efdeportes.com

Bullying no contexto das aulas de Educação Física

El bullying en el contexto de las clases de Educación Física

 

*Especialista em Educação Física Escolar.

**Professora mestranda do curso de Licenciatura em Educação Física

da Faculdade Integrado de Campo Mourão

(Brasil)

Quézia Catarino de Oliveira*

Morgana Claudia da Silva**

quezia.catarino@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          Atualmente podemos identificar o aumento da violência escolar, este fator que necessita uma maior atenção dos sujeitos da escola, devido ao tema abranger várias esferas da sociedade. O bullying não é um assunto novo, ou seja, desde a antiguidade a sociedade já vivenciava casos de violência, sendo que com o aporte da mídia ela apenas ganhou maiores proporções. Conforme Wieviorka (1997) a violência possui várias facetas, e é encontrada em todas as sociedades, sendo integrante de um processo histórico e social. Em relação ao bullying nas aulas de educação física é pertinente destacar que, esta tem muito a contribuir no combate das muitas formas de violência sendo que em sua pratica pedagógica o professor deve instigar o aluno a refletir sobre suas atitudes diante das situações presentes em sua realidade. Contudo o presente trabalho teve por objetivo verificar se ocorrem manifestações de bullying durante as aulas de Educação de Física em escolas do município de Campo Mourão – PR. Para tal, utilizou-se de uma pesquisa qualitativa de caráter descritivo, a pesquisa teve como população 14 professores das escolas estaduais e particulares de Campo Mourão – PR., sendo utilizado como instrumento para a coleta de dados um questionário com nove perguntas abertas, confeccionado pela pesquisadora e validado por três professores da Faculdade Integrado de Campo Mourão. Constatou-se por meio da pesquisa que existem sim manifestações de bullying nas aulas de educação física, estas que se caracterizam por meio de agressão verbal, desinteresse, gestos e apelidos ofensivos, exclusão, implicância e intimidação. Portanto é importante destacar que o trabalho dos professores deve ocorrer de modo preventivo e não após o ocorrido, onde o mesmo deve juntamente com a direção procurar criar estratégias para evitar situações de violência no âmbito escolar buscando a melhoria das relações sociais na mesma.

          Unitermos: Bullying. Educação Física. Escola.

 

Abstract

          Currently we can identify the increase of school violence, this factor that needs greater attention from the people of the school, because the subject comprises various spheres of society. Bullying is not a new subject, ie, since antiquity the society already experiencing violence cases, and with the contribution of the media she only won larger proportions. As Wieviorka (1997) the violence has many facets, and is found in all societies, being a component of a historical and social process. In relation to bullying in physical education classes is relevant to note that this has much to contribute in fighting of many forms of violence and in their pedagogical practices teachers should incite students to reflect on their attitudes toward the present situations in your reality. However the present work had by objective to verify if occur manifestations of bullying during the physical educations classes in schools in the city of Campo Mourão - Pr. For this, were used a qualitative research with descriptive character, the research had as population 14 teachers of state and private schools of Campo Mourão - PR., being used as a tool for data collection a questionnaire with nine open question, made by the researcher and validated by three professors of Faculdade Integrado de Campo Mourão. It was noted through the research that there are manifestations of bullying in physical education classes, these which are characterized by verbal aggression, disinterest, offensive gestures and nicknames, exclusion, teasing and intimidation. Therefore it is important to note that teacher's work should occur in a preventive way and not after the fact had occurred, where the teachers should, with the direction, seek to create strategies to avoid violent situations in scholar ambit, searching to improve social relations in it.

          Keywords: Bullying; Physical Education; School.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 17 - Nº 170 - Julio de 2012. http://www.efdeportes.com/

1 / 1

Introdução

    De acordo com Cézar e Neta (2008) citados por Furtado e Moraes (2010, não paginado), a “violência escolar é questão que requer um olhar atento dos profissionais da educação, entretanto, quando a tratamos, visualizamos apenas uma série de situações nas quais os educandos trocam chutes, se ferem, se batem, quebram pertences”. Dessa maneira, ao se falar em violência, deve-se pensar que ela é muito maior do que se fala, e ela se manifesta em muitas esferas. O processo de violência está enraizado por diversas esferas sendo ela social, econômica, cultural, política, entre outras, dessa maneira, fica difícil indicar uma única esfera como causadora da mesma.

    Por essa e outras razões, a violência tornou-se uma das preocupações atuais, sendo discutidas e exploradas pelos diversos grupos sociais, sendo um dos principais temas de reflexão e de estudos. Ao buscar traços sobre a violência contra o ser humano, é possível se deparar com quadros surpreendentes sobre a violência, que aparece como violência policial, contra criança, contra doméstica, violência no trabalho, no trânsito, no esporte, nos serviços de saúde, na cultura, na educação, violência das discriminações podendo verificar inúmeros tipos de violência. Para Oliveira e Martins (2007, p.1) “a violência contra o ser humano faz parte de uma trama antiga e complexa: antiga, porque data de séculos as várias formas de violência perpetradas pelo homem e no próprio homem; complexa por tratar-se de um fenômeno intrincado, multifacetado”.

    Wieviorka (1997, p.7) aponta que “há diversos raciocínios suscetíveis de constituir instrumentos de compreensão da violência, diversas tradições sociológicas, e pode-se mesmo considerar que não há teoria geral que não seja capaz de contribuir com um enfoque específico para a análise da violência”. A violência apresenta diferentes explicações a respeito das suas causas ou origens, o autor ainda diz que “a violência é de todos os tempos, encontrada em todas as sociedades, integrante de todo processo histórico”.

    Pode-se afirmar que a violência invadiu todos os campos, de formas e aspectos variados, esta violência atingiu também o âmbito escolar comprometendo assim sua identidade, tomando proporções que as escolas não sabem que medidas tomarem para sanar este problema, “pois ao mesmo tempo em que é considerado um local de aprendizagem de valores, do exercício da cidadania, da ética e da razão, é noticiada como lugar de incivilidades, brigas, invasões, depredações e até mortes” (MACIEL e FINCK, 2009, p. 2).

    Abramovay e Ruia (2002, p.30) apontam que o fenômeno de violência a cada dia adquire uma dimensão de problemas sociais, que está trazendo preocupação para o corpo docente das escolas. Isso é verificável quando se percebe “o aumento ou registro de atos delituosos e de pequenas e grandes incivilidades nas escolas, o que justifica o sentimento de insegurança dos que a freqüentam”, pois se deparam com situações constrangedoras de violência. Infelizmente, não há quem não conheça ou tenha ouvido casos de constrangimentos a que escolares são submetidos continuamente por seus colegas.

    De acordo com os autores citados acima, no passado a violência era identificada muitas vezes por parte de professores contra alunos, por meio de punições e castigos corporais. Já na literatura contemporânea a violência identificada ocorria entre alunos, ou de alunos contra a propriedade, através de vandalismo, e também sendo praticada por alunos contra professores, e de professores contra alunos.

    Porém, atitudes com doses de violência estão se tornando comum, fazendo parte da rotina escolar. Os alunos chegam a cometer agressões que podem ser física ou psicológica, realizando-as repetidamente e intencionalmente e ridicularizando, humilhando e intimidando os outros que o torna suas vítimas. Hoje, sabe-se que essa forma de violência, não visualizada, vem se difundindo e alcançando proporções preocupantes, é este fenômeno de violência atende pelo nome bullying.

    “Bullying, como fenômeno social, pode surgir em diversos contextos, como parte de problemas de relações pessoais entre adultos, jovens e crianças em diferentes locais, como: escola, ambiente familiar, trabalho, prisões, asilos de idosos, clubes e parques entre outros”, segundo Carvalho e Pereira (2009, apud FURTADO e MORAES, 2010, não paginado).

    O fenômeno bullying compreende todas as formas de atitudes agressivas, intencionais e repetidas, sem motivação de forma velada, podendo ser adotadas por um ou mais estudantes contra um ou um grupo, dentro de uma relação desigual de poder. Estas manifestações ocorrem sob a forma de brincadeiras, apelidos, trotes, gozações e agressões físicas (BOTELHO e SOUZA 2007).

    Casado (2003), Castilho e Hito (2010) afirmam que este tipo de comportamento não é novo, é nova a maneira que estão encarando o assunto, e que há cerca de 20 anos essas provocações passaram a ser vistas como uma forma de violência e ganharam nome de bullying, na qual a principal característica é de agressão física, moral ou material, sempre intencional e repetido várias vezes.

    Pesquisas realizadas no Brasil entre 2002 e 2003 com 5428 alunos pela Abrapia - Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e à Adolescência apontam que 28,3% admitiram ter sido alvo de bullying no período da pesquisa, 15% sofreram bullying várias vezes por semana; 60% admitiram que sofreram bullying na sala de aula, e os tipos mais freqüentes de bullying foram: 54,2% em forma de apelidos, 16,1% constitui-se em agressão física, 11,8% em difamação, 8,5% relacionados a ameaças, e 4,7% relacionados a pegar pertences do outro sem autorização.

    Dessa forma, ao se pensar a pesquisa pensou-se em como os professores de Educação Física do município de Campo Mourão viam o fenômeno bullying no âmbito escolar. Para tal, utilizou-se de uma pesquisa qualitativa de caráter descritivo. A pesquisa qualitativa com caráter descritivo, segundo Minayo (2004, p.21) deve “responder a questões muito particulares. Ela se preocupa com um nível de realidade que não pode ser qualificado”.

    O trabalho objetivou verificar se ocorrem manifestações de bullying durante as aulas de Educação de Física em escolas do município de Campo Mourão – PR. E como objetivos específicos: a) verificar o conceito de bullying entre os professores de Educação Física do município de Campo Mourão, b) Identificar se ocorrem casos de bullying durante as aulas Educação Física do município de Campo Mourão, c) verificar quais são os procedimentos que os professores possuem quando ocorre manifestações de bullying em suas aulas.

    A pesquisa teve como população professores das escolas estaduais de Campo Mourão - PR, e como amostragem utilizou-se de 14 professores de Educação Física de escolas públicas e privadas de Campo Mourão – PR. A seleção dos mesmos se deu por aqueles que se dispuseram a responder o instrumento. Foi utilizado como instrumento de coleta de dados um questionário com nove perguntas abertas, confeccionado pela pesquisadora e validado por três professores da Faculdade Integrado de Campo Mourão. Em primeiro momento foi pedido autorização da direção da escola e em seguido feita a abordagem dos professores.

    O bullying vem sendo um dos motivos de muita polêmica e discussões nos meios sociais, e grande parte das ocorrências estão presentes nas escolas, principalmente entre os alunos durante as aulas de Educação Física. Desse modo, cabem aos professores, diretores e coordenadores pedagógicos estarem preparados para lidarem com este tipo de situação em seu cotidiano escolar.

    Sendo assim, o desenvolvimento deste trabalho justifica-se pelo interesse em identificar o conhecimento dos professores sobre este assunto, assim como, identificar os principais tipos de ocorrências e estratégias utilizadas dentro da escola e em particular durante as aulas de Educação Física, pois o mesmo vem sendo muito discutido no meio pedagógico e até mesmo pela mídia.

    Entendendo que esse fenômeno do bullying não é exclusividade da escola, porque dentro dele existem condições favoráveis para que tenha ocorrência, porém enquanto um fenômeno social, o bullying acaba se espalhando em todos ambientes que a priori são de socialização. A escola bem como a família são veículos importantes para a formação da personalidade da criança, na qual ela aprenderá valores como o respeito, amizade, solidariedade, cooperação, tolerância, solidariedade, entre outros (FANTE, 2005).

    Para Casado (2003, p. 03) o bullying na escola pode ser definido como sendo “atitudes agressivas de todas as formas, sendo praticadas intencional e repetidamente, que ocorrem sem motivação evidente, sendo adotadas por um ou mais estudantes contra outro(s), causando dor e angústia, e são executadas dentro de uma relação desigual de poder”.

Análise e discussão dos dados

    Os resultados da presente pesquisa serão apresentados em forma quadros.

Quadro 1. Demonstrativo referente ao que é bullying para os professores de Educação Física

    Os professores que participaram da pesquisa definiram bullying como: “um ato de discriminação e violência”, como “um fenômeno mundial”, como uma “agressão verbal, física e psicológica”, e como “uma discriminação racial, social e moral”.

    Podemos dizer que a opinião dos professores referente ao bullying vem ao encontro dos apontamentos que se vê em todos os meios de comunicação. O bullying é um fenômeno que atingiu o mundo todo, na qual está presente atos de violência, e existe a discriminação de um individuo com o outro, que pode se caracterizar pela cor da pele, por aspectos físicos, habilidade motoras, entre outros, e ela pode ser de forma verbal, física e ainda psicológica. Claves (2006) defende que o bullying compreende todas as formas onde existam atitudes agressivas, com intenção e repetidas vezes, que pode ser adotada por um ou mais estudantes contra o outro, ocorrendo dentro de uma relação desigual de poder.

    Para Abrapia (2005) e Fante (2005), bullying significa o uso de poder ou força repetidamente para intimidar, perseguir ou chantagear pessoas que, sem defesas, abatem-se, causando um enorme prejuízo à formação psicológica, emocional e sócio-educacional da vítima.

    Mesmo sendo o termo relativamente novo, sua conduta ou comportamento é tão antigo quanto à convivência em grupo. Para os professores entrevistados bullying aparece como,“ato de discriminação e violência; fenômeno mundial; agressão verbal, física e psicológica e discriminação racial, social e moral”. Não se pode esquecer que violência em qualquer de suas formas sempre que ocorre causa pânico, quer seja pelo número de vítimas que vem fazendo dentro ou fora da escola, ou ainda, pela forma que é empregada.

    Fante (2005) afirma que não existe um termo para definir bullying, pois ele é formado por um conjunto de comportamentos agressivos, intencionais e repetitivos, adotado por uma ou mais pessoas contra outra(s), sem motivos evidentes, causando dor, sofrimento e executado dentro de uma relação desigual de poder entre crianças e adolescentes. Para Pardierie Emer (2006, p.03) o bullying “é um fenômeno que pode ser caracterizado como uma agressão ou intimidação, cometida individualmente ou em grupo, com o objetivo de magoar ou ferir a vítima”. Botelho e Souza (2007) compreende bullying como sendo todas as formas de atitudes agressivas, intencionai, que se repete sem motivo evidente, de forma velada, sendo cometida por um ou mais estudantes contra outro(s), em uma relação desigual de poder, causando dor, angústia e sofrimento.

    No bullying há manifestações intencionais, repetitivas e desmotivadas como insultos, intimidações, apelidos cruéis, gozações que agridem, prejudicam e magoam profundamente, acusações injustas, promovidas por grupos que hostilizam, ridicularizam e infernizam a vida de outros estudantes, levando-os à exclusão, deixando marcas profundas, provocando danos físicos, psicológicos, morais e materiais. Sendo assim, podemos apontar que os professores possuem um conceito adequado sobre o que é bullying.

Quadro 2. Demonstrativo de que maneira os professores caracterizam os atos de bullying durante as aulas de Educação Física

    Em relação às características que se apresenta o bullying dentro da escola os professores apontaram que estas se caracterizam por formação de grupos, preconceito, zombaria, xingamentos, constrangimento e ridicularização. Em relação a sua identificação, os professores apontaram que se percebe um ato de bullying por ataques verbais a grupo de menores, atitudes que visam diminuir e humilhar o outro, quando são colocados apelidos pejorativos que visam diminuir e ridicularizar o outro, principalmente durante a prática esportiva. Isso fica evidenciado na fala do professor 1: “Normalmente podemos observar apelidos pejorativos utilizado contra os alunos ou atitudes visam diminuir ou humilhar”. “E na fala do professor 2: “Preconceito de cor, violência moral contra gordinhos, magros, com uso de óculos, tímidos etc.”.

    Mesmo que na escola, em sua maioria os atos de bullying ocorrem fora da visão dos adultos e grande parte das vítimas não reagem, ou sequer comentam sobre a agressão sofrida com os professores, ou com alguém do grupo pedagógico da escola, isso é evidenciado pelos professores no decorrer de seu fazer pedagógico durante as aulas. Dentre os professores que responderam o instrumento dois não conseguiram descrever as características e nem a identificação de como ocorre o bullying, porem os 14 professores afirmaram que é possível identificar o bullying nas aulas de Educação Física.

    Independente do ambiente que ocorre o bullying é incontestável que alguns traços característicos diferenciam esta forma de violência das demais, principalmente porque os agressores intimidam pessoas que por uma característica física (gordo, magro, alto, baixo), ou por sua personalidade por muitas das vezes introvertida ou muito extrovertida, tornando um traço que o diferencia dos demais pode ser um motivo ou ainda sem qualquer motivação, hostilizam reiteradamente suas vítimas.

    Maciel e Finck (2009, p. 4) dizem que “no sentido de torná-la objeto de riso, chacota, mal-dizer e escárnio, inúmeras são as causas de tanta violência, mas percebemos que as desigualdades sociais, o consumismo e a carência de valores morais e éticos contribuem para a incidência destas ocorrências nas escolas”. Votre e Oliveira (2006, p. 175), descreve que estas características do bullying percebe-se “no sentido de que as vítimas são apelidadas, normalmente, a partir de um traço físico, de performance, ou psicológico, que as diferencia dos demais e que o apelido põe em destaque, de forma caricatural”.

    Souza e Botelho (2007, p.02) apontam que o bullying é um problema mundial, e está sendo encontrado em toda e qualquer escola, podendo ser ela primária ou secundária, pública ou privada, na zona rural ou urbana, escolas católica, metodista, evangélica, espírita ou qualquer que seja a religiões. O autor afirma ainda que se a escola que não admite a ocorrência deste fenômeno bullying entre seus alunos desconhecem tal problema ou se negam a enfrentá-lo.

Quadro 3. Demonstrativo das ações que os professores de Educação Física tomam para evitar e combater o bullying durante as aulas de Educação Física

    Em relação às ações tomadas por parte dos professores para evitar e combater o bullying na aula de Educação Física, 09 professores apontaram que conversam com os alunos de maneira a conscientizá-los a respeito do bullying; 02 professores apontaram que se utilizam da tática de chamar à atenção dos alunos; e 03 professores apontaram que orientam o agressor e a vítima. Existe uma necessidade de intensificação e renovação na prevenção e combate de situações que atinge o âmbito escolar, como novos cenários, sujeitos, experiências, valores, tornando-o ainda mais esclarecido no intuito de ter razões para acreditar que é possível, e necessário fazer avanços nessa direção, apesar das dificuldades apontadas.

    Maciel e Finck (2009) desenvolveram um trabalho com ações e estratégias de intervenção, abordadas através da tematização do esporte com enfoque educacional e mediador na prevenção da violência e do bullying na escola. Nas turmas onde foi desenvolvido o trabalho de conscientização através destas ações a respeito do bullying pôde-se observar no dia a dia da escola a melhora nos relacionamentos e no comportamento dos mesmos de maneira geral.

    [...] educar através do esporte é acreditar numa sociedade melhor, menos competitiva, mais solidária e cooperativa, que privilegia a formação do homem na sua totalidade, transformando-o num cidadão crítico, emancipado, que sabe o valor de ganhar e perder respeitando o adversário, (MACIEL e FINCK, 2009, p. 1).

    Observou-se através das respostas dos professores que não existe nenhuma estratégia para evitar o bullying como um trabalho ou conteúdo a ser desenvolvido em aula pelo o professor, ou uma preocupação da disciplina com a prevenção. O que podemos ver é que os professores agem quando o bullying já ocorreu ou está ocorrendo em aula. Isso é evidente com o professor 2: “Procuro chamar a atenção toda vez que acontece, conversando com o agressor à parte e com a turma toda”.

    Quando os professores percebem a manifestação de bullying em aula, tentam dialogar com os alunos de forma a conscientizá-los do que a ação que eles estão tendo se caracteriza como bullying. professor 01: “Procuro ressaltar a importância de respeitar as diferenças, e que “tirar vantagem” ou humilhar qualquer pessoa é um ato de covardia, não sendo atitude aceitável em uma sociedade justa”. Professor 12: “Quando ocorre qualquer tipo ou situação classificada como bullying, eu paro a aula, e pergunto o motivo da situação. Sempre utilizo uma frase, quando agente ri dos outro é legal, mas quando estão rindo da gente é chato. Pois não faça com os outros o que não gosta que faça com você”.

    É necessário estratégia para combater à violência dentro das escolas, pois ela esta trazendo conseqüência desastrosas aos alunos. Portanto é necessário estruturar melhor o organismo escolar, para que ela possa encontrar melhores condições de cumprir o seu papel de combater o fenômeno bullying.

Quadro 4. Demonstrativo de estratégias sugeridas pelos professores que poderiam ser desenvolvidas

    Em relação às estratégias de intervenção que poderia ser desenvolvida na área da Educação Física, 08 professores apresentam a necessidade de um trabalho de conscientização junto à equipe pedagógica, que poderá ser feito através de discussões, palestras ou trabalhos. 02 professores apontam que os jogos cooperativos poderiam ajudar nesse processo. E 01 professor aponta que ao se evitar a valorização de um resultado esportivo isso poderia ser minimizado.

    Professor 14: “O profissional de Educação Física, deve trabalhar o assunto com seus alunos, de maneira a conscientizá-los, sobre o que é o bullying e, como ele afeta a vida de um indivíduo, onde o bullying pode ser encontrado e como devemos agir para que isso não ocorra, enfatizando o respeito que devemos ter pelo próximo”. Professor 1: “Ressaltar a importância de regras de convivência, utilizar jogos cooperativos, usar o esporte como meio de respeitar e não como mera competição”.

    Maciel e Finck (2009, p.4), acreditam que:

    [...] nós os educadores precisamos construir na escola uma cultura da paz com objetivo de criar práticas alternativas para combater a violência. Conflitos fazem parte da vida humana, não podemos negá-los mais precisamos encontrar meios para enfrentá-los.

    Fante (2005) aponta que o professor, por sua vez, está pouquíssimo preparado para reconhecer, verificar e criar estratégias para enfrentar os problemas bullying, afirmando que é impossível eliminar a violência social, mas é possível reduzi-la com estratégias que envolvam toda a comunidade escolar, através de estratégias bem planejadas, com uma educação seria e com ajuda da família.

    Os professores apresentam uma necessidade de um trabalho em grupo de professores, funcionário ate mesmo entre os alunos, na tentativa de amenizar tal violência dentro da escola. Uma das opiniões encontrada nas entrevistas um professor sugeriu a não valorização dos resultados nos jogos, e sim trabalhar no contexto em geral, ate mesmo com atividades inclusivas como jogos cooperativos.

Quadro 5. Demonstrativo da contribuição da aula de Educação Física referente ao bullying

    Em relação à contribuição da aula de Educação Física para o combate ao bullying 07 professores afirmaram que dependia do trabalho a ser desenvolvido nas aulas pelo professor e a maneira que os mesmo conduzem suas aulas, como apontado pelo professor 01: “Dependendo da forma de utilização, os conteúdos podem servir para acentuar as diferenças (competições pura) ou para se trabalhar o respeito a estas diferenças e às limitações de cada um”. Para 7 professores acreditam que as aulas contribuem apenas positivamente, já que é uma disciplina que o professor está ligado diretamente com os alunos, realizando um trabalho que envolve as áreas afetiva, cognitivo, social e motor, com aulas são descontraídas e ao ar livre aproximando o aluno ou professor, como aponta o professor 06: “Podem contribuir positivamente devido à forma de como é trabalhado as aulas de Educação Física; descontraída, alegre e socializadora”. E 01 professor não respondeu.

    A Educação Física por meio dos seus conhecimentos tem muito a contribuir para o combate das muitas formas de violência, propiciando situações pedagógicas que levem o aluno a refletir sobre suas atitudes, dentro desta cultura de paz desenvolvendo valores e princípios morais, sociais, culturais e afetivos (MACIEL e FINCK, 2009, p. 4,).

    A sociedade vive em um processo de competição de vitórias e derrotas, mas as crianças e adolescentes tem que ser conscientizando nas aulas que estas competições têm que ser feita de uma maneira respeitosa e sem violência. Para resolver o problema de bullying nas aulas de Educação Física que esta se tornando comum entre os alunos, é preciso ter consciência e comprometimento com sua prevenção. Para isso valores, direitos e deveres, moral e ética tem que habitar as condutas diárias. Somente assim as pessoas podem manter-se atentas a qualquer indício de prática de bullying (CASTILHO e HITO, 2010).

Quadro 6. Demonstrativo de comportamento mais freqüente entre os alunos verificado pelos professores

    Em relação ao comportamento freqüente mais verificado pelos professores, 11 professores disseram que o que mais aparece é a agressão verbal; 05 professores disseram que é o desinteresse; 04 professores disseram que são os gestos ofensivos, 09 professores disseram que é chamar um aluno por um apelido que o humilha; 10 professores disseram que é a exclusão de um aluno de um grupo de amizade, 05 professores disseram que é a implicância entre um aluno e outro e 04professores disseram que é a intimidação onde assunta, apavora com meio de controle do outro.

    Podemos verificar que os professores apontaram a agressão verbal, exclusão de um aluno de um grupo de amizade e chamar um aluno por um apelido pejorativo, como o que mais aparece. Segundo Oliveira e Voltre (2006, p. 175) o bullying verbal, “baseia-se no realismo lingüístico, no sentido de que as vítimas são apelidadas, normalmente, a partir de um traço físico, de performance, ou psicológico, que as diferencia dos demais e que o apelido põe em destaque, de forma caricatural”.

    As manifestações do bullying ocorrem de várias maneiras, partindo de um simples insultos, até uma intimidação, apelidos cruéis, gozações que magoam profundamente, acusações injustas, atuação de grupos que hostilizam, ridicularizam e infernizam a vida de outros alunos levando-os à exclusão, além de danos físicos, morais e materiais.

    “A violência representa uma ameaça à saúde pública e ao processo educacional (ensino-aprendizagem), ocasionando conseqüências a curto e a longo prazo na vida do indivíduo” (ALMEIDA, SILVA e CAMPO, 2008, p.1). O bullying trás o ato de violência seja ela física ou psicológica, de comportamento agressivo, intencional e negativo com execução repetida da ação. Assim todos os atos assinalados pelos professores são ações decorrentes do comportamento de bullying. O mesmo autor diz que algumas ações podem ser identificadas como bullying, sendo elas: “colocar apelido, ofender, zoar, amedrontar, agredir, humilhar, excluir, isolar, bater, intimidar. Sendo estas formas diretas e indiretas de praticar o bullying”.

Quadro 7. Demonstrativo de procedimentos adotados na ocorrência quando ocorre comportamentos citado acima

    Em relação ao procedimento adotado pelos professores quando se deparam com comportamentos de bullying entre os alunos, 06 professores disseram que chamam a atenção dos envolvidos (agressor e vítima); 05 professorem disseram que encaminham os envolvidos (agressores e vítimas) para a orientação ou para os pedagogos, e 03 professores disseram que conversa com a turma toda. O trabalho na escola, seja com ações assistenciais, prevenção e promoção, seja com grupos de discussão e capacitando professores, objetivando a orientação do certo e errado para os alunos.

    Minayo e Sousa (1999) acreditam que a melhor maneira a ser adotada quando se trata de uma situação de risco é a antecipação da decisão sobre o assunto, sendo assim a prevenção é o melhor procedimento. Por causa do caráter complexo, a partir de qualquer ângulo que seja abordado esse processo social, as análises têm que ser abrangentes e, específicas simultaneamente, assim como devem envolver diferentes contextos e, atingir os sujeitos que sofrem ou provocam intolerância, conflitos e agressões.

    Para Hito e Castilho (2010, p. 5) “é preciso à criação de regras contra este fenômeno de bullying, para que as agressões tanto verbais como físicas sejam inaceitáveis, devido ao fato da preocupação uns com os outros”. O mesmo autor ainda diz que não se podem trabalhar apenas questões da violência na escola no intuito de investigar apenas aos casos mais graves, porque esses não são capazes de refletir toda a natureza e extensão da violência que ocorre na escola por não constituírem os casos mais freqüentes, portanto não se pode deixar que o medo impeça as pessoas de tomarem uma atitude a respeito da violência.

    A escola tem que identificar o bullying precocemente para combater ainda no início para não perder o controle deste fenômeno. Faz necessário reconhecer o problema, orientar as formas de prevenção e conduta aos pais, crianças e docentes, e quando necessário encaminhar ao psicólogo ou psicanalista, atuar na prevenção da violência defendendo os direitos da criança, (ALMEIDA, SILVA, CAMPOS, 2008, p. 14).

Quadro 8. Demonstrativo sobre os educadores a respeito da preparação pra lidar com o bullying no contexto das aulas:

    Em relação à preparação dos educadores referente a lidar com bullying em suas aulas, 06 professores disseram que não estão preparados para lidar com esta situação; 04 professores não têm opiniões formadas a respeito; 03 professores disseram que depende do trabalho de cada instituição e 01 professor disse que está preparado para lidar com esta situação no contexto das suas aulas. Os professores acreditam de maneira geral, não estarem preparados para lidar com o bullying no contexto das aulas.

    Em relação aos professores não sentirem preparados para lidar com o bullying nas aulas, fica evidente a falta de preparo e orientações por todo organismo escolar para com o assunto, pois, quando se deparam com situações em aula, os professores não sabem o que fazer e nem a melhor maneira para auxiliar os envolvidos. Em relação aos professores que não possuem uma opinião formada, fica até difícil pensar esse fenômeno, pois como será que reagirão ao se deparar com uma ação de bullying durante sua aula. O grupo de professores que apontaram que dependia do trabalho desenvolvido por cada instituição, apresenta que quando a instituição escolar está preparada auxiliando os professores, fica mais fácil lidar com essa situação.

    Segunda a especialista em bullying a americana Rosalind Wiseman em uma entrevista a revista veja em fevereiro de (2012), ela diz que em geral as escolas não estão preparadas para lidar com o fenômeno bullying, e que a maioria delas não encara o problema como sendo seu, destaca ainda que os educadores continuem alheios ao problema, esquivam-se da responsabilidade limitando a dizer que o caso não aconteceu em sua aula. Assim os agressores seguem adiante sabendo que não serão punidos e aqueles que são alvos começam a odiar profundamente a escola, pois não se sentem mais seguros. A especialista afirma ainda, que os educadores estão sendo tomados por um sentimento de profunda impotência que os mantém paralisados diante deste problema que passa a ganhar uma escala que nunca teve antes.

    Almeida, Silva e Campo (2008, p.15) apontam que;

    [...] uma implantação de programas voltados a políticas anti-bullying na escola que têm apresentado resultados satisfatórios na redução da incidência e prevalência dos casos. Este programa tem o intuito de manejá-los adequadamente a família, onde os educadores têm que saber reconhecer o problema e saber intervir adequadamente. Os professores precisam ser treinados a conhecer o problema e saber como lidar com os alunos envolvidos no processo.

    Analisando as respostas do instrumento aplicado, verificou-se claramente indícios de bullying nas instituições escolares e a importância da consciência sobre o tema, obtendo subsídios para a análise das causas e efeitos desta prática entre os alunos e a melhor maneira de poder ajudar através de trabalhos em conjunto.

Considerações finais

    Podemos apontar que ocorrem manifestações de bullying durante as aulas de Educação Física em escolas do município de Campo Mourão – PR, e todos os professores partícipes dessa pesquisa identificam as manifestações de bullying durante as aulas, apontando que elas se manifestam em forma de ações de agressão verbal, desinteresse, gestos ofensivos, chamar um aluno por um apelido que o humilha, exclusão de um aluno de um grupo de amizade, implicância e intimidação, entre outros.

    Eles caracterizam o bullying como forma de preconceito, zombaria, de xingamentos, constrangimentos e ridicularização, à qual os alunos são submetidos, e conceituam o mesmo como sendo um ato de discriminação e violência, é um fenômeno mundial; agressão verbal, física e psicológica e descriminação racial, social e moral.

    Podemos apontar de forma geral, que os professores trabalham para minimizar o bullying quando o mesmo é percebido ou manifestado, sendo poucos os professores que trabalham com a prevenção. Os professores acreditam que deveria existir uma preparação por parte da equipe pedagógica no intuito de capacitar os professores, pois os mesmos se sentem inseguros para trabalhar com o fenômeno bullying em suas aulas. Para eles o trabalho poderia ser em forma de palestra, cursos, esclarecimentos para os alunos em conjunto com a família e a sociedade.

    A pesquisa apresentada mostrou diversas manifestações de bullying nas aulas de Educação Física nas escolas do município de Campo Mourão – PR. No entanto, os resultados evidenciaram que falta conhecimentos adequados por parte dos professores e demais profissionais envolvidos tanto na prevenção quanto para interferir neste tipo de situação no cotidiano escolar. Sendo assim, os resultados obtidos podem ser utilizados como subsídio para futuros trabalhos, contribuir com os professores e pedagogos no conhecimento a respeito deste assunto, e por fim, possibilitar aos mesmos buscarem novas estratégias para se confrontarem com tais manifestações no contexto escolar. Os resultados encontrados serão enviados as escolas envolvidas na pesquisa para conhecimento da direção.

Referências bibliográficas

  • ABRAMOVAY, Miriam; RUIA, Maria das Graças. Violências nas escolas. Revisão resumida, UNESCO Brasil, 2002. Disponível em: http://www.unesco.org.br. Acesso em: 12 mar. 2012.

  • ABRAPIA - Associação Brasileira de Proteção à Infância e Adolescência. Programa de redução do comportamento agressivo entre estudantes. Disponível em: http://www.bullying.com.br/Bconceituação21.htm. Acesso em: 06abr. 2012.

  • ALMEIDA, Kathanne Lopes; SILVA, Anamaria Cavalcante CAMPOS, Jocileide Sales. Importância da identificação precoce da ocorrência do bullying: uma revisão de literatura. Revista Pediatra, jan-jun. 2008.

  • BARBIERI, Márcia Finimundi; EMER, Simone de Oliveira. Bullying – violência nas escolas, o que pode-se fazer?. Rio Grande do Sul, 2006. Disponível em: http://www.upplay.com.br. Acesso em: 29 nov. de 2011

  • BOTELHO, Rafael Guimarães; SOUZA, José Maurício Capinussú de. Bullying e Educação Física na escola: características, casos, conseqüência e estratégias de intervenção. Revista de Educação Física, n° 139, dez. de 2007.

  • CARVALHO, Gabriel G. F. de; PEREIRA, Sissi A. Martins. Bullying Gênero nas Aulas de Educação Física. Congresso Paulistano de Educação Física Escolar, 2009.

  • CASADO, Aline Gabriela Pescaroli. Cyber bullying: violência virtual e o enquadramento penal no Brasil, (2003). Disponível em http://www.idespbrasil.org. Acesso em: 01 abr. 2012

  • CASTILHO, Paula Marcélia Arazão Freire; HITO, Clarice Furini Cascardo. Bullying: violência oculta na escola e na família, 2010.. Disponível em http://www.claricehito.com.br. Acesso em: 01 abr. 2012.

  • CÉZAR, Neura; NETA, Maria da Anunciação Pinheiro Barros.O impacto do fenômeno bullying na vida e na aprendizagem de crianças e adolescentes. Mato Grosso, 2008. Acesso em: 30 de dez. 2011. Disponível em www.ie.ufmt.br.

  • CHAVES, Walmer Monteiro. Fenômeno Bullying e a educação Física Escolar. X EnFEFE - Encontro Fluminense de Educação Física Escolar. Lazer e Educação Física Escolar. 2006, Brasil. Niterói –RJ.

  • FANTE, Cleo. Fenômeno bullying: como prevenir a violência nas escolas e educar para a paz. 2.ed. – Campinas, SP : Versus Editora, 2005.

  • MACIEL, Marilis Balzer; FINCK, Silvia Christina Madrid. O Esporte Educacional Como Mediador na Prevenção da Violência e do Bullying no Contexto Escolar. 2009. Acesso em 05 de mar. de 2012. Disponível em www.diaadiaeducacao.pr.gov.br.

  • MINAYO, Maria Cecília de Souza; SOUZA, Edinilsa Ramos de.É possível prevenir a violência? Reflexões a partir do campo da saúde pública. Ciência e Saúde Coletiva,Vol. 4, Núm. 1, 1999, pp. 7-23. Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva Brasil

  • OLIVEIRA, Érika Cecília Soares; MARTINS Sueli Terezinha Ferreira. Violência, sociedade e escola: da recusa do diálogo à falência da palavra. Psicologia & Sociedade, edição n° 19, pag. 90-98, publicado em jan. 2007.

  • VOTRE, Sebastião Josué; OLIVEIRA, Flavia Fernandes de. Bullying nas Aulas de Educação Física, Porto Alegre, v.12, n. 02, p. 173-197, maio/ago. de 2006.

  • WEINBERG, Monica. O pior é que os pais são cúmplices. Revista Veja,ed. 2.258, ano 45, n° 9, pg. 17-21, 29 de fev. de 2012.

  • WIEVIORKA, Michel. O novo paradigma da violência. Revista Usp, São Paulo, vol. 9, pg. 5-41, maio de 1997.

Outros artigos em Portugués

  www.efdeportes.com/
Búsqueda personalizada

EFDeportes.com, Revista Digital · Año 17 · N° 170 | Buenos Aires, Julio de 2012  
© 1997-2012 Derechos reservados