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Prevalência de distúrbios osteomusculares em professores de

uma escola publica no noroeste do Rio Grande do Sul, Brasil

Prevalencia de trastornos osteomusculares en maestros de escuelas públicas en Río Grande do Sul, Brasil

 

*Fisioterapeuta, Graduado pela Universidade de Cruz Alta, UNICRUZ, Cruz Alta, RS

**Fisioterapeuta, graduado pela Universidade de Cruz Alta, Mestre em Saúde Coletiva

pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos; professor adjunto

da Universidade de Cruz Alta - UNICRUZ; Cruz Alta, RS

(Brasil)

Rogério Denilson Capeletti Lima*

Manuele Pimentel Gomes*

Giovani Sturmer**

giovanisturmer@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          As lesões por esforços repetitivos - LER, atualmente renomeadas de distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho - DORT, estabelecem problemas relacionados às patologias do trabalho. Têm sido consideradas causadoras de “grandes distúrbios em alguns centros urbanos, com prejuízos generalizados para pessoas, organizações, Previdência Social e sociedade. O objetivo do presente estudo foi identificar a presença de distúrbios osteomusculares em professores de uma escola publica da região noroeste do Rio Grande do Sul, Brasil e os fatores associados. Este estudo caracteriza-se por ser uma série de casos. A amostra foi composta por 15 indivíduos de ambos os gêneros com média de idade de 48,6 ± 9,75 anos. Identificou-se uma predominância do gênero feminino 86,7%, na pesquisa e 80% dos entrevistados casados. Observou-se que 40% dos entrevistados consideram sua saúde muito boa, a avaliação do nível de atividade física apontou que 60% são classificados como ativos. Verificou-se que 86,6% apresentam dores em variadas regiões do corpo. A principal região de dor referida pelos sujeitos foi no ombro (60%) e trapézio (33,3%). Ao avaliar o comportamento da dor durante o dia, verificou-se que o relato de aumento da dor, foi observado em 87,5% dos casos de ombro, 75% no trapézio, 66,7% na lombar, e 100% no pescoço, mãos e dedos, punho, joelho, tornozelo. Foi possível identificar que 53,3% dos sujeitos relataram dor em 2 ou mais locais do corpo. Apenas 26% dos professores não referiram dor em nenhum local do corpo.

          Unitermos: Saúde do trabalhado. Fatores de risco. DORT.

 

Resumen

          Las lesiones por esfuerzo repetitivo, ahora llamadas de trastornos osteomusculares relacionadas con el trabajo, establecen problemas vinculados con las condiciones de trabajo. Ha sido considerada la causa de importantes perturbaciones en algunos centros urbanos, con daños a personas, organizaciones, Seguridad Social y la sociedad. El objetivo de este estudio fue identificar la presencia de trastornos músculo-esqueléticos en maestros de una escuela pública en la región noroeste del Rio Grande do Sul, Brasil y los factores asociados. El estudio se caracteriza por estudiar una serie de casos. La muestra consistió en 15 individuos de ambos sexos con una edad media de 48,6 ± 9,75 años. Se identificó un predominio del sexo femenino (86,7%) en la investigación y 80% casados. Se observó que el 40% de los encuestados consideran su estado de salud como muy bueno; la evaluación del nivel de actividad física mostró que el 60% se clasifica como activo. Se encontró que el 86,6% tenía dolor en diferentes regiones del cuerpo. La principal área de dolor referido por los sujetos fue en el hombro (60%) y el trapecio (33,3%). Para evaluar el comportamiento de dolor durante el día, se encontró que el incremento del dolor se observó en 87,5% en trapecio, hombros 75%, el 66,7% en la zona lumbar y en el cuello 100%, en las manos y los dedos, muñeca, rodilla y tobillo. Se encontró que el 53,3% de los sujetos reportó dolor en dos o más sitios del cuerpo. Sólo el 26% de los maestros no reportaron dolor en ningún lugar del cuerpo.

          Palabras clave: Salud del trabajador. Factores de riesgo. DORT.

 

Abstract

          The repetitive strain injury - RSI, now renamed the work-related musculoskeletal disorders - MSDs, set problems related to conditions of work. Have been regarded as causing "disturbances in some large urban centers, with widespread damage to persons, organizations, Social Security and society. The objective of this study was to identify the presence of musculoskeletal disorders in teachers in a public school in the northwestern region of Rio Grande do Sul/Brasil and the factors associated. The study is characterized by a series of cases. Methods: The sample consisted of 15 individuals of both sexes with a mean age of 48.6 ± 9.75 years. We identified a predominance of females 86.7%, in research and 80% of respondents married. It was observed that 40% of respondents consider their health very good, the assessment of physical activity level showed that 60% are classified as active. It was found that 86.6% had pain in various body regions. The main area of pain reported by subjects was the shoulder (60%) and trapezius (33.3%). When assessing pain behavior during the day, it was found that the report of increased pain was observed in 87.5% of cases of shoulder, 75% in the trapezius muscle, 66.7% in the lumbar and neck 100% hands and fingers, wrist, knee, ankle. It was identified that 53.3% of subjects reported pain in two or more body sites. Only 26% of teachers reported no pain in any body site.

          Keywords: Occupational health. Risk factors. MSDs.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 17 - Nº 170 - Julio de 2012. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Os professores fazem parte de uma classe diferenciada de trabalhadores. Nesse sentido, a Consolidação das Leis Trabalhistas lhes dedica exclusivamente toda a seção XII, do seu capítulo I, título III. No seu mister, eles usam, além do intelecto, todo o corpo para desempenharem o ofício. Expõem-se de maneira incomum, ficam com a saúde vulnerável e, portanto, merecem que sejam adotadas medidas de saúde protetivas e preventivas1.

    Nesse contexto, vem tomando forma cada vez maior a proliferação de doenças ocupacionais e acidentes de trabalho, onde o professor é a vítima. Partindo dessas considerações, objetivamos realizar uma discussão sobre as conseqüências nefastas à saúde do professor, que seu meio ambiente de trabalho lhes acarreta1.

    O Magistério sempre foi tido pela legislação como uma atividade penosa, que causa desgaste no organismo, de ordem física ou psicológica, em razão da repetição de movimentos, pressões e tensões psicológicas que afetam emocionalmente o trabalhador. O Decreto 53.831/64 enquadrou a função de professor como penosa1.

    As DORT, cuja primeira referência oficial a esse grupo de afecções do sistema músculo-esquelético foi feita pela Previdência Social, com a terminologia tenossinovite do digitador, pela Portaria n. 4062, de 06/08/87, em 1992 recebe a denominação Lesões por Esforços Repetitivos (LER), representando um dos grupos de doenças ocupacionais mais polêmicos no Brasil e em outros países. Nos últimos anos, têm sido, dentre as doenças ocupacionais registradas, as mais prevalentes, segundo estatísticas referentes à população trabalhadora segurada2.

    Os fatores que favorecem a ocorrência dos DORT são múltiplos, constituindo um conjunto complexo, isolados ou agrupados, mas interligados, que exercem seu efeito simultaneamente na gênese da doença, tendo como sintomas, a dor localizada, irradiada ou generalizada, desconforto, fadiga e sensação de peso, formigamento, parestesia, sensação de diminuição de força, edema e enrijecimento articular. E, apesar de inicialmente apresentarem-se de forma insidiosa, predominando mais no término, em momentos de picos da produção e aliviarem com o repouso, com o decorrer do tempo podem tornar-se freqüentes durante o trabalho, inclusive incidindo nas atividades extra laborativas do trabalhador3.

    Para identificar e abordar as causas de LER/DORT é necessário considerar vários aspectos do ambiente de trabalho. Os fatores psicossociais, incluindo o estresse na situação de trabalho e o clima organizacional da empresa podem influenciar a eficácia das medidas preventivas. Os principais fatores de risco são: organização do trabalho, riscos psicossociais, riscos ambientais, fatores biomecânicos e fatores extra-trabalho4.

    Vários fatores associados ao trabalho concorrem para a ocorrência de LER/DORT como a repetitividade de movimentos, a manutenção de posturas inadequadas, o esforço físico, a invariabilidade de tarefas, a pressão mecânica sobre determinados segmentos do corpo, o trabalho muscular estático, impactos e vibrações. A intensificação do ritmo, da jornada e da pressão por produção e a perda acentuada do controle sobre o processo de trabalho por parte dos trabalhadores (fatores relacionados à organização do trabalho), têm sido apontados como os principais determinantes para a disseminação da doença5.

    A implementação de medidas preventivas é a melhor atitude a ser empregada, existe uma necessidade de melhorar a educação dos trabalhadores com condutas de orientação recomendações e de comunicações das experiências dos profissionais de saúde. É essencial que os trabalhadores tenham um bom ambiente de trabalho, com aperfeiçoamento técnico para realização de suas tarefas com respeito aos fatores ergonômicos e antropométricos, aos limites biomecânicos, à duração das jornadas e dos intervalos de trabalho, e com atitudes de reconhecimento de seus cargos superiores6.

    Um elemento importante para qualquer programa de prevenção baseado na ergonomia, envolve identificar riscos e apresentar métodos para minimizá-los. A ergonomia oferece dados e conhecimentos sobre o homem, suas capacidades e habilidades e também sobre suas limitações físicas e psíquicas. Esses dados e conhecimentos podem apoiar e orientar o planejamento e a execução de medidas preventivas de acidentes do trabalho e de doenças ocupacionais. De maneira geral pode-se dizer que a ergonomia atua na adaptação do trabalho, da técnica, do meio ambiente às pessoas e contribui na adaptação das mesmas ao trabalho7.

    O fisioterapeuta deve, no tratamento, ensiná-lo a relaxar, ir direcionando-o a tomar consciência de seu corpo. Orientá-lo a “escutar” os sintomas que lhe dizem o limite de seu corpo e a postura errada. Partindo dessa tese o paciente consegue melhorar seu desempenho pessoal, minimizar tensões musculares, tirar a atenção da dor e principalmente perceber suas limitações8.

    Tendo em vista que alguns trabalhadores estão mais expostos a riscos de doenças em razão do trabalho, esta pesquisa visa avaliar os distúrbios osteomusculares e os fatores associados, em professores de uma escola publica do noroeste do Estado do Rio Grande do Sul.

Métodos

    Para dar conta dos objetivos, desenvolvemos uma pesquisa na qual combinamos métodos quantitativo e qualitativo. As técnicas utilizadas foram questionário e entrevista, com foco na descrição da presença e fatores de risco para DORT.

    Sendo este um trabalho interdisciplinar, é também uma investigação na qual procuramos dialogar os modos de trabalho, a linguagem e as exigências da nossa área de origem (fisioterapia), com os modos de trabalho, as preocupações e as exigências. Acreditamos que com o tempo e o esforço dos profissionais aqui estudados, além da multiplicação de pesquisas interdisciplinares, o diálogo possa vir a ser mais fluido, atingindo a almejada transdisciplinaridade. Pelo momento acrescentamos mais um ponto neste caminho.

    A entrevista comumente constitui-se num meio interessante para obtenção de dados, em geral de auto-relato. A observação direcionada permite medir diretamente um comportamento específico de várias formas, e desta maneira sofre influência do observador, do local de observação e do “grau de estruturação com que observa”9.

    A fim de investigar a incidência de Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho os sujeitos da amostra foram submetidos a critério de inclusão e exclusão: aceitar participar voluntariamente e assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e atuar mais de dois anos como professor, na escola onde foi realizada a pesquisa. A amostra desta pesquisa foi constituída por 15 professores de uma escola Estadual na Cidade de Cruz Alta/RS. As entrevistas foram realizadas do dia 10 ao dia 17 de novembro de 2010.

    Os dados foram coletados através do Questionário Bipolar, o qual tem como objetivo, identificar os locais que o paciente sente dores, sua freqüência, em qual lados.

    Em um questionário, foram coletadas informações do tipo: identificação, idade e tempo de trabalho na empresa, ocorrência de distúrbios no ultimo ano, a carga horária de trabalho semanal e afastamento por problemas osteomusculares, se houvesse.

    Foi aplicado o questionário de Atividade Física (IPAQ), versão curta, onde os entrevistados puderam descrever os tipos de atividades físicas que realizam, assim como o tempo e freqüência que desempenham.

    A coleta foi realizada no período de duas semanas, entre os dias 10 e 24 de Novembro de 2010, em sala reservada na escola.

    Foram respeitados os aspectos éticos preconizados na resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde. O termo de consentimento Livre e Esclarecido foi assinado após o integrante da população do estudo receber e compreender todas as informações sobre o estudo e sua participação nesse. Foram assegurados o sigilo e o anonimato aos participantes. Este projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade de Cruz Alta sob o registro nº 0056.0.417.000-10

    Os dados foram analisados através de programa estatístico adequado e são apresentados através de freqüência e percentual e presença de fatores avaliados

Resultados e discussão

    As lesões do sistema músculo-esquelético e/ou articular têm despertado a atenção de pesquisadores, devido ao número crescente de trabalhadores das mais diversas áreas profissionais que apresentam comprometimentos posturais, muitas vezes promovendo dores nos membros superiores e inferiores, entre estes se destacam dores nos ombros, cervical, coluna vertebral. Estas dores podem ser conseqüência da atividade desenvolvida na sua jornada de trabalho. Entre estes profissionais encontramos também os professores, apesar do número escasso de estudos com estes profissionais.

    Preocupados com estes aspectos o presente estudo buscou identificar os distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho em professores de uma escola publica.

    Participaram do estudo quinze funcionários, todos atuantes como professores em sala de aula.

    Ao aplicarmos o Questionário Bipolar, o protocolo de Atividade Física (IPAQ) e alguns dados de identificação, encontramos os seguintes resultados:

    Na tabela 1 é apresentada a caracterização da amostra estudada de professores que participaram da pesquisa:

Tabela 1. Caracterização da amostra

    De acordo com dados da amostra, encontrou-se que as mulheres representaram a maioria da população estudada (86,70%); a média de idade foi 48,6 ± 9,75 anos, variando de 35 anos a 65 anos, e estão distribuídas em 26,70%, os quais tinham de 30 a 39 anos; e 33,30% na faixa etária de 40 a 49 anos; Entre os entrevistados 80% destes disseram ser casados. A composição familiar teve uma variação de 2 a 5 pessoas no núcleo familiar, sendo que 73,3% disseram ter até duas pessoas no núcleo familiar (Tabela 1).

    Entre os postos de trabalho, registrados pelo MTE para os profissionais do ensino, 77%, eram femininos. A docência continua, pois, significando boa oportunidade de emprego para as mulheres (15,9% dos empregos femininos), no mesmo patamar do maior e mais tradicional grupo de inserção feminina no mercado de trabalho: a prestação de serviços de todas as naturezas, apenas suplantada pelas atividades de apoio administrativo, agrupadas sob a denominação genérica escriturários (19,2%)10.

    Segundo estudo realizado com professores da Rede Privada do Ensino de Góias, o corpo docente das escolas é predominantemente feminino. Em 1999, 6.840 mulheres (69,15% de 9.891 professores) lecionavam nas escolas particulares do Estado, enquanto os homens somavam apenas 3.051 (30,85%) 11.

    Segundo Neves12, a predominância feminina entre os entrevistados pode ser explicada: “entre os anos de 1981 e 1990, 70% da força de trabalho feminina, no Brasil, encontrava-se concentrada em funções como: empregadas domésticas, operárias, secretárias, balconistas, professoras e enfermeiras.”

    Em pesquisa realizada sobre o trabalho de homens e mulheres no Brasil na década de 1990 observou-se que apesar das crises econômicas dessa época, as mulheres conseguiram consolidar seu acesso ao mercado de trabalho, bem como se manterem nele. Constataram ainda que no mercado de trabalho, além de uma segmentação de gênero, há também uma segmentação de raça ou cor, desfavorecendo as trabalhadoras negras. Em tal pesquisa são descritos três fatores que devem ser levados em conta, o primeiro é o de que após a segunda Guerra Mundial, o mundo ocidental ofereceu para as mulheres um mercado de trabalho crescente, diversificado e em consolidação. O segundo fator, diz que no mercado de trabalho brasileiro, persistem as diferenças significativas relacionadas ao gênero, cor, escolaridade e classe social. Terceiro, a prevalência relativa de homens e mulheres no mercado de trabalho e as diferenças de remuneração dependem dos setores e profissões a serem consideradas. Assim, as mulheres trabalhadoras inserem-se cada vez mais no setor terciário da economia, tendo a média de escolaridade superior à masculina a partir do ensino médio, já constituindo cerca de 60% dos estudantes do ensino superior13.

    As mulheres tendem a conservar seus postos de trabalho em momentos de crise, entretanto pagam o preço da instabilidade ou da deterioração de condições de trabalho14.

Tabela 2. Nível de atividade física

    Foi possível observar que mesmo relatando algum tipo de dor e/ou desconforto, 40% dos entrevistados disseram considerar sua saúde muito boa, e 13,3% disseram ser regular. Para avaliação do nível de atividade física verificou-se 60% dos entrevistados são classificados como Ativos, e 26,7% Irregularmente Ativos. Já no que diz respeito as horas trabalhadas na instituição onde foi realizada a pesquisa, 60% dos sujeitos disseram trabalhar 8h/dia, totalizando 40 horas semanais, 20% disseram trabalhar 12h/dia.

    Todos os indivíduos deveriam fazer, semanalmente, no mínimo 2,5 horas de exercício moderado ou uma hora de exercício vigoroso. Existem quatro principais ações do dia a dia que oportunizam os indivíduos a serem classificados como fisicamente ativos: atividades no trabalho (especialmente se o trabalho envolve atividades manuais); meio de transporte (por exemplo: ir caminhando ou pedalando para o trabalho); trabalho doméstico (por exemplo: varrer ou jardinar); atividades de lazer (por exemplo: participar de atividades recreativas e esportivas). É considerado inativo, o indivíduo que faz muito pouco ou nenhuma destas ações citadas acima15.

    Não há um consenso internacional de definição ou instrumento de medida de atividade física. Entretanto, existem dados diretos e indiretos, além de uma série de instrumentos de pesquisa e metodologias que são usados para estimar o nível de atividade física nessas quatro ações. Muitos estudos avaliam apenas atividades de lazer, com poucos dados relacionados com atividades ocupacionais, relacionadas ao transporte e tarefas domésticas. A estimativa global de inatividade física entre indivíduos maiores de 15 anos é de 17%. Ao considerar a atividade física insuficiente (<2,5 horas/semana de atividade física moderada), esta estimativa sobe para 41%16.

    A atividade física melhora o perfil lipídico, é inversamente relacionada com o índice de massa corporal (IMC), pressão arterial, intolerância a glicose e atividade fibrinolítica, sendo estes, fatores de risco para DCVs15.

Tabela 3. Dor referida

    Dentre as lesões que podem atingir o membro superior, a síndrome do túnel do carpo (STC) é a neuropatia de maior incidência. Ela consiste na compressão do nervo mediano quando passa pelo túnel do carpo17.

    Os principais sintomas relacionados à STC são dor noturna com queimação, parestesia e atrofia tênar. Como conseqüência, têm-se limitação de atividade e incapacidade para o trabalho. O diagnóstico preciso é difícil e consiste em exame físico5, em que são avaliados os sinais e sintomas (costuma-se observar a presença de dor noturna e o teste de Tinel positivo), e teste eletroneuromiográfico (ENMG). O critério ENMG é baseado na demonstração de redução ou bloqueio da condução nervosa. No entanto, 10%-50% de todos os pacientes com sintomas típicos podem apresentar valores de condução nervosa e motora normais quando esse método é utilizado18.

    Em relação ao tratamento, há duas opções: o tratamento conservador4 ou o cirúrgico. Embora a literatura favoreça a cirurgia, ela geralmente não está indicada em casos de LER/DORT19.

    Verificamos na nossa amostra que dos quinze professores participantes do estudo, 86,6% apresentam dores em variadas regiões do corpo.

    Deliberato19, diz que para aqueles que insistem em apregoar que as doenças do trabalho músculo-esquelético associadas ao trabalho constituem unicamente um produto moderno da era industrializada, há grandes motivos para reflexão, pois em 1700, já se fazia correlações entre as diversas doenças e as atividades ocupacionais das pessoas, especialmente os escribas, que apresentavam processos inflamatórios nos punhos devido ao excesso de movimentos repetitivos.

    A principal região de dor referida pelos sujeitos é no ombro, da amostra 60% deles referem dores neste local.

    De acordo com os últimos dados divulgados pelo Dieese11, trabalhar sentindo dor é considerado comum para oitenta e cinco por cento (85%) dos professores pesquisados, que citaram dor de cabeça, braços, pés, pernas, ombros, costas e cordas vocais. Dentre os problemas de saúde mais comuns relatados pelos professores, destacam-se: rouquidão e perda da voz (49%), tendinite e problemas nas articulações (44%), enxaquecas (33%), gastrites (27%), obesidade (23%), hipertensão (19%) e câncer (2%).

    Quando perguntado aos entrevistados se no último ano você apresentou algum tipo de dor ou desconforto em alguma região do corpo, que você acredita estar relacionado com o trabalho, pois tem sintomas durante e/ou após as atividades, 93,3% dos entrevistados responderam que sim.

    As conseqüências das mudanças no mundo do trabalho sobre a saúde dos professores, ainda são pouco estudadas. Entre os pesquisadores que estudaram a questão há um consenso de que ensinar é uma ocupação altamente estressante, com repercussões na saúde física e mental e no desempenho profissional dos professores. Os problemas mais freqüentemente encontrados nas investigações foram: stress, perda de energia, impaciência, dores de cabeça, hiperalimentação, aumento da irritabilidade e dores na coluna. Os dados revelam um conjunto de repercussões nocivas do trabalho na saúde dos professores, ainda que a visibilidade dessas repercussões não seja tão evidente e imediata como em outras categorias profissionais21.

    De acordo com Codo22, praticamente a metade dos educadores sofre com algum sintoma de burnout, uma síndrome da desistência de quem ainda está lá, já desistiu e ainda permanece no trabalho. Este autor afirma que um em cada quatro educadores sofre de exaustão emocional. Apesar desses dados, observou-se que 90% dos trabalhadores em educação estão muito satisfeitos com a atividade que desenvolvem, a grande maioria está muito comprometida com o seu trabalho. Assim como entender um trabalho onde coabitam siameses o prazer e o sofrimento, a realização e a perda de si mesmo, o inferno e o paraíso.

Tabela 4. Evolução da dor

    Ao avaliar o comportamento da dor durante o dia, verificou-se que, o relato de aumento da dor foi observado em 87,5% dos casos de ombro, 75% no trapézio, 66,7% na lombar, e 100% no pescoço, mãos e dedos, punho, joelho, tornozelo.

    Nos DORT, a queixa de dor expressa uma alteração orgânica ou funcional do aparelho músculo-esquelético. Geralmente é o resultado das reações teciduais às pressões sofridas pelos tecidos moles. A essa carga os respectivos tecidos reagem modificando a sua bioquímica, cujos efeitos se agravam gerando um processo inflamatório ou degenerativo, dependendo do tempo de exposição aos fatores provocadores de respostas teciduais23.

    Os aspectos estruturais, bioquímicos e funcionais do músculo, são estudados para explicar os processos dolorosos de origem músculo-esquelética. Esta pode desenvolver-se nas extremidades superiores como resultado da distensão de ligamentos ou músculos suscitadas por exercícios não habituais. Por exemplo, a dor secundária a bursite subacromial ou a tendinite bicipital pode ser precipitada pela movimentação, mas não por esforços físicos24.

Tabela 5. Número de segmentos atingidos

    Destaca-se a partir da tabela 5, que apenas 26,7% dos professores não apresentaram nenhum segmento com dor. Observa-se também um grande número de sujeitos com dois ou mais locais com dor (53,3%).

Conclusão

    Ao longo dos tempos, a profissão dos professores já foi vista como atividade de alto valor social, valorizada por toda sociedade. Sendo assim os cuidados com a saúde deste profissional é de extrema importância para o desempenho de sua atividade.

    Neste estudo foi possível observar que a população do estudo teve em sua maioria pessoas do gênero feminino, representando 86,7% da amostra, se destacou na pesquisa 80% dos entrevistados casados.

    Foi possível observar que mesmo relatando algum tipo de dor e/ou desconforto, 40% dos entrevistados disseram considerar sua saúde muito boa, a avaliação do nível de atividade física apontou que 60% dos entrevistados são classificados como ativos.

    Foi verificado que dos quinze professores participantes do estudo, 86,6% apresentam dores em variadas regiões do corpo. A principal região de dor referida pelos sujeitos foi no ombro (60%) e trapézio (33,3%).

    Ao avaliar o comportamento da dor durante o dia, verificou-se que, o relato de aumento da dor foi observado em 87,5% dos casos de ombro, 75% no trapézio, 66,7% na lombar, e 100% no pescoço, mãos e dedos, punho, joelho, tornozelo. Foi possível observar que 53,3% dos sujeitos relatou dor em 2 ou mais locais do corpo. Apenas 26% dos professores não referiram dor em nenhum local do corpo. Entretanto, nenhum professor apresentou diagnóstico médico de Distúrbios Osteomusculares Relacionado ao Trabalho.

Referencias

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