Importância da alimentação e hidratação para jovens atletas. Revisão de literatura La importancia de la alimentación y la hidratación en deportistas juveniles. Revisión de la literatura |
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*ESEFAP – TUPÃ **Curso de Especialização em Fisiologia e Performance do Exercício Físico. Unitoledo Araçatuba (Brasil) |
Aline Cristina Lagacione* ** Gisele de Giuli Pereira* Prof. Me. Sérgio Tumelero** Profª. Ms. Cristiane Guilherme* |
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Resumo Neste trabalho mostraremos a importância da atividade física para a criança e o adolescente, suas características, seu crescimento, as atividades certas para cada um. As atividades que podem ser realizadas, os alimentos ingeridos, a hidratação, como deve ser feita, que horário deve se alimentar. Falamos não só da hidratação, mas também da desidratação que é uma grande preocupação nos dias de hoje. Procuramos entender o que pode ocorrer com essas crianças e adolescentes se não fizerem uma alimentação saudável, se não se hidratarem antes, durante e após suas atividades físicas, as vitaminas necessárias para seu organismo, o que trás benefícios e malefícios para esses atletas. Como pode ser trabalhado tudo isso, para que essas crianças e adolescentes não tenham um transtorno alimentar. Vindo ocorrer problemas maiores como: bulimia, anorexia, dentre outras. Unitermos: Alimentação. Hidratação. Exercício físico.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 171, Agosto de 2012. http://www.efdeportes.com |
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Introdução
Com o passar dos anos cada vez mais é reconhecida à importância do equilíbrio entre o consumo de alimentos que fornece combustível para o corpo e a atividade física que consome energia, também o valor desses para nossa saúde. Com isso, já podemos ver uma relação forte e positiva entre eles.
Cada dia mais as crianças e adolescentes procuram praticar atividade física, nas suas diversas modalidades, buscando lazer, carreira, conhecimento, tanto nas escolas, como em locais particulares.
A participação desses indivíduos é importante para o processo de crescimento e desenvolvimento, o qual deve ser avaliado periodicamente, enquanto a dieta deve fornecer quantidades de energia e nutrientes, pois é importante que estes consumam energia e nutrientes para alcançar suas necessidades de crescimento, também o desenvolvimento de suas atividades intelectuais e físicas. Comparando assim o comportamento alimentar que pode trazer conseqüências a saúde.
Atenção deve ser dada ao ritmo acelerado do crescimento e a elevada necessidade de energia, pois nessa faixa etária eles são muito ativos e com o desenvolvimento de treinos competitivos, esses devem ter um acompanhamento nutricional, que se torna ainda mais importante, pois suas necessidades são maiores.
O presente estudo visa compreender como deve ser a composição de uma alimentação para crianças e adolescentes fisicamente ativos. Serão abordados alguns temas como: danos acarretados por uma má alimentação e a prática de atividade física, hidratação e desidratação, anorexia, bulimia, todos esses correlacionados ao exercício.
Desse modo, a pesquisa nos proporciona uma visão mais ampla sobre essas crianças e adolescentes fisicamente ativos, oferecendo-lhes uma melhor qualidade na saúde e no seu bem estar.
A metodologia utilizada para desenvolver o estudo foi pesquisas bibliográficas, utilizando livros, artigos científicos, revistas e Internet.
Características da criança e do adolescente
As crianças e adolescentes tem características biológicas e fisiológicas diferentes dos adultos, as quais devem ser consideradas, pois é através dessas que um cuidado e atenção ainda maior devem ser tomados. Algumas características são o menor consumo máximo de oxigênio, menor estoque de gordura corporal de glicogênio, menor tolerância a hipetermia e menor período de recuperação entre a atividade física e outra. Gastos energéticos também são diferentes de adultos, uma criança atleta de sete anos pode gastar de 25 a 30% mais de energia/kg que um adulto andando ou correndo em uma mesma velocidade. Adolescentes necessitam de uma oferta energética substancial para o rápido crescimento ósseo, tecidual, cerebral e para a manutenção sexual (BACURAU, 2007, p. 212 - 214).
Há também diferenças entre meninos e meninas, onde meninos crescem mais e acumulam mais massa magra, já as meninas têm a maturação dois anos mais cedo que os meninos e acumulam mais tecido adiposo (BACURAU, 2007, p. 212 - 214).
Nesse período existem muitas preocupações quanto ao crescimento esquelético, pois nessa faixa etária esses atletas também estão vulneráveis a riscos e lesões corporais, psicológicos e deficiências nutricionais (BACURAU, 2007, p. 212 - 214).
A atividade física em adolescentes serve como remédio natural contra vícios, objetiva os mesmos, aumenta a autoestima, equilibra a ingestão e o gasto energético. Treinos muito rigorosos durante a adolescência podem levar a desidratação, em função do aumento da temperatura corporal, problemas ósseos na musculatura esquelética, desordens alimentares e alterações psicológicas. Os esportes que requerem controle de peso podem apresentar alterações hormonais, podendo afetar o crescimento (WEINECK, 2003, p. 206).
Para as adolescentes fisicamente ativas um distúrbio alimentar e o excesso de treinamento, estresse, baixo peso, podem ocasionar irregularidades, como atrasos menstruais. Um dos principais motivos para a individualidade biológica esportiva de crianças e adolescentes quando comparado aos adultos é dado pelo fato de que as crianças e adolescentes ainda se encontram na fase de crescimento, onde surgem inúmeras alterações e particularidades físicas, psicológicas e psicossociais, que provocam conseqüências para a atividade corporal, ou esportiva, portanto, para a capacidade de suportar carga (WEINECK, 2003, p. 206).
Os ossos são mais flexíveis e menos resistentes a pressão, por isso há uma menor resistência do sistema esquelético à carga. O tecido cartilaginoso e os discos epifisários ainda não estão ossificados (WEINECK, 2003, p. 206).
Para os músculos há uma adaptação de treino já na primeira semana, já nos ossos, cartilagens, tendões e ligamentos, são mais lentos, ocorrendo após semanas, isso está ligado ao crescimento, por isso deve haver um maior cuidado com sobrecargas, não ultrapassando os limites e garantindo o tempo necessário para a adaptação (WEINECK, 2003, p. 250-251).
O estado nutricional do atleta
A alimentação tem uma grande influência no indivíduo em geral, principalmente sobre sua saúde, sua capacidade de trabalhar, sua aparência, estudar, divertir e praticar atividade física. Os nutrientes desempenham em nosso organismo o crescimento, reparo e manutenção de todos os tecidos, regulação dos processos corporais e produção de energia (SILVA, CARVALHO, 2007, p. 237).
Os atletas que adotam hábitos nutricionais saudáveis reduzem a probabilidade de sofrer lesões por manterem um padrão mais alto de vida saudável. Sabemos que a adoção de uma dieta bem balanceada pode contribuir positivamente para o desenvolvimento da força, da flexibilidade e da resistência (endurance) cardiorrespiratória (ARNHEIM, PRENTICE, 2002 p. 89).
Alimentação na infância e adolescência
Para a criança e o adolescente a alimentação tem um importante papel, é que neste período estão em processo de crescimento e é nesta fase também que ocorre a formação do hábito alimentar saudável, não é só importante para o crescimento da criança e do adolescente, é também importante para o controle de certas patologias como obesidade, hipertensão, diabetes, bulimia e anorexia (FERNÁNDEZ, SÁINZ, GARZÓN; 2002; p. 85-87).
Atualmente os fatores que mais afetam os atletas são: o comodismo, as rotinas diárias e alimentação fora de hora. Para que estes transtornos não ocorram, deve haver a educação nutricional, para que o jovem atleta tenha uma ótima saúde, para que a prática da atividade física seja saudável não havendo deficiências nesse sentido (SILVA, CARVALHO, 2007, p. 237).
É recomendável a ingestão de pelo menos quatro refeições diárias, diminuindo a ingestão de calorias, com o intervalo necessário de uma refeição a outra, nos intervalos são opcionais a ingestão de sucos, frutas e verduras. Tem que estar sempre alerta entre o tempo da alimentação e a atividade física. Não é aconselhável praticar atividade física ao ter feito uma alimentação em curto prazo de tempo. Sendo assim temos uma grande concentração de sangue na área digestiva e pouco sangue nos músculos, isso pode acarretar danos maiores e o atleta não realizará uma atividade física adequada (FERNÁNDEZ, et al; 2002; p. 85-87).
Alimentação no período pré-competitivo
As refeições pré-competição têm que proporcionar ao atleta energia alimentar suficientes e líquidos para competição, levando em conta a digestão deste, mas o que realmente é importante é o que esse atleta vem consumindo durante vários dias antes da competição e não tanto o que foi consumido três horas antes (ARNHEIM, PRENTICE, 2002, p. 101-103).
Os atletas devem ser encorajados a se tornarem consciente de sua dieta não esquecendo que cada pessoa é única e que nem sempre a dieta de um atleta servirá para o outro, também que o próprio atleta deve fazer a avaliação de sua dieta, se está correspondendo às expectativas ou não desejadas, tanto na pré-competição, como em sua rotina diária (ARNHEIM, PRENTICE, 2002, p. 101-103).
Alimentação e nutrientes para crianças e adolescentes
Devido à carga de treinos e horários, adolescentes adotam dietas inadequadas, omitem ou substituem refeições importantes, também fazem exercícios prolongados que ultrapassam dez horas semanais. Sem a reposição nutricional correta, pode acarretar sérios riscos ao organismo (VIEIRA, et al, 2002, p. 2-6).
Jovens atletas de alto nível estão freqüentemente expostos a deficiências, onde a de origem mais freqüente é a alimentar. Quando se associa à prática de atividade física e oferta energética satisfatória, permite um aumento da utilização da proteína, com isso proporciona o adequado desenvolvimento esquelético (VIEIRA, et al, 2002, p. 2-6).
Uma dieta equilibrada para crianças e adolescentes de 4 a 18 anos deve apresentar de 45 a 65% de calorias provenientes de carboidratos, 10 a 30% de proteínas e 25 a 35% de lipídios, recomendações que podem ser utilizadas também pra atletas (VIEIRA, et al, 2002, p.217).
Existem seis classes de nutrientes sendo eles: carboidratos, gorduras, proteínas, vitaminas, minerais e água. Carboidratos são a fonte corporal mais eficiente de energia, esses podem ser simples (açúcares) ou complexos (amido e a maioria das formas de fibras) (HIRSCHBRUCH, CARVALHO, 2008, p. 90).
Proteínas são necessárias para o crescimento, a manutenção e o reparo de todos os tecidos corporais, são importantes para produzir enzimas, muitos hormônios e anticorpos que ajudam a combater infecções (HIRSCHBRUCH, CARVALHO, 2008, p. 90).
Para atletas de força a ingestão de proteína seria com finalidade de aumentar massa muscular. Em atletas de resistência, as atividades de longa duração causam desgaste das fibras contráteis, alterações estruturais da membrana plasmática e das mitocôndrias, por isso, deve haver a ingestão de proteínas. Em ambos os casos a proteína irá proporcionar a reconstrução da estrutura celular lesionada a partir de aminoácidos (WEINECK, 2003, p. 638).
Sugere-se que as necessidades de proteínas sejam ligeiramente maiores entre atletas devido ao aumento da síntese protéica em decorrência do exercício físico regular, o que, se não suprido adequadamente, poderia levar a um balanço nitrogenado negativo no organismo (HIRSCHBRUCH, CARVALHO, 2008, p. 218).
Gorduras representam a forma mais concentrada de energia e é utilizada como fonte primária, sendo também necessária uma quantidade mínima desta para o crescimento corporal, como para o gasto no esporte praticado. (HIRSCHBRUCH, CARVALHO, 2008, p. 90).
Vitaminas desempenham funções essenciais, principalmente como reguladores dos processos corporais. São divididas em lipossolúveis e hidrossolúveis (HIRSCHBRUCH, CARVALHO, 2008, p. 90).
Desidratação por meio da sudorese
A água é o componente presente em maior abundância no organismo. O corpo não possui reservas de água e por isso ela deve ser reposta a cada vinte e quatro horas, para manter a saúde e as funções básicas do organismo. Devido as suas características fisiológicas, as crianças atletas têm um risco maior que os adultos quando se exercitam em ambientes quentes. Um desses riscos é a desidratação causada pelo exercício em grande calor. Por esse motivo grande atenção tem-se dado às estratégias de reidratação durante e após a atividade física, como forma de manter os líquidos corporais (MOREIRA, et al, 2006).
A hidratação é essencial para a manutenção da saúde e desempenho físico, este estado é um fator determinante para a prática de atividade física. A grande perda de líquidos através do suor durante um exercício pode levar a uma desidratação, podendo assim ocasionar certo risco à saúde de seu praticante e a perda no desempenho físico (MOREIRA, et al, 2006).
Um dos primeiros estudos a respeito das modificações do balanço hídrico em ambientes quentes foi realizado em 1.938. A sudorese é uma das maneiras de perda de água e também é a perda de calor por meio da eliminação de água no organismo (MOREIRA, et al, 2006).
A eliminação de água de nosso organismo pela sudorese permite manter a temperatura na prática do exercício, mas para que isso não se torne um problema, é importante não se descuidar e repor essa perda com a hidratação.
O interior do corpo se mantém a uma temperatura média de 37ºC. O calor metabólico que se acumula no mesmo durante o exercício deve ser transferido para a pele, para ser dissipado ao ambiente. Quando a temperatura ambiental excede a da pele, a evaporação do suor é o único mecanismo pelo qual o corpo consegue perder calor. Se a perda de líquidos não for reposta por meios adequados durante o exercício, pode haver uma instalação da desidratação ou a perda excessiva de líquidos corporais (BROWN, 2008).
Uma desidratação progressiva pode fazer com que uma quantidade excessiva de calor se acumule no organismo. A desidratação promove aumentos na temperatura interna devido à redução do volume de sangue na pele e da quantidade de suor (MOREIRA, et al, 2006).
Esse efeito pode ser mais negativo para crianças que para os adultos. Observou-se que para cada 1% de perda de peso corporal, a temperatura interna aumentou mais nas crianças que nos adultos. Isso pode ser explicado, por causa de menor grau de sudorese das crianças, alguns sintomas que podem ser apresentados por uma criança que sofre de desidratação ou de problemas na regulação da temperatura corporal são: tonturas, dor de cabeça, sede excessiva, pele muito avermelhada, náuseas e cansaço (MOREIRA, et al, 2006).
Algum dos meios para avaliação da desidratação seria a osmolalidade plasmática realizada em laboratórios, variação do peso corporal e a coloração da urina. A taxa de sudorese diminui com o aumento dos níveis de desidratação. Quanto maior o percentual de desidratação, maior o limiar para a sudorese, menor a sensibilidade para a sudorese e menor a produção de suor. (MOREIRA, et al, 2006).
Os sinais e sintomas clínicos da desidratação surgem com uma perda de líquidos correspondentes a 3% do peso corporal. Diminuição da taxa de esvaziamento gástrico, volume plasmático e de ejeção, viscosidade do sangue, volume venoso central, pressão de enchimento do coração, débito cardíaco, fluxo sanguineo máximo para a pele enfim a diminuição do desempenho (BACURAU, 2007, p. 208).
Mesmo uma leve desidratação (1% da massa corporal) pode aumentar o esforço cardiovascular, o que pode ser visto através do aumento desproporcional da freqüência cardíaca durante o exercício, além de limitar a capacidade corporal de transferir calor dos músculos em contração para superfície da pele, onde possa ser dissipado para o ambiente. Portanto, um déficit hídrico pode reduzir o desempenho e aumentar a possibilidade de ocorrer uma complicação térmica. No entanto, o débito cardíaco e volume de ejeção não diminuem quando a taxa de ingestão de líquidos é suficiente para prevenir a desidratação (MOREIRA, et al, 2006).
Hidratação antes do exercício
A hidratação antes do exercício permite ao indivíduo iniciar a atividade física mais hidratada que o normal o que chamamos de hiperhidratação, isso se dá através da ingestão de líquidos como água, bebidas esportivas, substâncias como o glicerol, que além de hidratar aumenta o estoque de carboidrato (BACURAU, 2007, p. 221-222).
A hiperhidratação é a tentativa de começar o exercício com mais água no corpo, aumentando a tolerância do calor. Devem-se estimular as crianças a ingerir líquido antes, durante e depois da competição ou do treino, mesmo na ausência da sede. Os líquidos podem ser aromatizados e servidos frios. Pesquisas recentes indicam que as bebidas com carboidratos e eletrólitos ajudam a prevenir a desidratação nas crianças que se exercitam (MOREIRA, et al. 2006).
Para assegurar o estado de hidratação, os atletas devem ingerir aproximadamente 500 a 600 ml de água ou outra bebida esportiva, em duas ou três horas antes do exercício, para promover a hidratação adequada e haver tempo suficiente para execução da água ingerida em excesso e de 200 a 300 ml de líquidos, de dez a vinte minutos antes do exercício. Essa adição de carboidratos e eletrólitos tem que ser em quantidades adequadas e para eventos com duração maior que uma hora, já que não prejudica a distribuição da água pelo organismo e melhora o desempenho. Recomenda-se a adição de sódio (0,5 a 0,7g l. de água) na solução de reidratação se o exercício durar mais de uma hora (MOREIRA, et al. 2006).
Uma hora antes da atividade física, as crianças com menos de 41 quilos de peso devem tomar de 90 a 100 ml de líquidos, enquanto aquelas com mais de 41 quilos devem tomar de 180 a 300 ml (BROWN, 2008).
Em relação à ingestão de água antes do exercício e necessário que o indivíduo tenha ingerido líquidos vinte e quatro horas antes da competição e 500 ml duas horas antes do exercício, por causa dos mecanismos de manutenção do balanço hídrico (BACURAU, 2007, p. 221-222).
Sobre as bebidas esportivas, além de hidratarem, fornecem energia na forma de carboidratos e um conteúdo de sódio que auxilia na absorção mais eficaz de líquidos. O glicerol ajuda a reter água no organismo e, conseqüentemente, promover a hiperhidratação. Algumas pesquisas relatam benefícios principalmente em esportes de longa duração, outros estudos demonstram que a suplementação com glicerol não aumenta o desempenho atlético e nem altera as funções termorreguladoras e cardiovasculares, apesar de aumentar consideravelmente a retenção de líquidos antes e durante o exercício e promover a diminuição da produção urinaria durante a prática (BACURAU, 2007, p. 210).
Em relação às dosagens 1g de glicerol/ kg de peso junto com 1,5 litros de água de sessenta a cento e vinte minutos antes do exercício. Ainda não se sabe os efeitos no metabolismo com a hiper-dosagem, porém alguns atletas apresentam náuseas e diminuição do esvaziamento gástrico (BACURAU, 2007, p. 210).
Hidratação durante o exercício
Para entender o consumo de líquidos durantes os exercícios devem levar em conta a duração e a intensidade desse exercício. Em exercícios de longa e média duração, devemos utilizar as bebidas esportivas para repor além da hidratação, os eletrólitos e carboidratos, já os exercícios de curta duração a água é suficiente. A falta de água e carboidrato durante um exercício prolongado de intensidade moderada / alta pode causar fadiga e distúrbios na manutenção da temperatura corporal (BACURAU, 2007, p. 212-224).
Traçar um plano de hidratação é muito importante para que não haja uma desidratação de forma muito brusca. Recomenda-se 150 ml a 250 ml de quinze a vinte minutos para exercícios com mais trinta minutos, em atividades de longa duração bebidas que contenham sódio, pois impede a hiponatrimia, que seria redução considerável de sódio no plasma (BACURAU, 2007, p. 212-224).
Hidratação depois do exercício
Além de tudo o que já foi relatado sobre a desidratação, esta também prejudica a recuperação do esforço. Um determinante para a reposição dos líquidos perdidos é o tipo e a quantidade de bebidas ingeridas. Consumir mais líquidos do que o total perdido, pois não devemos esquecer que o individuo continua urinando, durante sua reidratação (BACURAU, 2007, p. 223-224).
Destaca-se também a reidratação após o exercício com a alimentação mais a água, suprindo assim necessidades iguais quando se utiliza a bebida esportiva. Um fator que ajuda muito também é a recuperação em ambientes frescos (BACURAU, 2007, p. 223-224).
A sede e a hidratação
A sede é um mecanismo fisiológico que nos comunica quando o nosso corpo está precisando da ingestão de líquidos. Mas será que a sede seria um mecanismo regulador suficiente para manter o individuo praticante de atividade física durante o exercício? (MOREIRA, et al, 2006).
A sede não seria suficiente para estimular o consumo de líquidos. Sede e a hidratação na mesma velocidade com que são eliminados. Portanto, indivíduos que se guiam pela sede durante o exercício acabam consumindo 1/3 – 2/3 dos líquidos que perdeu. Com isso, ocorre um fenômeno chamado de desidratação voluntária, o melhor seria seguir um método adequado de reidratação, não esperando apenas pela sensação de sede (BACURAU, 2007, p. 213-221).
Formas de diminuir e evitar a desidratação
Como já citada à melhor maneira de evitar a desidratação seria a reposição dos líquidos perdidos com a atividade física. Existem também outras formas que auxiliam para diminuir ou evitar a desidratação, uma delas seria a aclimatização, que não depende do tipo de atividade que se pratica, mas seria a exposição ao calor durante uma ou duas semanas, pelo menos uma hora. Com isso, haverá um aumento do volume plasmático, maior quantidade de suor, ajudando assim na eliminação do calor (BACURAU, 2007, p. 224-226).
Também tem uma menor liberação de íons com a aclimatização não esquecendo sempre da ingestão de líquidos. Pratique a atividade física em horários menos quente, use roupas leves e claras que permitam a troca de calor com o ambiente (BACURAU, 2007, p. 224-226).
Transtornos alimentares em atletas que exigem baixo peso corporal
É de extrema importância à nutrição no desempenho físico, pois o baixo peso corporal e uma dieta severa implicarão em um deficiente consumo de energia, podendo causar tal distúrbio (HIRSCHBRUCH, CARVALHO, 2008, p. 295).
Transtornos alimentares são quadros psiquiátricos caracterizados por consumo, padrões e atitudes alimentares extremamente perturbadas. Uma excessiva preocupação com peso e a forma corporal também está presente nesses quadros, podendo coexistir ainda uma atividade física excessiva e o uso inadequado de exercícios físicos de forma compensatória e compulsiva (HIRSCHBRUCH, CARVALHO, 2008, p. 295).
A maior prevalência dos distúrbios alimentares está em jovens atletas femininas, envolvidas em esportes que exige um menor peso corporal, como a ginástica olímpica e corridas de longa distância. Pelo fato de que a ginástica olímpica é um esporte caracterizado pela beleza, leveza, equilíbrio, flexibilidade, precisão, exige-se que as jovens ginastas sejam mais leves e magras, que outras da mesma idade. Já as atletas de corrida de longa distância, o baixo peso corporal seria uma vantagem em relação às outras atletas, pois seu corpo é conduzido em longa distância em velocidade máxima (VILARDI, et al, 2001 p. 2-4).
Além das modalidades citadas, os distúrbios alimentares também estão presentes em bailarinas, nadadores, ciclistas, praticantes do nado sincronizados e mergulhadores (HIRSCHBRUCH, CARVALHO, 2008, p. 301).
A maioria dos atletas que querem perder peso obtém informações de fontes inseguras, muitas vezes acham por si próprio que tem necessidade de perder peso, mesmo não sendo necessário, sendo assim, não tem o conhecimento correto sobre o assunto. Em alguns casos usam métodos radicais, sem a orientação de um profissional especializado, para que haja um acompanhamento adequado. Com isso, compromete sua saúde para alcançar o baixo peso tão desejado. Esses atletas possuem uma dieta de baixa caloria, treinamento físico intenso, gerando um grande gasto energético (VILARDI, et. al. 2001, p. 2-4).
Atenção especial deve ser dada a atletas adolescentes, pois durante essa fase ocorrem rápidos desenvolvimentos fisiológicos, neurológicos e psicológicos, estando as necessidades de nutrientes ainda mais aumentadas pelo treinamento físico intenso, estresse e ansiedade gerada pelas competições. (VILARDI, et. al. 2001, p. 2).
Dentro dos transtornos alimentares, está englobados alterações mais severas no comportamento alimentar como a bulimia nervosa e a anorexia, que além de prejudicar severamente o atleta, pode levá-lo até mesmo a morte (VILARDI, et. al. 2001, p. 2-4).
Perda de peso em pré-competição
Geralmente esportes como karate, judô, boxe e luta greco-romana, utilizam certas estratégias para a redução de peso, este de 5 a 10% menos que seu peso habitual. Mas isso não engloba apenas esses esportes, mas também os que necessitam do peso como categoria nas competições (HIRSCHBRUCH, CARVALHO, 2008, p. 122).
Os motivos que levam atletas a perderem peso são: judô e boxe, estética em ginastas e patinadores, e para melhor rendimento físico no salto em altura, distância e ciclismo. Há dois tipos de redução de peso, a redução rápida e a gradual. Na redução rápida há perda de peso em menos de uma semana e até algumas horas antes da competição. Para essa redução rápida de peso, os atletas fazem uma restrição alimentar e de líquidos, exercícios com roupa de borracha ou plástica e sauna seca ou úmida. Com a redução rápida de peso os atletas colocam em risco sua saúde, pois utilizam outros métodos prejudiciais como jejum, pílula de dieta, vômito auto-induzidos e laxativos. Na redução gradual de peso o método empregado é a redução energética, geralmente a mais utilizada e a redução percentual do consumo de gordura. Nessa redução de peso é semanal e mais lenta, não tão drástica, assim o atleta pode treinar normalmente (HIRSCHBRUCH, CARVALHO, 2008, p. 122).
Conclusão
Podemos observar que a alimentação, hidratação e a atividade física caminham juntas, quando há uma boa relação entre elas promoverá o bem estar e o melhora desempenho para o atleta, não somente para a sua saúde como no rendimento do esporte praticado.
O estudo contribuiu para que se entenda quando há desordem em alguns desses fatores acima citados o indivíduo pode ser prejudicado.
Na hidratação deve haver uma atenção ao ambiente, uma preocupação com a sede, mesmo antes dos exercícios, durante sua execução e após seu término, focando na reidratação.
No que diz respeito à alimentação, vários conteúdos foram elaborados, a saber: a alimentação na infância e adolescência, dando também atenção ao período pré-competitivo, esportes que exigem baixo peso corporal e competições onde há um limite de peso, provocando ao seu praticante muitas vezes uma perda rápida de peso horas antes desta, horários inadequados, excesso de treinos, transtornos alimentares como bulimia, anorexia, anorexia atlética.
Também foi abordado temas como os nutrientes que compõem uma dieta saudável, sendo estes, carboidratos, proteínas, gorduras e vitaminas essenciais para o organismo.
Pelo exposto, foi possível obter uma bagagem sobre o que pode acarretar a má alimentação, seus transtornos e um entendimento sobre a função dos nutrientes.
Com base nesses estudos concluiu-se que o profissional de educação física além de transferir seus conhecimentos para os jovens atletas, também devem se aprofundar, procurando informações atualizadas e seguras possibilitando uma visão mais ampla sobre os diversos fatores que pode influenciar tanto para o beneficio como o malefício destes. Ressalta-se que a alimentação e a hidratação são pontos fortíssimos para a promoção de uma criança e jovem saudável, levando em consideração que cada pessoa é um ser único e devemos respeitar sua individualidade.
A informação correta para o atleta não depende somente do educador físico, mas também pode contar com o trabalho de um profissional da área de nutrição, de forma a garantir que ambas as partes trabalhando em conjunto alcancem seus objetivos com sucesso, respeitando seu corpo, seus limites e sua saúde.
Referências bibliográficas
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HIRSHBRUCH, M. Daskal; CARVALHO, J. Ribeiro. Nutrição Esportiva: Uma Visão Prática. 2 ed. Barueri: Manole, 2008.
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VILARDI, T. C. Ciavaglia; RIBEIRO, B. Gonçalves; SOARES E. Abreu. Revista de Nutrição, Campinas, v. 14, n. 1, Jan./ Abr. 2001.
WEINECK, Jürgen; Treinamento Ideal. 9 ed. Barueri: Manole, 2003.
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