efdeportes.com

Análise da incidência de gols e de cartões nos campeonatos 

paulista, carioca, mineiro e paranaense de 2009 da 1ª divisão

Análisis de los goles y las tarjetas en los campeonatos paulista, carioca, mineiro y paranaense de 2009 de 1ª división

 

Grupo de Estudos e Pesquisa em Futebol e Futsal

VERIS IBTA, Campinas SP

(Brasil)

Rodrigo Ferreira

Diego Ide Mascara

João Guilherme Cren Chiminazzo

chiminazzo@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          No futebol de alto nível, cada detalhe pode representar o êxito ou o fracasso de uma equipe. O objetivo deste estudo foi analisar a incidência de gols e de cartões, em períodos pré-definidos de 15 minutos, de jogos dos campeonatos Paulista, Carioca, Mineiro e Paranaense de 2009 da 1ª divisão. Como objetivo secundário diferenciou-se os cartões aplicados entre mandantes e visitantes. O estudo se caracteriza como documental descritivo analítico. Foram analisadas um total de 549 súmulas de jogos. No estudo observou-se que houve maior quantidade de gols marcados no segundo tempo das partidas (58,33%) e que a maioria destes gols ocorreu nos 15 minutos finais dos jogos (23,02%), nos 4 campeonatos regionais do Brasil da primeira divisão acima citados. Em relação aos cartões, verificou-se que houve maior incidência de cartões no segundo tempo das partidas também, sendo: 57,62% cartões amarelos e 82,56% cartões vermelhos. Além disso, a maior incidência de aplicação dos cartões aconteceu nos 15 minutos finais dos jogos, ambos para mandantes ou visitantes, nos 4 campeonatos regionais. Em geral, os visitantes receberam mais cartões amarelos (52,66%) e vermelhos (57,06%) quando comparados com os mandantes. Somente no campeonato Paranaense, em relação aos cartões vermelhos, este fenômeno não ocorreu. Desta forma, conclui-se que a maioria dos gols e dos cartões acontece no segundo tempo, mais especificamente nos 15 minutos finais de jogo, e isso poderá indicar aos profissionais que trabalham com futebol, a prepararem seus atletas de forma que eles consigam retardar os efeitos da fadiga e manterem um alto nível de performance no momento final do jogo.

          Unitermos: Futebol. Gols. Cartões.

 

Abstract

          In high level football, every detail can represent the success or failure of a team. The objective of this study was to analyze the incidence of goals and cards, pre-defined periods of 15 minutes of al matches of four regional championship in Brazil of first division in 2009 (Paulista, Carioca, and Mineiro and Paranaense). As a secondary objective differed cards applied between home and visitors. The study is characterized as analytical descriptive document. We analyzed a total of 549 dockets games. In the study it was observed that there was a greater number of goals scored in the second half of matches (58.33%) and that most of these goals came in the final 15 minutes of games (23.02%), four regional championships in Brazil of first division above. For cards, it was found that there was a higher incidence of cards in the second half of matches, where 57,62% yellow cards and 82,56% red cards. Moreover, the higher incidence of application cards happened in the final 15 minutes of games, both for home or visitors in four regional championships. In general, visitors received more yellow cards (52.66%) and red (57.06%) when compared with the home. Only in the championship Paranaense in relation to red cards, this phenomenon did not occur. Thus, we conclude that the majority of goals and cards happens in the second half, specifically in the final 15 minutes of play, and this may indicate to professionals working with football, to prepare their athletes so that they can delay the effects of fatigue and maintain a high level of performance at the final moment of the game.

          Keywords: Soccer. Goals. Cards.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 17 - Nº 170 - Julio de 2012. http://www.efdeportes.com/

1 / 1

Introdução

    O futebol é fisicamente caracterizado como um esporte de alta intensidade e com perfil intermitente, que envolve caminhada, trotes, corridas, saltos e piques rápidos (BARROS NETO & GUERRA, 2004). Segundo Diniz da Silva (2006), o futebol é um jogo complexo em que as demandas fisiológicas são multifatoriais e variam marcadamente durante uma partida. O nível da competição, o estilo de jogo, a tática empregada, a motivação, a importância do jogo e os fatores ambientais presentes fazem com que as demandas fisiológicas sejam diferenciadas (EKBLOM, 1993; ZEEDERBERG et al., 1996). Aproximadamente 88% de uma partida de futebol envolve atividades aeróbias e, os 12% restantes, atividades anaeróbias de alta intensidade (BARROS NETO & GUERRA, 2004; SHEPARD & LEATT, 1987).

    No futebol de alto nível, cada detalhe pode representar o êxito ou o fracasso de uma equipe (LEITÃO et al., 2003). As preparações físicas, técnicas, táticas, psicológicas e nutricionais geram componentes fundamentais no jogo, sendo o gol o principal objetivo desse desporto (MASCARA et al., 2008; GOMES & SOUZA, 2008; BARROS NETO & GUERRA, 2004, DINIZ DA SILVA & CAMPOS JÚNIOR, 2006).

    Segundo Creek (1976) e Docherty (1978), o futebol é definido pelos gols de uma partida. Mascara et al. (2008b) identificou que existe um aumento na quantidade de gols feitos com o passar do tempo de jogo ainda que, ao longo das rodadas, a média de gols convertidos diminua, haja visto que as equipes começam a se conhecer melhor, principalmente no aspecto tático.

    Ainda segundo Mascara et al. (2008), é possível que a incidência de cartões aumente no decorrer do tempo de jogo, em decorrência da busca pela vitória e da fadiga que vai se estabelecendo. Com isso, o jogo passa a ser mais contundente. O fato de o time ser mandante ou visitante pode influenciar na distribuição e freqüência de cartões.

    O objetivo deste estudo foi analisar a incidência de gols e de cartões, em períodos pré-definidos de 15 minutos, em jogos dos campeonatos Paulista, Carioca, Mineiro e Paranaense de 2009 da 1ª divisão. Como objetivo secundário diferenciou-se os cartões aplicados entre mandantes e visitantes.

Materiais e método

    O estudo caracteriza-se como documental descritivo e analítico. Os dados foram coletados eletronicamente, direto das súmulas das partidas, junto às Federações Paulista, Carioca, Paranaense e Mineira de Futebol. Foram considerados todos os jogos desses campeonatos, totalizando 549 súmulas, sendo 202 do Campeonato Paulista, 134 do Carioca, 133 do Paranaense e 80 do Mineiro. O tempo total de jogo de 90 minutos foi dividido em períodos pré-definidos de 15 minutos. Os gols e os cartões marcados nos acréscimos foram computados junto com os 15 minutos finais de cada tempo.

Resultados

    No geral, nos quatros campeonatos foram marcados 1572 gols. Considerando este total de gols, verificou-se que 41,66% aconteceram no primeiro tempo de jogo e 58,33% no segundo tempo. Em relação aos números referentes a cada campeonato, especificamente, obtiveram-se as seguintes porcentagens para número de gols no segundo tempo: 56,16% no Paulista, 59,50% no Carioca, 60,21% no Paranaense e 58,80% no Mineiro.

    Analisando cada período do jogo (tabela 1), observa-se que, no cômputo geral, houve maior incidência de gols nos 15 minutos finais das partidas (23,02%). O fenômeno ocorreu em todos os campeonatos: Paulista (20,89%), Carioca (25,06%), Paranaense (24,14%) e Mineiro (23,07%).

Tabela 1. Quantidade de gols convertidos a cada período de 15 minutos de jogo

    Em relação à distribuição de cartões amarelos (tabela 2), no geral, e comparando mandantes e visitantes, registrou-se um número maior de cartões amarelos para visitantes (52,66%) do que para mandantes (47,33%). Em todos os 4 campeonatos, o número de cartões amarelos aplicados foi maior nas equipes visitantes.

    A maioria dos cartões amarelos foi aplicada no segundo tempo em todos os 4 campeonatos. No geral, considerando-se os 4 campeonatos, bem como os cartões dados a mandantes e visitantes, 57,62% dos cartões amarelos foram aplicados no segundo tempo.

    Sobre os números específicos de cada campeonato: 61,84%, dos cartões amarelos distribuídos no campeonato Paulista para o grupo de mandantes, foram aplicados no segundo tempo. E 60,82%, dos cartões amarelos distribuídos no campeonato Paulista para o grupo de visitantes, foram mostrados a estes também no segundo tempo. Quanto ao campeonato Carioca, os resultados apontaram que 54,38%, dos cartões amarelos distribuídos para o grupo de mandantes, foram dados no segundo tempo. Assim como 54,11%, dos cartões amarelos distribuídos neste campeonato para o grupo de visitantes, foram aplicados na segunda etapa do jogo. Sobre a competição Paranaense, sob a mesma análise, obteve-se: 59,66%, dos cartões amarelos dados para o grupo de mandantes, foram apresentados no segundo tempo e 61,91%, dos cartões dados aos visitantes, também foram dados nesta etapa de jogo. Por fim, em relação ao campeonato Mineiro, teve-se: 52,56%, dos cartões amarelos distribuídos para mandantes, foram mostrados no segundo tempo de jogo, bem como, no grupo de visitantes, 55,83% dos cartões dados a este grupo foram dados também no segundo período do jogo.

    A maior incidência de cartões amarelos em períodos pré-definidos de 15 minutos ocorreu nos 15 minutos finais das partidas, nos 4 campeonatos estaduais, seja quando aplicados aos mandantes quanto aos visitantes. O número de cartões amarelos apresentados neste período, no geral, ou seja, considerando-se os 4 campeonatos e os dois grupos, representa 23,72% de todos os cartões amarelos aplicados.

Tabela 2. Quantidade de cartões amarelos, segundo mando de jogo, em períodos de 15 minutos

    Em relação à distribuição de cartões vermelhos (tabela 3), no geral, e considerando-se tanto o grupo de mandantes quanto o de visitantes, registrou-se um número maior de cartões vermelhos para visitantes (57,06%) do que para mandantes (42,82%). Nos campeonatos Paulista, Carioca e Mineiro, o número de cartões vermelhos foi maior para as equipes visitantes. Somente na competição Paranaense os mandantes receberam mais cartões vermelhos do que os visitantes.

    A maioria dos cartões vermelhos foi aplicada no segundo tempo nos 4 campeonatos. Considerando ambos os grupos, de mandantes e visitantes, e todas as 4 competições, 82,56% dos cartões vermelhos foram aplicados no segundo tempo.

    Abordando os números específicos de cada campeonato, tem-se: 90,24%, dos cartões vermelhos distribuídos no campeonato Paulista para o grupo de mandantes, foram aplicados no segundo tempo. E 76,19%, dos cartões vermelhos distribuídos no campeonato Paulista para o grupo de visitantes, foram mostrados a estes também no segundo tempo. Quanto ao campeonato Carioca, os resultados apontaram que 82,22%, dos cartões vermelhos distribuídos para o grupo de mandantes, foram dados no segundo tempo. Assim como 77,77%, dos cartões vermelhos distribuídos neste campeonato para o grupo de visitantes, foram aplicados na segunda etapa do jogo. Sobre a competição Paranaense, sob a mesma análise, obteve-se: 81,81%, dos cartões vermelhos dados para o grupo de mandantes, foram apresentados no segundo tempo e 83,33%, dos cartões dados aos visitantes, também foram dados nesta etapa de jogo. Por fim, em relação ao campeonato Mineiro, teve-se: 83,33%, dos cartões vermelhos distribuídos para mandantes, foram mostrados no segundo tempo de jogo, bem como, no grupo de visitantes, 85,71% dos cartões dados a este grupo foram dados também no segundo período do jogo.

    A maior incidência de cartões vermelhos em períodos pré-definidos de 15 minutos ocorreu nos 15 minutos finais das partidas, nos 4 campeonatos estaduais estudados, seja quando aplicados aos mandantes quanto aos visitantes. O número de cartões vermelhos apresentados neste período, no geral, ou seja, considerando-se os 4 campeonatos e os dois grupos, representa 42,74% de todos os cartões vermelhos aplicados.

Tabela 3. Quantidade de cartões vermelhos, segundo mando e períodos de 15 minutos

Discussão

    O conhecimento de informações como as levantadas nesse estudo pode auxiliar técnicos e preparadores físicos no desenvolvimento do um programa de treino, tanto no processo de preparação para o campeonato como durante a competição.

    Um fator importante observado no estudo é que o número de gols no segundo tempo é maior do que no primeiro tempo nos 4 campeonatos estaduais analisados. Mascara et. al. (2007) mostraram que no Campeonato Paulista de 2007, série A1, 55,04% dos gols foram marcados no segundo tempo de jogo. O mesmo fenômeno acontecendo em 2008, no mesmo campeonato, onde 57,65% dos gols ocorreram no segundo tempo de jogo (Mascara et. al., 2008b), bem como no Campeonato Paulista de 2009, nas séries A1, A2 e A3, em que um estudo apontou os seguintes resultados: na série A1, 56,16% dos gols foram marcados no segundo tempo; na série A2, o índice foi de 56,17%; e na série A3 foram 58,45% de gols marcados no segundo período do jogo (Mascara et. al., 2010).

    Partindo para o espectro nacional, no Campeonato Brasileiro de 2001, da primeira divisão, 54,58% dos gols ocorreram no segundo tempo (LEITÃO et. al., 2003 e OLIVEIRA, 2003). No âmbito mundial, Diniz da Silva (2007) analisou 2902 partidas de 8 campeonatos nacionais da temporada 2004/2005 (Alemão, Argentino, Brasileiro, Espanhol, Francês, Holandês, Inglês e Italiano), observando-se, também, maior incidência de gols no segundo tempo (55,83%).

    Um estudo da Copa do Mundo de 1990 mostrou que 66,9% dos gols foram marcados no segundo tempo (GODIK, 1996). Njororai (2004) apresenta que, na Copa de 2002, o mesmo ocorreu já que 56,6% dos gols aconteceram no segundo tempo. Fenômeno observado também na Copa do Mundo de 2006, em que 53,47% dos gols ocorreram no segundo período do jogo (DINIZ DA SILVA E CAMPOS JUNIOR, 2006).

    Além da maioria dos gols acontecerem no segundo tempo, o presente estudo indica uma maior quantidade de gols ocorridos nos 15 minutos finais das partidas (23,02%). Esta ocorrência também foi estudada no Campeonato Paulista de 2007, série A1, em que a maioria dos gols ocorreu nos 15 minutos finais das partidas, representando 22,38% dos gols (MASCARA et. al., 2007). No mesmo campeonato, porém no ano de 2008, o mesmo aconteceu: 23,06% dos gols, a maioria, ocorreram nos 15 minutos finais dos jogos (MASCARA et. al., 2008b). Percebe-se que, independentemente da divisão, o fenômeno se repete, pois num estudo a respeito do Campeonato Paulista de 2009 foram observados resultados semelhantes: nas 3 séries (A1, A2 e A3) a maioria dos gols se deu nos 15 minutos finais das partidas. As porcentagens foram respectivamente: 20,89%, 22,70% e 22,03% (MASCARA et. al., 2010).

    Os estudos de Leitão et. al. (2003), Oliveira (2003) e Diniz da Silva (2007), corroboram tais resultados, pois apontaram que a maioria dos gols ocorreu nos últimos 15 minutos das partidas avaliadas em seus estudos. O Campeonato Brasileiro de 2001 foi estudado por Leitão et. al. (2003) e Oliveira (2003), e 21,68% dos gols, segundo os autores, foram computados nos 15 minutos finais dos jogos. Já Diniz da Silva (2007) mostrou que, nas partidas dos 8 campeonatos nacionais da temporada 2004/2005 (Alemão, Argentino, Brasileiro, Espanhol, Francês, Holandês, Inglês e Italiano), 21,88% dos gols foram marcados no último período de 15 minutos dos jogos.

    Quanto a estudos realizados com Copas do Mundo, a maior incidência de gols nos 15 minutos finais também se evidencia. Na Copa de 2002, 19,9% dos gols foram nos 15 minutos finais (NJORORAI, 2004). Na Copa de 2006, 29,93% dos gols ocorreram nas mesmas circunstâncias, ou seja, nos últimos 15 minutos (DINIZ DA SILVA e CAMPOS JUNIOR, 2006).

    Assim, nota-se que existe uma tendência, tanto em campeonatos estaduais, quanto em nacionais e internacionais, da maioria dos gols numa partida acontecer no segundo tempo de jogo e, na distribuição do segundo tempo, uma maior ocorrência nos 15 minutos finais das partidas. Uma possibilidade para este fenômeno estaria na busca incessante pela vitória ou na necessidade de se evitar uma derrota, isto é, de uma forma ou de outra, à medida que o tempo passa, acentua-se a busca pelo gol. Porém, também deve-se ressaltar que, ao final dos jogos, os atletas demonstram sinais de fadiga, acarretando uma diminuição da atenção, falhas do sistema nervoso e, conseqüentemente, redução na qualidade técnica, diminuição dos estoques de glicogênio, proporcionando, deste modo, uma maior vulnerabilidade no aspecto defensivo das equipes e gerando, assim, aumento no número de gols marcados (GUERRA, 2004; MOHR, 2005). No final do jogo, o atleta encontra-se desgastado nos aspectos físico, técnico, tático e nutricional.

    Em relação aos cartões, nos 4 campeonatos estaduais da primeira divisão analisados, houve maior incidência de cartões (tanto amarelos quanto vermelhos) no segundo tempo das partidas e, inclusive, uma maior incidência de cartões nos 15 minutos finais dos jogos. Os visitantes recebem mais cartões quando comparados com os mandantes. Fenômeno este que apenas não ocorreu no campeonato Paranaense em relação aos cartões vermelhos.

    No campeonato Paulista de 2008, série A1, a maioria dos cartões foi assinalada no segundo tempo, sendo: cartões amarelos (58,88%) e cartões vermelhos (82,2%). O período onde se computou mais cartões, tanto amarelos (24,54%) quanto vermelhos (50,32%), referiu-se aos 15 minutos finais dos jogos. No geral, visitantes receberam mais cartões amarelos e vermelhos quando comparados com os mandantes (MASCARA et. al., 2008).

    No presente estudo, conforme discorrido, observou-se também um aumento na distribuição de cartões, sejam amarelos ou vermelhos, com o desenrolar da partida. Para Mascara et. al. (2008) é possível que a incidência de cartões aumente no decorrer do tempo de jogo devido às conseqüências do desgaste físico que os atletas sofrem durante a partida, o que pode influenciar na concentração dos jogadores, aumentando assim a quantidade de faltas e, com elas, ocasione-se um aumento no número de cartões.

    Além disso, presume-se que, ao se aproximar do término da partida, os momentos se tornem ainda mais importantes. Assim, equipes que estejam atrás no placar tentam de toda forma recuperar a posse de bola para tentar o gol. Nesta tentativa de recuperar a posse de bola pode ocorrer aumento no número de advertências. Por outro lado, equipes que estejam à frente no marcador também evitarão sofrer gol, garantindo assim a vitória, nem que para isso seja necessário usar de uma marcação mais forte, por exemplo.

    Quanto à ocorrência de uma maior quantidade de cartões para equipes visitantes, presume-se que a equipe, na condição de visitante, sofra com diversos fatores estressantes, tais como: viagem, campo não conhecido, pressão de torcida mandante, ambiente adverso etc. E que tudo isso gere um estresse negativo nos jogadores, fazendo com que eles pratiquem mais atitudes antidesportivas e, conseqüentemente, uma maior quantidade de cartões seja recebida (BRANDÃO, 2000).

    Existem poucas referências na literatura em relação à análise de cartões aplicados no futebol. Sugere-se que o fenômeno seja amplamente investigado, inclusive, com pesquisas correlacionando os resultados com diferentes momentos do jogo. Tais pesquisas ajudam a entender melhor as ocorrências durante o jogo, subsidiando-se assim os profissionais que atuam com a modalidade no planejamento dos treinamentos físicos, técnicos e táticos.

Conclusão

    Com a evolução do futebol e devido à grande demanda de estudos sobre a modalidade, o presente estudo procurou levantar dados que possam auxiliar as comissões técnicas a melhorarem o desempenho de suas equipes. Cada vez mais recursos eletrônicos vêm sendo utilizados para o monitoramento de atletas, buscando uma melhora em seus desempenhos.

    Este estudo, ao concluir que a maioria dos gols e dos cartões acontece no segundo tempo, mais especificamente nos 15 minutos finais de jogo, poderá auxiliar os profissionais que trabalham com futebol a prepararem seus atletas de forma que eles consigam retardar os efeitos da fadiga e, com isso, manterem um alto nível de performance no momento crucial.

Referências

  • BARROS NETO, T. L.; GUERRA, I. Ciência do futebol. São Paulo: Editora Manole, 2004.

  • BRANDÃO, M. R. F. Fatores de Stress em Jogadores de Futebol Profissional. 2000. 205f. Tese (Doutorado em Ciências do Esporte) – Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2000.

  • CREEK, F.W.S. Soccer. London: Teach yourself Books, 1976.

  • DINIZ DA SILVA, C. Fadiga: evidências nas ocorrências de gols no futebol internacional de elite. Lecturas Educación Física y Deportes, Revista Digital, Buenos Aires, Año 11, n° 97, 2006 http://www.efdeportes.com/efd97/gols.htm

  • ____________________. Gols: uma avaliação no tempo de ocorrência no futebol internacional de elite. Lecturas Educación Física y Deportes, Revista Digital, Buenos Aires, Año 12, nº 112, 2007. http://www.eddeportes.com/edf112/gols-uma-avaliacao-no-tempo-de-ocorrencia-no-futbol.htm

  • DINIZ DA SILVA, C; CAMPOS JÚNIOR, R. M. Análise dos gols ocorridos na 18ª Copa do Mundo de futebol da Alemanha 2006. Lecturas Educación Física y Deportes, Revista Digital, Buenos Aires, Año 11, n° 101, 2006. http://www.efdeportes.com/efd101/gols.htm

  • DOCHERTY, T. The ABC of soccer sense: Strategy and Tactics Today. London: B.T. Batsford limited, 1978.

  • EKBLOM, B. Applied physiology of soccer. Sport Medicine. v. 3, p. 50-60, 1993.

  • GODIK, M. A. Futebol – Preparação dos futebolistas de alto nível. Editora Grupo Palestra Sport, 196.

  • GOMES, A. G; SOUZA, J. de. Futebol: treinamento desportivo de alto rendimento. Porto Alegre, RS: Artmed, 2008.

  • Guerra, I.; Chaves, R.; Barros, T.; Tirapegui, J. The influence of fluid ingestion on performance of soccer players during a match. Journal of Sports Science and Medicine, 3, 198-202, 2004

  • LEITÃO, R. A; GUERREIRO JUNIOR, F. C.; ZAGO, L; MORAES, A. C. de. Análise da incidência de gols por tempo de jogo no campeonato brasileiro de futebol 2001: estudo comparativo entre as primeiras e últimas equipes colocadas da tabela de classificação. Conexões, v.1, n.2, 2003.

  • MASCARA, D. I; CHIMINAZZO, J. G. C; DEL VECCHIO, F. B. Análise da incidência de cartões amarelos e vermelhos no campeonato paulista 2008 – série A1.. In Anais do III Congresso de Educação Física de Jundiaí, 2008, Jundiaí, SP: ESEF, 2008. v.1. p. 76-76.

  • MASCARA, D. I; CHIMINAZZO, J. G. C; FERREIRA, R; TRAMONTINA, J; DEL VECCHIO, F. B. Análise da incidência de gols no campeonato paulista 2008 – série A1.. In Anais do XXXI Simpósio Internacional de Ciência do Esporte – Da teoria à prática: do fitness ao alto rendimento, 2008, São Paulo. Revista Brasileira de Ciência e Movimento - Suplemento Especial. São Paulo, SP: CELAFISCS, 2008b. v. 16. p. 246-246.

  • MASCARA, D. I; CHIMINAZZO, J. G. C; CALICCHIO, L; NAVARRO, A. C. Análise da incidência de gols no campeonato paulista 2009: série A1, A2 e A3. Revista Brasileira de Futsal e Futebol, São Paulo, Vol. 2. Num.04. Jan/Fev/Mar/Abr. 2010, p. 42-46.

  • Mohr, M.; Krustrup, P.; Bangsbo. J. Fatigue in soccer: A brief review. Journal of Sports Sciences. v. 23, n. 6, p. 593 599, 2005.

  • NEVILL, A. M.; BALMER, N. J; WILLIANMS; A. M. (2002) The influence of crowd noise and experience upon refereeing decisions in football. Psychology Sport and Exercise, v. 3, p. 261-272.

  • NEVILL, A. M.; NEWELL, S. M.; GALE, S. (1996). Factors associated with home advantage in English and Scottish soccer matches. Journal of Sports Sciences, v. 14, n. 2, p. 181-186.

  • OLIVEIRA, J. L. Análise das ações ofensivas no campeonato brasileiro de futebol 2001. Lecturas Educación Física y Deportes, Revista Digital. Buenos Aires. Año 9. Núm. 65. 2003. http://www.efdeportes.com/efd65/futebol.htm

  • SHEPARD, R. J. LEATT, P. Carbohydrate and fluid needs of the soccer player. Sports Medicine, v. 4, n. 3, p. 164-176, 1987.

  • ZEEDERBERG, C. LEACH, L. LAMBERT, E. V. NOAKES, T. D. DENNIS, S. C. HAWLEY, J. A. The effect of carbohydrate ingestion on the motor skill proficiency of soccer players. International Journal of Sports Nutrition, v. 6, n. 3, p. 48-55, 1996.

Outros artigos em Portugués

  www.efdeportes.com/
Búsqueda personalizada

EFDeportes.com, Revista Digital · Año 17 · N° 170 | Buenos Aires, Julio de 2012  
© 1997-2012 Derechos reservados