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Nível de atividade física, saúde e qualidade de vida 

em uma mostra da população de Cachoeira do Sul, RS

Nivel de actividad física, salud y calidad de vida de una muestra de la población de Cachoeira do Sul, RS

 

*Acadêmicos do curso de Educação Física

Licenciatura ULBRA, Cachoeira do Sul

**Professor do curso de Educação Física

Licenciatura ULBRA, Cachoeira do Sul

(Brasil)

Daiane Dias Cabeleira*

Emmanuel San Prior Dutra*

Fábio da Silva Mathias*

Gilberto de Jesus Mazuim da Rosa**

daia.dias@yahoo.com.br

 

 

 

 

Resumo

          O trabalho objetivou investigar uma mostra de 55 pessoas residentes na cidade de Cachoeira do Sul, a fim de detectar se estas estão cuidando de sua qualidade de vida; verificar se a atividade física regular e orientada se faz presente no cotidiano dos indivíduos, e conscientizar as pessoas sobre os benefícios da mesma. É uma pesquisa realizada através de questionário com 20 perguntas, dando a possibilidade dos entrevistados relatarem seus hábitos e costumes do dia-a-dia que influenciam na saúde e qualidade de vida de cada um. Nesse contexto, obtivemos uma porcentagem de 42% dos entrevistados que não praticam atividade física, 58% praticam. 40% submetem-se a tratamento médico e 60% não. Em relação aos exames médicos preventivos, 64% responderam que fazem exames preventivos e 36% não fazem exame antes de ter algum sintoma de doença. 22% não ingerem bebidas alcoólicas, 35% bebem às vezes, 41% socialmente e 2% com freqüência. 4% são fumantes, e 96% não fumam, sendo que os entrevistados indicaram uma média de 21% que outras pessoas da família fumam e 79% que não fumam. Dentre outros resultados obtidos, conclui-se que a maioria das pessoas que participaram da pesquisa possui algum tipo de prevenção para sua saúde e cuidado com sua qualidade de vida. Nota-se que ainda há um grande número de pessoas que precisa se conscientizar que a prática regular de atividades físicas trás grandes melhorias ao indivíduo. Cabe a nós profissionais da Educação Física, estar contextualizados com a realidade do nosso público alvo a fim de trabalhar em prol da prevenção de muitas patologias, informando nossos alunos sobre a importância dos cuidados com a alimentação, ingestão de bebidas alcoólicas e outras drogas, prática regular de atividades físicas, e hábitos que podem interferir no estado saudável e de bem estar de uma pessoa.

          Unitermos: Atividade física. Sedentarismo. Saúde.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 17 - Nº 170 - Julio de 2012. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Atualmente, como conseqüência das mudanças nas condições de vida e de trabalho, poucos praticam atividades físicas. As pessoas se deslocam utilizando o transporte coletivo ou o próprio carro. No mais das vezes, devido à natureza do serviço que executam, passam horas e horas sentadas. Isto também acontece durante o lazer: sentam-se quando vai a um barzinho, um cinema ou quando diante da televisão. Nos shoppings, os jovens sentam-se por muito tempo nas praças de alimentação ou ficam encostados nos corredores. Comportando-se dessa forma, a maioria das pessoas se exercita ou caminha cada vez menos, geralmente com a desculpa de que não tem tempo. Sabidamente, a falta de atividade física traz conseqüências negativas para a saúde. Por isso, muita gente chama a atenção para a necessidade de se fazer exercícios físicos regulares (Silva, 2010).

    Segundo Matsudo & Matsudo (2000) os principais benefícios à saúde advindos da prática de atividade física referem-se aos aspectos antropométricos, neuromusculares, metabólicos e psicológicos. Os efeitos metabólicos apontados pelos autores são o aumento do volume sistólico; o aumento da potência aeróbica; o aumento da ventilação pulmonar; a melhora do perfil lipídico; a diminuição da pressão arterial; a melhora da sensibilidade à insulina e a diminuição da freqüência cardíaca em repouso e no trabalho submáximo. Com relação aos efeitos antropométricos e neuromusculares ocorre, segundo os autores, a diminuição da gordura corporal, o incremento da força e da massa muscular, da densidade óssea e da flexibilidade.

    E, na dimensão psicológica, afirmam que a atividade física atua na melhoria da auto-estima, do auto-conceito, da imagem corporal, das funções cognitivas e de socialização, na diminuição do estresse e da ansiedade e na diminuição do consumo de medicamentos. Guedes & Guedes (1995), por sua vez, afirmam que a prática de exercícios físicos habituais, além de promover a saúde, influencia na reabilitação de determinadas patologias associadas ao aumento dos índices de morbidade e da mortalidade. Defendem a inter-relação entre a atividade física, aptidão física e saúde, as quais se influenciam reciprocamente. Segundo eles, a prática da atividade física influencia e é influenciada pelos índices de aptidão física, as quais determinam e são determinados pelo estado de saúde.

    Tendo como base esses referenciais, nosso grupo tentou verificar através dessa pesquisa índices que apontam se a atividade física se faz presente na vida das pessoas e como a qualidade de vida e saúde se manifesta considerando a prática regular de exercícios físicos.

Atividade física e saúde

    Recentemente, a relação atividade física e saúde vem sendo gradualmente substituída pelo enfoque da qualidade de vida, o qual tem sido incorporado ao discurso da Educação Física e das Ciências do Esporte. Tem, na relação positiva estabelecida entre atividade física e melhores padrões de qualidade de vida, sua maior expressão.

    Vários autores e entidades ligados à Educação Física ratificam este entendimento.

     Katch & McArdle (1996) preconizam a prática de exercícios físicos regulares como fator determinante no aumento da expectativa de vida das pessoas.  

    A Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte (1999) apud Ferratone (2009), em posicionamento oficial, sustenta que a saúde e qualidade de vida do homem podem ser preservadas e aprimoradas pela prática regular de atividade física.

     Matsudo & Matsudo (1999, 2000), reiteram a prescrição de atividade física enquanto fator de prevenção de doença e melhoria da qualidade de vida.

    Lima (1999) afirma que a Atividade Física tem, cada vez mais, representado um fator de Qualidade de Vida dos seres humanos, possibilitando-lhes uma maior produtividade e melhor bem-estar.

    Guedes & Guedes (1995) reconhecem as vantagens da prática de atividade física regular na melhoria da qualidade de vida.

    Nahas (1997) admite a relação entre a atividade física e qualidade de vida. Citando Blair (1993) & Pate (1995), o autor identifica, nas sociedades industrializadas, a atividade física enquanto fator de qualidade de vida, quer seja em termos gerais, quer seja relacionada à saúde.

    Silva (1999), ao distinguir a qualidade de vida em sentido geral (aplicada ao indivíduo saudável) da qualidade de vida relacionada à saúde (aplicada ao indivíduo sabidamente doente) vincula à prática de atividade física à obtenção e preservação da qualidade de vida.

    Dantas (1999), buscando responder em que medida a atividade física proporcionaria uma desejável qualidade de vida, sugere que programas de atividade física bem organizados podem suprir as diversas necessidades individuais, multiplicando as oportunidades de se obter prazer e, conseqüentemente , otimizar a qualidade de vida.

    Lopes & Altertjum (1999) escrevem que a prática da caminhada contribui para a promoção da saúde de forma preventiva e consciente. Vêem na atividade física um importante instrumento de busca de melhor qualidade de vida.

    Atualmente, atividade física pode ser entendida como qualquer movimento corporal, produzido pela musculatura esquelética, que resulta em gasto energético, tendo componentes e determinantes de ordem biopsicossocial, cultural e comportamental, podendo ser exemplificada por jogos, lutas, danças, esportes, exercícios físicos, atividades laborais e deslocamentos.

    Por tanto a atividade física esta diretamente relacionada à saúde, pois qualquer atividade que mantém ou aumenta a aptidão física, em geral tem como objetivo melhorar nos aspectos físicos e psicológicos, proporcionando diminuição de ansiedade, tensão, depressão, aumento da auto-estima e melhora no humor, pois as pessoas fisicamente ativas suportam mais facilmente os problemas de tensões causadas pela exigência de trabalho, família, escola e problemas corriqueiros do dia-a-dia. Isso acontece porque durante e após o exercício físico o organismo libera substâncias estimulantes e relaxantes como, por exemplo, a endorfina.

    Não resta dúvida de que a pratica regular de atividade física traz a nossa saúde benefícios, pois reduz o colesterol, a taxa de açúcar no sangue, fortalece os músculos e as articulações, reduz a tensão, ansiedade, ajuda a controlar o peso entre outros inúmeros benefícios que o exercício físico pode nos proporcionar.

    De acordo com Baumgartner (1998) apud Marcela (2000) , a perda gradativa da massa do músculo esquelético e da força que ocorre com o avanço da idade e com a falta de atividade física é conhecida como sarcopenia, ou seja, é a perda degenerativa de massa e força nos músculos.

    A saúde é uma condição humana que apresenta três dimensões, física, social e a psicológica. Há algum tempo, ter saúde significava não estar doente.

    Entendendo saúde como situação de bem-estar físico, social e mental, o aprimoramento do desempenho motor do organismo conseqüente à atividade física deve ser considerado um fator salutar. A melhora da aptidão física permite que as tarefas da vida diária sejam realizadas como menor esforço, e assim sendo as pessoas passam a não se sentir limitadas fisicamente para atividades que gostariam de realizar. Esta situação é conhecida como boa qualidade de vida.

    Atualmente, a saúde positiva esta associada à capacidade de gozar, desfrutar a vida de enfrentar desafios propostos em cada momento de nossas vidas.

    Segundo Sharkey (1998), a atividade física moderada ocasionou uma redução de 29% no risco de morte, e autos níveis de atividades ocasionaram uma redução de 46%. Aqueles que praticavam esportes leves ou moderadamente vigorosos tiveram índice de mortalidade de 0,79 e 0,63 comparados com aqueles que não praticavam nenhum tipo de esporte. Portanto, é possível afirmar que a prática regular de atividades físicas, quando realizadas com a devida orientação de um profissional, auxilia em muito na busca e manutenção da saúde, prevenindo possíveis problemas ocasionados pelo sedentarismo.

Objetivos

Metodologia

    Participaram desta pesquisa 55 pessoas de variadas idades (12 a 69 anos) e profissões, através de um questionário com 20 perguntas, havendo questões abertas e fechadas, dando a possibilidade dos entrevistados relatarem seus hábitos e costumes do cotidiano que influenciam na saúde e qualidade de vida de cada um. Sendo este estudo caracterizado como descritivo de cunho qualitativo e quantitativo.

Resultados e discussões

    Dos cinqüenta e cinco entrevistados, trinta e sete são do sexo feminino e dezoito do masculino; com a média de idade de 12 a 69 anos. 17 dos entrevistados são solteiros, 31 casados, 5 separados e 2 viúvos. 55% dos entrevistados não possuem automóvel próprio e 45% possui automóvel. 4% dos entrevistados são fumantes, fumando a cerca de 6 até 51 anos e 96% não fumam, sendo que os entrevistados indicaram em uma média de 21% que outras pessoas da família fumam e 79% que não fumam, desta forma há a presença de casos de fumantes passivos, o que acaba também por prejudicar a saúde do individuo.

    40% submeteram-se a tratamento médico, sendo tratamento para hipertensão, diabetes, problemas na coluna os mais comuns. 60% relata não fazer nenhum tratamento médico.

    Em relação aos exames médicos preventivos, 64% responderam que fazem exames preventivos e 36% não fazem nenhum tipo de exame antes de ter algum problema de saúde. Dentre os exames médicos mais realizados são os ginecológicos como o preventivo do câncer do colo do útero e a mamografia; exames de urina; hemogramas; próstata; ecografia; colesterol e glicose.

    Dos 55 entrevistados 22% não ingerem bebidas alcoólicas, 35% bebem às vezes, 41% socialmente e 2% com freqüência.

    55% dos pesquisados nunca realizaram nenhum tipo de cirurgia, e 45% já realizaram, sendo os tipos mais comuns destas cirurgias Apendicite, Cesariana, Laqueadura, Amídalas, Vesícula, Duplo J para Calculo Renal, Catarata, Câncer de Mama, Pino na Articulação do Ombro, Túnel do Carpo, Ioma no Esôfago.

    73% não possuem lesão ortopédica. 27% possuem lesões, sendo apresentados os seguintes problemas: tendinite, artrose, escoliose, luxação no ombro, bursite, fascilite plantar, hérnia de disco, hiperlordose, descalcificação no quadril, síndrome do túnel do carpo, lesão do metacarpo.

    Dos entrevistados, 9% faz, em média duas refeições por dia, 41% três refeições, 35% quatro e 15% mais de quatro, dentro destas refeições eles consomem, arroz, feijão, carne, saladas, cereais e também frituras, todos relatam que aos finais de semana costumam abusar de carboidratos e gorduras.

    82% não possuem obesos na família, já 18% deles possuem alguém obeso, com idade que varia dos 8 aos 70 anos, tanto do gênero masculino como feminino, nota-se que há índices de crianças obesas, o que é um fato preocupante.

    42% dos entrevistados não praticam atividade física, 58% praticam, dentre estas atividades podemos apontar um tipo variado como, esportes, caminhada, musculação, ginástica e corridas, sendo que 62% pratica até duas vezes por semana, 27% de três a cinco vezes e 9% mais de cinco vezes.

    Dentro dos motivos que levaram estas pessoas a praticar atividade físicas, os mais apontados foram: lazer, saúde, emagrecimento, estética, melhor qualidade de vida, socialização e alivio de estress. Há também o registro que os entrevistados deram sobre os resultados e diferenças já notadas em suas vidas após dado inicio a uma prática regular de atividades físicas: ganho de resistência, força e flexibilidade, melhora na postura, bem-estar, auto-estima, saúde, perda de peso, melhora no sono, melhor controle dos níveis de colesterol e mais disposição mental e também sexual.

    As dificuldades mais encontradas para não praticar atividades físicas regularmente são: falta de tempo, preguiça, falta de motivação e incentivo, e problemas de saúde.

    Os entrevistados responderam que em suas horas de lazer algumas das atividades realizadas são: dormir, tocar algum instrumento musical, sair, estar com a família, usar o computador, assistir TV, fazer artesanato, jardinagem, descansar, praticar esportes, escutar música, estudar e descansar.

    A pesquisa mostra que 76% dos entrevistados possuem computador, 4% vídeo-game e 20% nenhum desses eletrônicos, sendo que esses são usados em média de até duas horas diárias por 39% dos entrevistados, três horas por 5%, quatro horas por também 5%, mais de quatro horas por 39% e 12% das pessoas que possuem não utilizam essas máquinas.

Conclusão

    De acordo com os resultados obtidos na pesquisa conclui-se que a maioria das pessoas que participaram da pesquisa possuem algum tipo de prevenção para sua saúde e cuidado com sua qualidade de vida. Porém nota-se que ainda há um grande número de pessoas que precisam se conscientizar que a prática regular de atividades físicas melhora integralmente a saúde e a qualidade de vida. Assim, cabe a nós profissionais da Educação Física, estarmos contextualizados com a realidade do nosso público alvo afim de propor e desenvolver trabalhos capazes de formar o ser humano integralmente, nos seus aspectos físicos, psicológicos, afetivos e sociais.

    Nota-se que de acordo com as profissões pesquisadas, há existência de muitos problemas de saúde oriundos da má postura e de movimentos repetitivos durante a jornada de trabalho.

    Fica evidenciado que precisamos trabalhar em prol da prevenção de muitos problemas de saúde, informando nossos alunos sobre a importância dos cuidados relacionados à alimentação, ingestão de bebidas alcoólicas e outras drogas, prática regular de atividades físicas, hábitos do cotidiano que podem interferir no estado saudável de uma pessoa e na sua qualidade de vida.

Referências bibliográficas

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