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A fibromialgia tratada através da atividade física e terapias holísticas

La fibromialgia tratada por medio de la actividad física y las terapias holísticas

 

*Graduação em Educação pela Faculdade Integrada

do Ceará / Estácio (Estácio FIC)

**Docente do curso de Educação Física da Estácio FIC

***Docente do curso de Educação Física do Instituto Federal

de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE)

(Brasil)

Bárbara Cecília Augusto Sampaio*

Edilene Ferreira Arruda*

Ricardo Ângelo**

Francisco de Assis Francelino Alves***

basamorim@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          Este estudo adota uma abordagem integrativa para lidar com a Fibromialgia. Assim, apresenta abordagens convencionais e abordagens alternativas. Foram investigadas alterações ocorridas nos sintomas dos portadores de Fibromialgia utilizando como forma de tratamento a atividade física: treinamento de força, alongamentos, treinamento aeróbico e terapias que visam o individuo de forma holística como a massoterapia e o reiki. O estudo mostra as contribuições da atividade física e das terapias corporais nos processos fisiológicos e psicológicos da síndrome. A abordagem alternativa e teórica prognosticou resultados seguramente benéficos ao controle da síndrome.

          Unitermos: Fibromialgia. Exercícios. Terapias holísticas.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 171, Agosto de 2012. http://www.efdeportes.com

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Introdução

    A fibromialgia pode ser definida como uma síndrome dolorosa, de etiologia desconhecida, que acomete mais mulheres. É caracterizada pela presença de dor muscular difusa, sítios dolorosos e específicos, associados, frequentemente, a distúrbios psíquicos e intestinais. (BALSAMO, 2005)

    O nome fibromialgia nasceu da junção de três termos: o latim fibra (ou tecido fibroso), o prefixo grego mio, que diz respeito aos músculos, e algia, originário do grego algos, que significa dor. Refere-se à presença crônica de dor músculo-esquelética difusa, incluindo um segmento da coluna e múltiplos pontos dolorosos, conhecidos por tender points. Ou seja, dói o corpo todo, sobretudo os músculos, as articulações e os tecidos moles, que são as estruturas que suportam as articulações, como os tendões e os ligamentos, e a miofáscia (tecido conectivo e gordura que envolve os músculos). Por isso, a fibromialgia é classificada como reumatismo nas partes moles, em comparação aos clássicos reumatismos inflamatórios/ degenerativos - entre eles a osteoartrose popular bico de papagaio) e as artrites que danificam as articulações. (GOLDENBERG, 2005)

    As queixas dolorosas são motivos de preocupação permanente entre as áreas de saúde, e o interesse em compreender melhor a dor crônica tem aumentando muito na ultima década.(BALSAMO, 2005)

    Em razão desse quadro alarmante, tem-se pesquisado muito, atualmente, formas de tratamento para essa doença, a fim de minimizar os efeitos dessa realidade. A abordagem atual do tratamento de fibromialgia baseia-se na associação de terapêuticas medicamentosas e não-medicamentosas. Nesse estudo abordaremos apenas as vias não-medicamentosas, entre elas estão às terapias holísticas e atividade física.

    A filosofia da medicina integrativa que reconhece o papel do corpo, da mente e do espírito na saúde, favorece os cuidados individualizados, centrados no paciente, e estimula a combinação racional e criteriosa da medicina convencional ocidental e da medicina alternativa e complementar, baseada tanto na eficácia quanto na segurança. (HAMMERLY, 2006).

    A medicina integrativa trata os pacientes com fibromialgia utilizando um modelo mais pragmático e centrado na pessoa, um modelo que combina o melhor daquilo que a medicina ocidental tem a oferecer com o melhor das terapias complementares. Esta abordagem baseia-se na compreensão holística segundo a qual cada pessoa é única. Todos nós temos diferentes necessidades emocionais, físicas, sociais e espirituais que afetam o estado de nossa saúde ou são afetadas por ele. A medicina integrativa desenvolve o bem-estar total ao seu lugar, o centro do universo dos cuidados com a saúde. (HAMMERLY, 2006)

    A busca pelo alivio dos sintomas pode levá-lo a buscar diversas abordagens alternativas/ complementares que podem ser explicadas, pelo menos em parte, em função dos efeitos que tem na bioquímica do corpo. (HAMMERLY, 2006)

    O foco deste estudo é apresentar novos recursos dentro do tratamento da síndrome de fibromialgia, através de um estudo de caso que foi realizado com portadores da síndrome de fibromialgia. O estudo teve como recurso a abordagem da atividade física e terapia holística na rotina dos portadores. Foi analisada a redução dos sintomas após a inclusão de um programa que contou com treinamentos de força, caminhadas, massoterapia e reiki.

Atividade Física: indo na direção do alivio

    Fibromialgia é uma síndrome idiopática, associada à dor crônica generalizada cuja característica predominante é a presença de dor músculo-esquelética difusa e múltiplos pontos específicos sensíveis à pressão. (BALSAMO, 2005).

    Muitos estudos mostram que os pacientes com fibromialgia exibem funções neromuscular e cardiorrespiratoria mais baixa, assim com o condicionamento físico (flexibilidade, desempenho funcional), que os indivíduos sem essa doença. Num sentido muito geral, isso é derivado ao efeito que a dor exerce sobre a capacidade de os pacientes se exercitarem e até mesmo realizarem suas atividades da vida diária. Esses pacientes são menos ativos por causa da dor que ocorre com o movimento. Isto resulta em descondicionamento neromuscular, seguido por um descondicionamento cardiorrespiratório generalizado e, finalmente, dificuldade em realizar as atividades cotidianas. Essa espiral descendente (perda de reserva fisiológica) prosseguirá, a não ser que sejam administrados tratamentos apropriados. (ACSM, 2004).

    Como se percebe então, essa hipótese envolve fatores centrais como o estado psicológico ou as alterações nos neurotransmissores. De fato, os mecanismos centrais de modulação e amplificação da dor são o foco principal para o entendimento da síndrome de fibromialgia. (BALSAMO, 2005)

    Movimentar o corpo pode parecer à última coisa que você queira ou deva fazer, mas a dor muscular da fibromialgia muitas vezes diminui bastante com exercícios moderados. (HAMMERLY, 200).

    Quando os músculos doem, outros compensam. Isso funciona durante algum tempo, mas depois os músculos compensadores começam a doer também. Quanto mais dor você sente, menos você se movimenta. Com o tempo, a falta de exercícios deixa os músculos sem condicionamento, tornando-os menores e mais fracos. Músculos fracos facilmente se tornam músculos doloridos, o que provoca mais compensação, seguida por mais inatividade. O exercício é fundamental para a administração bem-sucedida da fibromialgia, porque rompe esse ciclo debilitante. (HAMMERLY, 2006).

    A prescrição de alongamentos e exercícios aeróbicos demonstrou ser benéfica. Contudo o segundo parece apresentar resultados superiores aos do primeiro. McCain e colaboradores relataram, em sua pesquisa, os efeitos de um treinamento de 20 semanas com 42 pacientes divididos em dois grupos: praticantes de condicionamento aeróbico e praticantes de alongamentos. Embora não tenham sido encontradas diferenças significativas entre os dois grupos, houve nítida melhora dos índices de dor no grupo em tratamento efetivo (aeróbio). (McCAIN, apud, BALSAMO, 2005, p.82).

    Um programa geral de exercícios de flexibilidade e de alongamentos é importante para os indivíduos com fibromialgia. É importante movimentar com delicadeza e ativamente todas as articulações através da amplitude de movimentos, a fim de prevenir as contraturas articulares e alongar a musculatura circundante. Isto pode ser feito 3-5 vezes ao dia. Para prevenir lesão, as articulações nunca devem ser forçadas através da amplitude de movimento. (ACSM, 2002).

    Alem diminuir a dor ao desenvolver e tonificar os seus músculos, o exercício fortalece o coração, melhora a circulação e ajuda a manter os ossos fortes. O exercício regula e diminui o colesterol. E os estudos mostram que o exercício físico regular pode aumentar a energia durante o dia e ajuda-lo a dormir melhor à noite. O exercício pode ajudar a diminuir a depressão e a ansiedade pela liberação de endorfinas, os analgésicos naturais do corpo que também promovem uma sensação de bem-estar. (HAMMERLY, 2006).

    O treinamento de força, algumas vezes chamado de treinamento de resistência, envolve alta resistência e baixo numero de repetições, e leva a um aumento da proteína contrátil (actina e miosina), tecido conjuntivo mais forte, eficiência contrátil e inibições reduzidas e possível aumento da quantidade de fibras musculares. (SHARKEY, 1998).

    O treinamento de força estimula a produção do hormônio do crescimento e do IGF-I, os quais se encontram reduzidos em fibromialgicos em razão da falta, principalmente, do estagio 4 do sono nesses indivíduos. Esses hormônios são responsáveis pelo crescimento do corpo e descanso reparador e, em sua falta, a fadiga aumenta e diminui a síntese de proteínas para a reparação muscular normal. No caso da fibromialgia. A redução na produção de GH e IGF-I pode atrasar a cicatrização de um microtrauma muscular. Portanto, o treinamento de força pode contribuir para cicatrização, já que estimula a produção desses hormônios. (BALSAMO, 2005).

    Aumentos na produção de cortisol também são encontrados em praticantes de exercícios de força, o que poderia regular a liberação anormal desse hormônio na fibromialgia. (BALSAMO, 2005).

    Outro aspecto que se pode mencionar sobre o treinamento de força, diz respeito ao aumento da oxigenação muscular devido ao aumento da capilarização induzida por esse tipo de treinamento. (BALSAMO, 2005).

    O treinamento de força surge como uma estratégia de intervenção ou opção de tratamento no sentido de intervir positivamente na fibromialgia, minimizando o quadro miálgico, bem como aumentando a qualidade de vida dos indivíduos por ela afetados. A segurança e eficácia desse tratamento dependerão de um bom planejamento e de um profissional de educação física qualificado, informado e que conheça bem as características e a fisiopatogenia dessa patologia para obter bons resultados.

    Apesar de poucas evidências, o treinamento de força pode contribuir , assim como o condicionamento aeróbico, na melhora do sistema serotoninérgico e endorfínico, aumento na produção de endorfinas, de acordo com Soares e colaboradores. Isso auxilia no processo de modulação dolorosa do sistema nervoso central. (SOARES, apud BALSAMO, 2005, p.84).

    Estudos posteriores a esses, como os de Martin e colaboradores e o de Wigers e colaboradores, apud Valim, ambos de 1996, também observaram alguma melhora para os pacientes com fibromialgia que utilizaram o exercício aeróbico como intervenção terapêutica. (VALIM,1996 apud BALSAMO, 2005, p.82).

    O ácido láctico é tanto um carregador de energia quanto um subproduto metabólico do esforço intenso. A sua acumulação é sinal de que você esta usando sua energia mais rapidamente do que pode ser produzida aerobicamente. O excesso de ácido láctico interfere nas capacidades contrateis e metabólicas dos músculos. O ácido láctico e os altos níveis de dióxidos de carbono produzidos com esforço rigoroso são associados com respiração trabalhosa, fadiga e desconforto. O exercício aeróbico pode ser definido como exercício abaixo do ponto em que os níveis de acido láctico no sangue se elevam rapidamente, abaixo do limiar de lactato. (SHARKEY, 1998).

    Mannerkorpi e colaboradores foram uns dos poucos a estudarem o exercício aquático combinado com um programa de educação em fibromialgicos. Neste trabalho, foi avaliado o efeito de seis meses de exercícios aquáticos em uma piscina aquecida, com seis sessões de programa educacional em 58 indivíduos, com fibromialgia randomizados em grupo de controle e grupo em tratamento. O autor e sua equipe puderam notar diferenças significativas no grupo em treinamento quando avaliou a função física, força de preensão, dor, qualidade de vida, relação social e função psicológica. (MANNERKORPI, apud, BALSAMO, 2005, p.82).

    As pessoas com fibromialgia com freqüência precisam de precauções especiais ao se exercitar. Por exemplo, os tênis devem ser bons e com solas flexíveis e proporcionar apoio para todo o pé (procure sinais de desgaste desigual nas solas). Se você gosta de água, exercitar-se em uma piscina é muito bom porque a pressão da água ajuda a diminuir a dor muscular e sustenta o corpo por todos os lados. Mas certifique-se de que a piscina esteja de 32ºC a 35ºC. A exposição à água fria pode piorar os sintomas da fibromialgia. (HAMMERLY, 2006).

Terapias Energéticas: Reiki

    O Reiki é uma forma de energia curativa japonesa desenvolvida na metade do século XIX e que busca curar o corpo, a mente e o espírito. Ele se baseia na filosofia de que a energia flui das mãos do prático para o campo de energia do paciente. (HAMMERLY, 2006).

    O Reiki é uma técnica que busca equilibrar as disfunções energéticas da pessoa, estabelecendo a ligação com a fonte divina, com o cosmo, de onde um dia saímos e para onde todos voltarão cada qual no seu ritmo e freqüência. (STEIN, 1995).

    Quando falamos em Reiki, estamos falando em transmissão e captação de energia. Está energia esta no ambiente, nos seres e em tudo que nos cerca. É diferente do que habitualmente entendemos como energia, mas ao mesmo tempo semelhante. Este é um axioma hermético ensinado pó Hermes Trismegisto, o pai da Alquimia, que diz: ”Tudo que está em cima é como esta em baixo, não é igual, mas analógico e semelhante” (STEIN, 1995).

    Quando um reikiano coloca suas mãos na pessoa que recebe o tratamento, uma quantia apropriada de energia percorre as áreas do corpo que estejam precisando equilibrar-se.

    O prático do reiki coloca as mãos sobre os centros energia (também conhecidos como chakras) do seu corpo. Com freqüência o tratamento começa na cabeça e passa para uma parte especifica do corpo onde você está com problemas. Acredita-se que o prático age como um condutor de energia do ambiente executando uma seqüência de movimento com as mãos que direcionam a energia para seu corpo. (HAMMERLY, 2006).

    Nunca a pessoa que canaliza a energia universal e cósmica doa a sua própia energia no processo, tanto um quanto o outro recebem a energia Reiki. Contudo ao mesmo tempo ninguém fica impregnado de substancias negativas, por que o Reiki passa por um canal purificado que foi aberto pelas harmonizações. (HORAN, 1999).

    Os práticos de reiki acreditam que o método faz moléculas do corpo vibrar com mais intensidade, o que, por sua vez, dissolve os bloqueios de energia. Quando os bloqueios são eliminados, a harmonia e a saúde são facilitadas. Inicialmente as mudanças são sutis e podem incluir uma sensação de alivio e relaxamento, diminuição da ansiedade e da depressão e melhora da respiração. Você pode se sentir revigorado ou relaxado após um tratamento. (HAMMERLY, 2006).

    Reiki não é uma religião, é uma técnica efetiva de relaxamento total que libera as tensões, pois amplia a força de vida em nosso corpo, que então ajuda a criar equilíbrio no corpo etérico e físico (HORAN, 1999).

Massoterapia

    Massa em é a manipulação sistemática dos tecidos moles do organismo. Auxilia a remoção de resíduos metabólicos tóxicos produzidos na liberação de energia e fluidos resultantes de danos estruturais no tecido muscular. A massagem tem sido utilizada há séculos, muito antes do advento da medicina, utilizando manobras especificas com fins terapêuticos. Pode ser localizada, visando à determinada área ou à terapêutica em que o relaxamento é o objetivo principal. (BOMPA, 2002).

    A massagem, uma das mais antigas e básicas formas de medicina, tem sido empregada com êxito por muitas culturas do homem como meio de promover e restaurar a saúde. Já por volta do ano 3.000 a.C., os chineses usavam a massagem como medida terapêutica cientifica; também Hipocrates, o pai da medicina moderna, a empregou. O valor da massagem é tão grande hoje em dia quanto foi antigamente. Sua necessidade, em nossa sociedade artificial, é cada vez maior (BRODSKY, 1987).

    A massagem, a manipulação dos tecidos moles, pode não curar o que está incomodado, mas ajuda muito no alivio de determinados sintomas, particularmente os causados pelo estresse. Ela também pode ser eficaz no tratamento de lesões relacionados ao esporte, problemas musculares e articulares, dores de cabeça e dor crônica, ate mesmo problemas digestivos e sinusites. Uma massagem terapêutica modifica sua fisiologia, facilitando o processo normal de cura. (HAMMERLY, 2006).

    A massagem pode alongar os tecidos, aumentar a amplitude de movimento, ajudar a diminuir a pressão sanguínea e a freqüência cardíaca e melhora respiração. Ela também pode útil para melhorar a circulação, relaxar os músculos e eliminar a formação de acido lático nos músculos.Os pesquisadores acreditam que a massagem ajuda o cérebro a produzir endorfinas, as substancias químicas que agem como analgésicos naturais. (HAMMERLY, 2006).

    As primeiras sessões de massagem podem deixá-lo exausto, pois as toxinas e bloqueios em seu corpo são liberados na corrente sanguínea. Como os rins e o fígado estarão fazendo hora extra para aliviar seu corpo desses resíduos, ajude-os tomando muita água pura, evitando o álcool e os cigarros e fazendo refeições leves e nutritivas. (HAMMERLY, 2006).

Materiais e métodos

    Trata-se de uma pesquisa descritiva e qualitativa com a utilização da técnica de estudo de caso, foi montado um programa de controle com uma paciente portadora de fibromialgia, que foi submetida a tratamento de reabilitação na busca de controlar os sintomas da doença, e com base em pesquisa bibliográfica. Para a fundamentação teórica, metodológica do trabalho, foi realizada uma pesquisa, desenvolvida com base em dados comparativos entre as reações das pacientes estudadas.

    A pesquisa foi realizada com dois portadores da síndrome de fibromialgia do sexo feminino. Em um período de oito meses foi incluído na rotina de somente uma paciente, um programa de terapias holística com sessões de massoterapia e de reiki, que buscam equilibrar o corpo físico com o corpo mental, trazendo como conseqüência um estado de relaxamento. Alternada com as sessões de terapias a atividade física complementou a pesquisa, a paciente iniciou uma prática de caminhadas, treinamentos de força e resistência e alongamentos. A outra portadora de fibromialgia ficou isenta do programa.

    A intenção de abordar as sessões de massoterapia e reiki foi de buscar um momento de relaxamento, uma diminuição das dores musculares e de equilibrar as emoções da paciente. O momento dos treinamentos físicos teve como foco condicionar sua musculatura e promover um melhoramento do seu estado geral.

    O programa correu da seguinte forma, as sessões de massoterapia e reiki eram realizadas juntas na freqüência de duas vezes por semana com duração de duas horas, em dias alternados o treinamento físico com uma hora de duração acontecia três vezes por semana pela manhã, que segundo alguns estudiosos, Hammerly (2006) é o melhor horário para o portador de fibromialgia se exercitar. O local utilizado na pesquisa foi à casa da paciente durante as sessões e a praia para a atividade física.

    Após a coleta dos dados das duas pacientes, observou-se na paciente que não participou do programa uma maior irritabilidade pelo tempo de dores e mal estar sofridos, com o tempo os sintomas foram se agravando. Já a paciente incluída no programa teve uma significativa redução nos efeitos dolorosos e debilitantes da fibromialgia. A paciente que serviu como sujeito controle também passará pelos mesmos procedimentos.

Resultados e discussões

    Como ainda não existe nenhum exame especifico para diagnosticar a síndrome de fibromialgia, o diagnóstico se dá através de sintomas relatados pelo paciente, baseados em um questionário, pela identificação dos pontos sensíveis da fibromialgia e pelo descontrole de alguns hormônios e substâncias do corpo.

    A paciente controle foi diagnosticada por um reumatologista. Além dos sintomas mais comuns da síndrome como a dor generalizada, sono não reparador, síndrome do intestino irritável, os exames laboratoriais revelaram baixas concentrações nos hormônios GH e IGF-1, altas dosagens de cortisol e colesterol acima do aconselhado.

    No primeiro momento do estudo a paciente foi submetida a uma avaliação médica para que pudesse ser liberada para o começo do programa. Foi realizado um teste ergométrico que avalia a condição cardiológica, o protocolo utilizado no teste foi o de Bruce. A aptidão cardiológica foi atestada regular para sua idade 54 anos, com um VO2 Max: 27,94 ml (kg min). O teste foi interrompido devido à exaustão. Conclusão: resposta cardiovascular normal frente o esforço.

    A partir da liberação clinica, foi realizada com a paciente a mensuração de suas circunferências. Não foi realizado nenhum teste de força muscular, pois a paciente estava em um avançado estágio da doença e segundo Hammerly (2006), paciente em estágios mais avançados não devem ser submetidos a esse tipo de avaliação.

    Segundo Balsamo (2005), a produção dos hormônios do crescimento GH e IGF-1, encontram-se reduzidos em fibromialgicos, em razão da falta, principalmente, do estágio 4 do sono nesses indivíduos. Esses hormônios são responsáveis pelo crescimento do corpo e descanso reparador e, em sua falta a fadiga aumenta. A sua redução também pode atrasar a cicatrização dos microtraumas musculares que ocorrem com facilidade em fibromialgicos.

    Quando o estudo foi iniciado em setembro de 2010, o resultado do hormônio do crescimento - GH foi de: 0.059 ng/ mL ,e o IGF-1: 133.61 ng/ mL.A literatura diz que o treinamento de força estimula a produção desses hormônios, baseado nessa referência foi utilizado no estudo o treinamento de força com ligas de borracha e cargas moderadas. Após oito meses de treinamento a paciente submeteu-se novamente a exames que apresentaram diferenças nos níveis hormonais. O GH foi de: 0,22 ng/mL e O IGF-1: 103,0 ng/mL. Os novos exames mostraram o crescimento do GH em contra partida o IGF-1 sofreu uma queda, em função do alto colesterol e do uso do corticoide.

    A paciente relatou no segundo mês do estudo uma significativa melhora em suas noites de sono, seguida de uma redução da dor generalizada muscular. Antes a fadiga muscular a acometia durante todo o dia, nesse momento do estudo, a fadiga só ocorria após algum estresse ou se a paciente se submetesse a atividade exaustiva. O sono nesse estágio já estava de melhor qualidade, com o aumento do GH da paciente suas noites de sono passaram a ser reparadora.

    Outro componente analisado foi o colesterol que sofreu uma redução nos triglicérides de 104 mg/mL em 2010, passou para 86 mg/dL ao fim do estudo, o HDL inicialmente foi de 46 mg/dL e depois 55 mg/dL,no resultado houve um aumento do colesterol total, antes de 218 mg/dL,agora de 234 mg/dL.O colesterol da paciente sofreu aumento devido o uso de um medicamento de corticoide, usado para o tratamento de uma alergia, o uso do corticoide gera no organismo algumas alterações.

    O portador de fibromialgia sofre alterações nos sintomas quando é submetido a situações de estresse físico ou emocional. Quando ocorre o estresse o organismo libera grandes quantidades do hormônio do estresse o cortisol, o estudo mostrou a queda dessa taxa que em 2010 no começo do estudo encontrava-se em: 13.2 ug/ dL em 2011 baixou para 7,08 ug/dL. Quando o cortisol apresenta-se em altas dosagens no organismo, indica que o estado de homeostase daquele individuo foi interrompido. As terapias de componentes relaxantes atuaram na diminuição da ansiedade, no estimulo de um sono mais tranqüilo, na dor generalizada e principalmente na compreensão de seus sentimentos. A paciente controle longe de situações de estresse, com as emoções sob controle reduziu as concentrações de cortisol, diminuindo assim os estímulos nervosos.

    Ao final de cada mês era analisado o quadro da paciente. As melhoras começaram a surgir no período do segundo mês do estudo,lembrando que, os resultados em portadores de fibromialgia surgem de forma mais gradativa do que em indivíduos sem a síndrome.

    O primeiro mês foi apenas de adaptação, começamos o treinamento físico somente com caminhadas, utilizei a praia como local de treino na tentativa de modificar a rotina da paciente, proporcionando uma atividade mais prazerosa.

    Durante as caminhadas eram realizados exercícios de respiração, pois com a respiração mais controlada o corpo poderá diminuir a liberação dos hormônios do estresse e da freqüência cardíaca, a respiração abdominal profunda faz com que o corpo libere endorfinas, substancias químicas que proporcionam a sensação de bem-estar. Também utilizamos muito alongamento antes da atividade e após.

    No primeiro mês juntamente com a atividade física foi iniciada as terapias holísticas. A massoterapia e o reiki, duas terapias de componentes curativos e relaxantes. A resposta foi imediata, após a primeira semana de iniciadas as sessões, a paciente relatou que seu corpo estava mais forte energeticamente, mais preparado para enfrentar a vida e principalmente tínhamos conseguido diminuir seu estado debilitante e depressivo. As dores musculares e as dormências nas pernas também começaram a diminuir.

    Após a etapa de adaptação, começamos o treinamento de força e resistência. No começo do treinamento a paciente encontrou dificuldade em realizar o trabalho de força, constatando o grau de descondicionamento. Já no terceiro mês com o principio da continuidade as dificuldades foram superadas. As sessões de terapias holísticas também prosseguiram.

    Durante todo o estudo houve uma ordem crescente dos benefícios do programa na vida da paciente. No oitavo mês de pesquisa repetimos os exames laboratoriais que já foram citados anteriormente, e constamos com o relato da paciente como parâmetro de resultados. O presente estudo indicou uma melhora na qualidade de vida da portadora da síndrome de fibromialgia. O programa ainda esta em andamento.

Conclusão

    O estudo mostrou explicações abrangentes sobre os aspectos únicos dessa doença, investigou os diversos tratamentos disponíveis e explica como combinar os métodos tradicionais e não - tradicionais para encontrar o melhor para o paciente. Apoiado em uma perspectiva nova e promissora sobra a doença e maneiras de torná-la suportável.

    Ao formular um plano de tratamento para uma doença crônica como a fibromialgia, em geral, é melhor começar com intervenções menos agressivas, aquelas que se podem controlar ativamente como exercícios, técnicas de relaxamento e algumas modificações em seu meio ambiente.

    O objetivo é alcançar melhora na sua qualidade de vida, e obter maior controle sob os sintomas gerados pela síndrome, e é muito mais viável se você trabalha com uma equipe que cuida da sua saúde, que possibilita mudanças necessárias no seu estilo de vida.

    Cada passo, grande ou pequeno, nos aproxima mais do dia em que os pesquisadores solucionarão o mistério da fibromialgia e finalmente poderemos tratar não apenas os sintomas, mas a causa subjacente desse misterioso distúrbio.

Referências

  • Balsamo, S. Treinamento de força: para osteoporose, fibromialgia, es tipo 2, artrite reumatóide e envelhecimento. São Paulo: Phorte, 2005.

  • Bompa, T. O. Periodização: teoria e metodologia do treinamento. São Paulo: Phorte Editora Ltda., 2002.

  • Broosky, G. O Livro da Cura Natural do Jardim do Éden a Era e Aquárius. trad. Mamede de Scuza Freitas, Editora Ground Ltda., 1987.

  • Geofroy, C. Alongamento para Todos. Barueri-SP-Brasil: Manole, 2001.

  • Goldenberg, E. O coração sente o corpo dói: reconhecer e tratar a fibromialgia, Evelin Goldenberg. São Paulo: Editora Atheneu, 2005.

  • Horan, P. Reiki - Uma Habilitação para a Cura. Madras Editora Ltda., São Paulo, 1999.

  • Milton, H. Fibromialgia: uma abordagem integrativa sobre como combinar o melhor das terapias tradicionais e alternativas. São Paulo: Gaia, 2006.

  • Oppido, T. Massagem Curso Completo. São Paulo: Editora Manole, 2001.

  • Sharkey, B. J. Condicionamento físico e saúde. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 1998.

  • Spring, H. et al. Força Muscular: Teoria e Prática. São Paulo: Livraria Santos Editora, 1995.

  • Stein, D. Reiki Essencial. Editora Pensamento Ltda., São Paulo, 1995.

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