O lazer, a atividade física e a Educação Física nos serviços sociais: uma análise do Período Nacional Desenvolvimentista El ocio, la actividad física y la Educación Física en los servicios sociales: un análisis de Período Nacional Desarrollista The leisure, physical activity and Physical Education in social services: an analysis of National Developmental Period |
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*Pós Graduado em Psicologia Política aplicada á Atividade Física pela Universidade de São Paulo **Professor Doutor em Ciências da Atividade Física pela USP (Brasil) |
Eduardo Mosna Xavier* Marco Antonio Bettine de Almeida** |
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Resumo O Período Nacional Desenvolvimentista Brasileiro (1946-1964) marcou profundas mudanças na ordem econômica em nossa Nação. Além da evidente industrialização, a mudança do eixo populacional rural para o urbano criou um grande número de novas classes sociais, em virtude da rápida e pujante expansão das cidades. Entre os novos populares urbanos, destacaram-se os comerciantes e os industriários, oriundos das profissões de maior repercussão daquele momento histórico. Para tanto, fez-se necessário que o Governo Federal mobilizasse estruturas não apenas para a formação profissional, como também para a ocupação e o preenchimento do “tempo livre” não apenas daqueles empregados, como também de seus familiares. Com este escopo, foram criados os Serviços Sociais da Indústria (SESI) e do Comércio (SESC). O Sistema “S” foi concebido para que, através do uso da atividade física em todas as suas esferas (esportes, lúdicos e competições), os comerciários e industriários pudessem ter um espaço não apenas de práticas que garantissem a saúde e a qualidade de vida, como também, que permitissem sua socialização política, transformado estas áreas em verdadeiros espaços de formação física e social. Unitermos: Nacional Desenvolvimentismo. Políticas Públicas. Atividade física. Serviços Sociais.
Resumen Palabras clave: desarrollismo nacional. Políticas Públicas. Actividad física. Servicios Sociales.
Abstract Brazilian National Developmental Period (1946 - 1964) marked profound changes in the economic order in our nation. Besides the obvious industrialization, changing the shaft rural to urban population created a large number of new social classes, due to the rapid expansion of cities and thriving. Among the new urban popular, there were notable traders and industrialists, professionals from the greater impact of that historical moment. To this end, it was necessary that the Federal Government structures to mobilize not only for training but also for the occupation and the completion of "free time" not just those employees, but also their families. With this scope, were created Social Services Industry (SESI) and Commerce (SESC). The "S" system is designed so that, through the use of physical activity in all its spheres (sports, entertainment and competitions), the trading, and industrial workers could have a space not only to practices that ensure the health and quality of life, as well, allowing their political socialization, transformed these areas into real spaces of physical and social. Keywords: National Developmentalism. Public Policy. Physical activity. Social Services.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 17 - Nº 170 - Julio de 2012. http://www.efdeportes.com/ |
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1. Introdução
O Período Nacional Desenvolvimentista (1946 a 1964), além do perceptível crescimento econômico e industrial, corresponde á um dos maiores momentos de migração interna de nossa história, onde a inversão populacional (dos campos para as cidades) foi intensificada pelo crescente processo de industrialização, acarretando uma rápida mudança do eixo populacional, do rural para o urbano, com uma acentuada migração a partir da década de 50, consubstanciando o poder do crescimento e da industrialização na distribuição populacional em nosso território.
Esta transição populacional ajudou á definir a assunção de uma ideologia política primária, marcada prioritariamente sobre o predomínio do interesse econômico sobre o social. O comportamento político do poder vigente, bem como a materialização deste domínio através de obras e do crescimento financeiro, são marcas das diretrizes de todos os Governos Nacionais Desenvolvimentistas. Segundo Debrun (1983, pág. 37), estas mudanças econômicas somente ocorreram por uma transformação ideológica da Política Nacional, propiciando a incorporação de ideais pelo indivíduo e pela própria sociedade, através de suas Instituições.
Seguindo a transformação político ideológica, esse período também retratou o auge das Políticas Públicas vinculadas principalmente ao caráter pessoal do mandatário (clientelismo, coronelismo, populismo, messianismo, entre outras), deixando o aspecto institucional da máquina estatal, bem como minúcias burocráticas, para um segundo plano. Os governos de Getúlio Vargas (2º mandato – 1951 á 1955) e de Juscelino Kubitschek (1956 a 1964) exemplificaram esta espécie de modelo de Gestão Pública onde a personalidade do governante era, deveras, muito mais importante do que seu conhecimento político e administrativo para gerir a máquina estatal. Cremonese (2006, pág. 47) consegue exemplificar a necessidade brasileira de procurar protagonistas políticos com perfil similar ao descrito anteriormente, desde o Estado Novo até os dias atuais.
Apesar do intenso momento político, econômico e social do Nacional Desenvolvimentismo, a significância histórica do período analisado não foi devidamente valorizada pelos estudiosos. Para Ferreira (2001, pág. 07), em virtude de múltiplos fatores, abstraíram poucos fatos e perspectivas gerais sobre aquele momento, focando apenas no crescimento econômico industrial, que constituiu a mola propulsora daquela sociedade.
Santos (2009, pág. 01) reforçou a importância econômica deste Período que, apesar do pequeno número de estudos acadêmicos, constituiu um lapso temporal em nossa história onde a Industrialização foi o ponto marcante na elaboração de políticas governamentais. O Nacional Desenvolvimentismo marcou não apenas a inversão populacional dos campos para as cidades, como também o aumento do número de industriários e de comerciantes, impulsionados tanto pela fabricação como pelo consumo de produtos processados e terceirizados.
A industrialização contribuiu para formação de uma cultura de trabalho, criando reflexos na população, efeito este denominado por Ansara (2010, pág. 97) de “fatalismo”. Segundo a autora, a visão de marginalização social existente nas camadas menos privilegiadas da população latino americana remonta a políticas públicas praticadas (sobretudo no período estudado) que acarretaram numa aceitação e conformismo de quem não tem condições de ascensão, não apenas social, mas físicas e de saúde. Os industriários e comerciantes (bem como suas famílias), desta forma, ficaram fadados á este “fatalismo”, incorporando como uma espécie de “cotidianiedade”.
Este estilo de vida, com características tecnocrata e alienada impulsionou os trabalhadores e seus familiares, analisados neste trabalho, para uma vida resumida pela exigência laboral e por exíguos momentos de descanso, deixando para um segundo plano dois tipos de vivência imprescindíveis para um estilo de vida saudável, quais sejam, o Lazer e a Atividade Física. Estas duas atividades, principalmente quando realizadas no Tempo Livre, proporcionam não apenas ao trabalhador, mas á seus familiares, momentos de descontração necessários para suportar a extenuante jornada dentro e fora do âmbito profissional.
Neste contexto, a Atividade Física contribuiria não apenas para a manutenção da saúde e da qualidade de vida, mas também apara a ”Saúde Mental”, já que seus benefícios ultrapassam os aspectos fisiológicos. Assim como a Atividade Física, o Lazer não foi valorizado durante o Nacional Desenvolvimentismo. Segundo Almeida (2008, pág. 35), o lúdico não tem apenas uma importância subjetiva e individual, mas tem um fundamental apelo social, possibilitando, além da interação e a convivência entre as pessoas, a possibilidade de se estabelecer novas formas de racionalização sobre os acontecimentos que permeiam a vida das pessoas.
Especificamente dentro do estudo histórico da Atividade Física, o Nacional Desenvolvimentismo marcou não apenas a continuidade, mas o auge da Doutrina Higienista, oriunda no final do Século XIX. Para Bracht (1999, pág. 74), esta filosofia de ensino de práticas físicas priorizava exercícios repetitivos para a busca de um corpo considerado “saudável”. O treinamento físico e a ginástica eram amplamente disseminados, sobretudo em Clubes Poliesportivos e em aulas escolares de Educação Física.
A Doutrina Higienista apenas materializou um tradicional apreço que o povo brasileiro sempre teve pela prática de modalidades esportivas (principais formas de intervenção relacionadas á Atividade Física), sobretudo no tocante às modalidades esportivas coletivas. Costa (2004, pág. 07), a explicação desta proximidade do brasileiro por estas práticas não se limita apenas na busca da competição, do rendimento, da saúde e da qualidade de vida. As execuções destas atividades acabam produzindo efeitos nas esferas sociais e culturais onde, reforçados pela miscigenação, multiculturalismo e voluntariado (características típicas do povo brasileiro), resultam em ferramentas de elevado poder ideológico.
Entretanto, apesar da importante finalidade ideológica da elaboração de Políticas Públicas e da importância histórica que o brasileiro manifestava pela atividade física e pelo lazer; a garantia e o respaldo para estas práticas não foram contemplados na legislação de maior referência para este período inicial do Nacional Desenvolvimentismo. A Constituição da República Federativa do Brasil, publicada em 18 de Setembro de 1946, não contemplava o direito á práticas de atividades físicas em seu artigo 159, que preconizava os direitos individuais do cidadão brasileiro.
O Nacional Desenvolvimentismo também foi marcado pela dificuldade em encontrar um órgão gestor competente para administrar e promover a atividade física no Brasil, resultando num pequeno fomento de Políticas Públicas. O esporte competitivo, sobretudo o Coletivo, era considerado uma exceção ao cenário, já que visibilidade olímpica positiva poderia alterar a percepção externa do País, favorecendo políticas de relacionamento com outras Nações.
A Educação Física escolar também mereceu uma atenção diferenciada na elaboração de Políticas Públicas, com o intuito de contribuir com a formação do futuro cidadão brasileiro, nos moldes almejados pela classe política diretiva. Para Castro (1997, pág. 11), as aulas desta disciplina escolar foram elaboradas com exercícios calistênicos e de repetição, com forte teor militarista, denominado de “Sistema Francês”. Esta sistemática de prática (exigente, não lúdica e mecanizada), começou no Brasil em meados do Século XX, atingindo seu ápice durante o período estudado onde, integrando a maioria dos estabelecimentos de ensino do País (mais de 90% das Escolas Públicas e Privadas utilizam o Método Francês).
Diferentemente da Atividade Física Escolar (higienista e militarizada), o Lazer teve uma concepção diferente no Brasil durante o Nacional Desenvolvimentismo. As atividades lúdicas (oferecidas principalmente em espaços destinados aos trabalhadores) ofertavam alternativas para que o trabalhador pudesse manifestar o que Elias (1994, pág. 21) denominava de “Válvula de Escape”, ou seja, um local para extravasar suas emoções reprimidas de forma a não prejudicar a linha de produção. Segundo este autor, este mecanismo era imprescindível dentro do chamado “Processo Civilizador”, garantindo uma continuidade social, através de uma ação reiterada, reproduzível no tempo e no espaço e extremamente necessária para uma vida em sociedade.
Desta forma, a Atividade Física e o Lazer possuem destacada importância para a vida social. Durante o Nacional Desenvolvimentismo, o Governo estruturou e fomentou algumas Entidades Paraestatais para proporcionar aos trabalhadores e á suas famílias um espaço, não apenas para as já citadas práticas, mas para a formação profissional e para a educação infanto juvenil. Estes entes formaram um Sistema Integrado denominado de “Serviços Sociais”. Estas Entidades Para Estatais foram criadas a partir do final do período histórico intitulado de “Estado Novo” (1930 a 1946) tinham como principal objetivo não apenas formar mão de obra, como também propiciavam educação e lazer para os trabalhadores e seus familiares.
Estes Serviços Sociais recebiam os filhos dos trabalhadores e ofertavam a estas crianças e adolescentes a formação educacional de 1º Grau (atual Ensino Fundamental) e de 2º Grau (Ensino Médio e Profissionalizante). Além da formação, estes serviços também propiciavam momentos de lazer e de atividade física em seus clubes, já que suas estruturas prediais eram construídas em grandes espaços urbanos (de fácil acessibilidade), permitindo uma longa permanência dentro do SESI e do SESC durante sua etapa formacional.
Não apenas as crianças e os adolescentes eram atingidos pelo encantamento do lazer e da recreação, como também a população adulta, sobretudo, em seus momentos de folga. Júnior (2004, pág. 12) acreditava que tais atividades eram consideradas como verdadeiras ferramentas físicas e psicológicas para a população em geral, atingindo esferas psicológicas importantes dentro das relações de sociabilidade para todas as Classes Sociais (incluindo, neste contexto, os industriários e os comerciantes) que freqüentavam estes espaços.
O Sistema “S”, portanto, foi concebido para propiciar à emergente classe de trabalhadores urbanos (incluindo seus familiares) vinculados á Indústria e Comércio, um espaço multidisciplinar, destinado não apenas ao esporte e ao lazer, como também à educação, transformando estes locais em verdadeiros pontos de referência não apenas aos operários e comerciantes, como para outras pessoas de profissões diversas, englobando nesta rede os seus familiares. Nessas Instituições, as Atividades Físicas e Lúdicas eram realizadas com base nas ações de movimentos corpóreos dos praticantes.
Os Serviços Sociais, portanto, não se resumiam apenas á prática de atividades físicas e Lúdicas, eram verdadeiros espaços de Socialização Política, tanto para idosos, adultos como, principalmente, para as crianças (estas utilizam os bancos escolares e a estrutura de lazer, permanecendo sob os auspícios destes locais durante boa parte do dia). A estrutura física e de atividades ofertadas pelo Sistema “S” permitia aos seus freqüentadores não somente a utilização dos serviços e das estruturas, como também a participação (de forma não intencional), de seu público na concepção da assunção de papéis na sociedade urbana, esculpindo estas pessoas em verdadeiros atores sociais dentro de um processo político complexo.
O Período Nacional Desenvolvimentista, marcado pelo histórico crescimento econômico e industrial, deixou significativas e profundas alterações, não apenas na distribuição espacial em nosso território, como também na formação e crescimento de novas Classes Sociais, a dos industriários e dos comerciantes. Para acolher estes novos trabalhadores, bem como exercer influência direta e indireta sob seu modo de vida, foram criados os Serviços Sociais. A prática de atividade física e lúdica nestes espaços foi fundamental naquele Período, sobretudo, para massificar a Educação Física (sob intensa influência do Sistema Francês e Higienista) e o Lazer (para ocupar o tempo livre) na sociedade brasileira. Entender as atividades físicas e lúdicas praticadas pelos trabalhadores e seus familiares nos Serviços Sociais ajudará a traçar um diagnóstico, não apenas da qualidade de vida, mas também das relações sociais e políticas estabelecidas e sedimentadas naqueles espaços.
2. O Alcance do Termo “Social” no Sistema “S”
O Sistema “S” utilizou uma forte terminologia para que os trabalhadores se identificassem com seus propósitos e se aproximasse de suas ações, qual seja, o uso da palavra “Social”. O termo “Social” pode acarretar uma série de interpretações que o diferenciam do conceito comum de oposição com o termo “Individual”. Do ponto de vista estratégico, os Serviços Sociais podem ter uma forte vinculação com uma ordem político-institucional constituída à época, com um propósito específico de prestar serviços á uma parcela representativa da população, que possui (em sua maioria), as mesmas características, sobretudo laborais. Munck (1997, pág. 05) vislumbrou o termo “Social” não apenas como um coletivo de pessoas, mas como uma perceptível propaganda institucional, servindo como uma importante estratégia de marketing para aproximar os comerciantes e os industriários.
O forte apelo de formação de relações sociais, entretanto, não permitia a participação direita dos seus sócios na elaboração das atividades e intervenções nos clubes administrados pelo Sistema “S”. Caberia ao Núcleo SESI / SESC a racionalização e a implementação das atividades físicas, lúdicas e educacionais. Em contrapartida, os filiados destas Entidades têm o direito de usufruir das instalações e serviços. Este processo não é construído através de coordenações de ambos os lados. Tampouco os participantes destas Entidades participam da elaboração de eventuais estratégias políticas, cabendo aos Dirigentes (normalmente, formado por componentes bem sucedidos da própria classe social envolvida com o Serviço em questão) a elaboração do Plano Diretor de Ação, envolvendo a utilização das estruturas educativas e recreacionais, em consonância com as metas políticas estabelecidas.
Apesar da estrutura de controle e domínio estatal do Estado sobre os Serviços Sociais, estes espaços podem ter contribuído decisivamente para o abrupto crescimento da sindicalização de comerciantes e operários durante o Nacional Desenvolvimentismo, com reflexos agudos após o período da Ditadura Militar. O atual aumento da sindicalização, reflexo diverso da constante queda de componentes de associações, remonta a diversos motivos além da melhora das condições de trabalho. Segundo Ferreira (1999, pág. 08), a maioria dos filiados nestas associações não tinha como objetivo a participação política, mas a possibilidade de oferta, dentre outros serviços fundamentais, da atividade física, do lazer e da cultura (atividades estas ofertadas pelo SESI e SESC).
A participação maciça da família foi uma das principais entidades que garantiram a popularização do termo “social” pelos clubes e atividades elaboradas pelo Sistema “S”. Tanto as atividades físicas quanto as lúdicas empregavam a interação entre pais, filhos e irmãos. Segundo Andrade (2010, pág. 21) as intervenções nestes locais ofertavam ao núcleo familiar um importante espaço de convivência que poderia refletir, direta ou indiretamente, não apenas na melhora da saúde e da qualidade de vida, mas na formação político ideológica de seus participantes.
3. Os Serviços Sociais como um espaço de Socialização Política
As Entidades Paraestatais componentes do Sistema “S” como um verdadeiro espaço de dupla natureza, permitindo (de forma transversal) não apenas as práticas físicas e lúdicas, como também a socialização entre os membros que as freqüentavam. As pessoas que utilizam estes locais poderiam usufruir diversas atividades que permitiam a internalização deste processo, através das vivências ocorridas nos espaços da escola, dos clubes poliesportivos e das práticas esportivas de rendimento.
De forma isolada ou em conjunto; clube, escola e esporte constituíam o tripé fundamental de ações destes Serviços Sociais para com seus participantes. Estas atividades propiciavam a interação de diversos atores sociais (papéis estes exercidos tanto pelos funcionários como pelos sócios destas Entidades Paraestatais), presentes nas mais variadas esferas de convivência disponibilizadas nestes espaços.
Tal fato é justificado pelo nível de inserção do Sistema “S” nos hábitos de vida dos comerciários e industriários, permitindo o convívio destas pessoas tanto no momento de educação quanto, principalmente, nas horas de lazer. Portanto, os Serviços Sociais (como o SESI e o SESC) ofertavam verdadeiros espaços de socialização, permitindo a formação e o estreitamento das mais diversas relações inter pessoais. Desta forma, o “Sistema S”, apenas com sua estrutura humana e física, fomentava a interação da família, dos amigos e pares, da escola e do trabalho como verdadeiros Agentes de Socialização Política.
O Estado, utilizando esta tríplice oportunidade para a formação de espaços de socialização política, utilizou a estrutura ofertada pelos Serviços Sociais para tal. Por possuir características de Entidades Paraestatais, além de especificidades que coligam suas decisões a um Regimento Estatutário com uma maior proximidade do Poder Estatal, os Serviços Sociais se desvinculavam de outras formas de Organização Societária sem interferência do Governo. Assim, apresentavam uma certa tendência em se aproximar dos valores instituídos pelo Poder Estatal.
A multiplicidade de locais possíveis de realizar a socialização política se reflete diretamente no crescimento e amadurecimento do ser humano. Além de notadamente influente, propicia o desenvolvimento de uma personalidade política que resultará na ação / inação deste indivíduo quando atingir sua plena capacidade política, enfatizando a estreita relação entre juventude e socialização política.
O período de permanência das crianças e adolescentes nestas Instituições (SESI / SESC) é relevante para analisarmos a formação da consciência política desta faixa etária durante Período Nacional Desenvolvimentista. Apesar de existir outros espaços e agentes de socialização que atuam direta e indiretamente na formação do “eu político” (como demonstrados anteriormente), é indiscutível que, para a criança e o adolescente, a escola e a família constituíam (e ainda constituem) os principais mecanismos de formação da socialização política nos indivíduos que vivenciam esta idade biológica.
Como a Educação no Sistema “S” possuía um forte caráter profissionalizante (focando a futura substituição da mão de obra nos respectivos setores alvo de seus serviços). A estrutura de lazer e de atividade física ofertada era convidativa para a permanência posterior nos clubes para a continuidade de sua prática, esta espécie de preenchimento do tempo livre não fomentava a discussão sobre a realidade e, principalmente, sobre os problemas políticos existentes no período estudado. O ensino tinha características seculares e tradicionalistas, representando uma verdadeira extensão do que era ofertado nas demais escolas brasileiras daquela época. A recreação e a disciplina de Educação física não fugiam desta realidade: exercícios calistênicos e esportes coletivos com uma incisiva utilização de regras (como o futebol) funcionavam como um perverso mecanismo indireto de disciplinar as crianças e o adolescentes para se tornarem, posteriormente, comerciários e industriários abnegados e dedicados ao propósito nacional.
Além da possibilidade dos clubes vinculados ao Sistema “S” utilizarem seus múltiplos espaços como meios de socialização política, a atratividade das diversas modalidades esportivas ofertadas pelo SESI e SESC poderia ser caracterizada como uma espécie de sistema de dominação, que atuava veladamente na formação das crianças e dos adolescentes, afastando-os das discussões políticas. O ato de ensinar resulta numa troca de informações com forte apelo da cultura a ser imposta pelo Estado, legitimando tal mecanismo de dominação.
4. O Serviço Social da Indústria
A década de 1940 significou para o Brasil um período de adaptação às recentes mudanças no cenário interno e externo: a renúncia de Getúlio Vargas, o fim da Segunda Guerra Mundial, a posse de Eurico Gaspar Dutra na presidência da República e o crescimento da industrialização. Era uma época com perspectivas de liberdade e democracia. Por outro lado, aumentavam as tensões sociais – reflexo de problemas nos setores de alimentação, saúde, transportes e habitação.
Entre os empresários da indústria, da agricultura e do comércio estava clara a necessidade de criar um plano de ação social para o Brasil. Exposto na Carta Econômica de Teresópolis, de 1945, o pensamento ganhou força após uma reunião de sindicatos patronais e empregados de Minas Gerais. Ali, elaborou-se a Carta da Paz Social, amparada pelos princípios de solidariedade social que norteariam a criação do SESI. Em junho de 1946, o Presidente da República Eurico Gaspar Dutra baixou o Decreto Lei 9.043, instituindo o Serviço Social da Indústria e entregando-o à Confederação Nacional da Indústria (CNI). Esta Instituição tinha como fundamento, a melhora na qualidade e no estilo de vida do trabalhador do ramo industrial, evidenciado logo no corpo do artigo 1º do Decreto em questão. A preocupação do Governo com a vida social, econômica e moral do trabalhador constitui fator preponderante no objetivo estratégico que culminou coma criação do SESI. Além desta motivação, a criação deste Serviço Social específico pode ser explicada pelo abrupto crescimento da insurgente classe operária, produto da industrialização pujante que caracterizou o Período Nacional Desenvolvimentista. Para Júnior (2004, pág. 72), este cenário mobilizou o Poder constituído para a criação de uma modalidade de Serviço Social que, de forma geral, dividisse responsabilidades entre Setor Público e Privado sobre a vida laboral e extra laboral dos industriários e de seus familiares.
Esta Entidade teve, por finalidade, prestar assistência aos trabalhadores industriais, buscando preencher suas “carências” em diversos aspectos: transporte, alimentação, habitação, higiene e saúde, problemas econômicos e domésticos provenientes das relações no mundo do trabalho, conhecimento dos “deveres sociais e cívicos”, e a “defesa dos salários reais”. Concisamente, o SESI atuou (e atua) nas áreas de educação, saúde e lazer.
Nas letras legais que construiriam o SESI, foi percebido uma preocupação em expandir o conceito de “educação para a saúde”, envolvendo as áreas física, mental e emocional. Desta forma, o SESI tornou-se um dos pioneiros no Brasil em utilizar o vasto conceito de “saúde”, desmistificando esta palavra como uma mera “ausência de doença”, mas como uma situação onde o ser humano apresenta uma plena qualidade de vida. Entretanto, cabe esclarecer que a saúde do trabalhador também era importante para garantir sua produção laboral, impulsionando, de forma crescente e constante, a já citada pujante indústria do Nacional Desenvolvimentismo.
O SESI foi uma das instituições pioneiras no Brasil que tentaram reunir determinado Grupo Social (no caso, a de industriários) para realizar competições de caráter esportivo. A necessidade de atender a Classe dos Industriários fomentou a construção de estruturas de esportes que satisfizessem seus anseios. Com base no crescente apreço popular pelo futebol, os Clubes pertencentes a esta Entidade Paraestatal construíram inúmeros campos de futebol, utilizando uma grande variedade de tipos de calçamento (grama, areia e concreto). A diversidade de tipo de campo atingiu diretamente a preferência dos industriários, ocasionando um aumento substantivo da filiação desta Classe de Trabalhadores junto ao Serviço Social da Indústria.
Em 1946 (logo após sua fundação), o SESI foi pioneiro em organizar uma competição esportiva que envolveu trabalhadores deste segmento de produção. A 3ª Olimpíada Operária, realizada durante todo o mês de maior de 1949, foi a que teve maior destaque. Embrião dos Jogos Abertos do Interior, a estrutura desta competição impressionou para os padrões da época. Segundo relatos da FIESP, esta competição envolveu, ao todo, 1.000 (mil) atletas de diversas regiões brasileiras. Sediada em São Paulo, a 3ª Olimpíada trouxe competidores de locais onde se iniciava o processo de industrialização.
O SESI concretizou esta união do proletariado para a realização de práticas esportivas competitivas organizando a primeira edição dos “Jogos Abertos do Interior”, elaborado por esta Instituição, em 1953. Este evento reuniu, praticamente, todos os trabalhadores cadastrados nas diversas modalidades disponibilizadas por este Serviço Social, contando com a participação de mais de 10.000 pessoas nas disputas de diversas competições esportivas, tanto individuais quanto coletivas.
A vinculação da atividade física com o lazer possui estreitos laços de relacionamento e interesse mútuo, marco que se perpetuo nos SESI até os dias atuais. Para Ramalho (200, pág. 75), a simbiose existente entre eventos na área recreacional, esportiva e lúdica, destinados à nascente massa proletária, bem com o envolvimento significativo de seus sócios. Este efeito era, ainda, potencializado pelo amplo canal de comunicação informal existente entre industriário e o SESI, relativo, principalmente, à divulgação de eventos (de qualquer natureza), para que a participação nos mesmos fosse considerável. Tal fato, apesar de gerar um círculo virtuoso que possibilitou um sensível aumento do número de sócios, impediu ações de marketing que gerassem um arquivo destes eventos para estudos posteriores, sendo que os relatos e, principalmente, os efeitos destes “jogos informais” acabaram se perdendo no tempo.
Em suas escolas, o SESI (apesar de apresentar uma formação em classes híbridas, compostas por ambos os gêneros) dispunham, nas aulas de Educação Física, de atividades que segregavam meninos e meninas. Como bem ilustra Souza & Altmann (1999, pág. 58), os meninos realizavam esportes e dinâmicas relacionadas com a força (poder e dominação, como os esportes coletivos – caso do futebol). Já as meninas realizavam ações mais suaves, que privilegiavam a beleza e a sensibilidade (suscetíveis à dominação, como as danças – caso do ballet), numa clara acepção de uma formação machista, com reflexos diretos e indiretos na própria socialização política destes futuros cidadãos.
5. O Serviço Social do Comércio
O Serviço Social do Comércio (SESC) é uma Entidade Paraestatal, sem fins lucrativos, com atuação em todo âmbito nacional, voltada para o bem-estar social dos comerciários e empregados de empresas de serviços, bem como de seus familiares. Atua, assim como o SESI, nas áreas da Educação, Saúde, Lazer, Cultura e Assistência Médica. Foi criado em 1946, no dia 13 de Setembro, pelo Presidente Eurico Gaspar Dutra que assinou o Decreto-Lei n° 9.853 autorizando a Confederação Nacional do Comércio a organizar e implementar o Serviço Social em pauta.
A criação de um serviço especial aos comerciários justificou-se pelo rápido crescimento apresentado por esta classe de trabalhadores, sobretudo na década de 1940. Impulsionado pela pujante onda de industrialização, a necessidade de comercialização dos recentes produtos manufaturados ocasionou uma verdadeira multiplicação de lojas, mercearias, supermecados e diversos outros tipos de prestadoras de produtos e serviços à população brasileira. Assim como na industrialização, o eixo Rio de Janeiro – São Paulo – Minas Gerais – Paraná apresentaram um abrupto crescimento no número de comerciantes, justificando ser estes 04 (quatro) Estados da Federação à receberem as primeiras unidades do SESC.
Os espaços destinados á prática de Atividades Físicas, ofertados pelo Serviço Social do Comércio, eram muito similares aos oferecidos pelo Serviço Social da Indústria, sobretudo no tocante a distribuição espacial. Ambas as Autarquias utilizavam o que Ziperovich (2007, pág. 73) denominava de “tipologia de espaços”, caracterizando-os não apenas pela estrutura física, como também pelo círculo de convivência social que permeava (e ainda permeia) seus participantes. Em consonância com o autor, identificamos os espaços escola, sócio-cultural / comunitário, aquático e esportivo como os principais oferecidos por aquela Instituição.
A divisão dos espaços de convivência social em áreas temáticas, além de facilitar a procura do trabalhador do comércio e de sua família para realizar a ação que melhor lhe aprouver, também criou facilidades na detecção de potenciais atletas de alto nível. Foi o caso do triplo saltista Adhemar Ferreira da Silva, filho de comerciante que realizou seus primeiros saltos num espaço esportivo do SESC Pinheiros, sendo conduzido por um “descobridor de talentos” para a Escola Desportista do São Paulo Futebol Clube, que o lapidou e o transformou num campeão olímpico.
Em 1951, o SESC organizou uma “Liga de Futebol de Salão Amador”, destinada a comerciantes e comerciários, na cidade do Rio de Janeiro. Com a participação de 24(vinte e quatro) times, este campeonato teve duração de 06 (seis) meses. Foi desenvolvido em sistema de grupo de 04 times, onde os comerciários jogavam em turno e returno, classificando os melhores de cada grupo para a fase final. O estreitamento de laços e formação de vínculos comuns transformou este momento, funcionando como uma verdadeira incubadora para o surgimento do futuro Sindicato dos Comerciantes do Estado da Guanabara, convertido posteriormente para do Estado do Rio de Janeiro, em 1954. Pioneiro no Brasil (na área comercial), este Sindicato apresentou uma forte interferência na esfera política desde a década de 1960, além de possuir, em seus quadros, o maior número quantitativo de afiliados no Brasil.
Em 1956, o SESC iniciou um programa destinado à Educação Complementar das esposas dos comerciantes e de seus afiliados. Com o objetivo de preencher o “tempo ocioso” destas mulheres (normalmente no momento em que seus maridos trabalhavam), estes cursos ensinavam desde técnicas de afazeres domésticos até a prática de esportes individuais e coletivos. Além de ser considerado o primórdio das Escolas de Esportes Femininos no Brasil, esta ação do SESC foi aperfeiçoada pelo Governo Federal, Estadual e Municipal, gerando a formação dos primeiros Cursos Profissionalizantes Femininos, com atividades, até hoje, parecidas com as desenvolvidas por esta ação pioneira deste Serviço Social. Esta ação constitui uma das primeiras intervenções realizadas com o intuito de inserir a mulher no contexto de modernidade, exigido nas sociedades urbanas, não apenas para as práticas físicas e de lazer, mas, também, nos processos de socialização que culminaram com as recentes políticas de valorização da mulher, divulgadas amplamente na contemporaneidade.
As situações históricas anteriormente citadas indicam uma maior participação do SESC no tocante à formação embrionária de Políticas Públicas, sobretudo as relativas ao Direito dos Trabalhadores (Sindicato dos Trabalhadores do Rio de Janeiro) e das Mulheres (Escolas de Esportes Femininos). Estas iniciativas, pioneiras no Brasil, contribuíram pós Período Nacional Desenvolvimentista, no fomento de ações governamentais mais abrangentes que, através do uso destas ferramentas físicas e lúdicas, procurou gerenciar e ocupar o tempo destes grupos sociais.
6. Considerações finais
Durante o Período Nacional Desenvolvimentista, a Educação Física no Brasil não foi pensada como uma ciência que pretendia alcançar, como última finalidade, a saúde e a qualidade de vida das pessoas. Focava-se apenas no esporte competitivo sendo este, além do principal objetivo destas ações humanas, a força motriz que impulsionava o fomento de Políticas Públicas nesta área. Esta visão histórica do esporte apenas como um “espetáculo”, afastou a saúde e a qualidade de vida do foco principal destas práticas e ações governamentais, sobretudo no Nacional Desenvolvimentismo. O uso do futebol e do marketing propiciado por esta modalidade reverberou diretamente na concepção da finalidade do Esporte, praticado pelos clubes pertencentes ao Sistema “S”. Tal visão materializou, nestas Entidades Paraestatais, um conceito de gestão de atividade física e de lazer propalado e utilizado pelo poder constituído vigente à época.
Por sua vez, os políticos do poder central, em número importante, estariam se conciliando com a percepção do esporte como espetáculo, também dando prioridade ao tão propalado país do futebol e pondo de lado a maioria silenciosa que se identifica com o associativismo esportivo, o lazer e a saúde em suas diversificadas práticas. A conseqüência mais grave destas interpretações superficiais, ou por outras razões adversas, é a marginalização do esporte e, sobretudo, das atividades físicas voltadas para saúde, educação, lazer e inclusão social, nas estatísticas nacionais. Há, então, um desconhecimento do porte e significado dos esportes em conjunto e em escala nacional, embora o setor em foco possa ser uma das maiores, senão a maior das atividades sócio-culturais do país. Tem prevalecido, portanto, a intuição das lideranças e dos gestores governamentais em suas intervenções e nas poucas iniciativas de políticas públicas envolvendo o esporte e a Educação Física em seus percursos históricos.
A criação do Sistema “S” refletiu uma necessidade política, não apenas de garantir uma estrutura de ocupação do “Tempo Livre” à crescente mão de obra urbana em comércios e indústrias, mas também para a formação e sedimentação de uma “classe social”, cujo comportamento refletiu, num primeiro momento, não apenas na ideologia destes nascentes grupos, mas naquela mais conveniente à classe dirigente e dominante.
Os sócios destes Serviços Sociais eram submetidos ao aprendizado lúdico e esportivo (Sistema Francês de Educação Física) que propagava certa alienação, sobretudo na concepção e significado destas práticas (principalmente no que se refere à socialização política das crianças e adolescentes que freqüentavam as escolas destes espaços). Tais atitudes geraram profundos reflexos na concepção, não apenas do físico e do lúdico, mas também na visão e submissão destes seres humanos ao Estado, repercutindo diretamente na futura classe de industriários e comerciantes. Os profissionais desta área (formados nos bancos escolares destas Instituições), materializavam uma importante parcela da Política Social de expansão dos Serviços Sociais durante o Período Nacional Desenvolvimentista.
Havia, no período, uma ausência de ações sistematizadas governamentais diretas, fruto da não utilização da atividade física e do lazer como plataforma de intervenções políticas. Estes Serviços Sociais (sobretudo o SESI e o SESC) tinham um importante papel indireto para propiciar a prática de exercícios físicos (com e sem finalidade desportiva), além do lúdico, na maioria do território nacional, sobretudo pela falta de uma Entidade que planejasse e implementasse tais práticas, bem como fiscalizasse os profissionais e regulamentasse suas dinâmicas de atuação.
O SESI, com seus pilares constitutivos pautados no atendimento do proletariado, apresentou uma significativa expansão em todo território nacional durante o Nacional Desenvolvimentismo. Esta evolução, constante desde sua criação, atingiu outros trabalhadores, não vinculados à classe de industriários.
Ainda sobre o campo escolar, a segregação entre os diferentes gêneros, existente nas aulas de educação física, demonstrava um exemplo da estrutura de dominação do garoto sobre a garota, do menino mais velho e com maior aptidão sobre aquele mais novo e com performance de menor rendimento. Tais práticas eram realizadas pelo sistema de ensino adotado nos cursos de formação do eixo SESI – SESC. A educação física escolar, empregada nos Serviços Sociais, ficou à mercê do plano de ensino instituído pelo Governo dirigente do Período que, apesar de se manifestar como opositor ao anterior nacionalismo exacerbado, cultuava a formação dos futuros cidadãos com uma “brasilianiedade” aflorada. Como bem resumiu Bracht (1999, pág. 73), a atividade física vinculada aos bancos escolares, além do caráter higienista e de culto ao corpo, também formava mentalmente as futuras crianças e adolescentes para um mercado de trabalho que necessitava de mão de obra especializada (sobretudo na Indústria – SESI, e no comércio – SESC).
Fica claro que, além de segregacionista, a educação física do “Sistema S”, de acordo com a doutrina higienista e militarista em vigência, tinha como escopo a formação do futuro industriário e comerciante: exercícios calistênicos e de ginástica fortificavam o corpo para as funções posteriores que estes futuros profissionais iriam exercer. Segundo Soares (2007), esta preparação corporal para os trabalhos vindouros, além de necessária, corroborava com o espírito nacionalista da época.
Quanto aos trabalhadores usuários dos Serviços Sociais, podemos afirmar que os benefícios adquiridos pelos trabalhadores, desde o final do Estado Novo, transpassando por todo Período Nacional Desenvolvimentista, foi amplo em relação aos momentos históricos anteriores. O salário mínimo, a proteção do trabalho da mulher e a criação do Sistema “S” foram apenas alguns direitos e garantias que surgiram neste lapso temporal, com o intuito de estabelecer Políticas Públicas que abrangesse estas crescentes Classes Sociais.
Portanto, os Serviços Sociais materializavam uma gestão de Políticas Públicas de lazer e de atividade física do Nacional Desenvolvimentismo que fomentava, de forma amadorística, a formação de atletas para os esportes competitivos (sobretudo os coletivos). Os usos das diversas modalidades esportivas nos clubes destes Entes Paraestatais não objetivavam a busca da saúde e qualidade de vida como metas prioritárias. A administração do “Tempo Livre” e a concepção destes espaços para a Socialização Política constituíam o principal foco de preocupação no gerenciamento não apenas das atividades escolares e daquelas praticadas nos clubes, como também na idealização e aplicação dos Jogos e Olimpíadas destinadas aos industriários e comerciantes.
Referências
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EFDeportes.com, Revista Digital · Año 17 · N° 170 | Buenos Aires,
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