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Nível de atividade física de crianças em idade escolar

Nivel de actividad física de niños en edad escolar

 

*Graduada em Educação Física na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)

Especialista em Atividade Física, Desempenho Motor e Saúde na UFSM

Aluna do Programa de Pós-graduação em Educação Física (Mestrado)

na Universidade Federal de Pelotas

**Graduado em Educação Física Licenciatura na UFSM. Aluno do curso

de Educação Física Bacharelado na UFSM. Aluno do programa de Pós-graduação

em Educação Física (Especialização em Atividade Física, Desempenho Motor e Saúde) na UFSM

Carla Francieli Spohr*

Eduardo Ribeiro Albuquerque**

carlaspohr@yahoo.com.br

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          Vários estudos têm demonstrado a importância da prática de atividade física em crianças. Nesse sentido o objetivo desse artigo foi analisar estudos sobre o nível de atividade física de crianças em idade escolar em relação ao sexo e a influência dos pais. De acordo com os estudos analisados pode-se verificar que os meninos são mais ativos que as meninas e os pais tendem a influenciar o nível de atividade física dos filhos, principalmente quando ambos os pais forem ativos.

          Unitermos: Atividade física. Crianças. Pais. Sexo.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 171, Agosto de 2012. http://www.efdeportes.com

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Introdução

    Nos últimos 50 anos observaram-se várias modificações nas sociedades humanas. De acordo com Nahas (2006) são mudanças como explosão populacional, aumento da expectativa de vida, mortes devido a doenças crônico-degenerativas e a revolução tecnológica. O autor acrescenta que grandes concentrações urbanas, redução dos espaços livres, máquinas que nos poupam esforços e a vida sedentária criaram um cenário ideal para as doenças associadas à inatividade física, as chamadas doenças da civilização.

    Embora a maioria das doenças associadas ao sedentarismo somente se manifeste na vida adulta, é cada vez mais evidente que seu desenvolvimento se inicia na infância e adolescência (HALLAL et al., 2006). Uma criança obesa na infância tem maior chance de tornar-se um adulto obeso, podendo vir a desenvolver problemas cardiovasculares, hipertensão, dislipidemia e diabetes não-insulino dependente (JENOVESI et al., 2004). Nesse sentido, a atividade física tem efeito positivo na diminuição dos fatores de risco para doenças cardíacas em crianças e adolescentes devido à relação inversa que existe entre gordura corporal, lipídeos séricos e pressão arterial (MATSUDO et al., 1998).

    As crianças e adolescentes ativos apresentam perfis cardiovasculares mais saudáveis (BOUZIOTAS et al., 2004) e desenvolvem picos de conteúdo mineral ósseo mais elevados do que os dos seus colegas não ativos (BAILEY et al., 1999). Igualmente, níveis elevados de atividade física na infância parecem resultar numa melhoria de saúde na idade adulta. A resistência cardiorrespiratória está também associada a uma redução de todas as causas de mortalidade, incluindo a cardiovascular, nos adultos (BLAIR et al, 1989).

    Dessa forma, este artigo tem como objetivo analisar estudos sobre o nível de atividade física de crianças em idade escolar em relação ao sexo e a influência dos pais.

Nível de atividade física em crianças

    Em estudo realizado por Lopes et al (2003) com 3742 crianças de 6 a 10 anos de idade na cidade de Açores, Portugal, foi verificado que as maiores freqüências de registros relativos aos níveis de atividade física são caracterizadas pela baixa intensidade. De acordo com este estudo, a generalidade das crianças dos diferentes escalões etários e de ambos os sexos não parece cumprir as recomendações dos órgãos internacionais no que diz respeito à atividade física para crianças e jovens. Entre os 6 e os 8 anos de idade o número médio de episódios de atividade física intensa é mais baixo do que o número de episódios de atividade física leve e moderada.

Nível de atividade física relacionada ao sexo das crianças

    Meninos e meninas podem apresentar diferentes níveis de atividade física. Na maioria das vezes os meninos se apresentam mais ativos. Costa e Liparotti (2010), num estudo para avaliar a reprodutibilidade do questionário Dia Típico de Atividade Física e Alimentação (DAFA), com 101 escolares de 6 a 11 anos de idade de uma escola privada em Natal-RN, encontraram resultados que demonstram que os meninos foram significativamente mais ativos que as meninas. Um percentual de 73,6% (±32,25) dos meninos foram considerados ativos, enquanto que 55,0% (±26,76) das meninas apresentaram esse desfecho.

    Em estudo (COSTA e ASSIS, 2011) utilizando o questionário DAFA, com 2936 alunos de sete a dez de anos de idade de escolas de Florianópolis-SC, os meninos foram significativamente mais ativos que as meninas, corroborando com o estudo anterior.

    Leal e Klug (2007) em estudo de revisão concluíram que os meninos envolvem-se mais em maior quantidade de atividades moderada a vigorosa e vigorosa. Bracco et al (2006) afirmam que mesmo em crianças menores de dez anos, o sexo pode ser fator influenciador para inatividade física.

Influência dos pais

    Os pais também podem influenciar nos níveis de prática de atividade física das crianças. Em um estudo que mensurou o nível de atividade física em crianças e seus pais realizado por Moore et al. (1991) apud Matsudo et al. (1998), foi demonstrado que os filhos de mães ativas são duas vezes mais ativos do que os filhos de mães inativas e quando os dois pais eram ativos as crianças foram 5,8 vezes mais ativas do que os filhos de pais inativos. No estudo de Lemos et al (2010) não foi encontrada associação entre a pratica de atividade física de um dos pais no nível de atividade física dos filhos. Entretanto o nível de atividade física do pai e da mãe influenciou no nível de atividade física dos filhos, indicando a importância da influência familiar.

Conclusão

    A partir desses estudos pode-se concluir que as crianças com idade escolar apresentam baixos níveis de atividade física. A prática de atividade física dos pais tende a influenciar positivamente nos filhos. Na grande maioria dos estudos os meninos são considerados mais ativos que as meninas, por serem mais estimulados a fazerem atividade física.

    Ainda são poucos os estudos sobre o nível de atividade física encontrados com amostras de crianças, a maioria dos estudos refere-se a adolescentes. Nesse sentido são importantes mais pesquisas sobre este tema, pois a partir das informações obtidas poderão ser planejadas estratégias de intervenção para reverter os baixos níveis de atividade física encontrados.

Referências

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  • BRACCO, M. M.; COLUGNATI, F. A. B.; PRATT, M.; TADDEI, J. A. A. C. Modelo hierárquico multivariado da inatividade física em crianças de escolas públicas. Jornal de Pediatria, v. 82, n. 4, 2006.

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  • JENOVESI, J. F.; BRACCO, M. M.; COLUGNATI, F. A. B.; TADDEI, J. A. A. C. Evolução no nível de atividade física de escolares observados pelo período de 1 ano. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, v. 12, n. 1 p. 19-24, 2004.

  • LEAL, D. B.; KLUG, D. P. Atividade física e crianças. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, v. 11, n. 105, 2007. http://www.efdeportes.com/efd105/atividade-fisica-e-criancas.htm

  • LEMOS, N.; NAKAMURA, P. M.; GRISI, R. N. F.; KOKUBUN, E. Associação entre nível de atividade física de lazer dos pais com o nível de atividade física dos filhos. Revista Brasileira de Atividade Física e Saúde, v. 15, n. 2, 2010.

  • LOPES, V. P.; MAIA, J. A. R.; SILVA, R. G.; SEABRA, A.; MORAIS, F. P. Atividade física habitual da população escolar (6 a 10 anos) dos Açores. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, v. 11, n. 3, p. 09-14, 2003.

  • MATSUDO, S. M. et al. Nível de Atividade Física em crianças e adolescentes de diferentes regiões de desenvolvimento. Revista Brasileira de Atividade Física e Saúde, v. 3, n. 4, 1998.

  • NAHAS, M. V. Atividade Física, saúde e qualidade de vida: Conceitos e sugestões para um estilo de vida ativo. 4 ed. rev. e atual., Londrina: Midiograf, 2006.

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