Conhecimento sobre saúde dos alunos da sétima série do ensino fundamental da rede municipal de ensino da prefeitura de Vitória, Espírito Santo Conocimiento sobre la salud de los alumnos de séptimo grado de escuela primaria de la red municipal de enseñanza de la prefectura de Vitória, Espírito Santo |
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*Doutor em Educação. Mestre em Ciências do Movimento Humano- Aprendizagem Motora Prof. Dr. do Instituto Federal de Espírito Santo, IFES **Acadêmico de Educação Física Faculdade Estácio de Sá de Vitória, ES (FESV) (Brasil) |
Luis Antonio da Silva* Fábio Norte de Jesus** |
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Resumo Esta pesquisa foi desenvolvida com o objetivo de identificar o nível de conhecimento dos alunos das sétimas séries do ensino fundamental sobre saúde. Quanto às suas características, esta é uma pesquisa quali-quantitativa, exploratória, descritiva, com procedimentos técnicos utilizando a técnica de survey. A amostra da pesquisa foi constituída de 553 alunos da sétima série de oito escolas municipais dos bairros da Grande São Pedro, Jardim da Penha e Jardim Camburi, da cidade de Vitória – Espírito Santo. Os dados mostraram que os alunos precisam de mais informações sobre o tema saúde e que as leituras precisam ser mais utilizadas na sala de aula, pois os mesmos podem se tornar um multiplicador dos conhecimentos recebidos na escola. Unitermos: Educação. Saúde. Rede municipal de ensino.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 17 - Nº 170 - Julio de 2012. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
Em conversa mantida com profissionais da educação física e da nutrição da Secretaria Municipal de Educação (SEME), Vitória/ES, percebeu-se que os trabalhos relacionados à área da saúde junto aos alunos de Ensino Fundamental eram apenas desenvolvidos pela Secretaria Municipal de Saúde (SEMUS), Vitória/ES, com os alunos das 1ª e 2ª séries.
Ao identificar junto a esses profissionais tal problema, pode-se dizer que isso tem gerado a falta de uma conscientização por parte dos alunos das 7ªs séries do Ensino Fundamental da Rede Municipal de Educação de Vitória/ES.
Não se põe mais em dúvida, atualmente, a necessidade de aplicar as descobertas das ciências que estudam a questão da nutrição/alimentação e do exercício físico/atividade física, a fim de alcançar um nível ótimo de saúde/qualidade de vida para si própria, sua família e a comunidade.
Marcondes (1979, p.13), enfatiza que, “para isso é fundamental que o indivíduo possua conhecimentos corretos sobre essas descobertas, que desenvolva atitudes favoráveis e que realize ações que o tornem sadio”.
Desta forma, o tema saúde/qualidade de vida torna-se tema transversal na educação brasileira a partir da nova Lei de Diretrizes de Base da Educação – LDB. A saúde se constitui em:
[...] um direito do homem e significa muito mais que ausência de doença. Qualquer que seja sua conceituação apresenta sempre um componente biológico – patrimônio genético, e outro comportamental – interação com o meio através de ações inteligentes, o que caracteriza uma qualidade de vida, condição ou estado de bem-estar, resultante do total de funcionamento do indivíduo em seu meio (MARCONDES, 1979, p.13).
Metodologia
Quanto à natureza
A pesquisa valeu-se tanto da abordagem quantitativa quanto qualitativa, pois procura qualificar os fenômenos e lida com números usando modelos estatísticos para explicar dados (FILSTEAD, 1979 apud BAUER; GASKELL, 2004, p. 21).
Quanto aos objetivos
O presente estudo se caracterizou como uma pesquisa descritiva e exploratória, pois analisaram os alunos das sétimas séries do ensino fundamental, os pais e os educadores dessas crianças, levando em consideração o nível de conhecimento sobre saúde (GIL, 1994, p. 44).
Quanto aos procedimentos técnicos
Foi realizado o procedimento da técnica de survey, que é utilizada na educação, psicologia, sociologia e atividade física. Segundo Thomas; Nelson (2002, p. 280), survey é uma "técnica de pesquisa descritiva que procura determinar práticas presentes ou opiniões de uma população especificada; pode tomar a forma de questionário, entrevista, ou survey normativo".
População e amostra da pesquisa
A população da pesquisa foi de 729 alunos da 7ª série do ensino fundamental, das escolas que possuem maior e menor renda per-capita; a amostra foi de 76% (553 alunos), provenientes de 4 unidades de ensino dos bairros da Região da Grande São Pedro, 2 de Jardim Camburi e 2 de Jardim da Penha.
Seleção dos instrumentos
Utilizou-se de questionário com perguntas fechadas e abertas, que tiveram sua validação através de doutores da área da educação, da nutrição, da saúde pública e da educação física. Logo após foi aplicado teste piloto, para verificar o nível de entendimento por parte dos participantes da pesquisa e eventuais problemas na construção do instrumento.
Procedimentos para coleta dos dados
O questionário da pesquisa foi aplicado junto aos estabelecimentos de ensino a partir da autorização do SEME. A data da coleta foi antecipadamente agendada com a direção da escola; os alunos recebiam os questionários em sala de aula, junto com o termo de consentimento; os liam, tiravam dúvidas e os preenchiam com a presença do professor/pesquisador durante todo o período, gastando em média quinze minutos.
Tratamento estatístico
Foi realizada análise descritiva dos dados, através de tabelas de freqüência para cada um dos itens do instrumento de pesquisa, utilizando o pacote estatístico SPSS 15 – Social Package Statistical Science.
Resultados e discussão dos dados
Tabela 1. Percepção sobre saúde de alunos da 7ª série do ensino fundamental da rede municipal de Ensino da Prefeitura de Vitória/ES
Do total, 57,5% dos consultados afirmaram não ter lido ultimamente nenhum tipo de material sobre o tema em questão (Tabela 1). Esse número representa uma deficiência da escola, da família e principalmente das autoridades em relação à veiculação de informações sobre o tema, que de acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) da 7ª série do Ensino Fundamental, a Saúde, como tema transversal, deve ser tratada em conjunto com as demais disciplinas curriculares. Logo era de se esperar que os professores indicassem leituras a serem realizadas sobre o tema.
O fato de que 33% do total de alunos que ultimamente leu algum tipo de material sobre saúde indicaram que esse material não era livro, revista ou jornal, denota a escassez de materiais impressos que pudessem ser consultados, salvos os recursos eletrônicos e de multimídia. Como a pergunta menciona leitura, acredita-se que essa incidência (33%) corresponda a acesso à Internet, o que mais uma vez preocupa em relação à qualidade da informação recebida e também em termos de absorção da informação por parte do aluno. Nota-se claramente que os canais formais de informação não são destaques nas consultas dos alunos, pois apenas 27% dos pesquisados afirmaram ter consultado livros, 21% jornal e 19% revistas. Uma conclusão evidente na análise desses dados é a de que os canais formais de informação estão perdendo lugar entre os jovens e adolescentes.
Para Demo (1997, p. 27),
A informatização do conhecimento será característica iniludível dos tempos modernos, absorvendo a tarefa da transmissão do conhecimento, com nítidas vantagens sobre a escola e ao professor, seja porque é mais atraente e manejável, seja porque atinge a massa [...]. Cabe a escola do futuro entrar com absoluto empenho no processo de transmissão eletrônico de conhecimento [...]. E valorizar mais o professor como instância essencial do questionamento reconstrutivo.
A Tabela 1 ainda mostra outra realidade preocupante, considerando que 33,1% classificam as informações veiculadas pela TV como regulares. Esse dado reflete uma carência de informações que sejam veiculadas e classificadas como de boa qualidade para a saúde, considerando o potencial de divulgação desse veículo que apresenta todas as condições para realizar uma difusão com a qualidade pretendida; essa opinião dos alunos deve ser considerada como parâmetro para a elaboração das campanhas na TV.
Como analisado por Demo (1997, p. 24), “a TV leva à sociedade a atitude consumista, marcada pela receptividade, tão bem trabalhada na propaganda ou nos programas”, mas o que se pretende da TV é que divulgue mais nas suas propagandas e nos programas atitudes de saúde/qualidade de vida para população.
O fato de 62,6% dos alunos consultados não conhecerem qualquer campanha de saúde promovida pela Prefeitura Municipal de Vitória – PMV/ES (Tabela 1), revela uma grave deficiência do Programa de Saúde Escolar, considerando principalmente seus objetivos fundamentais, os quais se baseiam, essencialmente, na questão da conscientização que impõe o desenvolvimento da estratégia Escola Promotora de Saúde, que tem como “finalidade aprimorar o processo destinado a capacitar os indivíduos para exercerem o maior controle sobre sua saúde e os fatores que podem afetá-la” (CARTA DE OTTAWA, apud IPPOLITO-SHEPHERD, 2003, p. 6).
De acordo com os dados demonstrados na Tabela 1, 96,2% dos alunos afirmam não ter participado de nenhuma campanha de saúde desenvolvida pela PMV/ES, o que significa que os mesmos não estão aderindo nem mesmo à campanha existente na própria escola, quanto mais a outras. Vale lembrar que as campanhas desenvolvidas pelos poder público só têm razão de existir se atingirem especialmente o público jovem, como é o caso da DST, HIV, Saúde Bucal entre outras, caso contrário sua função pode ser considerada prejudicada.
A receptividade da família na difusão de informações fica evidente na análise dos dados da Tabela 1, a qual indica que a maioria dos alunos consultados, ou seja, 65,6% às vezes conversam, enquanto que apenas 9,9% freqüentemente conversam sobre o assunto Saúde e Qualidade de Vida. A família tem função primordial na chamada educação não formal, onde melhor se solidificam os valores humanos, haja vista não serem estas disciplinas curriculares da escola, e sim tema transversal.
Ao serem perguntados se recebem ou não informações dos professores, a maioria dos alunos 57,1% afirmaram não receber qualquer tipo de informação, considerando a Saúde como tema transversal, segundo o PCN da sétima série do Ensino Fundamental. Para Demo (1997, p. 20), “o papel do professor como orientador será decisivo. [...] O professor criativo induz o aluno a criar também, ao montar materiais que permitam ao aluno manipular, experimentar, ver de perto, e principalmente refazer”. Além do mais, o aluno torna-se um multiplicador dos conhecimentos recebidos.
O aluno pode ser um veículo utilizado pela escola para informar a família, com intuito de formar um triângulo escola, aluno, família - no qual os alunos estimulam os pais a também se informarem sobre saúde, desencadeando uma troca de informações entre os alunos e os familiares.
Considerações finais
A visualização que se apresenta nessa tese nada tem de proposta fechada, porque se trata principalmente em sensibilizar nosso imaginário epistemológico para determinadas inter-relações conceituais, possivelmente para a reflexão pedagógica. Ensinar saúde na escola parece ser um recurso humanizado, importante para o processo ensino-aprendizagem.
A criação de cultura também é uma forma importante de abordagem do problema. A partir do momento em que se enxerga a escola como um núcleo possível de desenvolver e multiplicar a cultura de saúde, não apenas com objetivos pedagógicos, mas utilizando a educação para a realização de um trabalho social de saúde pública, no qual é possível evitar a doença e promover a saúde.
Referências
BAUER, M. W.; GASKELL, G. Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som: um manual prático. 3. ed. Petrópolis/RJ: Vozes, 2004.
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB 9.394/96. Brasília: Ministério da Educação/Secretaria de Ensino Fundamental, 1997.
_______. Parâmetros curriculares nacionais terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental: apresentação de temas transversais. Brasília: Ministério da Educação/Secretaria de Ensino Fundamental, 1998.
DEMO, P. Educar pela pesquisa. 2. ed. São Paulo: Ed. Autores Associados, 1997.
GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas, 1994.
IPOLLITO-SHEPERD, J. A promoção da saúde no âmbito escolar: a iniciativa regional escolas promotoras de saúde. In: SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA. Escola promotora de saúde. SI: Sociedade Brasileira de Pediatria, 2003.
MARCONDES, R. S. (Coordenadora) et al. Saúde na escola: 1° grau. São Paulo: IBRASA, 1979.
THOMAS, J. R.; NELSON, J. K. Métodos de pesquisa em atividade física. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2002.
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