Propostas metodológicas para o ensino das saídas de agarre e de atletismo para provas de velocidade na natação Propuestas metodológicas para la enseñanza de las salidas de agarre o de atletismo para las pruebas de velocidad en la natación Methodological proposals for teaching the grab-start and the track-start in the sprints swimming’s competitions |
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*Professor de educação física e proprietário da Escola de Natação Dinâmica, Londrina, PR **Mestre em educação física e docente do curso de graduação em educação física da Faculdade Ingá, Maringá, PR |
Leandro Santiago da Silva* Cesar Luis Teixeira** (Brasil) |
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Resumo Na natação existem duas maneiras de se iniciar uma prova. A primeira delas é de cima do bloco de partida com um mergulho e a segunda de dentro da água. Na primeira maneira encontramos duas variações no posicionamento no bloco de partida, denominadas como saída de agarre e saída de atletismo. O objetivo deste estudo foi propor uma metodologia de aprendizado das saídas de agarre e atletismo da natação para as provas de velocidade. Esta pesquisa foi desenvolvida por meio de revisão bibliográfica, onde foi encontrado que a metodologia utilizada para o ensino da saída de agarre e de atletismo é a mesma, mudando apenas o posicionamento dos pés na posição preparatória, e confirmando ainda a importância de seu ensino na formação do nadador. Unitermos : Saídas na natação. Metodologia da natação.
Abstract In the swimming competition there are two ways to beginning the race. The first one is over the start block with a deep to the water and the second one is in the water. At the first way we find two manner of position on the start block called “Grab Start” and “Track Start”. The purpose of this study was to suggest a learning methodology to Grab Start and Track Start for velocity swimming contest. This study was developed by bibliography review, where was found that the used methodology to teaching Grab Start and Track Start is the same, just changing the feet position on the preparatory stage, and confirming its teaching significance in the swimmer formation. Keywords : Swimming starts. Swimming methodology.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 17 - Nº 170 - Julio de 2012. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
Na natação de acordo com Navarro (1995) e Palmer (1990), há basicamente duas maneiras de se iniciar uma prova. A primeira, da borda da piscina, com um mergulho, e este método se aplica às provas de crawl (estilo livre), borboleta e peito. O segundo método é começar de dentro da água, utilizado no estilo costas. O objetivo da saída é impulsionar o nadador à frente, da extremidade da piscina, o mais rápido possível e com o maior impulso possível.
Para a saída da borda da piscina existem duas variações no posicionamento das pernas no bloco, que Maglischo (1999), define como saída de agarre e saída de atletismo.
Nos últimos anos as saídas da natação vêem sendo muito questionadas, com relação a sua participação nas provas de velocidade. Segundo Walker (2004), em uma prova de 50 metros nado livre, a saída representa cerca de 10% do seu tempo, por isso faz-se necessário à realização de estudos para identificar qual é a melhor saída (atletismo ou agarre), onde, em uma prova de velocidade, o primeiro e o segundo colocado são separados por centésimos de segundos um do outro e assim por diante. Assim um atleta que tem uma boa técnica de saída terá uma vantagem sobre os atletas que não dominam tão bem esta técnica, um fator que poderá ser determinante no resultado final de uma prova.
Na metodologia da natação, observamos muitas vezes que o professor não dá a devida importância ao processo de aprendizagem das saídas, faltando assim um caráter mais dirigido a esta aprendizagem, onde o aluno através da experimentação dos dois tipos de saída teria condições de escolher a mais eficiente, a que a ele mais se adapta.
Sendo assim qual seria a melhor metodologia de aprendizado das saídas de agarre e atletismo na natação?
Para tanto, utilizando – se de uma pesquisa de cunho bibliográfico visamos: Propor uma metodologia de aprendizado das saídas de agarre e atletismo para as provas de velocidade na natação.
A saída
Segundo as regras da FINA (2000), a saída nas provas de nado livre, peito e borboleta serão dadas com um mergulho. No apito longo do árbitro os competidores devem subir no bloco de partida, ali permanecendo. Ao comando do juiz de partida “aos seus lugares”, eles devem imediatamente tomar posição de partida com pelo menos um dos pés na parte anterior do bloco de partida e lá permanecerem imóveis ate o sinal de partida, que só será dado no momento em que todos os atletas estiverem imóveis.
Saída de agarre
De acordo com Lima (1999) a Saída de Agarre foi introduzida na natação competitiva nos anos 70, substituindo a saída convencional.
Maglischo (1999), divide a saída de agarre em: (a) posição preparatória, figura 01; (b) empurrada figura 02; (c) impulso do bloco figuras 03 (a e b); (d) vôo; (e) entrada.
Saída de atletismo
Segundo Maglischo (1999), uma adaptação da saída de agarre é à saída de atletismo. Onde a principal diferença entre elas ocorre na posição preparatória no bloco de partida. Na saída de atletismo o nadador coloca um pé perto da parte de trás do bloco visto que na saída de agarre ambos os pés estão sobre a borda dianteira do bloco de partida
Issurin e Verbitsky (2002), citam que a saída de atletismo foi introduzida por Fitzgerald em 1973 e segundo Lima (1999), começou a ser utilizada em na natação competitiva a partir dos anos 80, “quando ao observar nadadores com deficiência de impulsão em uma das pernas solicitavam aos nadadores que colocassem uma perna na frente e outra atrás”.
Maglischo (1999), divide a saída de atletismo em: Posição Preparatória figura 04; Empurrada figura 05 e Impulso no Bloco figuras 06 (a e b).
A técnica da entrada na água, do deslizamento e da saída para o nado da saída de atletismo é a mesma utilizada na Saída de Agarre, Maglischo (1999).
Propostas metodológicas
De acordo com Lima (1999), a saída da natação deve ser ensinada após o aluno ter assimilado e aprendido o estilo e o mergulho elementar.
Para Catteau (1990), é de suma importância que o professor de natação adote uma metodologia de ensino para alunos iniciantes, respeitando as limitações individuais, tanto de crianças como de adultos. Sendo necessário que se faça um trabalho de adaptação ao meio líquido, antes de se ensinar os estilos da natação (crawl, costas, peito e borboleta), e até mesmo as saídas e viradas. Pois um aluno adaptado ao meio líquido terá muito mais facilidade de aprender a executar a técnica de saída do que aquele que não é tão bem adaptado.
A metodologia de ensino da saída tanto para saída de agarre como para saída de atletismo é a mesma, o que muda é à partir do momento em que se executa a saída da posição propriamente dita, onde o que muda é o posicionamento dos pés, de acordo com Maglisho (1999).
Para Palmer (1990), o aprendizado da saída se divide em várias etapas, descritas abaixo:
Queda sentada grupada
Este exercício pode ser executado da beira da piscina. Esta posição deve eliminar um pouco o medo do aluno, por estar próximo da água. O aluno deverá sentar na beira da piscina com a cabeça baixa entre os braços que devem ficar estendidos e unidos, apontados para água, após a queda executa-se uma expiração pelo nariz retornando a superfície.
Impulso sentado
Neste exercício, o aluno deverá ficar sentado na beira da piscina com o tronco estendido, e com os braços unidos e estendidos acima da cabeça com as mãos dadas. O impulso deverá ser feito para cima, com uma leve flexão dos quadris para que ocorra uma boa entrada na água.
Mergulhos de joelhos e agachados
O aluno deverá ajoelha-se em uma das pernas, e a outra perna deve ser posicionada de tal forma que ele consiga manter-se equilibrado. Os braços devem ser posicionados da mesma forma do exercício anterior. Com uma inclinação do aluno à frente, onde a pernas deverão estender-se totalmente no momento do impulso da saída.
Queda agachada
O aluno assume a posição agachada com um pé à frente, utilizando o impulso dos dois pés, a partir da borda da piscina. Os braços devem ser posicionados da mesma forma do exercício anterior, apontados para o ponto pretendido de entrada.
Mergulho direcionado
O aluno assume a posição de pé na borda da piscina, com um pé à frente, com uma leve flexão no joelho. O corpo deve estar inclinado à frente na direção da água. A cabeça deve estar entre os braços que por sua vez deverão estar estendidos com as mãos unidas. A saída deve ser suave com elevação da perna de trás estendida, inicialmente, para então se juntar à perna da frente antes do final da entrada na água.
Queda com flexão do tronco
Na posição em pé, coloca - se os pés na parte posterior do bloco de partida, onde os joelhos e quadris devem estar levemente flexionados, proporcionando a inclinação do nadador para frente, por sobre a borda da piscina. Os braços estendidos à frente na direção da água, e no momento da saída as pernas devem ser estendidas.
Mergulho lançado (posicionamento da saída propriamente dita)
Na posição em pé, o aluno deverá se posicionar com os pés na parte posterior do bloco de partida com os pés separados, com os joelhos e quadris flexionados, os braços ficarão soltos na frente, próximo do bloco de partida. Com um impulso para frente, facilitará para que a entrada e o deslizamento sejam rasos.
Se os alunos forem instruídos a saltar e alcançar um objeto acima da cabeça, o balanço natural dos braços será executado (Palmer, 1990).
Palmer (1990) descreve abaixo alguns exercícios que levam as saídas de pé. Onde coloca que o professor de natação só deve passar estes exercícios para os alunos após aprenderem os exercícios iniciais de mergulho.
Saída de pé com o balanço convencional dos braços
Em pé longe da borda da piscina, os alunos praticam o balanço e o salto. Iniciar numa posição agachada, similar à posição de saída. Os alunos devem saltar e alcançar algo no balanço para cima. Atingir altura é o principal objetivo do exercício junto com o estabelecimento da direção correta do balanço do braço.
Tomar impulso para o balanço convencional do braço
O nadador deve tomar posição na borda da piscina com os pés separados na largura dos quadris, os calcanhares no solo, joelhos e quadris flexionados, braços ao longo da lateral do corpo levemente à frente, a cabeça levemente elevada com olhos voltados para frente e para baixo. O nadador deve olhar para baixo a fim de ver onde esta pisando e deve ficar mentalmente alerta ao sinal de partida.
Conclusão
Ao término deste trabalho podemos concluir que a saída da natação não deve ser ensinada sem que o aluno esteja adaptado ao meio líquido, e com o aprendizado das técnicas básicas dos estilos. Onde o professor ao ensinar a técnica da saída deve tomar muito cuidado com a segurança do aluno que vai executar a saída como também com um possível aluno que esteja nadando perto da borda da piscina.
Pode-se perceber que na descrição da saída, tanto na de agarre quanto na de atletismo, a técnica utilizada a partir da entrada na água é a mesma para ambas, e que o mais importante não é a saída que o aluno vai fazer, mas o tempo que ele vai utilizar nas suas aulas para treiná-la.
Referências
CATTEAU, O. G. Ensino da Natação, São Paulo: Manole, 1990.
COUNSILMAN, James E. A natação ciência e técnica, Ibero-americano, LTDA. 1984.
HAY, James G. Biomecânica das técnicas desportivas, 2º ed. Rio de Janeiro: Interamericana, 1981.
LIMA, William U. Ensinando Natação, São Paulo: Phorte, 1999.
MACHADO, David C. Metodologia da natação, São Paulo: Editora Pedagógica e Universitária Ltda, 1978.
MAGLISCHO, Ernest W. Nadando ainda mais rápido, São Paulo: Manole, 1999.
MAGLISCHO, Ernest W. Saida de atletismo, 1º. Curso internacional de Natação de São Luis do Maranhão, junho de 1998. Disponível em: http://www.users.elo.com.br/rpussiusa/treinamento/trea.php. Acesso em: 23 agosto 2004.
NAVARRO, Fernando, Hacia el dominio de la natación, Madrid: Gymnos, 1995.
PALMER, Meryn L. A ciência do ensino da natação, São Paulo: Manole, 1990.
VELASCO, Cacilda Gonçalves, Natação segundo a psicomotricidade, Rio de Janeiro, Sprint, 1994.
WALKER, John. Qual a melhor saída? Convencional ou Atletismo, Splash Magazine, edição de janeiro 2003. Disponível em: http://www.bestswimming.com.br.htm. Acesso em: 23 agosto 2009.
ISSURIN, V.B; VERBITSKY, O. TRACK START VS. GRAB START: EVIDENCE OF THE SYDNEY OLYMPIC GAMES. Biomechanics and Medicine in Swimming IX. JC Chatard (ed.) Proceedings of the IX International Symposium on Biomechanics and Medicine in Swimming. 21-23 June 2002. University of Saint-Etienne, France. pp. 213-218.
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