efdeportes.com

Vacinação contra influenza e fatores relacionados à 

sua adesão entre idosos cadastrados pela Estratégia 

Saúde da Família no município de Montes Claros, MG

La vacunación contra la gripe y los factores relacionados pertenencia entre personas 

mayores inscriptos por la Estrategia de Salud de Familia en el municipio de Montes Claros, MG

 

*Enfermeira. Graduada pela Universidade Estadual de Montes Claros, Unimontes

**Enfermeira. Professora do Curso de Graduação em Enfermagem

da Universidade Estadual de Montes Claros, Unimontes

***Enfermeiro. Mestrando em Ciências da Saúde

pela Universidade Estadual de Montes Claros, Unimontes

Débora Santos Rocha*

Edilene Oliveira Amaral**

João Marcus Oliveira Andrade***

joao_marcus13@hotmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          O presente estudo tem como objetivo identificar os fatores que influenciam a adesão à vacinação contra influenza entre idosos assistidos por unidade Saúde da família do município de Montes Claros, Minas Gerais. Trata-se de um estudo descritivo, com abordagem quantitativa. Participaram do estudo 139 idosos com idade igual ou superior 60 anos. Os dados foram coletados por meio de questionário semi-estruturado, sendo os dados analisados por meio do software SPSS (Satistical Package for the Social Sciences) 16.0 for Windows. Os resultados mostraram que 76,3% (n=106) dos sujeitos eram do sexo feminino, com média de idade de 70,85 anos. 94,2% (n=131) dos idosos relataram conhecer a vacina contra influenza, sendo mencionada por 68,3% (n=95) a importância da mesma como medida de prevenção da influenza. 61,2% (n=85) dos idosos não receberam orientações sobre a vacina por meio da Estratégia Saúde da Família. O Agente Comunitário de Saúde foi citado por 63% (n=34) como a principal fonte de orientação sobre a vacina. As categorias televisão foi a mais citada como meio de divulgação da vacina. 77,7% (n=108) dos idosos receberam a vacina no ano de 2010, sendo o fato a prevenção contra a influenza mencionada como principal motivo de adesão (43,5%; n=47). Por sua vez, os idosos que não receberam a vacina atribuíram o medo como principal motivo para a não-aceitação (29,0%; n=9). Espera-se que esses resultados permitam a formulação de estratégias de forma a contribuir para uma maior adesão à vacinação contra influenza, garantindo a plenitude da cobertura vacinal na população idosa.

          Unitermos: Saúde do idoso. Vacinas contra influenza. Programa Saúde da Família. Saúde do idoso.

 

Abstract

          This study aims to identify the factors that influence adherence to influenza vaccination among elderly assisted by Family Health Unit of the municipality of Montes Claros, Minas Gerais. This is a descriptive study with quantitative approach. The study included 139 elderly with aged 60 years. Data were collected through semi-structured questionnaire, and the data analyzed using SPSS software (Statistical Package for the Social Sciences) 16.0 for Windows. The results showed that 76.3% (n = 106) of subjects were female, mean age 70.85 years. 94.2% (n = 131) of elderly reported knowing the influenza vaccine, being mentioned by 68.3% (n = 95) its importance as a means of preventing influenza. 61.2% (n = 85) of seniors were not instructed about the vaccine through the Family Health Strategy. The Community Health Agent was cited by 63% (n = 34) as the main source of information about the vaccine. The television category was mentioned as a means of dissemination of the vaccine. 77.7% (n = 108) of elderly people receiving the vaccine in 2010, and the fact that prevention against influenza cited as main reason for membership (43.5%, n = 47). In turn, the elderly who did not receive the vaccine attributed fear as the main reason for non-acceptance (29.0%, n = 9). It is hoped that these results allow the formulation of strategies to contribute to greater adherence to influenza vaccination, ensuring full immunization coverage in the elderly.

          Keywords: Health. Influenza vaccine. Family Health Program. Health of the elderly.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 17 - Nº 170 - Julio de 2012. http://www.efdeportes.com/

1 / 1

Introdução

    O envelhecimento é considerado como um processo biológico normal, responsável por diversas alterações morfológicas, funcionais, bioquímicas e psicológicas. A Organização Mundial de Saúde (OMS) define como idoso qualquer pessoa acima de 60 anos de idade. Estimativas mostram que, de 1990 a 2025, a população idosa mundial crescerá 2,4% ao ano e o Brasil terá a sexta maior população idosa do mundo, com 32 milhões de idosos (FRANCISCO, 2006).

    O envelhecimento das populações torna-se uma das grandes preocupações da Saúde Pública. Em conseqüência dessa nova realidade que vem se configurando, existe a necessidade de implementação de políticas públicas de saúde para essa parcela da população que merece atenção à sua saúde e prevenção da capacidade funcional, visando o bem estar e uma melhor qualidade de vida (ARAÚJO et al., 2007).

    A Atenção Básica à Saúde, por meio da Estratégia Saúde da Família (ESF) constitui uma grande estratégia para atingir ações de promoção e prevenção à saúde do idoso. (CHRISTINA et al., 2007).

    Estudos recentes revelam que a proporção de óbitos por doenças do aparelho respiratório na população de 60 anos e mais, vem aumentando nas ultimas décadas, sendo que o vírus da influenza um dos principais agentes nocivos, embora se trate do causador de uma doença imunoprevinível (MINAS GERAIS, 2008).

    As complicações e mortes relacionadas à influenza ocorrem principalmente em idosos e em indivíduos acometidos por doenças crônicas como diabetes e hipertensão arterial. Os portadores dessas doenças são também em sua maioria, pertencentes às faixas etárias mais avançadas, desta forma, os idosos constituem o grupo para qual a Influenza é potencialmente mais lesiva, devido aos aspectos inerentes ao próprio processo de envelhecimento (REIS; NOZAWA, 2007).

    Para a prevenção e controle dos casos de influenza entre idosos foi instituído pelo Ministério da Saúde, em 1999, campanhas de vacinação contra a influenza. (DIP, 2007; DONALÍSIO et al., 2003; MINAS GERAIS, 2008; REIS; NOZAWA, 2007). Entretanto, assistia-se grande resistência pela adoção das práticas entre os idosos (MINAS GERAIS, 2008; REIS; NOZAWA, 2007).

    Múltiplos fatores colaboram com essa atitude como medo, possivelmente pela idéia de que essa medida pretendia matá-los ou por nunca terem sido vacinados em sua vida, má ou insuficiente informação, falta de motivação e até crendices e tabus. Outros estudos brasileiros atribuem a essa não adesão fatores como idade, escolaridade e comorbidades (GERONUTTI, MOLINA E LIMA, 2008).

    Passaram-se dez anos de sua implantação e as coberturas ainda são insatisfatórias em vários municípios do país, embora a vacinação constitua uma forma eficaz de prevenção e controle da doença e de suas complicações, e, seja disponível gratuitamente (BRASIL, 2009).

    Nesse sentido, este estudo buscou identificar os fatores que influenciam a adesão dos idosos à vacinação contra influenza em uma unidade de Saúde da família do município de Montes Claros, Minas Gerais.

Materiais e métodos

    Estudo quantitativo, descritivo e transversal, realizado em uma unidade Saúde da Família, no município de Montes Claros, Minas Gerais, entre os meses de outubro a dezembro de 2010.

    Participaram do estudo, idosos com idade igual ou superior a 60 anos, até abril de 2010, mês da campanha nacional contra influenza. Para levantamento dos idosos assistidos pela ESF Morrinhos II foi utilizado o consolidado das famílias cadastradas do ano de 2010, disponibilizado pela Secretária Municipal de Saúde Montes Claros.

    A seleção dos idosos adstritos no território ocorreu por meio da amostragem aleatória simples. Para a determinação do tamanho da amostra a ser pesquisado utilizou-se o software EPINFO versão 3.5.1 considerando uma freqüência de 50% já que não se tem conhecimento da constância dos eventos pesquisados, e um erro de 5% com intervalo de confiança de 95%. Dessa forma, considerando o total de idosos adstritos no território e a amostragem aleatória simples com margem de confiança gerada a partir do erro padrão, foi obtida uma amostra de n=139 idosos.

    O instrumento de coleta de dados utilizado constituiu-se de um questionário semi-estruturado, que contemplaram o perfil sócio-demográfico, o conhecimento da vacina contra influenza, as fontes de orientações e fatores relacionados à sua adesão ou não. As afirmações ou indagações do instrumento apresentavam categorias ou alternativas de respostas fixas e preestabelecidas e perguntas semi-abertas com espaço para outras possibilidades.

    Quanto ao modo de aplicação, este instrumento de coleta de dados foi aplicado por meio do contato direto após calibração da equipe.

    A presente pesquisa foi desenvolvida dentro dos parâmetros contidos na Resolução nº196/96 do Conselho Nacional de Saúde/ Ministério da Saúde, sendo aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual de Montes Claros, sob Parecer Consubstanciado nº 2182.

Resultados e discussão

    Fizeram parte da população em estudo 139 idosos, sendo que 76,3% (n=106) do sexo feminino, 39,6% (n=55) são casados e 61,9% (n=86) possuem o ensino fundamental. A média de idade observada foi de 70,85 anos.

    Em relação ao conhecimento dos idosos sobre a vacina contra influenza, observou-se que 94,2% (n=131) dos idosos entrevistados responderam conhecer a vacina. Dados semelhantes foram encontrados na pesquisa realizada por Santos; Oliveira (2010), com idosos com idade igual ou superior a 60 anos em uma Unidade Básica de Saúde de Taguatinga, Distrito Federal em 2009, onde evidenciou que 97,9% dos idosos tinham conhecimento sobre a existência da vacina contra influenza.

    Quanto aos benefícios que a vacina oferece verificou-se que 68,3% (n=95) conhecem os benefícios, 28,1% (n=39) não conhecem e 3,6% (n=5) não responderam. Estudo realizado por Araújo et. al. (2007), mostrou que, dos 74 idosos pesquisados, 85,3% possuíam conhecimento inadequado sobre a vacina contra influenza, sendo que apenas 14,9% possuíam conhecimento adequado sobre os benefícios, reações e contra-indicações da vacina. Também foi verificado na pesquisa de Geronutti, Molina e Lima (2008) que todos os idosos pesquisados indicaram ter ouvido falar sobre a vacina, porém somente 61,7% referiram à importância da mesma como prevenção.

    Observa-se ainda, que 61,2% (n=85) dos idosos entrevistados não receberam orientações por meio da Estratégia Saúde da Família sobre a importância da vacina contra influenza. Ao contrário, estudo realizado por Santos; Cazola (2008), com o intuito de identificar os fatores que influenciaram na adesão a vacinação contra influenza, entre a população maior de 60 anos de idade assistida pelas equipes do Programa Saúde da Família na área urbana do município de Aquidauana, Mato Grosso do Sul, averiguou que 88,5% da população responderam afirmativamente o recebimento de orientação sobre a vacina. Já na pesquisa de Geronutti, Molina e Lima (2008), verificou-se que pouco mais da metade dos idosos possuem informações e reconhecem a importância da vacinação contra a influenza.

    Referindo-se ao profissional que realizou as orientações, o Agente Comunitário de Saúde foi o mais apontado 63% (n=34), seguido pelo enfermeiro 24,1% (n=13) e por último o médico com 13% (n=7) o que condiz com o estudo de Santos; Cazola (2008), onde o Agente Comunitário de Saúde aparece como a principal fonte de orientação e meio de divulgação.

    O estudo realizado por Araújo et. al. (2007), contradiz esse achado, uma vez que o enfermeiro destacou-se como a principal fonte de informação sobre a vacina contra a influenza, com 29,7% e o médico com apenas 8,1%. Ainda segundo os autores, o número de informações vindas do médico mostrou-se menor em conseqüência desta categoria profissional, em sua maioria, continuar valorizando ações curativas, em detrimento das preventivas.

    Para Donalísio (2007), os profissionais de saúde têm um importante papel na recomendação dessa vacina, que reduzem danos à saúde de idosos e portadores de doenças crônicas, esclarecendo controvérsias sobre sua eficácia, eventos adversos e divulgando os reais benefícios da vacinação.

    Ainda segundo os meios de recebimento de informações sobre a vacina influenza, a televisão foi a mais citada (70,8%; n=73), seguida pela categoria vizinhos, familiares e amigos (39,8%; n=41) e, pelo rádio (9,7%; n=10).

    Em pesquisa realizada por Geronutti, Molina e Lima (2008), observou-se que 64,2% dos idosos obtiveram informações sobre a vacina influenza por meio de televisão e rádio. Para os autores se faz importante a divulgação das campanhas de vacinação, bem como a sua orientação através dos recursos de comunicação.

    Constatou-se que 77,7% (n=108) dos entrevistados receberam a vacina contra a influenza no ano de 2010. Embora essa cobertura vacinal seja semelhante à observada entre idosos residentes em alguns países da Europa, Canadá e Estados Unidos (LANDI et al., 2005; ANDREW et al., 2004) e também em cidades brasileiras (DONALISIO, RUIZ e CORDEIRO, 2006; FRANCISCO et al., 2006; LIMA-COSTA, 2008), esteve abaixo da meta de 80% estabelecida pelo Ministério da Saúde.

    Em relação aos fatores que motivaram o recebimento da vacina contra influenza, 43,5% (n=47) dos idosos destacaram a prevenção da influenza, 20,4 % (n=22) afirmaram ter sido a influência sofrida por outras pessoas, 21,3% (n=23) relataram o recebimento da vacina nos anos anteriores como fator motivacional. De forma semelhante pesquisa realizada por Santos; Cazola (2008), em relação aos motivos de aceitação, 75,0% dos idosos respondeu que aceitam porque a vacina previne contra a gripe, 8,4% disseram que a vacina é boa, 6,8% disseram ter tomado porque alguém os influenciou.

    Em relação aos motivos de não recebimento da vacina contra influenza entre os idosos no ano de 2010, 29% (n=9) atribuíram ao medo como principal fator contribuinte para o não recebimento da vacina, seguido pelas opções “achar desnecessário” 12,9% (n=4), “não saber sobre a vacina” 9,7% (n=3), manifestação de efeitos pós-vacinais em anos anteriores 9,7% (n=3).

    Dados semelhantes foram identificados na pesquisa de Santos; Oliveira (2010), cujos motivos para não-aceitação da vacina, foram o medo e acreditarem ser desnecessária, 23,3% e 22,4%, respectivamente.

Conclusão

    Os resultados encontrados mostraram uma estrutura multidimensional dos fatores associados à vacinação, que inclui características sócio-demográficas, conhecimento dos idosos a respeito da vacina, uso dos serviços de saúde e de outros meios de comunicação como fontes de orientação e motivos relacionados à adesão e a não-adesão. Recomenda-se que essas dimensões sejam consideradas para um aumento da adesão à vacina contra influenza.

    Diante do exposto, sugere-se ao serviço de saúde implementar estratégias de educação em saúde com o fim de melhorar o conhecimento da população de idosos a respeito da vacina contra influenza.

Referências

Outros artigos em Portugués

  www.efdeportes.com/
Búsqueda personalizada

EFDeportes.com, Revista Digital · Año 17 · N° 170 | Buenos Aires, Julio de 2012  
© 1997-2012 Derechos reservados