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Vivenciando o meio aquático: um relato de experiência

Vivenciando el medio acuático: un relato de experiencia

 

* Discente do Curso de Educação Física

Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, UESB

** Docente do Curso de Educação Física

Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, UESB

(Brasil)

Adrielle Lopes de Souza*

Franck Nei Monteiro Barbosa**

Camila Fabiana Rossi Squarcini**

Carla Elane Silva dos Santos*

adrielle.lopes@gmail.com

 

 

 

 

Resumo

          A prática da natação, enquanto elemento da cultura corporal precisa ser democratizada para toda a sociedade. Nesta perspectiva, este trabalho é um relato de experiência do Projeto de Extensão Universitária, o qual é intitulado ‘Vivenciando o meio aquático’ e tem por objetivo destacar a relevância da extensão universitária para a comunidade, bem como para os discentes da graduação envolvidos neste processo. O projeto foi realizado na UESB, atendendo 120 estudantes da rede pública de ensino, do município de Jequié – Bahia, com idade entre 10 a 14 anos, os quais tinham aulas de natação duas vezes na semana com duração de uma hora. Ocorreu também, antes de cada aula, momentos de leitura e de reflexões acerca do esporte, seus desafios e sua influência na sociedade, a fim de que os participantes pudessem construir uma leitura de mundo para além do senso comum. Diante disso, os próprios acadêmicos do curso de Educação Física ministravam as aulas, acompanhadas por docentes supervisores e realizavam os debates sobre as leituras com os escolares. Nessa perspectiva, concluímos que existiu uma inter-relação entre a universidade e a comunidade, proporcionando a tríade universitária, ocorrendo uma grande troca de conhecimentos, e, sobretudo de construção mútua do saber, favorecendo assim a formação profissional dos graduandos.

          Unitermos: Educação. Natação. Extensão universitária.

 

Abstract

          The practice of swimming, as an element of body culture needs to be democratized to the society as a whole. In this perspective, this work is an experience report of the University Extension Project, which is entitled "Living the aquatic environment" and the objective is to highlight the importance of university extension for the community, as well as for the students of the graduation involved in this process. The project was conducted in UESB, serving 120 students from public schools of the city of Jequié - Bahia, aged 10 to 14 years, who had swimming lessons twice a week, lasting one hour. There was also, before each class, moments of reading and of reflections about the sport, its challenges and its influence on society, in order that the participants could construct a reading of the world beyond the common sense. Given this, the own academics of the Physical Education course ministered to classes, accompanied by professors and supervisors were pursuing discussions on the readings with the students. From this perspective, we conclude that there was an interrelationship between the university and the community, providing the triad university, occurring a great exchange of knowledge, and, especially for the construction of mutual knowledge, thereby facilitating the training of graduates.

          Keywords: Education. Swimming. University extension.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 17 - Nº 169 - Junio de 2012. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A prática habitual de atividade física caracteriza-se como um componente indispensável para a promoção e manutenção da qualidade de vida. Dentre elas, a natação se destaca segundo Fernandes e Lobo da Costa (2006) por ser entendida como um conjunto de habilidades motoras responsáveis pelo deslocamento no meio líquido de maneira independente, segura, prazerosa e autônoma no qual “a água é mais que uma superfície de apoio e uma dimensão, é um espaço para emoções, aprendizados e relacionamentos com o outro, consigo e com a natureza” (FERNANDES e LOBO DA COSTA, 2006, p. 6).

    Na mesma perspectiva, a natação, segundo CATTEAU (1990), é um elemento cultural da humanidade que tem suas origens confundidas com a origem da humanidade, em uma época em que era utilizada como forma de obtenção de alimento. Atualmente a natação perpassa pelo prazer e lazer ou pela prevenção ou tratamento de doenças. Então, posteriormente à sua origem, necessitou-se formular e estruturar quatro estilos de nado, os quais foram sistematizados ao decorrer deste processo e atualmente conhecidos por: crawl, peito, costa e borboleta. Se, quando inventados, os estilos tinham como objetivo essencial o deslocamento pela água, nos dias atuais seu objetivo passou a compor um perfil de esportivização, no qual apresenta técnicas e regras próprias pautadas no desempenho.

    Sendo assim, enquanto elemento cultural espera-se que a natação seja uma prática corporal popular. Embora, sua democratização ainda seja restrita a uma elite brasileira, por necessitar de espaço adequado, afasta dessa forma uma parcela da sociedade que não tem acesso a este, e por conta disso lhe é negado o vivenciar o meio aquático. Neste sentido, tendo o esporte uma dimensão participativa, este cumpre um papel importante de equilibrar tais desigualdades (TUBINO, 1992; Devide, 2000).

    Diante disso, espera-se que a Universidade venha a garantir a popularização da natação, utilizando para isso a pesquisa, a extensão e o ensino. Com isso, é possível observar na pesquisa o desenvolver da ciência neste assunto; no ensino a apreensão do conhecimento de maneira sistematizada e, na extensão a aplicação dos conhecimentos, trazendo benefícios tanto para a comunidade local, quanto para a comunidade acadêmica, em especial, os graduandos.

    Assim, segundo Santin (1988) a Universidade deve partir da tríade, ou seja, a Extensão deve ser compreendida em relação ao Ensino e à Pesquisa. Se ao Ensino cabe a função de produzir os trabalhadores que vão sustentar e acionar os mecanismos do sistema produtivo a partir da transmissão de um conjunto de conhecimentos e de técnicas; a Extensão cabe o papel de ocupar-se com o espaço do cidadão que não está direta ou indiretamente vinculado com o Ensino e a Pesquisa, ou seja, o papel da Universidade é aproximar-se da comunidade e, à Pesquisa cabe o papel em avançar os conhecimentos e aperfeiçoar as técnicas para garantir novas máquinas e novos produtos.

    Dessa forma, a extensão universitária deve ter a relevância de não apenas garantir a (re)aproximação entre a universidade e a sociedade, mas também proporcionar a vivência dos conhecimentos abordados e discutidos pelos acadêmicos a fim de que se torne mais um instrumento a complementar na formação profissional dos discentes.

    Sob o prisma de “Ensino – Pesquisa - Extensão” e diante da infeliz realidade em que são poucos os escolares da rede pública de ensino que tem a oportunidade de vivenciar esportes elitistas, como é o caso da natação, o projeto Vivenciando o Meio Aquático, oferecido pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – campus Jequié, busca garantir a participação de escolares oriundos de escolas públicas com idade entre 10 e 14 anos para a prática desta atividade. Além de proporcionar aos graduandos do curso de Licenciatura em Educação Física a oportunidade de lidar com crianças e adolescentes, enriquecendo a experiência no sentido de saber relacionar-se com os futuros alunos, e ainda tem-se a perspectiva de possibilitar a vivência da tríade universitária, fortalecendo assim a formação profissional, bem como o desenvolvimento da comunidade local.

    Dessa forma, perante o que foi anteriormente exposto, o Projeto de Extensão “Vivenciando o Meio Aquático” na perspectiva de atender a tríade universitária, oportuniza aulas de natação para escolares da rede pública de ensino da cidade de Jequié (BA), sendo que estas aulas são ministradas pelos próprios acadêmicos do curso de Educação Física, os quais são supervisionados pelos docentes do mencionado curso.

    Nesta perspectiva, o objetivo do presente artigo é fazer um relato de experiência na perspectiva do discente participante do projeto de extensão “Vivenciando o Meio Aquático”.

Material e metodologia

    Este estudo tem o caráter relato de experiência, sendo que, este tipo de trabalho conforme (DYNIEWICZ, 2009, p.117):

    Podem ser definidos como uma metodologia de observação sistemática da realidade, sem o objetivo de testar hipóteses, mas estabelecendo correlações entre achados dessa realidade e bases teóricas pertinentes. Fornecem informações importantes para o desenvolvimento de outros tipos mais elaborados de pesquisa.

    O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (protocolo nº 070/2009) em conduzido pelo Núcleo de Atividade Física e Saúde (NEAFIS) e Corpohis: corpo, história e cultura da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB, campus Jequié - BA) a partir do projeto de Extensão intitulado “Vivenciando o Meio Aquático” que apresenta duração anual.

    Primeiramente, estabeleceu-se contato com seis escolas da rede pública de ensino do município de Jequié (BA) no qual foi possível selecionar 120 escolares. Como critérios de inclusão para este estudo pontuam-se: alunos que apresentassem baixa condição financeira, que estivessem entre 10 e 14 anos de idade, que não tivessem acesso às piscinas e ao ensino sistematizado da natação, que apresentassem atestado médico autorizando-os a prática da atividade física e que apresentassem o Termo de Consentimento Livre Esclarecido assinado pelo responsável legal pelas crianças.

    Neste sentido, foi estabelecido que cada responsável pelo escolar deveria estar devidamente esclarecido a respeito da proposta do projeto e bem informado sobre os procedimentos desse estudo, o qual está de acordo com Declaração de Helsinki (Declaração de Helsinki, 2000).

    Além disso, também foram convidados para participar do estudo todos os discentes do curso de Licenciatura em Educação Física, embora, somente aqueles que se inscreveram como monitores voluntários e a monitora bolsista tiveram a oportunidade de ministrar as aulas de natação para os escolares, sempre sob a supervisão dos coordenadores (docentes) do projeto e que também participaram do grupo de estudo semanal a fim de elaborar as aulas na piscina (plano de aula semanal), fazer o link com o conhecimento apreendido na graduação e desenvolver a pesquisa científica vinculada ao estudo (foram realizados debates, leituras e trabalhos científicos).

    A partir da seleção dos escolares, estes foram divididos de acordo com a faixa etária de cada um, havendo uma integração entre os estudantes das seis escolas públicas participantes do projeto. Formou-se assim, quatro turmas distintas e mistas de aproximadamente 25 escolares, duas no período matutino e duas no período vespertino, contabilizando uma hora de aula de natação, duas vezes por semana para cada turma.

    No entanto, antes do primeiro contato com o meio líquido, os escolares preencheram um questionário diagnóstico (escrito com auxílio dos) e realizaram uma avaliação prática para avaliar o equilíbrio, a respiração e a flutuação no meio líquido (tal procedimento se repetiu ao término da participação no projeto e foi utilizado como instrumento para verificar o nível de aprendizado dos participantes do projeto).

    Foi proposto, ainda, aos escolares que levassem livros (oferecidos pelas próprias escolas participantes do projeto) para lê-los em casa, ou após as aulas de natação (alguns levavam os livros e aproveitavam momentos anteriores às aulas para ler). Com isso, oportunizou-se um momento de incentivo à leitura, paralelamente com o ensino das técnicas da natação de forma sistematizada.

    Diante disso, a proposta desse momento foi organizar, assim, um espaço para além de se praticar a modalidade esportiva em questão, servir também de uma oportunidade para debater o conteúdo dos livros, a fim de que fosse possível, dessa maneira, garantir boas discussões em momentos que antecederam as aulas de natação.

Resultados e discussões

    No primeiro contato com os alunos que participavam do projeto, realizou-se um questionário no qual foi possível constatar que 70% dos escolares participantes do projeto de extensão Vivenciando o Meio Aquático não possuíam nenhum contato anterior com o meio líquido, nem tampouco apresentavam o hábito da leitura.

    Em seguida, eles realizaram uma atividade na piscina para verificar o nível de adaptação ao meio aquático, observando os elementos de equilíbrio, respiração e flutuação. Neste, a maioria dos estudantes apresentou algum tipo de dificuldade em realizar a tarefa. Além disso, também foi possível observar diferenças entre o gênero e a idade, tendo em vista que os meninos realizaram as atividades com maior segurança que as meninas, assim como os menores também realizaram as atividades com mais facilidade que os mais velhos. O que pode ser justificado pelos elementos do repertório motor distinto entre meninos e meninas, crianças e adolescentes.

    Afinal, no domínio físico-motor, pesquisas mostram que em torno dos nove anos de idade as percepções de competência física decaem dramaticamente para meninos e meninas, porém meninos tendem a perceber-se mais competente fisicamente que as meninas (HARTER, 1982; NICHOLLS, 1984 apud VALENTINI, 2002). Com isso, é importante ressaltar que o desenvolvimento motor da criança também sofre influência da maturação, da condição socioeconômica, além das experiências realizadas fora do ambiente esportivo, como em brincadeiras com os amigos, na rua ou em casa (NASCIMENTO JUNIOR, 2010).

    Conforme as aulas foram acontecendo, de modo a garantir a ludicidade paralelamente com a técnica apropriada de cada nado sistematizado, os alunos passaram por outro momento decisivo no projeto: receberam a proposta de levar livros para casa (livros estes fornecidos pelas escolas parceiras do projeto), e se comprometeram a realizar os resumos dos mesmos, a fim de se prepararem para um debate sobre os assuntos abordados nos livros, associando o aprendizado da natação com a realidade na qual estão inseridos. A este acontecimento, denominou-se “aulão” visto que a proposta foi que após a leitura e o resumo dos livros houve o debate em um espaço próximo à piscina, para que em seguida às discussões, a aula de natação acontecesse.

    Dessa forma, incentivou-se o hábito da leitura, além de promover a experiência de expressar-se, seja lendo o resumo que fizeram ou apenas debatendo oralmente as idéias do autor, sempre fazendo uma conexão com o esporte e com a vida dos próprios alunos, não se restringindo a um ensino da modalidade com forte orientação desportiva, onde se limitam somente ao ensino dos quatro estilos formais da natação como apontado por Xavier Filho e Manoel (2002).

    Diante disso, o projeto parte do entendimento de que a natação é um elemento da cultura corporal e como tal deve ser uma prática corporal popular. Entretanto, por necessitar de espaço adequado, esta atividade física, tende a afastar uma parcela da sociedade que não tem acesso a este, e por conta disso lhe é negado o vivenciar o meio aquático. No caso dos escolares participantes do projeto esta foi a realidade. Participaram do projeto de extensão escolares de baixa renda do município que não tinham contato com o meio líquido e tão pouco demonstraram familiaridade com a água durante a execução dos elementos de equilíbrio, respiração e flutuação.

    Com isso, vimos que em nosso nicho, Jequié (BA), a democratização da natação ainda está restrita, conforme já apontada por Devide (2000). Neste sentido, os momentos de debates e discussões, serviram para que, paralelamente ao aprendizado dos elementos técnicos da natação, os participantes construíssem uma visão crítica a respeito dessa lamentável realidade.

    Nesta perspectiva, concomitantemente ao ensino dos quatro estilos de nado houve a implementação da leitura e isso significa que o projeto de extensão em questão acredita que esta seja uma ação reflexiva, na qual o incentivo ao hábito de ler possibilite aos escolares uma visão ampliada de mundo e de si próprios, para tanto é necessário que a leitura seja alvo de discussão durante as aulas no projeto, visto que desta forma, ele possa ultrapassar a dimensão do senso comum, além de se permitir correlacionar o aprendizado do esporte com a leitura de mundo proporcionando melhorias na sua condição social e humanística.

    Nesse caminho, nossa vivência demonstrou que o esporte era um elo para que os escolares possam se reunir e juntos compartilharem leituras e troca de experiências. Observamos que essa atividade assemelha-se a “hora do conto” como relatado por Silva (1999) no qual o autor observou que este pode ser um valioso recurso pedagógico e cultural no qual é possível ter um momento agradável a de quebra de paradigmas.

    Essa proposta permitiu que os escolares não apenas se interessassem pela modalidade esportiva em questão, mas concomitantemente a isso, que eles também tivessem a oportunidade de assimilar a relevante importância da leitura para sua compreensão e melhor inserção na sociedade desenvolvendo, dessa maneira, os aspectos biopsicossociais dos escolares participantes do projeto de extensão em questão.

    Assim, através dos pilares da Universidade, se concretiza a possibilidade de tornar-se realidade a interferência de maneira efetiva na vida da comunidade e quando está aliada à leitura exerce uma importante influência social (ARAUJO e CASEMIRO 2009).

    Afinal, uma vez que o exercício da leitura é compreendido na vida de um ser humano, desde o momento em que ele começa a perceber o mundo ao seu redor, na busca de entender e re-significar os sentidos das coisas que os cerca, de analisar o mundo sob diversos olhares, de relacionar-se com a realidade fictícia com a que vive na relação direta com o livro, finalmente, em todos estes fatos, este indivíduo está, de alguma maneira, lendo e aprendendo – apesar de algumas vezes eles não se dêem conta desse acontecimento. Como assegura (FREIRE, 1989, p. 9):

    A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele. Linguagem e realidade se prendem dinamicamente. A compreensão do texto a ser alcançada por sua leitura crítica implica a percepção das relações entre o texto e o contexto.

    Isso significa que é possível superar o paradigma do esporte que se baseia na prática pela prática. Neste caso, houve a preocupação em possibilitar um avanço na educação cidadã dos participantes do projeto. Sendo assim, fica evidente a necessidade de monitores comprometidos com o Projeto de extensão e da freqüente parceria entre a Universidade e a sociedade, neste caso, entre a UESB e a comunidade jequiense, na imagem das escolas públicas da cidade. E, com isso, atender aos requisitos de uma universidade pública de qualidade, a qual se fundamenta no tripé: ensino, pesquisa e extensão.

    Nesta perspectiva, a tríade universitária promove aos indivíduos um campo de desenvolvimento das capacidades de pensamento de ação e (re) elaboração, permitindo assim aos discentes, um conhecimento que deva ir além do técnico científico, uma vez que sem a integração na realidade, estes conhecimentos tendem a se perder (SILVA e VASCONCELOS, 2006).

    Nessa perspectiva, pensando na formação do graduando, esta deve estar pautada em diferentes fatores como a qualidade do currículo escolar, a busca pela práxis dos conhecimentos bem como a capacidade de produção dos saberes. Segundo BENITES e SOUZA NETO (2005) a formação profissional é um conjugado de conhecimentos adquiridos pela instituição formadora crítica e reflexiva, que vai se agrupando a prática para uma futura atuação docente.

    Desta forma no que tange ao enriquecimento de experiências dos acadêmicos, o projeto de extensão possibilitou o desenvolvimento científico dos graduandos participantes da extensão universitária, visto que possibilitou não apenas o contato direto com os alunos, observando seu crescimento psicomotor, mas também contribuiu para fomentar o ensino e a pesquisa científica, privilegiando a práxis pedagógica dos alunos do curso de Educação Física da UESB, futuros profissionais, proporcionando dessa maneira, interações, comparações e discussões entre os conhecimentos abordados e apreendidos no meio acadêmico com a objetiva aplicação prática, garantindo a possibilidade de investigações orientadas pelo rigor metodológico, próprio da ciência, potencialmente subsidiando a elaboração e produção do saber, sob a forma de artigos, monografias, entre outros.

    Assim, como aponta SILVEIRA (2004) à extensão universitária deve estar vinculada ao ensino e à pesquisa, pois a geração de novos conhecimentos permite uma reflexão que sucede através da observação dos fenômenos sociais.

Conclusão

    A existência do projeto de extensão ‘Vivenciando o meio aquático’ possibilita à comunidade local, crianças e adolescentes, tenham a oportunidade de vivenciar um esporte tão importante quanto à natação, proporcionando paralelamente a isso, o hábito da leitura. Assim, fica nítido o comprometimento do projeto com a formação completa dos escolares, visto que, ao proporcionar o contato com o esporte, espera-se que a criança e o adolescente tenham também a oportunidade de adquirir novas concepções de mundo pela leitura e relacionando-a com a sua prática esportiva e sua própria existência.

    Com isso, foi possível concluir que os escolares oriundos de escolas públicas não só vivenciaram o meio líquido como também iniciaram a prática dos estilos da natação, diminuindo assim o abismo social dessa modalidade esportiva na cidade, além de vivenciar a experiência de associar a literatura com o mundo que os cerca, relacionando tudo isso com a realidade na qual se está inserido.

    Ainda foi possível concluir que o Projeto de extensão “Vivenciando o Meio Aquático” representou a conquista de uma atitude inovadora no âmbito acadêmico na região tendo em vista que o projeto atingiu tanto o objetivo primordial, que estava baseado na oportunidade dos escolares da rede pública de ensino na faixa etária de 10 a 14 anos a participarem do ensino sistematizado da natação, de modo que eles tiveram a possibilidade de aprender o ensino das técnicas de adaptação ao meio líquido (como o equilíbrio, a respiração e a flutuação) subsidiando-os no contato com os nados; como também um objetivo de inserção da leitura como uma atividade importante e decisiva para o desenvolvimento deles como cidadãos.

    No que se refere aos discentes, conclui-se que o projeto de extensão universitária promove o incentivo à pesquisa, a análise de dados, a construção do conhecimento, além de oferecer a oportunidade de adquirir maior experiência com a docência de modo a relacionar teoria e prática de forma indissociável, buscando compreender a importância da co-relação que existe na tríade universitária, onde se busca romper com modelos fragmentados construídos pelo pensamento cartesiano.

    Neste sentido, a extensão universitária contribui para a melhor qualidade da formação profissional dos graduandos, pois atividades como estas tornam os universitários ainda mais preparados para lidar com as situações mais inusitadas e desafiadoras apresentadas pela sociedade.

    Dessa forma, o Projeto de extensão “Vivenciando o meio aquático”, diante do que foi exposto, alcançou o seu objetivo de abordar a importância do referido projeto de extensão tanto para a comunidade local quanto para os acadêmicos que participam da extensão universitária, tendo em vista que através desta os graduandos tem a possibilidade de desenvolver vários estudos e pesquisas científicas referentes ao tema, sendo que, além disso, o projeto de extensão visa ainda colaborar no que diz respeito ao enriquecimento da experiência na área da docência. Afinal, são os estudantes do curso de Licenciatura em Educação Física que participam do projeto ministrando as aulas para os escolares, contribuindo decisivamente para uma formação profissional responsável, comprometida e reconhecidamente de qualidade.

    Portanto, além da democratização do ensino sistematizado na natação, o projeto de extensão possibilitou a experiência docente aos graduandos do curso de Licenciatura em Educação Física, estabelecendo, com isso, um vínculo intrínseco entre os acadêmicos do e a comunidade. Daí, enfim, a universidade exerce sua funcionalidade e por conseqüência, cumpre o seu papel seguindo os princípios do seu grande e indissociável tripé – ensino, pesquisa e extensão.

Referências

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