A inclusão dos alunos com Síndrome de Down nas aulas de Educação Física La inclusión de alumnos con Síndrome de Down en la clases de Educación Física |
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Alunos de graduação em Educação Física da Universidade Castelo Branco. (Brasil) |
Eder Magnus Felipe Amaral |
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Resumo Atualmente nas escolas há um aumento de alunos portadores de Síndrome de Down. Assim tornando-se necessária a inclusão desse aluno com a comunidade escolar e a sociedade. Este trabalho visa passar informações sobre a patologia, desde o histórico, fatores que contribuem para a doença, tipos e características. E nos mostra a importância de sua inserção nas aulas de educação física. A coleta das informações foi realizada através de uma pesquisa bibliográfica tendo como fonte diversos autores. Unitermos: Síndrome Down. Inclusão social. Educação Física.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 171, Agosto de 2012. http://www.efdeportes.com |
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Introdução
A Síndrome de Down é uma desordem genética que causa deficiência mental em vários graus diferentes. Seu quadro clínico e bem conhecido, e suas características fenotípicas importantes para o diagnóstico precoce da doença. A inclusão do aluno e primordial para a sua adaptação e bem-estar no contexto sociocultural.
Através desse trabalho buscamos um maior entendimento sobre a Síndrome de Down, sobre o diagnóstico e histórico da doença. Assim adaptando esse aluno com as aulas de educação física. Socializando-o com os demais alunos, diminuindo o preconceito da sociedade e demonstrando que “ser diferente é normal”.
Breve histórico sobre a Síndrome de Down
A Síndrome de Down tem registros antigos na historia do homem, sendo os primeiros trabalhos científicos datados do século XIX. Contudo, historia da humanidade mostra crianças com Síndrome de Down sendo retratadas, principalmente, por pintores como Andrea Mantegna (1431-1506) e Jacobs Jordaens (1539-1678). Em 1838, Esquirol fez referencia à síndrome em um dicionário médico. Outros registros são constatados na historia, por exemplo, no livro de Chambers, datado de 1844, no qual a Síndrome de Down é denominada “idiota do tipo mongolóide”, e na descrição feita por Edouard Seguin (entre 1846 e 1866) que se referia à síndrome como um subtipo de cretinismo classificado como “cretinismo furfuráceo” (Schwartzman, 1999a).
Entretanto, o reconhecimento da Síndrome de Down como uma manifestação clinica só ocorreu com o trabalho de Langdon Down, em 1866, que foi influenciado pelos conceitos evolucionistas da época. Em seu trabalho, Langdon Down afirma a existência de raças superiores a outras, sendo a deficiência mental característica das raças inferiores. Além disso, a tuberculose, presente nos genitores de crianças com Síndrome de Down daquela época, era considerada como um fator etiológico.
Depois desse trabalho inicial, vieram outros que contribuíram para aprofundar o conhecimento sobre a síndrome de Down. Dentre eles, os trabalhos de Fraser e Michell (1876), o de Ireland (1877), que distinguiu a “idiotia mongolóide” da “idiotia cretinóide”, o de Wilmarth (1890) e o de Telford Smith, em 1896, que descobriu uma técnica de tratamento para estas crianças utilizando o hormônio tireoidiano. Mas, foi somente em 1932, que um oftalmologista holandês chamado Waardenburg sugeriu que a ocorrência da síndrome de Down fosse causada por uma aberração cromossômica. Dois anos mais tarde, em 1934, nos Estados Unidos, Adrian Bleyer supôs que essa aberração poderia ser uma trissomia. Parecia, portanto, que a descoberta da causa da síndrome de Down estava próxima. Contudo, foram necessárias mais de duas décadas para que isto ocorresse. Foi somente em 1959 que o Dr. Jerome Lejeune e Patricia A. Jacobs e seus respectivos colaboradores descobriram, quase que simultaneamente, a existência de um cromossomo extra (Schwartzman, 1999a).
Com isso Down (1886) afirma que a Síndrome de Down é uma condição genética, reconhecida há mais de um século.
Esta síndrome também pode ser caracterizada por uma translocação ou um mosaico (Schwartzman, 1999b). Na translocação, o cromossomo 21 adicional está fundido a um outro autossomo; a mais comum é aquela existente entre os cromossomos 14 e 21. A ocorrência deste tipo de anomalia se dá em 5% dos casos diagnosticados, embora Brunoni (1999) afirme que a incidência seja de 1,5 a 3%. Já a Síndrome de Down caracterizada por um mosaico representa um grupo menor, no qual as células trissômicas aparecem ao lado de células normais.
Fatores que contribuem para a incidência da Síndrome de Down
Pouco se conhece a respeito das causas que levam ao nascimento de crianças com síndrome de Down. Para Schwartzman (1999b), alguns fatores endógenos e exógenos contribuem para a maior ou menor incidência da desordem. Um dos fatores endógenos mais freqüentemente associados a esta síndrome é a idade da mãe, pois as mulheres já nascem com uma quantidade de óvulos que envelhecem a medida que elas também envelhecem. Portanto, quanto mais velha a mãe, maior será a probabilidade de incidência da Síndrome de Down. De acordo com a tabela elaborada pelo ECLAMC – Estudo Colaborativo Latino-Americano de Malformações Congênitas (conforme citado por Brunoni, 1999), o risco de uma mulher de 34 anos, por exemplo, gerar uma criança com síndrome de Down é de um nascimento para cada 392 mães com 34 anos (1/392), e para uma mãe de 40 anos, o risco é de 1/80. No estudo de Pereira-Silva (2000), com seis famílias de crianças com Síndrome de Down, quatro mães tinham idades entre 36 e 43 anos. É preciso lembrar que estes dados não descartam a possibilidade de incidência da desordem em crianças com mães mais jovens. Schwartzman (1999b) inclui a ausência de diagnóstico pré-natal e a exposição à radiação como fatores que contribuiriam para a incidência da síndrome de Down. Com relação ao diagnóstico, atualmente existem exames (amniocentese, coleta de vilo corial, exame de sangue, ultra-som) que podem detectar as condições do feto, incluindo a ocorrência da Síndrome de Down. Segundo Schwartzman, se esses exames fossem realizados como rotinas poderiam ser identificadas 60% das gestações afetadas. Este autor ressalta a necessidade da ampliação e da redução de custos com os exames para que se possa atingir uma maior parcela da população.
A influência da exposição à radiação foi particularmente constatada através de uma investigação realizada em uma região da Inglaterra em que, durante um período de tempo, as pessoas ficaram expostas à radiação ionizante devido a testes nucleares. Um aumento significativo da Síndrome de Down foi detectado entre as crianças nascidas naquele período compreendido pelos testes atômicos. Uma outra possibilidade que tem sido apontada como contribuindo para o aumento da incidência da Síndrome de Down é o uso de pílulas anticoncepcionais; porém, não há comprovação a esse respeito (Schwartzman, 1999b).
Tipos de trissomia ou Síndrome de Down
Há três tipos principais de anomalias cromossômicas ou variantes, na síndrome de Down.
Trissomia Simples: A pessoa possui 47 cromossomos em todas as células (ocorre em cerca de 95% dos casos de Síndrome de Down). A causa da trissomia simples do cromossomo 21 é a não disjunção cromossômica.
Translocação: O cromossomo extra do par 21 fica "grudado" em outro cromossomo. Nesse caso embora indivíduo tenha 46 cromossomos, ele é portador da Síndrome de Down (cerca de 3% dos casos de Síndrome de Down). Os casos de mosaicismo podem originar-se da não disjunção mitótica nas primeiras divisões de um zigoto normal.
Mosáico: a alteração genética compromete apenas parte das células, ou seja, algumas células têm 47 e outras 46 cromossomos (ocorre em cerca de 2% dos casos de Síndrome de Down). Os casos de mosaicismo podem originar-se da não disjunção mitótica nas primeiras divisões de um zigoto normal.
É importante saber, que no caso da Síndrome de Down por translocação, os pais devem submeter-se a um exame genético, pois eles podem ser portadores da translocação e têm grandes chances de ter outro filho com Síndrome de Down.
Características da Síndrome de Down
O portador de Síndrome de Down pode apresentar diversas irregularidades físicas, como:
Cabeça: A parte posterior da cabeça é levemente achatada (braquicefalia) na maioria das crianças, o que dá uma aparência arredondada à cabeça. As moleiras (fontanela) são, muitas vezes, maiores e demoram mais para se fechar. Na linha média onde os ossos do crânio se encontram (linha de sutura), há muitas vezes, uma moleira adicional (fontanela falsa). Cabelo liso e fino, em algumas crianças, pode haver áreas com falhas de cabelo (alopecia parcial), ou, em casos raros, todo o cabelo pode ter caído (alopecia total).
Rosto: Tem um contorno achatado, devido, principalmente, aos ossos faciais pouco desenvolvidos e nariz pequeno. Osso nasal geralmente afundado. Em muitas crianças, passagens nasais estreitadas.
Olhos: Tem uma inclinação lateral para cima e a prega epicântica (uma prega na qual a pálpebra superior é deslocada para o canto interno). Pálpebras estreitas e levemente oblíquas.
Orelhas: São pequenas e de implantação baixa, a borda superior da orelha (hélix) é muitas vezes dobrada. A estrutura da orelha é ocasionalmente, alterada. Os canais do ouvido são estreitos.
Boca: A boca é pequena. Algumas crianças mantêm a boca aberta e a língua pode projetar-se um pouco. À medida que a criança com síndrome de Down fica mais velha, a língua pode ficar com estrias. No inverno, os lábios tornam-se rachados. O céu da boca (palato) é mais estreito do que na criança "normal". A erupção dos dentes de leite é geralmente atrasada. Às vezes um ou mais dentes estão ausentes e alguns dentes podem ter um formato um pouco diferente. Mandíbulas pequenas, o que leva, muitas vezes, a sobreposição dos dentes. A cárie dentária é observada com menor comparada com crianças “normais”.
Pescoço: Aparência larga e grossa com pele redundante na nuca No bebê, dobras soltas de pele são observadas, muitas vezes, em ambos os lados da parte posterior do pescoço, os quais se tornam menos evidentes, podendo desaparecer, à medida que a criança cresce.
Abdômen: Costuma ser saliente e o tecido adiposo é abundante. Tórax com formato estranho, sendo que a criança pode apresentar um osso peitoral afundado (tórax afunilado) ou o osso peitoral pode estar projetado (peito de pomba). Na criança cujo coração é aumentado devido à doença cardíaca congênita, o peito pode parecer mais globoso do lado do coração. Em conseqüência das anomalias cardíacas e de uma baixa resistência às infecções, a longevidade dos mongolóides costuma ser reduzida.
Mãos e pés: Tendem a ser pequenos e grossos, dedos dos pés geralmente curtos e o quinto dedo muitas vezes levemente curvado para dentro, falta de uma falange no dedo mínimo. Prega única nas palmas (prega simiesca). Na maioria das crianças, há um espaço grande entre o dedão e o segundo dedo, com uma dobra entre eles na sola do pé, enfraquecimento geral dos ligamentos articulares.
Genitália: Nos homens o pênis é pequeno e há criptorquidismo, nas mulheres os lábios e o clitóris são pouco desenvolvidos. Os meninos são estéreis, e as meninas ovulam, embora os períodos não sejam regulares.
É preciso enfatizar que nem toda criança com síndrome de Down exibe todas as características anteriormente citadas. Além disso, algumas características são mais acentuadas em algumas crianças do que em outras.
Educação Física e Inclusão
Segundo Sassake (1997) “A inclusão é a modificação da sociedade como pré-requisito para que pessoa com necessidades especiais possa buscar seu desenvolvimento e exercer a cidadania”.
Cidade e Freitas, afirmam que:
A inclusão é um processo amplo, com transformações, pequenas e grandes, nos ambientes físicos e na mentalidade de todas as pessoas, inclusive da própria pessoa com necessidades especiais. Para promover uma sociedade que aceite e valorize as diferenças individuais, aprenda a conviver dentro da diversidade humana, através da compreensão e da cooperação (1997).
Na escola, "pressupõe, conceitualmente, que todos, sem exceção, devem participar da vida acadêmica, em escolas ditas comuns e nas classes ditas regulares onde deve ser desenvolvido o trabalho pedagógico que sirva a todos, indiscriminadamente" (Edler Carvalho, 1998, p.170).
A Educação Física Adaptada "é uma área da Educação Física que tem como objeto de estudo a motricidade humana para as pessoas com necessidades educativas especiais, adequando metodologias de ensino para o atendimento às características de cada portador de deficiência, respeitando suas diferenças individuais" (Duarte e Werner, 1995: 9).
Segundo Pedrinelli (1994: 69), "todo o programa deve conter desafios a todos os alunos, permitir a participação de todos, respeitar suas limitações, promover autonomia e enfatizar o potencial no domínio motor".
Metodologia
No que tange aos procedimentos de coleta optou-se por uma pesquisa de cunho bibliográfico, a qual utiliza-se de documentos na contextualização histórica do tema. Cervo e Bervian corroboram argüindo que tal investigação explica um problema a partir de referências teóricos publicados em documentos. Pode ser realizada independentemente ou como parte da pesquisa descritiva ou experimental. Ambos os casos buscam conhecer e analisar as contribuições culturais ou científicas do passado existentes sobre um determinado assunto, tema ou problema.
Apoiando-se nessas características, utilizaremos como referencial teórico para exame, autores como Brunoni, Down, Schwartzman e Pedrinelli, com a função levantar informações sobre o tema escolhido.
Os textos foram preferidos com base em uma análise da pertinência da publicação, no que se refere aos dados empíricos acerca da realidade avaliada. Assim, realizamos a inserção de textos inerentes a conteúdos políticos e/ ou legislativos dessa matéria.
No que concerne ao instrumento de pesquisa, utilizamos as obras dos autores, que foram explorados pelo Google Acadêmico.
Salienta-se que a abordagem foi direcionada a inclusão do público com síndrome de Down na educação física escolar.
Conclusão
Os dados obtidos nos levaram a conclusão de que a inclusão do aluno com necessidade especial e de extrema importância para seu desenvolvimento. Ele precisa ser incluso na sociedade e no ambiente escolar, assim aprendendo com toda a comunidade escolar.
Através das aulas de educação física podem ser melhoradas o seu bem-estar físico, mental e social. Assim havendo uma evolução de seu quadro clínico, melhorando os aspectos psicomotores e cognitivos.
Assim fazendo-nos refletir sobre as dificuldades sofridas pelos portadores de necessidades especiais e sobre o preconceito sofrido por eles. A sociedade deve mudar seu pensamento e começar a tolerar mais as diferenças, assim exercendo o ofício da cidadania, e melhorando o ambiente em que vivemos.
Referências bibliográficas
Brunoni, D. (1999). Aspectos epidemiológicos e genéticos. Em J. S. Schwartzman (Org.), Síndrome de Down (p.32-43). São Paulo: Mackenzie.
Cervo, Amado Luiz; Bervian, Pedro Alcino. Metodologia científica: para uso dos estudantes universitários. São Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1983. p. 55.
Cidade, R. E.; Freitas, P. S. Noções sobre Educação Física e Esporte para Pessoas Portadoras de deficiência. Uberlândia, 1997.
Down JL. Observations on the ethnic classification of idiots. London Hospital Clinical Lectures and Reports 1886; 3:259-62.
Duarte, E.; Werner, T. Conhecendo um pouco mais sobre as deficiências. In: Curso de atividade física e desportiva para pessoas portadoras de deficiência: educação à distância. Rio de Janeiro: ABT: UGF, 1995, v. 3.
Edler Carvalho, R. Temas em Educação Especial. Rio de Janeiro: WVA Ed., 1998.
Leite, L. Síndrome de Down. Disponível em http://www.ghente.org/ciencia/genetica/down.htm. Data de acesso 17/06/2012.
Pedrinelli, V. J. Educação Física Adaptada: Conceituação e Terminologia. In: Educação Física e Desporto para Pessoas Portadoras de Deficiência. Brasília: MECSEDES, SESI-DN, 1994, p. 7-10.
Pereira-Silva, N. L. (2000). Crianças pré-escolares com síndrome de Down e suas interações familiares. Dissertação de Mestrado, Universidade de Brasília, Brasília.
Sassaki, Romeu K. Inclusão. Construindo uma sociedade para todos. Rio de Janeiro, Ed. WVA 1997.
Schwartzman, J. S. (1999a). Histórico. J. S. Schwartzman (Org.), Síndrome de Down (p. 3-15). São Paulo: Mackenzie.
Schwartzman, J. S. (1999b). Generalidades. Em J. S. Schwartzman (Org.), Síndrome de Down (p. 16-31). São Paulo: Mackenzie.
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