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Estudo dos níveis de ansiedade de jovens velejadores
perante diferentes intensidades de vento

Estudio de los niveles de ansiedad de navegantes de clase optimist frente a diferentes intensidades del viento

 

Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física

da Universidade de Coimbra (FCDEF.UC/CIDAF)

(Portugal)

João Coelho Santos

Gonçalo Dias

Ruben Rocha

goncalodias@fcdef.uc.pt

 

 

 

 

Resumo

          O presente estudo teve como objectivo principal verificar se existia uma correlação estatisticamente significativa entre o nível de ansiedade apresentado por jovens velejadores em diferentes campos de mar e a intensidade do vento que decorria das condições ambientais (e.g., vento “fraco” e vento “forte”). A amostra foi constituída por 10 velejadores – classe optimist, com idades compreendidas entre os 10 e 14 anos (12,0±1,37), dos quais 6 atletas eram do sexo masculino e 4 do sexo feminino. Para medir as variáveis em estudo, foram aplicados os questionários TEOSQp, Missouri III e CSAI-2R, integrando estes o modelo Sport Anxiety Scale. A análise estatística dos dados foi efectuada através do programa IBM SPSS Statistics – versão 20.0. Recorreu-se ao teste não paramétrico de Mann-Whitney U, para correlacionar a intensidade do vento e a ansiedade dos praticantes, utilizando-se, para o efeito, um nível de significância de 0.05. Os resultados obtidos permitem concluir que à medida que aumentava a intensidade do vento, os níveis de ansiedade apresentados pelos velejadores também aumentavam ao longo da competição.

          Unitermos: Ansiedade. Vela. Vento. Competição.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 171, Agosto de 2012. http://www.efdeportes.com

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1.     Introdução

    A literatura mostra que os atletas estão sujeitos a grandes pressões psicológicas face à exigência da competição (cf. Gould, Horn, & Spreeman, 1983; Smith, Smoll, & Wiechman, 1998; Gould, Diefenbach, & Aaron, 2002; Ferreira, 2006). Além disso, a preparação mental e psicológica são cada vez mais importantes na optimização do rendimento desportivo, entenda-se, quer seja em contexto de treino ou competição (Jones & Hardy, 1990; Cruz, 1996 a,b; Gomes & Cruz, 2001; Ferreira, 2006). Neste sentido, a ansiedade pode ser definida como um estado “desagradável” e “temível” que emerge perante uma resposta emocional de stress, onde o atleta se encontra mais exposto e vulnerável a uma determinada situação ou tarefa desportiva (Eysenck, 1992; Smith et al., 1998).

    Por seu lado, constata-se que o estado de ansiedade e o traço de ansiedade são dois fenómenos distintos. Nesta óptica, o estado de ansiedade está relacionado com a percepção subjetiva e consciente da disposição emocional do atleta perante uma situação ou problema (cf. Ferreira, 2006), sendo que, o traço de ansiedade, também por vezes designado por ansiedade-traço, refere-se a uma tendência de reacção onde o atleta se sente consecutivamente ameaçado a partir das suas vivências e experiências pessoais, i.e., tanto ao nível físico como psicológico (Weinberg & Gould, 1984, 1999, 2003).

    Posto isto, tendo em conta que não são conhecidos estudos que tenham analisado os níveis de ansiedade em jovens velejadores, mormente na classe optimist, este trabalho tem como objectivo principal verificar se existe uma correlação estatisticamente significativa entre o nível de ansiedade apresentado por jovens velejadores em diferentes campos de mar e a intensidade do vento que emerge das condições ambientais (e.g., vento “fraco”, i.e., entre os 4 e 8 nós, e vento “forte”, i.e., superior a 13 nós).

2.     Revisão da literatura

    O estado da arte demonstra que a relação entre ansiedade e performance em contexto desportivo tem vindo a ser estudada por vários investigadores (e.g., Burton, 1998; Hanin, 2000a; Woodman & Hardy, 2003). A principal tendência dos resultados e conclusões destes estudos aponta no sentido de existirem vários factores que são propiciadores da ansiedade competitiva, nomeadamente, a diferença entre géneros, o nível de execução motora e o rendimento desportivo (cf. Ferreira, Gaspar, & Peres, 2006).

    No contexto desportivo, o conceito de ansiedade é encarado como um estado emocional “negativo”, caracterizado por nervosismo e apreensão, estando diretamente relacionado com a atividade e os pensamentos apreendidos pelo atleta (Weinberg & Gould, 1999; Weinberg & Gould, 2003; Ferreira, 2006). Neste âmbito, caracteriza-se ainda por revelar uma grande variedade de sintomas somáticos (e.g., “tremura”, hipertonia muscular, inquietação, hiperventilação, sudação e palpitações), englobando também aspectos cognitivos, tais como a “inquietação” psíquica e a hipervigilância (Smith, Smoll, & Wiechman, 1998; Marti, 2000; Gould et al., 2002).

    Neste seguimento, podemos enquadrar a ansiedade em dois planos distintos, ou seja, pré e pós-competição (cf. Ferreira, 2006). Assim, quando descrevemos a ansiedade desportiva, referimo-nos a um estado descontrolado de “excitação” que pode emergir antes ou durante a competição (Sonstroem, 1984). Este tipo de ansiedade, regra geral, produz nos praticantes níveis elevados de ansiedade, podendo, inclusive, prejudicar ou influenciar o seu rendimento desportivo (cf. Boutcher, 1990; Steinberg & Maurer, 1999).

    No âmbito da psicologia do desporto, e tal como verificamos na introdução deste trabalho, são considerados dois tipos de ansiedade, designadamente, a ansiedade traço e estado de ansiedade. O estado de ansiedade, enquanto estado emocional referente aos sentimentos percepcionados pelo atleta, emerge como uma situação de grande tensão e apreensão (cf. Spielberger, 1966; Weinberg & Gould, 1999). Por seu lado, conforme Spielberger (1996) e Ferreira (2006), o traço de ansiedade representa uma predisposição da personalidade face às alterações da ansiedade motivadas no atleta.

    Posto isto, tendo em conta que a vela é uma modalidade que está sujeita a índices elevados de ansiedade, bem como, atendendo ainda ao facto de a classe optimist, i.e., enquanto modalidade individual, ser susceptível a grandes níveis de pressão e stress competitivos (cf. Araújo, 2006), este trabalho pretende verificar se existe uma correlação estatisticamente significativa entre o nível de ansiedade apresentado por jovens velejadores em diferentes campos de mar e a intensidade do vento que emerge das condições ambientais (e.g., vento “fraco” e vento “forte”).

3.     Metodologia

3.1.     Amostra

    A amostra foi constituída por 10 velejadores – classe optimist, com idades compreendidas entre os 10 e 14 anos (12,0±1,37), dos quais 6 atletas eram do sexo masculino e 4 do sexo feminino (Tabela 1).

Tabela 1. Características da amostra, média e desvio padrão

    Os atletas encontravam-se a disputar a prova do campeonato regional da zona norte (PCR), a qual permitia o acesso ao Campeonato de Portugal de Juvenis. Todos os atletas participaram de forma voluntária no estudo, estando autorizados pelos respectivos encarregados de educação e treinadores, i.e., através de consentimento livre e informado por escrito.

3.2.     Instrumentos

    Para medir as variáveis em estudo, foram aplicados a todos os velejadores os questionários TEOSQp (Task and Ego Orientation in Sport Questionnaire), Missouri III e CSAI-2 (Competitive State Anxiety Inventory-2), os quais integram o modelo Sport Anxiety Scale (cf. Smith et al., 1990).

4.     Procedimentos

  1. Previamente à realização do estudo, foi efectuada uma reunião com os treinadores para dar a conhecer aos seus atletas o objectivo da investigação e as variáveis em análise. Neste sentido, realizou-se o contacto formal com os encarregados de educação dos velejadores;

  2. Relativamente aos questionários propostos, foram aplicados, i.e., em primeiro lugar, os referentes à orientação para a tarefa e para o ego no desporto (TEOSQp), seguindo-se os questionários das reações à competição e da auto avaliação de Missouri III. Por último, aplicou-se o questionário da ansiedade – estado competitivo (CSAI-2R);

  3. O questionário referente ao estado de ansiedade à competição foi aplicado no segundo dia da 2º PCR (i.e., prova do campeonato regional) e no primeiro dia da 3º PCR. Além disso, o questionário que se destinava a avaliar o traço de ansiedade foi ministrado no treino, i.e., entre provas;

  4. Em ambos os momentos, a recolha de dados foi efectuada em 30 minutos, entenda-se, antes dos velejadores se deslocarem para a água;

  5. Antes de iniciarem o preenchimento do questionário, todos os velejadores tiveram acesso às instruções e procedimentos do estudo, sendo informados que os dados seriam tratados no anonimato e respeitada a privacidade das suas respostas;

  6. Durante a aplicação do questionário, os velejadores estiveram sempre sentados, usaram canetas de cor azul, sendo que, no decorrer e final do estudo, não podiam verbalizar com os seus colegas.

5.     Análise estatística

    O tratamento e a análise estatística dos dados foram efectuados através do programa IBM SPSS Statistics – versão 20.0. Recorreu-se ao teste não paramétrico de Mann-Whitney U, para correlacionar a intensidade do vento e a ansiedade dos praticantes, utilizando-se um nível de significância de 0.05.

6.     Resultados

    A Tabela 2 mostra a existência de diferenças estatisticamente significativas entre o nível de ansiedade dos velejadores e a intensidade do vento (Mann-Whitney U = 4,000; p = 0,01), uma vez que o sig = 0,01< 0,05.

Tabela 2. Nível de ansiedade e intensidade de vento

    Os dados demonstram igualmente que o “vento forte” teve influência no nível de ansiedade dos praticantes. Mais ainda, conforme a intensidade do vento variava para níveis mais elevados ou para níveis menos elevados, a ansiedade apresentada pelos velejadores, também alterava ao longo da competição.

7.     Discussão e conclusão

    Este estudo pretendia verificar se existia uma correlação estatisticamente significativa entre o nível de ansiedade apresentado por jovens velejadores em diferentes campos de mar e a intensidade do vento que emergia das condições ambientais (e.g., vento “fraco” e vento “forte”).

    Como ponto de partida desta discussão, salientamos que não eram conhecidos estudos que tivessem incidido nesta temática na classe optimist e correlacionado as variáveis anteriormente apresentadas, facto que nos motivou a realizar esta pesquisa. Neste sentido, em conformidade com os dados obtidos neste trabalho, podemos afirmar que a alta competição desportiva, pela sua especificidade e características, tem o potencial de gerar elevados níveis de stress e ansiedade nos velejadores (Scanlan & Lewthwaite, 1984; Smoll & Smith 1996; Cruz, 1997; Cruz, 1997b; Ferreira, 2006; Ferreira et al., 2006). Para além disso, convém referir que os constrangimentos ecológicos e ambientais (e.g., vento) são aspectos a contemplar num desporto como a vela, tendo, inclusive, influência na performance dos atletas (Araújo, 2006).

    Por sua vez, com base em outros trabalhos realizados no contexto de vários desportos (e.g., futebol, voleibol ou basquetebol), é importante referir que atletas com maiores níveis de traço de ansiedade podem responder a situações de ameaça com níveis mais elevados de estado de ansiedade, i.e., quando comparados com executantes que apresentem baixo traço de ansiedade (Passer, 1982, 1988; Gould et al., 1983; Martens et al., 1990; Cruz, 1997; Gomes & Cruz, 2001). Assim, para efeitos de investigação futura, urge replicar e estender este estudo a um maior número de velejadores em diferentes condições ambientais (e.g., vento “forte” e vento “fraco”, bem como perante diferentes campos de mar), os quais englobem outras faixas etárias, entenda-se, na investigação do estado de ansiedade, mas, também, no traço de ansiedade.

    Posto isto, face aos resultados obtidos, confirma-se a hipótese em estudo e conclui-se que existe uma correlação estatisticamente significativa entre o nível de ansiedade apresentado por jovens velejadores em diferentes campos de mar e a intensidade do vento que emerge das condições ambientais.

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