre o currículo, onde os professores ensinam e os alunos aprendem. O pensamento e atuação do professor influenciam substancialmente, no comportamento do aluno (CONTE, 2008, p. 12).
2.3.1. Conteúdos
De acordo com Paraná (2008) as DCEs mostram que os conteúdos disciplinares devem ser tratados, na escola, de modo contextualizado, estabelecendo-se, entre eles, relações interdisciplinares e colocando sob suspeita tanto a rigidez com que tradicionalmente se apresentam quanto o estatuto de verdade atemporal dado a eles. Desta perspectiva, propõe-se que tais conhecimentos contribuam para a crítica às contradições sociais, políticas e econômicos presentes nas estruturas da sociedade contemporânea e propicie compreender a produção científica, a reflexão filosófica e a criação artística nos contextos em que elas se constituem.
Para a seleção do conhecimento, que é tratado, na escola, por meio dos conteúdos das disciplinas concorrem tanto os fatores ditos externos, como aqueles determinados pelo regime sócio-político, religião, família e trabalho, quanto às características sociais e culturais do público escolar, além dos fatores específicos do sistema como os níveis de ensino, entre outros. Além desses fatores, estão os saberes acadêmicos, trazidos para os currículos escolares e neles tomando diferentes formas e abordagens em função de suas permanências e transformações (PARANA, 2008, p. 19).
3. Metodologia
O presente estudo baseou-se na metodologia qualitativa de caráter descritivo.
Optou-se pela abordagem qualitativa porque esta “busca compreender o significado de uma experiência dos participantes, em um ambiente específico, bem como o modo como os componentes se mesclam para formar o todo” (THOMAS; NELSON; SILVERMAN, 2007, p. 298).
As pesquisas descritivas têm como objetivo primordial a descrição das características de determinada população ou fenômeno, ou, o estabelecimento de relações entre variáveis. Uma de suas características mais significativas está na utilização de técnicas padronizadas de coleta de dados, tais como o questionário e a observação sistemática (GIL, 2007).
Fizeram parte da população desta pesquisa alunos da rede pública de ensino do município de Peabiru-PR, do Colégio Estadual Olavo Bilac, sendo que a amostra foi composta por estudantes do Ensino Médio, que estudam no período matutino, no total de 15 sujeitos, de ambos os gêneros.
O instrumento para a coleta de dados foi um questionário elaborado pela própria pesquisadora, e devidamente convalidado.
O trabalho foi encaminhado para o Comitê de Ética, e após aprovação foram entregues os Termos de Consentimento Livre e Esclarecido para os pais dos alunos participantes da pesquisa.
Foram selecionados 5 alunos aleatoriamente de cada turma pelo professor de Educação Física presente das turmas participantes da pesquisa. O questionário foi aplicado na aula de Educação Física, os alunos saíram da sala e responderam ao questionário junto à pesquisadora que recolheu os mesmos assim que todos responderam.
Os dados serão apresentados através de quadros.
4. Resultados e discussão
Durante o mês de Outubro de 2011 procedemos com o levantamento de dados junto aos alunos do Colégio Estadual Olavo Bilac da rede estadual de ensino do município de Peabiru-PR.
Quadro 1. Conteúdos mais vivenciados nas aulas de Educação Física no Ensino Médio
Conteúdos |
Freqüência |
Esportes Coletivos |
12 |
Jogos e Brincadeiras |
9 |
Ginástica |
2 |
Saúde |
2 |
Dança |
1 |
Esportes Individuais (Atletismo) |
1 |
De acordo com o quadro 1 referente aos conteúdos mais vivenciados nas aulas de Educação Física, 12 alunos afirmaram vivenciar os Esportes Coletivos, 9 alunos Jogos e Brincadeiras, 2 Ginástica, 1 Dança e 1 Esportes Individuais, em referência o Atletismo. Apareceu também, o elemento articulador cultura corporal e Saúde, onde 2 alunos afirmaram vivenciar.
Entendem-se os conteúdos como os conhecimentos de grande amplitude, conceitos, teorias ou práticas, que identificam e organizam os campos de estudos de uma disciplina escolar, considerados fundamentais para a compreensão de seu objeto de estudo/ensino (PARANÁ, 2008).
Os conteúdos estruturantes são selecionados e trazidos para a escola para serem socializados e apropriados pelos alunos.
Em nossa área de estudo, podemos observar que não foram amparados nem todos os conteúdos estruturantes, nem tampouco relações necessárias a serem feitas com estes conteúdos e com os elementos articuladores ou questões relacionadas à vida dos alunos, para dar um significado/sentido a esses conhecimentos, necessários da disciplina de Educação Física.
Nota-se isso pelo fato de não identificar nas respostas dos alunos o conteúdo Lutas, pois este é um conteúdo estruturante da disciplina.
Os Conteúdos Estruturantes propostos para a Educação Física, segundo a DCE, na Educação Básica são os seguintes: Esporte; Jogos e brincadeiras; Ginástica; Lutas e Dança.
De acordo com Sacristán (2000) sem o conteúdo não há ensino e, quando o conteúdo é passado superficialmente não é considerado concreto, ou seja, quando não são repassados os conteúdos aos alunos ou quando são mal formalizados não existe o discurso científico e rigoroso que se deve ter para se concretizar o ensino, ficam todos à mercê de atividades vazias, sem significado algum.
Outro ponto a ser observado é a quantidade de alunos que responderam vivenciar o conteúdo Esportes Coletivos, é um número grande em relação ao número de alunos que responderam a favor dos outros conteúdos.
Os motivos para que isso aconteça podem ser muitos. Talvez o receio de diferenciar os conteúdos ocorra pela insegurança dos professores em relação a conteúdos que não dominam, e desta forma trabalham com o que possuem mais afinidade, ou por acreditarem que a escola não possui nem espaço, nem material apropriado, ou ainda por acharem que os alunos não gostariam de aprender outros conteúdos (BETTI, 1992).
Quadro 2. Freqüência de participação nas aulas de Educação Física no Ensino Médio
Nível de Participação |
Frequência |
Sempre |
13 |
A maioria |
1 |
Raramente |
1 |
O quadro 2 nos apresenta a freqüência de participação dos alunos nas aulas de Educação Física, sendo que 13 alunos afirmaram sempre participar das aulas, 1 aluno diz participar da maioria delas e 1 aluno participa raramente.
Já que a Educação Física tem a cultura corporal como seu objeto de estudo, é importante que o aluno ao terminar o Ensino Médio seja conhecedor de seu próprio corpo, de suas possibilidades e limitações. E para isso, é importante que no decorrer das aulas o aluno reflita sobre suas práticas corporais de maneira responsável e crítica, tornando-se capaz de tomar suas próprias decisões (DARIDO, 2007).
Porém, para que isto ocorra é necessária à participação das aulas, o que nos mostra, no quadro, que esta acontecendo, em sua maioria, de acordo com as respostas dos alunos do Ensino Médio.
O educando deve sair do Ensino Médio com conhecimentos suficientes para gerenciar sua rotina de atividades físicas, momentos de lazer, manutenção de hábitos saudáveis para aquisição de uma boa saúde, sendo [...] mulheres e homens ativos, responsáveis no processo de estudo e ampliação das diversas práticas corporais (NEIRA, 2008, p. 24).
O que podemos afirmar é que a maioria dos alunos participa das aulas de Educação Física, e isso nos leva a entender que os estudantes se satisfazem com as aulas, ou seja, a disciplina atende aos objetivos dos alunos.
Quadro 3. Locais utilizados nas aulas de Educação Física no Ensino Médio
Locais |
Freqüência |
Quadra e Sala |
9 |
Quadra |
6 |
De acordo com o quadro 3 referente aos locais utilizados nas aulas de Educação Física, 9 alunos afirmaram realizar as aulas na quadra e na sala e 6 somente na quadra.
Conte (2008) ressalta que o professor deve ser um profissional ativo e inteligente, cujo trabalho inclui: estabelecer de objetivos; buscar de informações acerca dos alunos e do currículo dentro do contexto dos objetivos; formular hipóteses com as informações buscadas e selecionar entre diversos métodos de ensino.
Esses métodos de ensino estão amplamente relacionados ao local que o professor tem para poder trabalhar em suas aulas. Ele pode ter espaços que o ajudem a ampliar os exemplos e enriquecer seus conteúdos ou locais em que deve adaptar-se, tanto em aulas teóricas como em práticas.
A atividade dos docentes é limitada pelo ambiente físico e pelas influências externas da escola como o diretor, a comunidade e o planejamento de estudos (CONTE, 2008, p. 16).
O que podemos observar no quadro acima é que a maioria dos alunos do Ensino Médio, embasados em suas respostas, não vivenciam as aulas de Educação Física em todos os locais que poderiam ser utilizados para melhor prática e aproximação da realidade dos conteúdos. Pois a escola onde foi realizada a pesquisa possui salas (de aula, de dança, de computadores e jogos); quadras (aberta, fechada e de areia); campos e pátios.
Outro ponto a ser observado é a quantidade relativa ao número de alunos que dizem só ter aula na quadra, não são a maioria deles, porém é uma quantidade considerável levando em consideração a variação de locais que o professor poderia utilizar para enriquecer suas aulas.
Quadro 4. Característica das atividades realizadas nas aulas de Educação Física no Ensino Médio
Caracterização |
Freqüência |
Teórica e Prática |
11 |
Prática |
4 |
Teórica |
0 |
O quadro 4 nos apresenta a característica das atividades realizadas nas aulas de Educação Física, sendo que 11 alunos afirmaram ter aulas teóricas e práticas, 4 alunos só práticas e nenhum aluno afirmou ter somente aulas teóricas.
Atualmente a Educação Física começa a lutar por sua legitimidade, querendo assim, conquistar um lugar de respeito junto aos demais componentes curriculares. A Educação Física está em busca de seus princípios fundamentais, questionando quais são seus objetivos, seus conteúdos, suas metodologias de modo a dizer da sua importância junto aos demais saberes escolares (FRANCO, 1997).
O que podemos observar no quadro 4 é que a Educação Física está começando a ter um corpo teórico, independente do local onde esta é realizada. Podemos notar que a disciplina começa a ser mais fundamentada, pelas respostas dos alunos do Ensino Médio, em sua maioria. Mas, a quantidade que diz terem aulas somente práticas ainda é significativa.
Mattos e Neira (2000) afirmaram que para inserir a Educação Física dentro do currículo escolar e colocá-la no mesmo grau de importância das outras áreas de conhecimento os professores devem trabalhar através da fundamentação teórica, da vinculação das aulas com os objetivos do trabalho, da não improvisação e, principalmente, da elaboração de um plano que atenda às necessidades, interesses e motivação dos alunos.
Cabe ressaltar, de acordo com a DCE (2008), que tratar o conhecimento não significa abordar o conteúdo ‘teórico’, mas, sobretudo, desenvolver uma metodologia que tenha como eixo central a construção do conhecimento pela práxis, isto é, proporcionar, ao mesmo tempo, a expressão corporal, o aprendizado das técnicas próprias dos conteúdos Educação Física propostos e a reflexão sobre o movimento corporal, tudo isso segundo o princípio da complexidade crescente.
As provas e os trabalhos escritos podem ser utilizados para avaliação das aulas de Educação Física, desde que a nota não sirva exclusivamente para hierarquizar e classificar os alunos em melhores ou piores; aprovados e reprovados; mas que sirva, também, como referência para redimensionar a ação pedagógica (PARANÁ, 2008).
Considerações finais
Ao verificar o nível de participação dos alunos nas aulas de Educação Física constatamos que a maioria deles participa dessas aulas, assim teremos dados mais fidedignos sobre a característica das aulas, pois a participação deles ocorre.
Identificamos que os conteúdos estruturantes não são totalmente vivenciados, pois o conteúdo estruturante Lutas não apareceu nas respostas dos alunos e o conteúdo Esportes Coletivos aparece com muita ênfase em relação aos outros. Isso nos confirma que a característica das aulas, em relação aos conteúdos que são vivenciados realmente, que os esportes coletivos ainda são os conteúdos mais desenvolvidos nas aulas de Educação Física.
Verificamos que a maioria das aulas de Educação Física se desenvolve com atividades tanto práticas como teóricas isso já é um avanço, pensando no histórico da disciplina que era realizada somente na prática. As aulas, sendo caracterizadas dessa maneira, nos mostram a busca em contextualizar os conteúdos da disciplina, buscando atribuir um sentido a sua prática.
Ao identificarmos os locais que são utilizados para a realização das aulas de Educação Física, notamos que, em sua maioria, são utilizadas a quadra e a sala, assim percebemos que, conhecendo os locais que a escola possui para essa realização, não são utilizados todos os locais disponíveis na escola para o desenvolvimento das aulas de Educação Física.
Um professor que é renovador/bom se utiliza dos locais e materiais para ampliar a compreensão dos alunos, independente do local em que são realizadas as aulas, o importante é a construção do conhecimento, ou seja, levar o aluno a refletir sobre o que esta realizando. Nada impede o professor de realizar uma aula teórica na quadra.
As aulas de Educação Física ainda se resumem em handebol, basquete, futsal e voleibol, pois os esportes coletivos dominam a disciplina, isso deve ser alterado porque todos os conteúdos estruturantes possuem o mesmo grau de importância e devem ser vivenciados e, o mais importante, contextualizados. Desde a década de 80 vemos estudos mostrando a importância da teoria na disciplina de Educação Física. A educação física, como citada anteriormente é um componente curricular obrigatório, quando dizemos componente a igualamos a todas as outras disciplinas escolares, então por que seu status é menor que das outras áreas da educação?
Justamente por serem realizadas, em sua maioria, aulas apenas como práticas esportivas, sem levar os alunos à práxis. O principal objetivo da educação física é levar os alunos a uma cultura corporal, ou seja, toda e qualquer prática que ensinamos a eles não cai do céu, são práticas construídas dentro da historia da humanidade, então devem ser fundamentadas.
Podemos concluir que as aulas de Educação Física do Colégio Estadual Olavo Bilac não são caracterizadas, pelos alunos do Ensino Médio como sendo ruins, mas em um de seus aspectos mais importantes ela ainda esta falha, pois devem ser vivenciados todos os conteúdos contendo um corpo teórico.
Referências
BETTI, I.C.R. O prazer em aulas de Educação Física Escolar: a perspectiva discente. Campinas: FEFUNICAMP, 1992. Dissertação (Mestrado em Educação Física Escolar).
BRASIL, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/ldb.pdf. Acesso em 23/08/11 às 14h06.
CONTE, Eneida Maria T. Paradigmas do Pensamento do Professor e do Aluno. Práticas Pedagógicas em Educação Física: Sonhando com Mudanças. Cascavel, 2008.
CORREIA, Walter Roberto. Planejamento Participativo e o Ensino de Educação Física no 2º grau. Revista Paulista Educação Física, São Paulo, supl.2, p.43-48, 1996.
DARIDO, S. C. e GALVÃO, Z. Educação Física na escola: possibilidades e limites. Anais do X Congresso Brasileiro de Ciências do Esporte, v.18, p.311-316, 1997.
DARIDO, Suarya Cristina. Para Ensinar Educação Física: Possibilidades de Intervenção na Escola. Campinas, Papirus: 2007.
FRANCO, M. L. P. B. Conferência de abertura. IV Seminário de Educação Física Escolar/ Escola de Educação Física e Esporte. São Paulo: USP, 1997.
FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia. RJ: Paz e Terra, 1996.
GIL, Antonio Carlos. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. Cidade: São Paulo. Editora: Atlas, 2007.
KOLYNIAK C O. O objeto de estudo da Educação Física. Corpo Consciência 5. 2000
MARQUES, Marta Nascimento. Os Desafios da Prática Pedagógica na Educação Física Escolar para a Construção da Cidadania. Santa Maria, 2009.
MATTOS, M. G. e NEIRA, M. G. Educação Física na adolescência: construindo o conhecimento na escola. São Paulo: Phorte Editora, 2000.
NEIRA, Marcos Garcia; MATTOS, Mauro Gomes de. Educação física na adolescência: construindo o conhecimento na escola. 5.ed. São Paulo: Phorte, 2008.
PAIS, J. Machado (1993). Culturas juvenis. Lisboa: Imprensa Nacional.
PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares de Educação Física para os anos finais do Ensino Fundamental e para o Ensino Médio. Curitiba, SEED, 2008.
SACRISTÁN, J. G. O currículo: uma reflexão sobre a prática. Trad. Ernani F. da F. Rosa, Porto Alegre: Artmed, 2000.
SANTIN, S. Educação Física: uma abordagem filosófica da corporeidade. Ijuí: Unijuí, 1987.
THOMAS, Jerry R; NELSON, Jack K; SILVERMAN, Stephen J. Métodos de pesquisa em atividade física. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2007
VERENGUER, R. C. G. Educação Física escolar: considerações sobre a formação profissional do professor e o conteúdo do componente curricular no 2ograu. Revista Paulista de Educação Física, n.9, p.69-74, 1995.
Outros artigos em Portugués
Búsqueda personalizada
|
|
EFDeportes.com, Revista Digital · Año 17 · N° 171 | Buenos Aires,
Agosto de 2012 |