Análise do chute ofensivo nos
Jogos Universitários Análisis del remate ofensivo en los Juegos Universitarios Gaúchos de futsal de 2011 |
|||
Escola de Educação Física da UFRGS (Brasil) |
César Leal Marchiori Dr. Rogério da Cunha Voser |
|
|
Resumo O presente estudo possui caráter descritivo por utilizar a observação e análise como ferramenta para resolver o problema e aperfeiçoar as práticas relacionadas (THOMAS; NELSON, 2002). Teve como objetivo geral analisar a origem e o resultado do chute ofensivo no JUGs 2011 de futsal. A amostra é composta por 9 jogos da chave masculina do JUGs 2011 realizados em Santa Maria, RS. Sendo cada jogo disputado em 2 tempos de 15 minutos cronometrados. As partidas observadas envolveram oito equipes universitárias. Foi utilizado um modelo de scout adaptado de D’Avila (2002) como instrumento para a coleta de dados. O modelo divide a quadra em dez possíveis pontos de finalização (Figura 1) e a goleira (Trave) em seis partes (Figura 2). Os resultados obtidos mostraram um elevado aproveitamento dos finalizadores nas regiões da quadra mais próximas ao gol – corroborando com a hipótese sugerida – e um baixíssimo índice de eficácia nos chutes de média e longa distância. Resultado esse, que indica a importância da equipe possuir um padrão de jogo sólido que possibilite criar oportunidades de finalização o mais próximo da goleira (Trave) possível. É Necessário ressaltar que muitos gols foram resultado de contra-ataques gerado por erros das equipes que estava atacando, contribuindo para a alta incidência de gols na região central rasteira do gol. Unitermos: Futsal. Fundamentos. Técnica. Chute. Análise de Jogo. Scout.
|
|||
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 171, Agosto de 2012. http://www.efdeportes.com |
1 / 1
Introdução
O futsal possui um grande número de praticantes no Brasil, desde amadores, que o praticam por lazer, a atletas de alto rendimento, que visam o esporte competitivo. A única entidade dirigente e com poderes de representação do futsal brasileiro é a Confederação Brasileira de Futebol de Salão (CBFS) com sede em Fortaleza. Atualmente, a CBFS possui 27 federações estaduais filiadas e conta com mais de 4 mil clubes e 310 mil atletas inscritos (CBFS, 2009). O futsal foi o segundo esporte mais promovido em eventos esportivos de municípios brasileiros em 2003, ficando atrás apenas do futebol. Apareceu mais expressivamente nas regiões centro-oeste e sul, respectivamente (IBGE, 2006). Segundo pesquisa do IBGE (2003), cerca de 10 milhões de pessoas praticam essa modalidade, atribuindo ao futsal o status de esporte mais praticado em território nacional.
Em franca ascensão, o futsal torna-se cada vez mais popular em todos os continentes (Voser, 2001). Contudo, por se tratar de uma modalidade relativamente nova, esse esporte ainda carece de literatura específica, fator limitante para o melhor desenvolvimento de seus praticantes e demais profissionais envolvidos (FONSECA, 1998).
Através de observações de treinamentos e partidas pode-se analisar e compreender diversos fatores envolvidos no futsal, como por exemplo, a complexidade do sistema de jogo e suas concepções ofensivas e defensivas tanto individuais, quanto coletivas. Desta forma, o presente estudo visa analisar a origem e a trajetória do chute ofensivo no JUGs 2011 de futsal. Como objetivos específicos têm-se: Verificar a incidência de gols em relação ao setor de origem do chute; identificar a incidência de gols em relação à região da goleira (Trave); averiguar em quais setores da quadra os jogadores apresentam maior eficiência nos chutes
2. Revisão de literatura
2.1. Análise de jogo
A análise de jogo consiste na observação do comportamento de jogadores e das equipes nas mais variadas situações de jogo, sendo fundamental para a preparação de atletas. Essa importância é claramente percebida nas mudanças técnicas e táticas realizadas pelo treinador em sua equipe para enfrentar adversários com diferentes características (GARGANTA, 1998).
Diferentes nomenclaturas são dadas para os estudos nessa área, dentre os quais se destacam: observação do jogo; análise de jogo e análise notacional. Contudo, a expressão mais utilizada na literatura é análise de jogo (GARGANTA, 2001).
Para Matias e Greco (2009) a análise da performance possibilita: determinar modelos das atividades dos jogadores e das equipes; desenvolver métodos de treino que visem uma maior especificidade, e portanto, superior transferibilidade para o jogo; indicar evoluções nas mais variadas modalidades esportivas.
Na década de 30, os desportos coletivos começaram a ser estudados por especialistas através da análise de jogo para maior compreensão técnica e tática da modalidade. Mais precisamente, em 1931 nos Estados Unidos, Messermith e Corey pesquisaram as distâncias percorridas por atletas de basquetebol (MATIAS; GRECO, 2009). Desde então, houve um aumento significativo no volume de estudos de âmbito científico que utilizam a análise de jogo para compreender e determinar padrões técnicos e táticos tanto individuais quanto coletivos (GARGANTA, 2001).
Segundo Mendo (1999, citado por LIMA, 2010), especialistas do desporto enaltecem que há diversos métodos de observar, estudar e analisar os esportes e com diferentes objetivos.
Prudente (2004) ressalta que estudos centrados nas variáveis técnicas e táticas dos jogos auxiliam na compreensão das exigências fisiológicas, psicológicas e técnico-táticas da modalidade analisada.
Atualmente, com o advento da tecnologia e conseqüente aperfeiçoamento nos métodos de observação que tornam os dados mais fidedignos, cada vez mais treinadores e integrantes da comissão técnica recorrem à análise de jogo para melhor compreender equipes adversárias e sua própria equipe (GARGANTA, 2001). Os dados coletados a partir da análise comportamental dos atletas em contextos naturais (competições e treinos) são considerados uma das variáveis imprescindíveis para um melhor aprendizado e eficácia nas ações desportivas (HUGHES; FRANKS, 1997). Nos últimos anos, diversos estudos com foco na análise do jogo no futsal foram publicados. Contudo, a produção literária referente a este desporto ainda é pequena se comparada com outras modalidades mais antigas.
2.2. O chute no futsal
O chute é um fundamento bastante estudado no Futebol de campo, mas ainda carece de estudos específicos para o Futsal. O chute é uma habilidade motora fundamental e a seqüência de movimentos que ocorre durante a ação do chute é semelhante entre os dois desportos (BARBIERI, 2009).
Gallahue e Ozmun (2003) definem chutar como uma forma de bater, na qual o pé é utilizado para gerar força a um objeto. Ximenes (2002), em estudo analisando diferentes tipos de chute no Futebol de Campo, descreveu as fases do chute como:
Corrida de aproximação: aproximação do jogador à bola até a última passada quando a perna do chute toca o solo;
- inicia-se no instante do contato da perna do chute com o solo até o momento de contato do membro de suporte no chão;
Posicionamento do pé de suporte:
- do instante do contato do pé de suporte no solo até o momento em que o membro de chute entra em contato com a bola;
Contato com a bola:
- continuação do movimento de todo o corpo a partir do contato com a bola.
Finalização:
O chute é uma seqüência de movimentos complexos, resultantes da harmonia articular do tronco e membros inferiores, exigindo variados movimentos nas suas diferentes fases, principalmente das articulações dos membros inferiores, que são responsáveis pela precisão e potência deste fundamento. (MOREIRA, 2004).
Voser (2001) define o chute ofensivo no futsal como a impulsão gerada na bola, objetivando a meta adversária. Importante frisar que o chute também pode ser defensivo, quando o objetivo é impedir o ataque adversário (chutão para longe da zona de perigo). O autor também salienta alguns aspectos técnicos importantes nas diferentes fases do chute para executá-lo corretamente, tais como: na corrida de aproximação, o corpo deve estar levemente inclinado para frente; o pé que chuta deve estar contraído, porém, a perna relaxada; o movimento com o pé para acertar a bola deve ser explosivo; após o contato com a bola, o pé continua o movimento para frente e para cima, completando um meio círculo.
O Chute pode ser classificado quanto a sua trajetória: rasteiro; meia altura e alto. Quanto ao tipo de execução: simples (dorso do pé); bate pronto (dorso do pé, parte externa, interna e anterior); voleio (dorso do pé); bico (anterior do pé) e cobertura (ântero-superior do pé) (VOSER, 2001).
Segundo Luhtanen (1994, citado por BARBIERI, 2009), o chute com a porção dorsal do pé de amadores pode atingir velocidades entre 17 e 28 metros por segundo. Já o chute de profissionais atinge de 32 a 35 metros por segundo. Essa diferença ocorre porque os atletas são capazes de maximizar a velocidade angular da coxa e da perna.
Em estudo descritivo do nível técnico e tático do goleiro de futsal na copa do mundo de 2008, Léo (2010) concluiu que o goleiro defende 36,42% das bolas finalizadas, antecipa a finalização com saída de gol 12,45% das vezes, 38,9% das finalizações são para fora, 2,64% atingem a trave e 10% das finalizações são convertidas em gols.
Soares (2010) analisou a trajetória da bola nas finalizações. O resultado encontrado foi: 42,76% dos chutes são rasteiros; 34,21% têm trajetória a meia-altura e 23,03% trajetória alta.
3. Procedimentos metodológicos
O presente estudo possui caráter descritivo por utilizar a observação e análise como ferramenta para resolver o problema e aperfeiçoar as práticas relacionadas (THOMAS; NELSON, 2002). A amostra é composta por 9 jogos da chave masculina do JUGs 2011 realizados em Santa Maria, RS. Sendo cada jogo disputado em 2 tempos de 15 minutos cronometrados. As partidas observadas envolveram oito equipes universitárias. Foi utilizado um modelo de scout adaptado de D’Avila (2002) como instrumento para a coleta de dados. O modelo divide a quadra em dez possíveis pontos de finalização (Figura 1) e a goleira (Trave) em seis partes (Figura 2).
Explicitações das Variáveis:
Chutes ofensivos. Nesta variável é observado todos os chutes ofensivos que objetivam a meta adversária. Podem resultar em gol, defesa, para fora, na trave, saída de gol ou interceptada.
Setor do Chute. É observado o local da quadra onde ocorreu o chute. Sendo a quadra dividida em 10 pontos de finalização (Figura 1).
Figura 1. Divisão utilizada para determinar os pontos de finalização
Os setores foram divididos da seguinte forma:
1E – Lado esquerdo da área até a baliza direita
1C – Região frontal a baliza dentro da área
1D – Lado direito da área até a baliza esquerda
2E – Lado esquerdo fora da área até a linha dos 10m
2C – Região frontal a baliza fora da área até a linha dos 10m.
2D – Lado direito fora da área até a linha do tiro de 10m
3E – Lado esquerdo após a linha dos 10m até a linha central.
3C – Zona frontal a baliza após a linha dos 10m até a linha central
3D – Lado direito após a linha dos 10m até a linha central
4 – Quadra defensiva
Local do gol acertado. É observado qual ponto da meta o chute atingiu podendo resultar em gol, ou defesa do goleiro. A goleira foi dividida em 6 partes (Figura 2) da seguinte forma tendo como referência o finalizador:
Figura 2. Marcação utilizada para identificar as regiões do gol
A divisão das regiões foi feita da seguinte forma:
Região 1: Lado esquerdo superior com 1m de comprimento e 1m de largura.
Região 2: Zona central superior com 1m de comprimento e 1m de largura
Região 3: Lado direito superior com 1m de comprimento e 1m de largura
Região 4: Lado Esquerdo inferior com 1m de comprimento e 1m de largura
Região 5: Zona central inferior com 1m de comprimento e 1m de largura
Região 6: Lado direito inferior com 1m de comprimento e 1m de largura
Resultado das finalizações. Nesta variável são analisados o resultado de todas as finalizações, podendo ser:
Gol – quando a bola ultrapassa a linha de gol entre as balizas.
Defesa – quando o goleiro defende o chute que tinha como rumo a goleira.
Fora – são os chutes que não acertaram a meta e foram para fora
Trave – quando a bola acerta a baliza após o chute
Saída de gol – dois tipos de ação foram considerados saída de gol. A primeira quando o goleiro intercepta a bola logo antes do jogador executar o chute, a segunda quando o goleiro realiza a defesa fora do gol.
4. Resultados e discussão
No presente estudo foram analisadas 9 partidas dos Jogos Universitários Gaúchos de Futsal 2011 totalizando 492 chutes ofensivos. O gráfico 1 apresenta os dados gerais referentes ao resultado dos chutes.
Gráfico 1. Resultados gerais dos chutes
Foram registrados 71 gols (15,30%), um número bastante elevado em comparação com estudos semelhantes. Léo (2010) analisou as finalizações de 10 jogos da Copa do Mundo de Futsal 2008 totalizando 530 finalizações e 10% de eficácia. Irokawa (2009) observou todas as finalizações de quatro jogos de fase final referentes à Copa do Mundo de Futsal 2008. Foi analisado um total de 271 finalizações, no qual apenas 5,54% resultaram em gols. A elevada porcentagem de gols é provavelmente conseqüência do grande número de situações de contra-ataque onde o aproveitamento das equipes foi bastante elevado. Alguns times apresentaram uma marcação bastante sólida e basicamente jogavam esperando o erro do adversário para contra-atacar, gerando situações de 2 contra 1 ou até mesmo 3 contra 1. Esse fator contribuiu para a ocorrência de placares com muitos gols.
Em relação às defesas foram registradas 106, que representam 21,54% dos chutes desferidos. Léo (2010) obteve 193 ações defensivas do goleiro, representando 36,42% das finalizações. Já no estudo de Irokawa (2009) foram registradas 82 defesas, equivalente a 30,3%. A porcentagem de defesas foi baixa, contudo o nível técnico apresentado pelos goleiros quando exigidos foi satisfatório para uma competição amadora. Essa baixa porcentagem está diretamente ligada com o alto número de finalizações para fora e também interceptadas e não necessariamente com a qualidade dos goleiros.
Já em relação à saída de gol foram totalizadas 52 intervenções do goleiro, que representam 10,52% das finalizações da amostra.
Os chutes para fora totalizaram 30,28%. Irokawa (2009) registrou 29,6% finalizações para fora e Léo (2010) obteve 38,49%. Já as finalizações interceptadas, que são as bloqueadas por jogadores de linha, totalizaram 19,71%.
As bolas que atingiram a trave ou travessão representam apenas 3,45% dos chutes efetuados.
O gráfico 2 mostra a incidência de gols em relação ao setor de origem do chute.
Gráfico 2. Incidência de gols em relação ao setor da quadra
Houve uma predominância dos setores 1E, 1C e 1D na incidência de gols. Essas regiões representam a zona da área assim como mostrado na figura 3. A região com maior índice de gols foi a 1C com 28,16%. Logo a seguir aparece a região 1D com 22,53% e 1E com 12,67%. Somadas, essas regiões representam 63,36% dos gols. Os resultados vão ao encontro dos números obtidos por Léo (2010) onde a área também foi o setor com maior incidência de gols atingindo a marca de 45,28%. Esse alto índice de gols de finalizações oriundas desses setores pode ser explicado pelo mesmo fator já citado anteriormente, em que algumas equipes apresentavam um sistema defensivo sólido levando os adversários ao erro e, conseqüentemente, contra atacando com muita eficiência em lances 2 jogadores contra 1 ou 3 contra 1, ou até mesmo 2 jogadores contra o goleiro apenas, sem nenhum marcador. Irokawa (2009) analisou as circunstâncias que geravam finalização a meta adversária e o contra ataque foi responsável por 22,90% das finalizações. Em análise semelhante, Silva (2005) constatou que 35% das ações ofensivas da seleção mineira sub-20 de futsal no campeonato brasileiro de 2004 foram geradas por contra-ataques. Outro fator que influenciou no resultado são as finalizações denominadas no meio do futsal de “segundo pau”, onde o jogador chuta cruzado para o companheiro entrar na trave oposta para marcar o gol. Os valores são melhores entendidos na figura 3.
Figura 3. Campograma dos valores percentuais da incidência de gols em relação ao setor da quadra
Quanto à incidência de gols em relação à região do gol acertado houve predominância dos pontos rasteiros assim como mostrado no gráfico 3.
Gráfico 3. Incidência de gols em relação ao ponto da goleira acertado
A região com maior incidência de gols foi o ponto 5, com 23 tentos representando 32,39% do total de gols. Logo abaixo aparecem as regiões 4 e 6, totalizando 21,12% e 18,30% respectivamente. Somados, os 3 pontos representam 71,81%, indicando forte predominância de gols em chutes com trajetória rasteira e meia altura. Léo (2010) dividiu o gol em 9 pontos e os resultados obtidos foram semelhantes aos do presente estudo. Léo (2010) registrou que 50,94% dos gols foram convertidos nos pontos rasteiros da goleira e 24,53% nas regiões a meia altura. A alta incidência de contra-ataques durante os jogos gerando situações de vantagem numérica do ataque contra defesa provavelmente contribuiu com o elevado número de gols na região 5. Os valores são melhores compreendidos na figura 4.
Figura 4. Valores percentuais dos gols em relação o local do gol acertado
Quanto à eficiência dos finalizadores em relação setor da quadra, o setor 1C foi o que os jogadores obtiveram melhor desempenho, marcando 20 gols de um total de 42 finalizações, o equivalente a 47,61% de aproveitamento. Logo a seguir aparecem os setores 1D e 1E com 34,04% e 20,93% de eficiência respectivamente. Os setores de média e longa distância registraram índices de eficácia dos jogadores consideravelmente inferiores se comparados com os setores de maior proximidade ao gol. Os valores completos são apresentados na Tabela 1.
Quadro 1. Eficiência dos finalizadores em relação ao setor da quadra em valores percentuais
Apesar do maior número de finalizações de média e longa distância, tanto a incidência de gols como o aproveitamento em percentuais foram mais elevados nos setores referentes à área. Esse resultado indica que as equipes, quando em posse da bola, devem manter seu padrão de jogo até conseguirem gerar oportunidades de finalização mais próxima ao gol, tendo assim uma maior probabilidade de chegar ao tento. A zona 4 apresentou 11,11% de eficácia dos finalizadores, um valor maior do que as zonas 3E, 3C e 3D. Esse resultado se deve pelo fato de algumas equipes utilizarem o goleiro linha para tentar reverter o placar desfavorável e, com erros de passe, davam a oportunidade de o adversário marcar o gol de longa distância, pois o goleiro não chegava a tempo para defender o seu gol por estar no ataque. Os valores são melhores entendidos na figura 5.
Figura 5. Campograma dos valores percentuais da eficiência dos finalizadores em relação ao setor da quadra
5. Considerações finais
Os resultados obtidos mostraram um elevado aproveitamento dos finalizadores nas regiões da quadra mais próximas ao gol – corroborando com a hipótese sugerida – e um baixíssimo índice de eficácia nos chutes de média e longa distância. Resultado esse, que indica a importância da equipe possuir um padrão de jogo sólido que possibilite criar oportunidades de finalização o mais próximo da goleira possível.
É Necessário ressaltar que muitos gols foram resultado de contra-ataques gerados por erros da equipe que estava atacando, contribuindo para a alta incidência de gols na região central rasteira do gol. Contudo, é importante frisar que tais falhas de ataque foram geradas pela excelente ação defensiva da equipe adversária, realizando uma marcação forte e ativa, pressionando o adversário e forçando-o a cometer o erro.
Transferindo os dados obtidos para uma sessão de treinamento, percebe-se que não podemos dar prioridade a algum aspecto técnico-tático em detrimento de outro. A análise realizada, mesmo que voltada para um fundamento específico, reforça a idéia de que o futsal é uma modalidade extremamente complexa, com diversos fatores interligados que influenciam diretamente o resultado da partida.
Sugere-se que, a partir da presente análise, novos estudos sejam realizados, com ênfase não apenas no chute, mas também nos fatores que possibilitam a equipe chegar à finalização. Seria interessante observar diversas categorias, possibilitando uma melhor análise das ações da equipe, além de averiguar a evolução técnico-tática nos diferentes níveis.
Referências
BARBIERI, Fabio Augusto. Futsal: conhecimentos teóricos-práticos para o ensino e treinamento. Jundiaí: Fontoura, 2009. 232 p.
CBFS - CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE FUTEBOL DE SALÃO. Histórico. Fortaleza, 2009. Disponível em: http://www.futsaldobrasil.com.br/2009/cbfs/historico.php. Acesso em: 19 maio 2011.
D’ÁVILA, Ronaldo Castro et al. Modelos de avaliação do comportamento técnico-tático do goleiro de handebol. In: GRECO, Pablo Juan (Org.). Caderno do goleiro de handebol. Belo Horizonte: [s.n.], 2002. p. 235-253.
FONSECA, Gerard Maurício. Futsal: treinamento para goleiros. Rio de Janeiro: Sprint, 1998. 177 p.
GALLAHUE, David Lee; OZMUN, John. Compreendendo o desenvolvimento motor: bebês, crianças, adolescentes e adultos. São Paulo: Phorte, 2003. 642 p.
GARGANTA, Júlio. Analisar o jogo nos jogos desportivos colectivos: uma preocupação comum ao treinador e ao investigador. Horizonte, Lisboa, v. 14, n. 83, p. 7-14, 1998.
GARGANTA, Júlio. A análise da performance nos jogos desportivos: revisão acerca da análise de jogo. Revista Portuguesa da Ciência do Desporto, Porto, v. 1, n. 1, p. 57-64, 2001.
HUGHES, Mike; FRANKS, Ian. Notational analysis of sport. London: E e FN SPON, 1997. 320 p.
IBGE - INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Anuário Estatístico do Brasil: Conhecimento atualizado da realidade brasileira. Rio de Janeiro, 2003.
IBGE - INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Perfil dos municípios brasileiros: esporte 2003. Rio de Janeiro, 2006.
IROKAWA, Guilherme Nozomu de Freitas. Caracterização das finalizações do jogo de futsal: um estudo sobre a copa do mundo de futsal FIFA 2008. 2009. 65 f. Monografia (Graduação em Educação Física) – Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Educacional, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2009.
LÉO, Lucas Alves Caldeira. Estudo descritivo do nível técnico e tático do goleiro de futsal na copa do mundo de 2008. 2010. 37 f. Monografia (Graduação em Educação Física) - Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2010.
LIMA, Marcelo Rochael de Melo. Perfil das finalizações no futsal: um estudo do XXII jogos da juventude do Paraná. 2010. 47 f. Monografia (Graduação em Educação Física) - Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2010.
MATIAS, Cristino Júlio Alves da Silva; GRECO, Pablo Juan. Análise de jogo nos jogos esportivos coletivos: a exemplo do voleibol. Revista Pensar a Prática. Goiânia, v. 12, n. 3, p. 1-16, 2009.
MOREIRA, Demóstenes et al. Abordagem cinesiológica do chute no futsal e suas implicações clínicas. Revista Brasileira de Ciência e Movimento. Brasília, v. 12, n. 2, p. 81-85, 2004.
PRUDENTE, J. et al. Desenho e validação de um sistema de observação no Andebol. Revista Portuguesa de Ciências do Desporto. Porto, v. 4, n. 3, p.
49-65, 2004.
SILVA, Marcelo Vilhena et al. Análise das ações ofensivas da seleção mineira sub-20 de futsal no campeonato brasileiro de seleções de 2004. Revista mineira de educação física, Viçosa, v. 13, n. 2, p. 197-205, 2005.
SOARES, Ben-Hur et al. Chutes no futsal e trajetória de bolas. Portal do futsal. Disponível em: http://www.portaldofutsal.com/news/chutes-no-futsal-e-trajetoria-de-bolas. Acesso em: 7 set. 2011.
THOMAS; Jerry R.; NELSON, Jack K. Métodos de pesquisa em atividade física. Porto Alegre: Artmed, 2002. 419 p.
VOSER, Rogério da Cunha. Futsal: princípios técnicos e táticos. Rio de Janeiro: Sprint, 2001. 95 p.
XIMENES, Jedson Machado. Análise cinemática de dois tipos de chute no futebol. 2002. 58 f. Dissertação (Mestrado em Ciências da Motricidade) - Instituto de Biociências, Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, 2002.
Outros artigos em Portugués
Búsqueda personalizada
|
|
EFDeportes.com, Revista Digital · Año 17 · N° 171 | Buenos Aires,
Agosto de 2012 |