Mortalidade por doenças e agravos não transmissíveis em idosos: uma análise crítica e epidemiológica La mortalidad por trastornos y enfermedades y no transmisibles en personas mayores: un análisis crítico y epidemiológico |
|||
*Enfermeira pela Universidade Severino Sombra (RJ), Especialista em Saúde Pública e Gestão da Clínica. Atua na Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde de Montes Claros, MG **Enfermeiro pelas Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros (MG) Pós-Graduando em Saúde da Família ***Fisioterapeuta pelas Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros (MG) Especialista em Saúde Coletiva. Atua como Secretaria de Saúde do município de Itacambira (MG) |
Ludmila Pereira Macedo* Patrick Leonardo Nogueira da Silva** Maria Fernanda Loiola Ruas*** (Brasil) |
|
|
Resumo O presente estudo objetiva identificar as características sócio-demográficas e as tendências observadas na mortalidade das Doenças e Agravos não Transmissíveis em idosos das microrregiões de saúde da Superintendência Regional de Saúde de Montes Claros, no período de 1998 a 2005. Utilizou-se como fonte de informação o Sistema de Informação de Mortalidade do Sistema Único de Saúde (SIM-SUS), e os Censos Demográficos Brasileiros dos anos de 1998 a 2005. Os dados foram extraídos dos SIM/DATASUS, através da Classificação Internacional de Doenças (CID-10), sendo investigados os óbitos por local de residência entre os indivíduos com mais de 60 anos, seguindo a definição adotada pela Política Nacional de Saúde do Idoso. As análises foram estratificadas por gênero e faixa etária da população. Pode-se perceber que houve uma redução na mortalidade em indivíduos com idade entre 60 e 79 anos, e um aumento em indivíduos com idade de 80 anos e mais. As taxas de mortalidade entre os indivíduos acima de 60 anos no período analisado, aumentaram de 3.282,7 para 3.440,6 a cada 100.000 habitantes. O risco de morte aumentou 5,1 % entre os homens e 4,75 entre as mulheres. Conclusão: Os idosos representam um maior risco de óbito, sendo que esses merecem uma atenção diferenciada pelos órgãos responsáveis, pela organização dos serviços, para que se evite a mortalidade prematura e proporcione um envelhecimento com maior qualidade de vida. Unitermos: Doenças não transmissíveis. População idosa. Mortalidade.
|
|||
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 17 - Nº 170 - Julio de 2012. http://www.efdeportes.com/ |
1 / 1
Introdução
O Brasil tem passado por um acelerado processo de industrialização–urbanização, trazendo um profundo impacto na dinâmica populacional, cultural e sanitária do país. Como resultado da queda das taxas de mortalidade e da fecundidade, a população envelheceu. Por outro lado, a inserção de novos processos de trabalho determinou mudanças de estilos de vida da população que vêm sendo, muitas vezes, estimulados pela globalização de mercados e da comunicação. Portanto, acompanhando a mudança no perfil demográfico de nossa população, tem-se verificado também uma mudança no perfil epidemiológico (MALTA, 2006).
Ainda segundo Malta (2006), essas mudanças no perfil epidemiológico brasileiro refletiram no quadro sanitário do país, com um considerável aumento da prevalência de Doenças e Agravos não Transmissíveis (DANT). O grupo das DANTs compreende majoritariamente doenças cardiovasculares, diabetes, câncer e doenças respiratórias crônicas.
De fato, atualmente, as DANTs têm sido responsáveis por uma parcela significativa e crescente da carga de doenças no Brasil. Segundo Barbosa (2003), cerca de dois terços da carga de doenças no país são representados pelas DANTs, sendo as mesmas um problema de saúde pública.
De acordo com Costa (2001), muitos idosos são acometidos por doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) - estados permanentes ou de longa permanência - que requerem acompanhamento constante, pois, em razão da sua natureza, não têm cura. Essas condições crônicas tendem a se manifestar de forma expressiva na idade mais avançada e, frequentemente estão associadas (co-morbidades). Além disso, essas doenças podem gerar um processo incapacitante, afetando a funcionalidade dos idosos, dificultando ou impedindo o desempenho de suas atividades cotidianas de forma independente. Ainda que não sejam fatais, essas condições geralmente tendem a comprometer de forma significativa a qualidade de vida dos idosos.
Santos (2006) afirma que os idosos que apresentam maior risco de óbito devem merecer atenção diferenciada dos órgãos responsáveis pela organização de serviços destinados a essa população e a seus familiares, para que isso resulte na redução da mortalidade prematura dos idosos. Não se pretende, entretanto, que a vida seja prolongada a qualquer custo. Ao contrário, a idéia é evitar mortes associadas à não-assistência, à falta de estrutura e recursos em uma sociedade que está envelhecendo rapidamente e, onde, muitas vezes, o idoso não tem suas necessidades atendidas adequadamente, o que aumenta a possibilidade de agravos à saúde, incapacidades, comprometimento da qualidade de vida e morte.
Nesse sentido, a Política Nacional de Saúde do Idoso apresenta como pressuposto básico a promoção do envelhecimento saudável, a manutenção e a melhoria, ao máximo, da capacidade funcional dos idosos, a prevenção de doenças, a recuperação da saúde dos que adoecem e a reabilitação daqueles que venham a ter a sua capacidade funcional restringida, de modo a garantir-lhes permanência no meio em que vivem, exercendo de forma independente suas funções na sociedade (COSTA, 2004).
Para Veras (2003), é função das Políticas de Saúde contribuir para que mais pessoas alcancem idades avançadas com o melhor estado de saúde possível. O envelhecimento ativo e saudável é o grande objetivo nesse processo.
Neste contexto, verifica-se a relevância do estudo do perfil epidemiológico das DANTs na população idosa, para o melhor planejamento, implantação de intervenções, e monitoramento das existentes.
Metodologia
Para fazer a caracterização da população idosa da Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Montes Claros, referente à mortalidade, foi realizada uma análise de situação de saúde, através de um estudo descritivo e quantitativo.
Utilizou-se como fonte de informação o Sistema de Informação de Mortalidade do Sistema Único de Saúde (SIM-SUS), e os Censos Demográficos Brasileiros dos anos de 1998 a 2005 (IBGE). Para extração no SIM, foi utilizada a Classificação Internacional de Doenças (CID-10), sendo investigados os óbitos por local de residência entre os indivíduos com mais de 60 anos, seguindo a definição adotada pela Política Nacional de Saúde do Idoso.
A população utilizada para os cálculos de taxas de mortalidade, como denominador, foi extraída do DATASUS, sendo as mesmas estimativas da população referida.
As análises foram estratificadas por gênero (masculino e feminino) e faixa etária (60 a 69 anos, 70 a 79 anos, e acima de 80 anos), sendo calculada a mortalidade proporcional por faixa etária, o coeficiente de mortalidade por gênero, e o coeficiente de mortalidade geral por gênero e faixa etária.
Foi calculado o coeficiente de mortalidade por grupos de causas da CID-10, e este mesmo coeficiente estratificado por gênero. Desta forma obteve-se a caracterização de mortalidade por grupo de causas entre os gêneros.
Por fim, analisou-se a mortalidade proporcional dos capítulos da CID-10, em que se identificaram os grupos de causas com maior percentual de mortalidade na população estudada, sendo que esta taxa foi utilizada em detrimento da sua importância relativa ao óbito.
Diante dos dados obtidos foi feita uma análise descritiva da tendência temporal dos coeficientes por grupos e causas de óbitos, identificado assim as causas de maior relevância e de maior risco de morte na população idosa.
Os anos de 1999, 2002 e 2005 foram utilizados como marcos para a verificação das flutuações dos coeficientes de mortalidade. Para cada um desses anos, as taxas de mortalidade foram construídas pela média do ano anterior e posterior. Então, para a construção dos índices para o ano de 1999, foi feita a média aritmética dos anos 1998, 1999 e 2000. Esse método tem por objetivo corrigir eventuais desvios que possam ter ocorrido em algum ano, isoladamente, e tornar o dado mais robusto e confiável.
Resultados e discussão
Os dados de mortalidade entre idosos foram analisados entre os anos de 1998 a 2005. Neste período o percentual de idosos na Regional de Montes Claros aumentou de 6,8% para 7,6%. No Estado de Minas Gerais este aumento foi de 8,3% para 9,0%. (DATASUS, 2008)
Desses idosos residentes nos municípios de jurisdição da SRS de Montes Claros, no período analisado, a média de mulheres foi de 49,7 e de homens 50,3 (DATASUS, 2008).
Gráfico 1. Mortalidade Proporcional por idade entre os indivíduos com 60 anos e mais, dos municípios de jurisdição
da SRS de Montes Claros-MG. Fonte: Ministério da Saúde. Sistema de Informação de Mortalidade (SIM) DATASUS.
Como era de se esperar, com o avançar da idade há um aumento no risco de morte. Sendo que no período analisado houve uma redução na mortalidade em indivíduos com idade entre 60 a 79 anos, e um aumento em indivíduos com idade de 80 anos e mais.
Santos (2006) relata que ter idade igual ou superior a 75 anos representa um risco maior de morrer. Essa característica é compartilhada entre outros países desenvolvidos, nos quais a cada cinco anos acrescidos à idade, aumenta em 50% o risco de morte.
O gráfico 2 mostra, como era de se esperar, as taxas de mortalidade aumentando acentuadamente com a idade. Este coeficiente demonstra uma tendência crescente no período analisado aumentando 10,5% e 16% entre os homens e mulheres, respectivamente. Na população de idosos de 70 a 79 anos, a mortalidade entre o gênero masculino aumentou 5% enquanto que entre o gênero feminino este risco diminui 4%. Entre os idosos com 60 a 69 anos em ambos os gêneros houve uma diminuição no risco de morte sendo 2% e 3% para os homens e mulheres, respectivamente.
Gráfico 2. Coeficiente de mortalidade por gênero entre os indivíduos com 60 anos e mais, dos municípios de jurisdição
da SRS de Montes Claros-MG. Fonte: Ministério da Saúde. Sistema de Informação de Mortalidade (SIM) DATASUS
A taxa de mortalidade entre os indivíduos acima de 60 anos no período analisado aumentou de 3.282,7 para 3.440,6 a cada 100.000 habitantes. Sendo que os homens possuem uma maior risco de morte que as mulheres. Observa-se que o risco aumentou 5,1 % entre os homens e 4,75 entre as mulheres no mesmo período analisado.
Gráfico 3. Coeficiente de mortalidade por gênero e faixa etária entre os indivíduos com 60 anos e mais, dos municípios de
jurisdição da SRS de Montes Claros-MG. Fonte: Ministério da Saúde. Sistema de Informação de Mortalidade (SIM) DATASUS
A Tabela 1 nos mostra a mortalidade proporcional por grupo de causas em indivíduos com 60 anos e mais, dos municípios de jurisdição da SRS de Montes Claros- MG.
Tabela 1. Mortalidade Proporcional por grupo de causas em indivíduos com 60 anos e mais, dos municípios de jurisdição da SRS de Montes
Claros- MG. Coeficiente de Coeficiente 1/100.000. Fonte: Ministério da Saúde. Sistema de Informação de Mortalidade (SIM) DATASUS
Observa-se que as causas mal definidas estão como a primeira causa de morte na população acima de 60 anos, embora demonstre uma tendência decrescente de 1999 a 2005, seguidas pelas doenças do aparelho circulatório, neoplasias, e doenças do aparelho respiratório.
Segundo Costa (2004) a dificuldade para determinar a causa básica de óbito é maior entre os idosos e isso reflete nas estáticas de mortalidade. Sendo que a maioria das variações nas taxas de mortalidade, entre aquelas classificadas com mal definidas sejam devidas a morte sem assistência médica.
A Tabela 2 estampa o coeficiente de mortalidade por grupo de causas em indivíduos com 60 anos e mais, dos municípios de jurisdição da SRS de Montes Claros- MG por 100.000.
Dentre as causas conhecidas o risco de morte entre os idosos é maior por doenças do aparelho circulatório e neoplasias, respectivamente. Seguidas por doenças do aparelho respiratório que demonstra uma diminuição no risco de morte. As doenças infecciosas e parasitárias são a quarta causa de morte, demonstrando um diminuição no risco de morte.
Tabela 2. Coeficiente de mortalidade por grupo de causas em indivíduos com 60 anos e mais, dos municípios de jurisdição da SRS de Montes
Claros- MG por 100.000. Coeficiente de Coeficiente 1/100.000. Fonte: Ministério da Saúde. Sistema de Informação de Mortalidade (SIM) DATASUS
Dentre as causas conhecidas, as doenças do aparelho circulatório são a primeira causa de morte nesta população em ambos os gêneros, sendo maior entre os homens. Neste observou-se um aumento de 18 % no referido período, já entre as mulheres este coeficiente aumentou 29 %, observando-se desta forma que; apesar de o risco de morte entre os homens ser maior, entre as mulheres este risco demonstrou um maior aumento no período analisado.
Tabela 3. Coeficiente de mortalidade por grupo de causas e gênero entre os idosos, dos municípios de jurisdição da SRS de Montes Claros- MG
por 100.000. Coeficiente de Coeficiente 1/100.000. Fonte: Ministério da Saúde. Sistema de Informação de Mortalidade (SIM) DATASUS
As neoplasias representaram a segunda causa de morte entre os idosos, sendo que este risco foi maior entre os homens. Em ambos os gêneros este coeficiente demonstrou uma tendência crescente, embora este aumento foi mais acentuado entre os homens, que aumentou 40,5%. As doenças do aparelho respiratório representaram a terceira causas de óbito entre as causas conhecidas com uma queda no risco de morte destas doenças em ambos os gêneros.
Nas tabelas 4 e 5, estão demonstradas a principais causas de mortalidade entre os idosos nos anos analisados, segundo as cinco primeiras causas mais frequentes. No que se refere ao grupo das doenças do aparelho circulatório (DAC), as causas mais frequentes são as doenças cerebrovasculares, o infarto agudo do miocárdio e as doenças hipertensivas.
Tabela 4. Coeficiente de mortalidade causas dos grandes grupos entre os homens idosos, dos municípios de jurisdição da SRS de Montes Claros- MG
por 100.000. Coeficiente de Coeficiente 1/100.000. Fonte: Ministério da Saúde. Sistema de Informação de Mortalidade (SIM) DATASUS
Tabela 5. Coeficiente de mortalidade causas dos grandes grupos entre as mulheres idosas, dos municípios de jurisdição da SRS de Montes Claros- MG
por 100.000. Coeficiente de Coeficiente 1/100.000. Fonte: Ministério da Saúde. Sistema de Informação de Mortalidade (SIM) DATASUS
Quanto ao grupo das neoplasias, observa-se que o câncer de próstata é a primeira causa de morte entre os homens, com um aumento do coeficiente de 42%, seguida pela mortalidade por câncer de estômago entre os idosos, que aumentou 46,5 %. Posteriormente estão as neoplasias de esôfago; lábio, cavidade oral e faringe; e traquéia, brônquio e pulmão. Entre as mulheres, a primeira causa de óbito neste grupo, são as neoplasias de traquéia, brônquio e pulmão, com um aumento de 42 % do risco de morte no período analisado. Assim como entre os idosos as neoplasias de estomago é a segunda causa de morte entre as idosas, seguidas pelas neoplasias de ovário, colo do útero e fígado e vias biliares intra hepáticas. Destaca-se o aumento do risco de morte por neoplasia de ovário, sendo este aumento de 205% do coeficiente de mortalidade. Embora não demonstrada na tabela, sendo a sexta causa de morte, o coeficiente de mortalidade por câncer de mama entre as mulheres idosas diminuiu de 24 para 16/ 100.000 habitantes no período analisado, o que representa uma redução de 33%.
Para Carneiro e Silva (2004) o acesso aos serviços de saúde com atenção de qualidade – diagnóstico e tratamentos adequados – são vitais para que estas condições sejam rapidamente identificadas e tratadas. A evitabilidade dos óbitos e a garantia de qualidade de vida, dos grupos mais idosos da população só são possíveis através de dois caminhos – a atenção à saúde de forma integral e com resolutividade e o desenvolvimento de ações de promoção e prevenção precoces.
Ações de promoção à saúde que visem à melhoria da qualidade vida, através de hábitos de vida saudáveis são essenciais para a redução do risco de morte. Deve-se chamar a atenção para o risco de morte por câncer de estômago observado em ambos os gêneros, o que pode estar associado aos hábitos alimentares desta população.
As causas de morte do grupo das doenças do aparelho respiratório, são as mesmas em ambos os gêneros, as doenças crônicas das vias inferiores como primeira causas, seguida pela pneumonia e asma. Ressalta-se que a mortalidade por estas causas demonstrou uma tendência decrescente.
Entre os idosos, o grupo das doenças do aparelho digestivo aparece como a quarta causa de morte, sendo que as doenças do fígado são as primeiras causas de morte, seguidas pela fibrose e cirrose de fígado; ulcera gástrica, duodenal e péptica.
Chama a atenção o fato de haver sobre mortalidade masculina em todos os grupos de causas de óbito, menos no grupo de doenças das glândulas endócrinas, da nutrição e do metabolismo, que apresenta riscos mais elevados para as mulheres, provavelmente em consequência do diabetes mellitus.
Este perfil de mortalidade das doenças citadas entre os idosos demonstra a relevância das políticas de saúde voltadas para a promoção e prevenção a saúde. Esta deve ser voltada entre os indivíduos com 60 anos e mais, mesmo que tardiamente, para que os mesmo tenha uma melhor qualidade de vida. Costa (2004) afirma que com o atual quadro de mortalidade por doenças crônicas, aponta-se o grande potencial de prevenção da mortalidade precoce entre idosos brasileiros, uma vez que parcela importante da mortalidade dessa população tem formas de prevenção conhecidas, associadas aos cinco fatores de risco mais importantes para doenças crônicas não transmissíveis – hipertensão, tabagismo, consumo de álcool, dislipidemia e obesidade ou sobrepeso, ao diagnóstico precoce para alguns tipos de cânceres e à detecção de casos e tratamento adequado da hipertensão e dislipidemia.
Conclusão
Os idosos representam uma parcela significativa da população e vem aumentado bastante nos últimos anos. Esta população representa um grupo crescente de consumo e de demanda aos serviços de saúde, com características particulares em decorrência do acúmulo de cargas de doenças.
Pelo presente trabalho, verificou-se o perfil de mortalidade entre os idosos nos municípios jurisdicionados pela Superintendência Regional de Saúde de Montes Claros, sendo que este perfil acompanha a tendência de mortalidade da literatura, em que o risco de morte aumenta no decorrer da vida e os homens possuem um maior risco de morte que as mulheres. Os principais grupos de causas de morte em ambos os sexos são as doenças do aparelho circulatório, neoplasias, e doenças do aparelho respiratório.
Em ambos os sexos as principais causas de morte estão doenças cerebrovasculares, o infarto agudo do miocárdio e as doenças hipertensivas. Quanto às neoplasias entre os homens, predomina o câncer de próstata, neoplasias de esôfago; lábio, cavidade oral e faringe, traquéia, brônquio e pulmão. Entre as mulheres são as neoplasias de traquéia, brônquio e pulmão, as neoplasias de estômago, neoplasias de ovário, colo do útero e fígado e vias biliares intra hepáticas.
O grupo das causas externas representa a quinta causa de morte entre os homens acima de 60 anos, sendo que os acidentes de transporte a primeira causa de óbitos nesta população, seguidos das quedas, lesões auto provocadas e agressões. Estas últimas diferentemente do acidente de trânsito mostraram uma tendência crescente no período analisado aumentando 425%, 141%, e 86 %, respectivamente. Este grupo entre as mulheres são a sexta causa de óbito, sendo que a mulheres idosas possuem um maior risco de morte por queda.
Sabe-se que os idosos apresentam um maior risco de óbito, sendo que esses merecem uma atenção diferenciada pelos órgãos responsáveis pela organização dos serviços, para que se evite a mortalidade prematura e proporcione um envelhecimento com qualidade de vida.
Há políticas e diretrizes com esses objetivos. No entanto, diante do contingente que esses indivíduos ocasionam, há uma necessidade de organização da rede de atenção à saúde para que sejam implementadas ações e, desta forma os idosos tenham suas necessidades atendidas adequadamente, diminuindo assim a possibilidade de agravos, incapacidades, comprometimento da qualidade de vida e a morte.
A evitabilidade dos óbitos e garantia da qualidade de vida são possíveis através de uma atenção à saúde de forma integral e com a resolutividade e o desenvolvimento de ações de promoção e prevenção precoce, sem prejuízo a atenção aos indivíduos com menos de 60 anos.
Os resultados da presente estudo não apenas serve de subsídio para a implantação e implementação de ações que visem a melhoria da qualidade de vida da população idosa, mas também para a população que futuramente se tornarão idosos.
As realizações de análises nos serviços de saúde são fundamentais para o planejamento das ações, e em se tratando das DANTs esta necessidade aumenta por se tratar de um grupo de doença e agravos de complexas características que se diferenciam em grupos populacionais e regiões.
Referências
ALVES, M. I. C.; MONTEIRO, M. F. G. Diferenciais na Estrutura de Mortalidade dos Idosos nas regiões Metropolitanas Brasileiras. In: Encontro Nacional de Estudos Populacionais, 14, Caxambu, 2004, Anais... Belo Horizonte: Abep; 2004.
BARBOSA JB, al. Doenças e Agravos não Transmissíveis: bases epidemiológicas. In: Rouquayrol MZ. Epidemiologia & Saúde. 6 ed., p. 289-301. Rio de Janeiro: Medsi; 2003.
BRASIL. A Vigilância, o controle e a prevenção das doenças e crônicas não transmissíveis – DCNT – no contexto do Sistema Único de Saúde brasileiro. Brasília: Organização Pan- Americana da Saúde; 2005.
CARNEIRO, A.; SILVA, R.I. Tendência da Mortalidade em Idosos na Cidade do Rio de Janeiro – 1979 a 2003. In: Encontro Nacional de Estudos Populacionais, 14, Caxambu, 2004, Anais... Belo Horizonte: Abep; 2004.
CEI-RS (Conselho Estadual do Idoso Rio Grande do Sul). Os Idosos do Rio Grande do Sul: Estudo Multidimensional de suas Condições de Vida: Relatório de Pesquisa (CEI-RS, org.), p. 71, Porto Alegre; 1997.
COSTA, M. F. L.; GUERRA, L. H.; FIRMO J. O A; UCHOA, E. Projeto Bambui: um estudo epidemiológico de características sócio-demográficas, suporte social e indicadores de condição de saúde dos idosos em comparação aos adultos jovem. Informe Epidemiológico do SUS. Brasília. Volume 10. N 4. out/dez; 2001.
COSTA, M. F. L.. A escolaridade afeta, igualmente, comportamento prejudiciais à saúde de idosos e adultos mais jovens? – Inquérito de Saúde da REGIÃO Metropolitana de Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil. Epidemiologia e Serviço de Saúde. Vol. 13. N° 4. Outubro-Dezembro; 2004.
COSTA, M. F. L.; PEIXOTO, S. V.; GIATTI, L.. Tendência da mortalidade entre idosos brasileiros (1980-2000). Epidemiologia e Serviço de Saúde. V. 13. n 14. Brasília dez; 2004.
INCA. Secretaria de Vigilância em Saúde. Inquérito domiciliar sobre comportamentos de risco e morbidade referida de doenças e agravos não transmissíveis: Brasil, 15 capitais e Distrito Federal, 2002-2003, Rio de Janeiro: Ministério da Saúde; 2004.
LEBRÃO, ML; LAURENTI, R. Condições de saúde. In: Lebrão, ML; Duarte, YAO (org.). O Projeto SABE no Município de São Paulo: uma abordagem inicial. Brasília: OPAS/MS; p. 75-91; 2003.
MAIA, F. O. M; DUARTE, Y. A. O; LEBRÃO, M. L.. Análise dos óbitos em idosos no Estudo SABE. Rev. esc. enferm. USP v.40 n.4 São Paulo dez; 2006.
MAIA, F. O. M; DUARTE, Y. A. O.; LEBRÃO, M. L.; SANTOS, J. L. F. Fatores de risco para mortalidade em idosos. Rev. Saúde Pública v.40 n.6 São Paulo dez; 2006.
MALTA, D. C. ; CEZARIO, A. C.; MOURA, L.; NETO, O. L. M.; JUNIOR, J. B. S.. A construção da vigilância e prevenção das doenças crônicas não transmissíveis no contexto do Sistema Único de Saúde. Epidemiologia e Serviços de Saúde. Brasília Vol. 15. N3. pág. 47-64.julho/set; 2006.
MENEZES, P. R; GARRIDO, R.. O Brasil esta envelhecendo: boas e más noticias por uma perspectiva epidemiológica. Revista Brasileira de Psiquiatria. Vol. 24. pág. 3 a 6; 2002.
MINAS GERAIS. Secretaria de Estado de Saúde. Atenção à saúde do idoso. Belo Horizonte: SAS/MG; 2006.
Organização Pan Americana da Saúde. CARMEM - Iniciativa para Conjunto de Ações para Redução Multifatorial de Enfermidades Não Transmissíveis. Brasília: OPAS; 2003.
SILVESTRE, Jorge Alexandre; NETO, Milton Menezes da Costa. Abordagem do idoso em programas de saúde da família. Cad. Saúde Pública vol.19, no.3. Rio de Janeiro; 2003.
VERAS, R.. Em busca de uma assistência adequada à saúde do idoso: revisão da literatura e aplicação de um instrumento de detecção precoce e de previsibilidade de agravos. Cad. Saúde Pública. Vol. 19, no. 3, pp. 705-715; 2003.
JORGE, Maria Helena P. de Mello; LAURENTI, Ruy; COSTA,Maria Fernanda Lima; GOTLIEB; Sabina Léa Davidson; FILHO.Alexandre Dias Porto Chiavegatto. A mortalidade de idosos no Brasil: a questão das causas mal definidas. Epidemiologia e Serviços de Saúde. Vol. 17. N° 14. pp. 271-281; out- dez; 2008.
Outros artigos em Portugués
Búsqueda personalizada
|
|
EFDeportes.com, Revista Digital · Año 17 · N° 170 | Buenos Aires,
Julio de 2012 |