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Comparação da velocidade e agilidade de estudantes universitárias

praticantes de futsal e atletas profissionais de futsal feminino

Comparación de la velocidad y la agilidad de estudiantes universitarias jugadoras
de futsal y jugadoras profesionales de futsal femenino

 

*Pós-Graduação lato senso em Treinamento Esportivo

Universidade Estadual do Ceará, Fortaleza, CE

**Graduação em Educação Física

Universidade Estadual do Ceará, Fortaleza, CE

***Pós-Graduação lato senso em Nutrição e Exercício Físico

Universidade Estadual do Ceará, Fortaleza, CE

****Mestrado em Ciências Fisiológicas

Universidade Estadual do Ceará, Fortaleza, CE

(Brasil)

André Igor Fonteles*

andre_fonteles@hotmail.com

Renan Góis Mateus**

Eduardo da Silva Pereira***

Raquel Felipe de Vasconcelos Carneiro****

Adriano César Carneiro Loureiro****

adriano.loureiro@uece.br

 

 

 

 

Resumo

          A dinâmica do futsal atual exige que os atletas possuam suas capacidades motoras desenvolvidas de forma ideal à modalidade. Este estudo teve o objetivo de comparar os níveis de velocidade e agilidade entre universitárias condicionadas e atletas de futsal feminino. A pesquisa envolveu 10 atletas profissionais de futsal e 10 universitárias condicionadas praticantes da modalidade, com idade variando entre 18-28 anos. Utilizamos os testes de velocidade (10 e 20 metros) e agilidade (Shuttle Run). Os dados foram analisados através de estatísticas descritivas com média, desvio padrão e avaliação percentual com auxilio do software SSPS versão 15.0. As diferenças entre os grupos foram analisadas utilizando-se o teste “t” de Student para amostras independentes. Foi adotado o nível de significância de p< 0,05. A média encontrada no teste de 10 metros apresentou valores de 1,9 segundos para as atletas profissionais e 2,1 segundos para as universitárias e na aplicabilidade do teste de 20 metros foi encontrada média de 3,4 segundos para as atletas e 3,6 segundos. para as universitárias. Com isso, a diferença desses testes foi considerada estatisticamente significante (p<0,05). Verificando os resultados no teste de agilidade, apresentou-se uma média de 9,8 segundos para as atletas e 10,2 segundos para as universitárias, onde essa diferença não foi considerada estatisticamente significativa. Analisando os resultados apresentados nos testes observou-se que as atletas profissionais apresentaram os melhores resultados nos testes aplicados. Com essas diferenças verificadas no estudo observa-se que as atletas levarão vantagens em situações específicas da modalidade, apresentando assim os melhores desempenhos na modalidade.

          Unitermos: Treinamento esportivo. Capacidades motoras. Performance.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 17 - Nº 170 - Julio de 2012. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O futsal é um dos esportes mais praticados pelos brasileiros, tanto para fins de lazer quanto de competição. Os resultados positivos alcançados pelo Brasil, nas diversas competições disputadas, e as reformulações nas regras da modalidade têm tornado o futsal cada vez mais dinâmico e atraente. Isso tem refletido positivamente na estruturação da modalidade que passou a receber maior apoio da mídia, de clubes, de associações, de empresas entre outros (AVELAR, et. al., 2008).

    De acordo com Oliveira (2008), o futsal tem apresentado uma grande evolução nos últimos tempos, em especial no Brasil. O nível das equipes brasileiras pode ser considerado de “primeiro escalão”, apresentando um alto padrão técnico/tático e um ótimo aprimoramento físico, o que as tornam competitivas, tanto no âmbito nacional quanto internacional.

    Conforme Garcia (2004), no futsal, assim como nas demais modalidades de jogos desportivos coletivos, é difícil conhecer com exatidão as exigências físicas, fisiológicas e energéticas que são requeridas durante os jogos, sobretudo em razão da imprevisibilidade do jogo.

    De acordo com Queiroga, Ferreira e Romanzini (2005), no futsal, os esforços físicos solicitados são predominantemente provenientes da velocidade, agilidade e potência muscular presentes nas ações de deslocamentos (laterais e para trás), saídas e paradas rápidas, saltos, chutes e piques. Dessa forma, a dinâmica do futsal atual exige que os atletas possuam suas capacidades motoras desenvolvidas de forma ideal à modalidade.

    A evolução dos métodos de treinamentos físicos tornou possível que os atletas mantivessem um alto rendimento no decorrer da partida, bem como permitiu formar atletas com maior nível de força, velocidade e agilidade, sendo que estas duas últimas capacidades são de fundamental importância para atletas que competem em esportes de ações intermitentes com predomínio de esforços intensos, curtos e rápidos, como os que apresentam no futsal. Por isso os atletas que possuem essas aptidões motoras bem desenvolvidas, possivelmente, terão vantagens em situações que podem ser determinantes na modalidade.

    Segundo Stolen, Castagna e Wisloff (2005), os jogadores mais velozes chegam, em média, 1 metro à frente dos jogadores menos velozes em uma distância curta de apenas 10 metros, o que pode ser importante nas situações de duelos, influenciando o resultado da partida.

    De acordo com Pasquarelli e colaboradores (2009), caracterizando a influência da velocidade nos esportes coletivos com características intermitentes, torna-se importante a verificação desta capacidade motora em atletas. A utilização da avaliação física é importante no planejamento de curto, médio e longo prazo nos esportes. No entanto é necessária a utilização de métodos que analisem e utilizem os resultados obtidos nos testes para tal fim.

    Desta forma o objetivo desta pesquisa foi comparar os níveis de velocidade e agilidade entre atletas universitárias condicionadas praticantes de futsal e atletas profissionais de futsal feminino, bem como verificar a relevância do treinamento dessas capacidades motoras como fator condicionante na performance da modalidade.

Metodologia

    A pesquisa foi realizada nas dependências da Universidade de Fortaleza (UNIFOR), localizada na Av. Washington Soares 1321, bairro Edson Queiroz, Fortaleza-CE. As avaliações ocorreram no dia 26/01/09 no período da tarde no ginásio poliesportivo da instituição. Participaram da pesquisa 20 praticantes de futsal do sexo feminino, com idades entre 18 e 28 anos, divididas em dois grupos: um grupo composto por 10 universitárias da UNIFOR, condicionadas na referida modalidade, e o outro grupo composto por 10 atletas profissionais da equipe de futsal Nacional Gás.

    Foram utilizados dois testes, escolhidos devida a semelhança das ações motoras com a realidade da modalidade em questão. Um deles é o teste de velocidade de 10 e 20 metros e o outro é o teste de agilidade chamado de Shutlle Run.

    Inicialmente, as avaliadas foram orientadas a virem com roupas e calçados apropriados e, seguida foram instruídas sobre a aplicabilidade dos testes. Foi solicitado as voluntárias que fizessem o seu máximo no momento de suas aferições. Os testes foram realizados no mesmo dia e no período da tarde.

    Antes de iniciarem os testes, as avaliadas passaram por um período de aquecimento geral (trote, corrida leve, coordenação), de 5 minutos, combinado com uma sessão de alongamento estático e balístico envolvendo para membros superiores e inferiores, onde cada grupo muscular foi alongado em torno de 20 segundos totalizando 5 minutos. Após o alongamento, realizou-se um aquecimento específico (acelerações em distâncias de 5, 10, 15 metros), por um período de 5 minutos. Utilizou-se uma quadra poliesportiva, com marcação de 10 e 20 metros, um cronômetro Oregon SL 210, para verificar o tempo e uma ficha de protocolo.

    Para a aplicação dos referidos testes, as avaliadas iniciaram em posição de saída alta (em pé). Na tentativa de ocorrer uma mensuração pura da capacidade de aceleração em distâncias especificas, não foi dado nenhum sinal de partida. O tempo era marcado a partir da elevação da perna traseira do solo e finalizado quando a atleta cruzava a linha de chegada. Antes do início do teste, havia uma comunicação visual entre à avaliada e o avaliador, para que ambos se preparassem para o teste. Assim, o avaliador levantava o braço para sinalizar que já estava preparado para a aplicação do teste. A posição do braço não significa que após sua descida, seja dada a saída, pois como citado anteriormente não foi dado nenhum sinal de partida.

    Em ambos os teste os testes (de 10 e 20 metros), as avaliadas posicionavam-se atrás da linha de saída, enquanto que o avaliador permanecia no lado oposto, ou seja, após a marcação final dos 10 e 20 metros. A marcação da distância a ser percorrida foi realizada através de sinalizadores bem visíveis no piso da quadra. Inicialmente, cada avaliada realizou três séries de corrida, percorrendo na maior velocidade possível os 10 metros do teste, com um intervalo de três minutos entre as séries, sendo selecionada, posteriormente, a melhor marca das três tentativas, ou seja, o menor tempo durante o percurso. Após a finalização do teste de 10 metros, foi dado um intervalo de cinco minutos para que as avaliadas se recuperassem para os estímulos de 20 metros, os quais seguiram os mesmos princípios do teste de 10 metros.

    No teste de agilidade, utilizou-se dois blocos de madeira (5 cm x 5 cm x 10 cm), quadra esportiva, cronômetro, prancheta, espaço de 15 metros, folha de protocolo e fita adesiva. Tanto a avaliada quanto o avaliador posicionaram-se atrás da linha de referência (linha de saída/chegada), ou seja, do lado oposto onde se encontravam os blocos. O objetivo era transportar os blocos da linha oposta para trás da linha de referência. Os blocos ficaram posicionados 10 centímetros após a linha oposta que a avaliada se encontrava, e separados entre eles por 30 centímetros. O espaço de execução do teste foi de 9,14 m. Vale destacar que a avaliada ao deixar o bloco na linha de referência, não deveria jogá-los, e caso o bloco caísse das suas mãos ela deveria pegá-lo e continuar o teste. O teste era finalizado quando a avaliada colocava o último bloco no solo e ultrapassava, com pelo menos um dos pés, a linha de referência. Cada avaliada teve duas tentativas com intervalo de 5 minutos entre as repetições sendo selecionado o melhor tempo das tentativas.

    Os dados obtidos foram analisados através de estatísticas descritivas com média, desvio padrão e avaliação percentual. As diferenças entre os grupos foram analisadas utilizando-se o teste “t” de Student para amostras independentes e foi adotado o nível de significância de p< 0,05. Os dados foram analisados com o auxilio do software SSPS versão 15.0.

    Este trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética da UECE com o protocolo: 08517615-0 de 23/12/2008.

Resultados e discussão

    Nas tabelas 1, 2 e 3 estão apresentados os resultados obtidos nos teste de 10 e 20 metros e do teste Shuttle Run, respectivamente, com tempo em segundos das avaliadas (profissionais de futsal e as universitárias praticantes da modalidade).

Tabela 1. Resultados das atletas profissionais e universitárias em função do teste de 10 metros

 

Tabela 2. Resultados das atletas profissionais e universitárias em função do teste de 20 metros

 

Tabela 3. Resultados das atletas profissionais e universitárias em função do teste Shuttle Run

    Na aplicação dos testes, deve-se considerar que algumas variáveis podem ter influenciado o desempenho das avaliadas como: idade, predisposição genética, nível de treinabilidade. Segundo Queiroga et.al. (2008), identificar variáveis capazes de influenciar positivamente resultados esportivos é uma área de interesse em atividades físicas competitivas.

    Um dos fatores relevantes extraídos dos testes de 10 e 20 metros foi a diferença considerada significante entre os grupos (p < 0,01). Dentro da modalidade, a velocidade de 10 metros é uma mensuração da capacidade de aceleração, onde se considera como uma velocidade primordial dentro do desempenho na modalidade. Segundo Gomes e Machado (2001), a velocidade de aceleração é conceituada pela rapidez dos movimentos cíclicos e acíclicos, onde depende de uma boa coordenação da técnica, força e elasticidade muscular, estando presente nos dribles, mudança de direção, fintas, paradas brusca com aceleração e desaceleração. Portanto, a velocidade é fundamental dentro do perfil de exigência motora desta modalidade, onde o sucesso nas jogadas, em geral, está associado à capacidade de executar movimentos de giro, para direita ou esquerda, o mais rápido possível (CHAGAS et.al., 2005).

    Comparando-se os resultados encontrados, as atletas profissionais apresentam a capacidade de aceleração superior às universitárias, demonstrando assim, que dentro da especificidade da modalidade, as atletas possivelmente terão vantagens em comparação às universitárias em movimentos curtos que requerem uma boa capacidade de aceleração, seguida de uma ação motora específica do futsal.

    As diferenças nos testes de 10 e 20 metros possivelmente estejam associadas, além de fatores intervenientes, com os tipos de treinamentos que as atletas profissionais realizam que envolvem, além dos treinamentos técnicos e táticos, o treinamento de força, de coordenação e de velocidade, fatores que podem ter contribuído com os resultados nesses testes.

    A inclusão do treinamento de força associado a treinamentos específicos é uma ferramenta importante dentro do planejamento do atleta para torná-lo mais rápido, potencializando a aplicação de força sendo uma introdução ao alto rendimento (SARGENTIM, 2010). Além disso, o treinamento de força melhora o nível de coordenação pela capacidade de ativar a quantidade adequada de unidades motoras e pela ótima interação dos músculos sinergistas e antagonistas, assegurando a rápida transição entre os estados de tensão e relaxamento muscular (PLATONOV e BULATOVA, 2003).

    Observando-se os resultados do teste de agilidade, encontrou-se uma diferença entre as atletas profissionais e as universitárias de praticamente meio segundo. Entretanto, após a análise estatística essa diferença foi considerada não significante (p> 0,05). Na prática da modalidade, observa-se que essa diferença favorece as atletas profissionais em comparação com as universitárias em situações específicas à modalidade como: mudança de direção em tempo menor, aceleração e desaceleração em corridas acíclicas, desviar de um encontrão com um adversário, uma capacidade de antecipação e interceptação de uma jogada, tornando-se assim, à agilidade como uma capacidade motora que favorece ao desempenho das atletas no esporte.

    O treinamento da agilidade deve seguir as características específicas da modalidade que são: raramente os estímulos são superiores a 20 metros, maior predominância entre 3-15 metros, a grande quantidade de corridas em velocidade é sem bola e cada estímulo em alta intensidade finaliza com uma ação motora (SANTI MARIA, ALMEIDA e ARRUDA, 2009).

    De acordo com Bompa (2005) considera que a agilidade não é uma capacidade independente, sendo dependente da potência do jogador, onde representa a capacidade de um jogador de rapidamente mudar de direção, resultado do aprimoramento de: potência, velocidade, aceleração/ desaceleração, velocidade de reação e coordenação. Segundo Moraes (2004), a agilidade é imprescindível no trabalho diário, para que o atleta consiga uma adaptação mais rápida às condições de mudanças imediatas de direção que o jogo apresenta, promovendo uma maior eficácia dos movimentos, levando a uma maior eficácia desses movimentos, levando a uma maior economia do gasto energético.

    Como o futsal é um esporte de uma variedade de movimentos, considera-se à agilidade como a capacidade de realizar movimentos rápidos com mudança de direção e deslocamento do centro de gravidade. Sendo assim, para que essas ações corporais aconteçam, a força do atleta necessita estar bem desenvolvida (BARBANTI, 2003).

Conclusão

    As atletas profissionais apresentaram melhores resultados nos testes de velocidade de 10 e 20 metros. O teste de agilidade não houve uma diferença estatisticamente significante, mas observa-se na prática que a diferença de meio segundo encontrado, no referido teste, faz uma diferença importante na modalidade em favor das atletas profissionais.

    A característica da velocidade de deslocamento que mais interessa para o atleta diz respeito à fase de aceleração, com e sem mudança de direção, em conjugação com a agilidade e não se relacionando com a velocidade máxima.

    Por isso, em geral, observou-se na aplicação dos testes que as atletas profissionais têm as suas capacidades motoras de velocidade e agilidade bem desenvolvidas em comparação com as universitárias. Isso é devido, provavelmente, as rotinas de treinamentos que as atletas profissionais são impostas.

Referências

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