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O treinamento do salto vertical

El entrenamiento del salto vertical

 

Graduados em Educação Física

pela Universidade Estadual do Centro Oeste, Unicentro

(Brasil)

Helio Cezar Witek

Jorge William Pedroso Silveira

jorge_basquete@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          O salto é fator que influencia o desempenho no basquetebol, por isso busca-se desenvolver treinamentos que visem o aprimoramento de força explosiva de membros inferiores em atletas. Um dos métodos considerados eficazes é o treinamento baseado na pliometria, porém, este método apresenta diversas facetas. As mais famosas delas são o programa Air Alert que está em sua quarta versão, sendo utilizado por atletas do basquetebol norte-americano e a pliometria em profundidade utilizada pelos praticantes de Le Parkour. O objetivo norteador deste estudo foi apontar qual das duas formas gera maior evolução no período de quatro semanas sendo avaliados 16 atletas de basquetebol em fase puberal 5 (pós-púberes) sendo oito submetidos a cada tipo de treinamento, sendo mensuradas suas impulsões pré e pós intervenção. Os resultados de forma geral apresentaram a pliometria em profundidade como sendo a mais eficaz, porém os idealizadores do programa Air Alert IV apontam que são necessárias as dezesseis semanas do programa para que se tenha uma resposta precisa da evolução em cada atleta. Esta pesquisa corrobora com o fato de que se deve sempre respeitar a individualidade biológica no treinamento já que o melhor escore de cada grupo obteve um crescimento absoluto de exatamente igual.

          Unitermos: Potência de membros inferiores. Programa Air Alert IV. Pliometria de profundidade.

 

Abstract

          The jump is a factor that influences performance in basketball, so we seek to develop training aimed at improving explosive strength of lower limbs in athletes. One of the methods of training considered effective is based on plyometrics, however, this method has several facets. The most famous of them are the Air Alert program which is in its fourth version being used by north-american basketball athletes and the plyometrics in depth used by practitioners of Le Parkour. The guiding objective of this study was to identify wich of the two forms leads to grater progress in the four weeks were evaluated 16 basketball players in pubertal stage 5 (post pubertal) and eight undergoing each type of training, their impulses are measured before and after intervention. The results generally showed plyometric depth as the most effective, but the creators of the program Air alert IV indicate that you need the sixteen weeks of the program in order to have a precise answer to the evolution in each athlete. This research confirms the fact that one must always respect the biological individuality in training since the best score of each group has an absolute growth of exactly the same.

          Keywords: Power of lawer limbs. Program Air Alert IV. Plyometrics depth.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 17 - Nº 170 - Julio de 2012. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Com a constante evolução do esporte e tendo em vista a excelência no desempenho músculo-esquelético dos atletas busca-se desenvolver estudos que auxiliem os treinadores na elaboração de programas de treinamento, afim de que se obtenham melhores resultados durante suas práticas.

    Dentre as inúmeras valências que a prática esportiva exige, quando se trata de basquetebol, o salto é um dos pilares na execução dos movimentos da modalidade, como citam McInnes e Gomes (1995), representa 4,6% da partida sendo utilizado primordialmente durante disputas de rebotes, arremessos e disputas de bola em geral.

    Sendo o salto um ponto de referência para o desempenho no basquete, deve-se buscar a forma mais adequada de melhorá-lo. Segundo Gallina (2009) capacidade de salto depende do desenvolvimento da massa muscular e da velocidade de contração do músculo. Sendo assim, o treino pliométrico é indicado para o basquetebol; porque melhora a força reativa neuromuscular (VILLAR, 1987). Segundo Moura apud Utsch (2009), o treinamento pliométrico é um conjunto de exercícios que busca o aumento da capacidade do músculo em armazenar e reutilizar energia elástica, e ainda aumentar sua potencialização reflexa e mecânica, que pode ser também denominado de ciclo alongamento-encurtamento (CAE). Wilk et al apud Neto et al (2005), cita que o CAE ocorre quando as ações musculares excêntricas são seguidas imediatamente por uma explosiva ação concêntrica, aumentando a eficiência mecânica e conseqüentemente o desempenho motor de um gesto atlético.

    O objetivo da pliometria para os membros inferiores consiste em aumentar a impulsão do salto vertical do atleta. A prática da pliometria é através se sucessivos saltos (DINTIMAN et al, 1999) ampliando assim a capacidade elástica de ação do músculo. Segundo Verkhoshanski (1996) as capacidades elásticas musculares além de eficácia elevada dos esforços explosivos que serão realizados com a potência máxima contribuirão para a intensificação da economia mecânica dos movimentos úteis. A manutenção da energia elástica do pré-estiramento garantirá o alto nível de economia da corrida, e dos saltos, o que é caracterizado pela diminuição do valor do consumo energético no decorrer do mesmo trabalho mecânico.

    O exercício pliométrico é um meio que pode melhorar a força e potência muscular com recrutamento seletivo de fibras tipo IIb, haja visto que essas fibras respondem melhor ao pré-alongamento de alta velocidade e pequena amplitude (MOURA e MOURA, 2001; COHEM e ABDALA, 2003). Verkhoshanski (1996) explica que "a capacidade reativa está relacionada diretamente ao fenômeno de recuperação da energia de deformação elástica dos músculos, ou seja, a utilização da energia elástica acumulada nos músculos durante o estiramento para realizar um trabalho mecânico". Além disso, segundo Wilk et al. (2001), a pliometria é capaz de melhorar a eficiência neural e aumentar o controle neuromuscular, ou nas palavras de Rossi e Brandalize (2007), o treinamento pliométrico repetitivo influencia na resposta reativa muscular, melhorando a sincronização da atividade muscular e da atividade miotática, portanto, um programa de exercícios pliométricos, aumenta a eficiência neural, corrigindo déficits proprioceptivos e aprimorando o controle neuromuscular. Outro ponto positivo no treinamento pliométrico segundo Batista et al (2003) é que a pliometria pode ser aplicada de forma simples, utilizando-se materiais de fácil aquisição, como caixas de madeira, cones, bolas e elásticos.

    A pliometria se mostra como um meio eficaz no desenvolvimento do salto vertical, porém, existem várias formas de se trabalhar o desenvolvimento do salto vertical baseando-se na pliometria. Com isso, este estudo procura comparar dois deles: a pliometria em profundidade e o programa Air Alert IV.

Metodologia

    Esta pesquisa é quantitativa e caracteriza-se como experimental descritiva, onde os dados de um teste pré-intervenção são comparados com dados de um teste pós-intervenção, obtendo-se assim, a evolução ou não de cada indivíduo ou grupo.

    Para a realização do estudo foram escolhidos 16 atletas do sexo masculino, categoria juvenil (15-17 anos) sendo 08 do município de Irati-PR e 08 do município de Imbituva-PR, todos no estágio maturacional 5 (pós-púbere) com treinamento na modalidade de pelo menos um ano.

    Mesmo sabendo que há divergência de desempenho em determinadas valências físicas entre as diferentes posições propostas pela modalidade, este estudo desconsidera esta variável já que a análise deu-se considerando os grupos e não os indivíduos em si, desconsiderando também, a individualidade biológica dos atletas.

    Para a execução da intervenção os indivíduos foram dispostos em grupo 01, formado pelos oito atletas do município de Irati, sendo submetidos á quatro semanas do programa Air Alert IV; e grupo 02, composto pelos oito atletas de Imbituva que foram treinados durante as mesmas quatro semanas sob o programa de pliometria de profundidade equivalente ao treinamento do Grupo 01, quanto ao número de saltos executados. Ambos os grupos realizaram 270 saltos por sessão, sendo 03 sessões semanais, totalizando 12 sessões. A altura para o treinamento pliométrico foi estipulada com 15cm inicialmente, sendo acrescidos em razão 10cm semanais. A intervenção, bem como os dados coletados ocorreram somente após a assinatura do Termo de Consentimento Livre-Esclarecido (TCLE) e a mensuração o alcance máximo, deu-se por intermédio de uma fita métrica da marca top long com 1mm de precisão.

    Para a exposição e discussão dos dados coletados, recorreu-se a estatística descritiva (média, desvio padrão, Freqüência Absoluta (FA) e Freqüência Relativa (FR), tratando os dados de forma qualitativa e quantitativa simultaneamente.

Resultados e discussão

    Após quatro semanas de intervenção, somando no total 12 intervenções em cada grupo, foi novamente mensurada a impulsão (cm) de cada atleta, obtida da subtração do alcance máximo de cada atleta no salto vertical pelo sua envergadura vertical afim de, se poder averiguar a evolução obtida nos escores de cada avaliado podendo assim determinar em que tipo de treinamento houve maior ganho no que diz respeito á potência de membros inferiores. Com isso o gráfico 01 demonstra a impulsão pré e pós-intervenção, destacando o sujeito 04, cuja amplitude entre pré e pós é de 21cm, representando um aumento de 55% no desempenho do salto vertical. Sendo assim o maior ganho absoluto e relativo do grupo que obteve em média 14cm ou 37% de acréscimo no salto.

    Já os indivíduos do grupo 01 submetidos ao programa Air Alert 4 obtiveram média de acréscimo de apenas 08cm ou 14% da impulsão total do grupo, mesmo obtendo como ápice o sujeito 05 com os mesmos 21cm de acréscimo do individuo do grupo 01, e representando aproximadamente 110% de aumento na explosão de membros inferiores, o que indica que cada treinamento pode desenvolver esta capacidade de forma eficaz se considerar a individualidade biológica para cada indivíduo.

    Nota-se que ambos os grupos mostraram aumento no desempenho do salto vertical, respondendo assim de forma positiva ao objetivo proposto pelo treinamento, porém, quando se observa os resultados intergrupos nota-se que de forma geral os atletas submetidos ao treinamento de pliometria em profundidade obtiveram ganho médio de 14cm ou 37%, enquanto os atletas submetidos ao programa Air Alert IV cresceram 8cm ou 26% aproximadamente em média. Porém o grupo 01 apresenta maior amplitude de dados (20cm) que o grupo 02 (10cm) o que sugere que o treinamento baseado na pliometria de profundidade abrange um grupo maior de indivíduos que podem ser considerados aptos á sua execução.

    Isso pode ser explicado pelas considerações de Moura e Moura (2001) de que os exercícios pliométricos são definidos como aqueles que ativam o ciclo excêntrico-concêntrico do músculo esquelético, provocando sua potenciação elástica, mecânica e reflexa. Para Rossi e Brandalize (2007) saltos em profundidade são aqueles nos quais ocorre uma queda a partir de determinada altura seguida, imediatamente, de um salto vertical máximo. Sendo assim há maior desenvolvimento do ciclo alongamento-encurtamento da musculatura durante a execução repetida dos movimentos. Bompa (2004) pondera que o reflexo miotático é muito sensível e é determinado pela velocidade de estiramento, de forma que em um estímulo lento, a resposta motora será muito fraca, ao passo que estímulo feito rápido e bruscamente resultará em uma contração muscular rápida e explosiva, portanto, numa contração concêntrica com pré-estiramento rápido, como na pliometria, há um aumento da ativação neuromuscular e uma melhora do rendimento muscular.

    Outra consideração importante á ser feita é a de que o programa Air Alert IV corresponde á um treinamento de dezesseis semanas sendo consideradas de suma importância por seus idealizadores que sejam executadas todas elas para que se obtenha melhora significativa no salto vertical. Podendo nestas quatro semanas causar estresse na musculatura do atleta que se submete á repetições com amortecimento, gerando maior gasto energético nos membros inferiores, indo ao encontro das considerações de Moura e Moura apud Rossi e Brandalize (2007) que conotam que é necessário que se realize um pré-alongamento de pequena amplitude, grande velocidade e tempo de amortização bastante curto, caso contrário, muita dessa energia será dissipada em calor.

    Nesse ponto, Rossi e Brandalize (2007); mostram que o ciclo alongamento-encurtamento é dividido em três fases, a fase excêntrica ou de pré-alongamento, a fase de amortização e a fase concêntrica ou de encurtamento. A fase excêntrica é descrita como preparatória, ela estimula os receptores musculares e carrega os músculos com energia elástica. A fase de amortização é o tempo entre o começo da contração excêntrica até o começo da contração concêntrica e a terceira e última fase é a de contração ou encurtamento, ou seja, a fase final do movimento pliométrico a qual gera o movimento explosivo. É esta segunda fase em que a musculatura é mais exigida durante a execução de uma série do programa Air Alert IV o que remete o treinamento ao estresse e á fadiga em suas primeiras semanas já que o grupo muscular ainda não está adaptado ás cargas de treinamento.

Considerações finais

    Tendo sido realizadas quatro semanas de intervenção os resultados obtidos apontam para a pliometria de profundidade como sendo mais eficaz para o desenvolvimento do salto vertical em atletas de basquetebol da fase maturacional 05. Porém, estes resultados apontam apenas para uma fração do programa Air Alert IV, sugere-se que seja realizado um estudo que avalie os atletas após completarem as dezesseis semanas que compõem o referido programa. Deve-se considerar ainda o princípio da individualidade no treinamento já que tanto no grupo 01 quanto no grupo 02 o melhor resultado de acréscimo foi exatamente igual. Deve-se buscar adaptar os treinamentos ás necessidades impostas por cada modalidade buscando antever situações reais de utilização da habilidade, como no basquete, por exemplo, onde o salto deve estar aliado á eficácia no arremesso para que seja útil. Portanto, devem-se trabalhar membros superiores e inferiores concomitantemente para que o indivíduo melhore seu desempenho.

Referências bibliográficas

  • BATISTA, M. A.B; COUTINHO, J.P.A; BARROSO, R.; TRICOLI, V. Potencialização: a influência da contração muscular prévia no desempenho da força rápida. R. Bras. Ci. e Mov, Junho 2003.

  • BOMPA, T.O. Treinamento de potência para o esporte. São Paulo: Phorte, 2004.

  • COHEN, M.; ABDALLA, R. J. Lesões nos Esportes. Diagnóstico, prevenção e tratamento. Rio de Janeiro: Revinter, 2003.

  • DINTIMAN, G. B.; WARD, R. D.; TELLEZ, T., SEARS, B. Velocidade nos Esportes. 2ª ed. São Paulo: Ed. Manole, 1999.

  • MOURA, N, A; MOURA, T,F,P. Princípios do treinamento em saltadores: implicações para o desenvolvimento da força muscular. In: I Congresso sul-americano de treinadores de atletismo. Manaus, 2001.

  • ROSSI, L.P. & BRANDALIZE, M. Pliometria aplicada à reabilitação de atletas. Revista Salus-Guarapuava-PR. jan./jun. 2007.

  • VILLAR, C. A. D. La preparación física del fútbol basada en atletismo. 3ªed. Madrid: Gymnos, 1987.

  • WILK, K.E.; VOIGHT, M.L.; KEIRNS, M. A.; GAMBETA, V.; DILLMAN, C.J. Stretch-shortening drills for the upper extremities: Theory and clinical application. Journal of orthopaedic and sports physical therapy, 1993.

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