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Indicadores antropométricos e riscos de 

saúde associados a obesidade na adolescência

Los indicadores antropométricos y los riesgos de salud relacionados con la obesidad en la adolescencia

 

*Especialista em atividade física e saúde da população – FTC

**Mestranda em Saúde Coletiva –UFBA/ISC

(Brasil)

Lucas Matos de Sousa*

Flávia Nogueira e Ferreira de Sousa**

lmseducacaofisica@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          No Brasil o índice de crianças obesas já é maior do que crianças desnutridas, ojeHonmnmnm aumentando de 4,1% para 13,9% nas regiões Nordeste e Sudeste. Através deste estudo, baseado numa ampla revisão literária, listaremos os problemas que a obesidade trás aos jovens, e alguns dos indicadores mais usados para mensuração da obesidade em adolescentes. Conclui-se que os dados sobre obesidade em jovens brasileiros ainda são muito pouco, e Somente com estudos mais amplos, poderemos prevenir a obesidade e o sobrepeso em jovens adolescentes, a fim de evitar as possíveis conseqüências do sedentarismo na fase adulta.

          Unitermos: Adolescentes. Indicadores antropométricos. Obesidade.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 17 - Nº 170 - Julio de 2012. http://www.efdeportes.com/

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1.     Introdução

    Se no passado ser gordo era sinal de saúde, hoje esse conceito tornou-se equivocado; A obesidade já é considerada uma doença, por atingir milhões de pessoas em todo mundo e deve ser tratada como problema de saúde coletiva e discutida com muita seriedade.

    A obesidade é uma patologia séria que alcança proporções epidêmicas em crianças de todo mundo, as taxas de obesidade vem se triplicando de 1980 até hoje (OMS, 2003), e esse aumento de sobre-peso em jovens, deve-se ao fato de eles terem aumentado a ingesta calórica de alimentos altamente energéticos, juntamente com a redução da atividade física diária.

    De uma forma mais simples, a obesidade pode ser definida como um excesso de gordura corporal, provocado por um desequilíbrio entre a quantidade de calorias consumidas por meio dos alimentos, e a quantidade gasta para desenvolver as funções vitais e as atividades físicas.

    De acordo com Cresara (2003), um outro fator que tem contribuído para o crescimento da obesidade, especialmente no Brasil, é o consumo de alimentos “Americanizados” que se constituem em comidas prontas industrializadas como: macarrões instantâneos, sanduíches, comidas enlatadas, frituras dentre outros . Os riscos específicos associados a obesidade são a hipertensão, dislipidemias, diabetes, doença coronariana, alguns tipos de câncer e colecistite (VEIGA, SICHIERI).

    Em relação à maneira como a gordura se distribui no corpo, existem 2 tipos clássicos de obesidade. Uma é aquela na qual a gordura se localiza principalmente na região inferior do corpo, que compreende os quadris, as nádegas e as coxas. Este tipo de obesidade é mais comum nas mulheres e dá ao corpo o formato aproximado de uma pêra. Por isto é chamado de Obesidade Ginecóide (feminina), Obesidade Periférica ou mesmo Obesidade em pêra (CAMPOS, 2001). Já no homem a gordura se deposita predominantemente na região da cintura, que faz com que o corpo se assemelhe a uma maçã. Este tipo de obesidade é mais comum nos homens, e por isto é chamada de Obesidade Andróide (masculina), Obesidade Central e até mesmo Obesidade em forma de maçã (CAMPOS, 2001).

    Para manter a saúde perfeita, profissionais da saúde recomendam um mínimo de 5% de gordura corporal para homens e 10% para mulheres, e geralmente as taxas consideradas normais são de 15 a 20% e para mulheres é de 20 e 25%. Uma das práticas mais usadas para emagrecer ultimamente são as dietas da moda programas de alimentação que elimina certos alimentos e enfatizam outros, são tão ruins quanto as de impacto.

    Um dos problemas mais relevantes dessas dietas, é que elas são desequilibradas nutricionalmente, podendo as pessoas ficarem sem alguns nutrientes-chave de que o organismo necessita para manter uma boa saúde, algumas dietas obtém 70% de gordura, nível esse tão perigoso que pode levar a doenças cardíacas.

    O desejo de emagrecer rapidamente pode trazer alguns problemas, sobretudo para as mulheres, ou seja, níveis de gordura abaixo de 15% incluem o desenvolvimento de desequilíbrios hormonais, redução da produção de estrógeno, irregularidade na menstruação (oligomenorréia), disfunção menstrual, cessação dos ciclos menstruais (amenorréia) e infertilidade, portanto as chances de engravidar são reduzidas.

    Baixos níveis de estrógeno podem levar a perdas de minerais ósseos, chegando a desenvolver a osteoporose mais cedo que o normal, que é após a menopausa; Para os homens baixos níveis de gordura (5%) mostra queda na produção de testosterona no número de espermatozóides, na libido e na atividade sexual, certamente quando os níveis de gordura são retomados a normalidade estas mudanças hormonais são reversíveis.

    Estudos transversais demonstram uma grande variação nos resultados da composição corporal em jovens adolescentes, podendo estes ser atribuídos aos diferentes critérios utilizados para o diagnóstico da obesidade infanto-juvenil. Partindo deste princípio o objetivo deste estudo é listar quais são as conseqüências do excesso de peso corporal (obesidade) para jovens adolescentes e discutir quais são os indicadores mais utilizados para diagnosticar a obesidade na população jovem.

2.     Obesidade na adolescência

    Segundo MAGALHÃES e MENDONÇA (2003), adolescência é um período da vida onde ocorrem grandes mudanças físicas e psicológicas, altamente influenciadas por fatores genéticos, étnicos e ainda pelas diferentes situações sociais e ambientais.

    Distintos estudos epidemiológicos (OLIVEIRA e FISBERG, 2003; SOUZA LEÃO et al. 2003; ANDRADE et al, 2003) revelam que a obesidade, além de ser uma doença, é também um grande fator de risco para diversas enfermidades, que podem se iniciar na infância e na adolescência como a diabetes mellitus tipo 2, hipertensão arterial, dislipidemias, infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral.

    A obesidade na adolescência tem sido relacionada à doenças cardiovasculares, estando também associada à maior prevalência de outras doenças quando adultos, além de algumas vezes, gerar preconceitos e dificuldades para relacionamentos sociais e afetivos, problemas para encontrar emprego e até mesmo quadros psiquiátricos conseqüentes a essa marginalização (BALLONE, 2003).

    A prevalência de obesidade entre adolescentes vem aumentando nos países desenvolvidos e sem desenvolvimento. A região Sul do Brasil já apresentava desde a década de 80 as maiores prevalências nacionais de obesidade para meninas adolescentes (VEIGA, SICHIERI,).

    No Brasil, até a década de 80 o índice de desnutrição infantil chegava a (19,8% que população) (OLIVEIRA e FISBERG, 2003) e era o problema que mais afetava as crianças e adolescentes, mas já é evidente o nível de sobrepeso e obesidade em crianças e jovens nas regiões Sudeste e Nordeste do Brasil, verificando-se um aumento na prevalência de sobrepeso e obesidade de 4,1% para 13,9% em crianças e adolescentes de 6 a 18 anos (OLIVEIRA e FISBERG, 2003).

    Esse quadro vem alertando para uma série de complicações que a obesidade acarreta para a saúde da criança, mas os dados sobre obesidade em jovens brasileiros ainda são muito pouco, no momento só se tem dados de estudos regionais que na maioria tiveram amostras não representativas como na tabela I:

Tabela I. Estudos sobre a prevalência de sobrepeso obesidade em crianças de diversas regiões brasileiras

3.     Indicadores de obesidade na adolescência

    As variáveis antropométricas, indicadores de composição e forma corporal, distribuição de gordura, sobretudo do sobrepeso e obesidade na adolescência variam bastante em cada estudo.

    O Índice de Massa Corporal (IMC) (ANJOS, 1992) é obtido pela divisão do peso em quilos e pela altura em metros elevada ao quadrado,conforme a equação 1. Tem sido o indicador mais utilizado para a indicação da composição corporal em adolescentes pelo baixo custo, pela tendência das crianças manterem o mesmo IMC durante o crescimento, pela facilidade e rapidez de mensurar peso e estatura. Deve-se observar que a classificação do IMC, bem como seus ponto de corte na população adolescente é diferente da adulta inclusive, no jovem não se utiliza pontos de corte estabelecidos com base na predição de morbimortalidade (ANDRADE ET AL, 2003).

Tabela II. Tabela de pontos de corte para identificação de obesidade em adolescentes

    A distribuição da gordura corporal em jovens adolescentes pode ser verificada por uma variedade de indicadores antropométricos, como índice de massa corporal (IMC), relação cintura quadril (PCCQ) e perímetro da cintura (PC) são usados simultaneamente em pesquisas sobre obesidade e tipo de distribuição de gordura (SOAR ET AL, 2004).

    Contudo, pode-se sugerir que o PC seja o indicador que deva ser analisada juntamente com o IMC no diagnóstico de obesidade e tipo de adiposidade (SOAR ET AL, 2004), já que, além de apresentar boa correlação com o IMC, (SOAR ET AL, 2004) o PC também apresenta boa correlação com gordura da região central, para ambos os sexos. O PC também é recomendado como índice de associação ao diagnóstico de obesidade infantil (SOAR ET AL, 2004); sugerem pontos de corte em valores de PC descritos no percentil 75 e percentil 95, indicando moderado e severo risco para doenças cardiovasculares.

    Sabe-se que o acúmulo excessivo de gordura corporal é um fator de risco para a saúde, mas outro fator a considerar é a distribuição regional desta gordura corporal. As pessoas com gordura excessiva no tronco em comparação com a parte inferior do corpo tem alto risco de vir a desenvolver a doença cardíaca coronariana DCC(Doença Cardíaca Coronariana) DESPRÉS e POULIOT, 1991, (apud PITANGA, 2004). A DCC é um componente (junto com o acidente vascular cerebral) de doença cardiovascular (DCV). Uma medida simples desse fator de risco é a relação entre a circunferência da cintura e do quadril.

    Há alguns anos Larsson e colaboradores (apud PITANGA, 2000) relacionaram a razão PCCQ(Proporção Circunferência Cintura Quadril) como um índice simples e prático para determinação da distribuição da gordura corporal abdominal, sendo uma das causas de morte prematura e doenças cardiovasculares, podendo ser usado como índice do nível de adiposidade.

    No estudo de (SOAR ET AL, 2004) os valores de PCCQ mantêm-se similares no sexo masculino (em torno de 0,85), enquanto no feminino nota-se diminuição com o aumento da idade (0,83, 0,82 e 0,80, aos sete, oito e nove anos de idade. Geralmente jovens com valores maiores do que 0,94 para homens e 0,82 para mulheres, tem alto risco para conseqüências de saúde adversas BRAY; GRAY, (apud PITANGA, 2000)

Tabela III. Classificação da PCCQ para homens

 

Tabela IV. Classificação da PCCQ para mulheres

    Mais recentemente, Valdez (apud PITANGA, 2000) propôs o Índice de Conicidade (IC) como modelo para avaliação da distribuição da gordura corporal. Esse índice utiliza como variáveis o peso, estatura e circunferência da cintura. È baseado na idéia de que pessoas que acumulam gordura em volta da região central do tronco tem a forma do corpo parecida com um duplo cone, ou seja, dois cones com uma base comum, enquanto que aqueles com menor quantidade de gordura na região central teriam a aparência de um cilindro. Apesar de existirem algumas controvérsias, o índice C é reconhecido como um bom indicador de obesidade central (PITANGA ET AL, 2004).

    Todos os indicadores antropométricos de obesidade central baseiam-se em variáveis contínuas, necessitando de critérios que separem os conjuntos de informações entre normais e anormais. (PITANGA ET Al., 2004). O mesmo ocorre com o índice C. Contudo, além de identificar o ponto de corte por metodologia apropriada, que incluiu análise simultânea de sensibilidade e especificidade (PITANGA ET Al., 2004).

    A medida da dobra cutânea (% de Gordura), principalmente a tricipital e a subscapular tem sido bastante utilizada para estimar o excesso de peso e a obesidade, em crianças e adolescentes, com uma elevada associação com as medidas diretas de adiposidade, principalmente entre 10 e 15 anos, contudo, sua aplicação é limitada, pois, necessita de avaliadores altamente experientes, além da reconhecida variabilidade tanto intra quanto inter-avaliadores dessas medidas. (RICARDO ET AL., 2002). Outras medidas antropométricas são também utilizadas, como o peso relativo, o peso por idade, e o somatotipo.

4.     Considerações finais

    Há três décadas, a desnutrição era o problema nutricional que predominava no Brasil (MONTEIRO ET AL., 2000), mas nos últimos anos a população infantil brasileira, mudou seu estilo de se alimentar (ANDRADE ET AL, 2003), incrementando alimentos muito calóricos em suas refeições diárias e cada vez mais diminuindo o gasto energético diário. Embora o consumo energético tenha sido aumentado, não houve um aumento do consumo dessa energia, aumentando assim a obesidade em adolescentes que tem índices cada vez maiores a cada ano que passa.

    São vários os resultados e as formas de se indicar obesidade em adolescentes os resultados encontrados em estudos atuais como no estudo de SOUZA LEÃO et al (2003), a obesidade foi definida a partir do (IMC) igual ou maior que o percentil 95, observando em escolas particulares, maior percentual de obesidade em crianças de 7 a 9 anos já nas escolas públicas o percentual de obeso foi maior na faixa etária de 9 a 10 anos. Já no estudo de FONSECA et al (1998) em um grupo de adolescentes de classe média na cidade de Niterói, foi usado o IMC e a dobra cutânea para indicar o estado nutricional tendo como prevalência sobrepeso maior entre os meninos.

    GIUGLIANO et al (2004) afirma em seu estudo que um dos fatores para o alto índice de obesidade foi a inatividade entre as crianças, inclusive associada à inatividade de seus pais. Neste estudo, 21,1% dos meninos e 22,9% das meninas foram classificados como obesos, fortalecendo assim a idéia de que o aumento do gasto energético diário é um forte combatente da obesidade infantil

    No estudo de FARIAS JÚNIOR (2003) em Florianópolis é selecionado de forma aleatória 1.832 estudantes do ensino médio, com idades de 15 a 18 anos e tendo como maior prevalência de obesidade os homens (ver tabela I), usando mais uma vez como indicador o IMC para diagnosticar a obesidade.

    Outro estudo (VASCONCELOS et al, 2003) realizado no Nordeste do Brasil, foi usado um banco de dados do exército com dados de IMC de 316.925 adolescentes e foi definido como sobrepeso o entre IMC = 25k e 29,9kg/m2, e obesidade como IMC = 30kg/m2. Entretanto, há um equívoco metodológico, já que não existem valores absolutos normativos de IMC para classificar a população adolescente desta forma.

    O que é de forte evidencia é apenas o uso constante do IMC para verificação da obesidade, em jovens, pelo seu baixo custo e facilidade para obter medidas de peso e estatura. Mas a grande variação nos resultados encontrados para a identificação da obesidade infanto-juvenil pode ser atribuída aos diferentes critérios utilizados para o diagnóstico da obesidade infanto-juvenil (SOUZA LEÃO et al, 2003).

    Conclui-se que, a classificação da obesidade em adolescentes ainda apresenta muitas controvérsias, embora a obesidade deva ser tratada já nessa fase da vida, deve-se pensar em medidas de caráter educativo e informativo, usando os meios de comunicação para alertá-los para o perigo que o excesso de alimentos com alta densidade energética trazem para eles, deve-se promover junto com essa conscientização o aumento do nível da pratica de atividades físicas diárias e criar condições reais para essa pratica (MAGALHÃES et al, 2003).

    Apesar de existir vários estudos, falando da obesidade em adolescentes, ainda não se chegou a um percentil padrão e a uma metodologia universal. Somente com uma unificação da metodologia e com a realização de estudos mais amplos sobre obesidade na adolescência e a implementação de programas de saúde pública com o poder de modificar a realidade alimentar e o estilo de vida da comunidade, poderemos prevenir e modificar a obesidade e o sobrepeso em jovens adolescentes, a fim de evitar as possíveis conseqüências do sedentarismo na fase adulta, que são as doenças crônicas degenerativas (DCD).

Bibliografia

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