Estudo do processo ensino/aprendizagem a nível do desenvolvimento motor na unidade didática de natação na turma x Estudio del proceso de enseñanza-aprendizaje a nivel del desarrollo motor en la unidad didáctica de natación en el curso x |
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* Professora Doutora. Instituto Superior da Maia, Maia, Portugal **Universidad Católica de València San Vicente Mártir, España ***CIDESD – Centro de Investigação em Desporto, Saúde e Desenvolvimento Motor (Portugal) |
Ana Paula Brito* *** Duarte Henriques-Neto* ** Rafael Vieira* |
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Resumo O presente estudo visa estudar a evolução a nível do desenvolvimento motor dos alunos do 11º e 12º ano de escolaridade em relação às técnicas de nado de uma escola secundária portuguesa. Apresentámos um estudo de caso em que a amostra é não aleatória sendo constituída por 18 alunos, sendo 14 do sexo feminino e 4 do sexo masculino, com idades compreendidas entre os 16 e 19 anos, (M= 17,1, DP= 0,68). Os resultados demonstram que de uma forma global os alunos apresentam evolução em: CROL- na acção propulsiva pernada com uma significância de 0,032 (p= 0.032), e, COSTAS- na acção propulsiva braçada com 0,000 de significância (p= 0,000). Em relação a CROL – acção propulsiva braçada houve alguma melhoria embora pouco expressiva (média (evolução) = 0,021), e, no tocante a COSTAS- acção propulsiva pernada houve algum retrocesso embora com expressão mínima e não significativa. Após o tratamento de dados verificamos que a evolução motora da turma, na prática desportiva relativa à Unidade Didáctica de Natação de um ano lectivo para o outro é positiva. Constatamos que no ano lectivo corrente, nos estilos de Costas e de Crol, os alunos apresentaram igual evolução. Apuramos que nem todos os alunos não evoluíram da mesma forma no domínio das técnicas de Natação. Unitermos: Técnicas de nado. Aprendizagem motora. Natação.
Abstract
This study aims to examine the changes in the student’s motor
development of 11th and 12th years of schooling on the techniques of swimming in
a secondary school Portuguese. We presented a case study in which the sample is
not random and consists of 18 students, 14 females and 4 males, aged between 16
and 19 years (M = 17.1, SD = 0, 68). The results show that in a global trend in
the students present: CROL-propulsive legs in action with significance of 0.032
(p = 0,032), and COSTAS-propulsive action in coping with 0.000 of significance
(p = 0.000). For CROL-action Propellant fagot there was some improvement but
little significant (mean (trend) = 0.021) and, on the Costa-propulsive leg
action was a setback but with minimum term and not significant. After processing
the data we see that the evolution of the motor class, in sports on the Teaching
of Swimming Unit of a school year to another is positive. We note that the
current school year, in the style of back and crawl, students also showed
progress. Found that not all students did not develop the same way in the
techniques of swimming.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 17 - Nº 169 - Junio de 2012. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
Atualmente, o interesse em relação às atividades no meio aquático, aumentou entre estudiosos, professores e pesquisadores das diversas áreas de estudo, como exemplos podemos referir a Educação Física e suas Atividades Físicas, a Fisioterapia e suas Terapias Aquáticas, entre outras, bem como elevados índices de procura e aceitação pela população em geral. As Atividades Aquáticas podem representar possibilidades interessantes no que confere à prática de Atividades Físicas como coadjuvantes no processo de bem-estar e promoção de uma melhoria da vida como um todo (Nahas & Kerbej, 2002). Consideramos de grande pertinência avaliativa esta temática, uma vez que, visando a compreensão das novas carências e possíveis exiguidades da disciplina “Educação Física” e do seu potencial de formação cívica, educativa, física e moral, tornando-se assim fundamental, tomar contacto com a “realidade”. Conhecer e analisar a evolução motora dos alunos na prática desportiva relativa à Unidade Didática de Natação do presente e transato ano letivo, visando a apresentação de eventuais alterações das progressões pedagógicas da respetiva unidade curricular. No que diz respeito à metodologia a utilizar para ensino das técnicas de nado, podemos verificar que segundo Navarro (1978), é importante que o aluno frua, desde cedo, de uma primeira experiência na maioria dos gestos técnicos dos quatro estilos, embora a definição da ordem de aquisições específicas de cada técnica tenha que estar devidamente definida.
Mas atualmente, as técnicas alternadas parecem ser as privilegiadas na iniciação ao nado formal, dada a simplicidade dos gestos técnicos que as caraterizam (Dubois & Robin, 1985) e a sua menor exigência coordenativa. Vilas-Boas (2001), justifica a opção pelas técnicas alternadas como primeiros conteúdos de ensino pelo facto destas serem, pelo menos aparentemente, mais próximas de opções de locomoção caraterísticas da espécie humana. Atendo ao facto de não se encontrar uma unanimidade por partes dos experts, no que diz respeito à metodologia a utilizar no ensino da Natação, nós optámos por aplicar neste estudo a metodologia, que pensámos que mais se adequa ao nosso contexto. O início do processo de ensino e aprendizagem, pelas técnicas alternadas.
Metodologia
Previamente foram formuladas as hipóteses que nos levou à realização deste estudo. São problemáticas que pretendemos solucionar e interpretar de maneira que a evolução nesta área seja mais rápida e sólida.
As hipóteses: (H1) a evolução motora da turma na prática desportiva relativa à Unidade Didática de Natação do ano letivo transato e do corrente é positiva; (H2) no presente ano letivo, nos estilos de Costas e Crol, os alunos apresentaram igual evolução; (H3) os alunos apresentaram igual evolução, todos os alunos evoluíram da mesma forma no domínio das técnicas de Natação.
Este estudo exploratório, longitudinal e descritivo, configurou-se a partir de uma amostra do tipo não aleatória composta por 18 alunos, sendo 14 do sexo feminino e 4 do sexo masculino, com idades compreendidas entre os 16 e 19 anos, com uma média de 17,1 e um desvio padrão de 0,68. Os alunos foram observados em quatro momentos distintos e através de uma única oportunidade. A nível das variáveis e instrumentos de investigação foi elaborada uma ficha onde constavam critérios relativamente ao aluno, à sua adaptação ao meio aquático e à sua ação técnica do estilo de Crol e de Costas de acordo com os conceitos técnicos específicos da respetiva modalidade e dos objetivos programáticos dos anos curriculares em questão. Este estudo foi realizado numa piscina coberta (25 metros). Para efeitos de estudos, visto que a avaliação foi centrada no desenvolvimento motor e não no rendimento, não foram consideradas as variáveis da temperatura da água nem da profundidade da piscina.
Após a avaliação diagnóstica foi lecionada a unidade didáctica de natação com objetivos e conteúdos de acordo com os programas curriculares vigentes e com orientações pedagógicas de autores referência da modalidade. O primeiro passo para a aprendizagem da Natação constitui-se na familiarização do aluno em relação ao meio aquático. Este processo, de acordo com Sarmento (1982), Krug (1985), Cateau & Garoff (1988), Palmer (1990) e Velasco (1994) é uma importante fase de aprendizagem da Natação.
No que concerne às técnicas alternadas (Crol e Costas), e sendo os dois estilos abordados pela turma, Vilas-Boas (2001) justifica a opção pelas mesmas como primeiros conteúdos de ensino pelo facto destas serem, pelo menos aparentemente, mais próximas de opções de locomoção caraterísticas da espécie humana.
A recolha de dados foi efetuada através de um registo diagnóstico e sumativo nos respetivos momentos de avaliação, ou seja, no início e no final da Unidade Didática.
As observações foram realizadas de forma direta por dois investigadores com a preocupação, também, de em termos estruturais, observar corretamente e presenciar todos os movimentos técnicos de cada aluno. Os dados recolhidos nos momentos de avaliação foram alvo de um tratamento e de uma análise através do programa estatístico SPSS versão 17.0.
Resultados
Relativamente à caraterização da amostra cerca de 72% dos alunos representa a faixa etária de 17 anos, seguindo-se as faixas de 16 e 18 anos, com 11%. O valor de 6% é relativo aos alunos com 19 anos. Assim, 17% dos alunos já são maiores de idade, 22% dos alunos são do género masculino enquanto os restantes 78% são do género feminino. Foram identificados os níveis dos diferentes alunos antes e depois do desenvolvimento da respetiva unidade de didática. Para a caraterização e melhor percepção das avaliações dos dois anos curriculares foi realizado o Quadro 1.
Quadro nº 1. T – Test para as amostras emparelhadas
Foi aplicado o T-test para as amostras emparelhadas, comparando as variáveis desde o momento da avaliação diagnóstica inicial até ao momento da avaliação sumativa final, de maneira que seja de mais fácil percepção os valores anteriores e posteriores à unidade didática em questão (quadro 1).
Diferenças significativas, estatisticamente relevantes (p <0,05), na evolução dos alunos em: CROL- ação propulsiva pernada com uma significância de 0,032 (p= 0.032), e, COSTAS- ação propulsiva braçada com 0,000 de significância (p= 0,000), verificando-se, assim, uma melhoria muito acentuada nos alunos.
Em relação a CROL- ação propulsiva braçada houve alguma melhoria embora pouco expressiva (média (evolução) = 0,021), e, no tocante a COSTAS- ação propulsiva pernada houve algum retrocesso embora com expressão mínima e não significativa, como acima foi referido.
Importante ainda salientar a progressão média dos alunos, referida no quadro seguinte, onde podemos comparar de forma clara o desenvolvimento global dos alunos.
Para que haja uma melhor compreensão dos resultados, vamos apresentar os valores referentes unicamente aos alunos do 11.º ano de escolaridade.
Quadro nº 2. T – Test para as amostras emparelhadas relativas ao 11º ano
As diferenças significativas na evolução de CROL- ação propulsiva pernada com uma significância de 0,031 (p=0,031), e, Costas - ação propulsiva braçada com uma significância de 0,002 (p= 0,002), sendo, assim, as hipóteses positivas (p <0,05), denotando-se uma evolução bastante positiva.
Quadro nº 3. T – Test para as amostras emparelhadas relativas ao 12º ano
Quadro nº 4. Médias da progressão registada pelos alunos no processo de ensino/aprendizagem
Constatamos diferenças significativas em COSTAS- ação propulsiva pernada e COSTAS- ação propulsiva braçada. No entanto, diferenças essas de sentidos opostos: em relação a COSTAS- ação propulsiva pernada o progresso dos alunos é significativamente negativo (média (evolução) = - 0,204) verificando – se, assim, algum retrocesso dos alunos em relação ao nível inicial, sendo esta hipótese positiva (p=0,010), já que (p <0,05). Em relação a COSTAS- ação propulsiva braçada, o progresso é significativamente positivo (média (evolução) = 0,181), verificando-se uma evolução significativa dos alunos em relação ao nível inicial, sendo, também, esta hipótese positiva (p=0,023), logo, (p<0,05). Os dados posteriores do quadro 4 são referentes aos valores médios das progressões individuais
Ainda em relação à análise do Quadro nº 12, registámos que os alunos nº 17, 18 e 12 tiveram um aproveitamento superior ao intervalo da média global da progressão (média = 0,1202) enquanto os alunos nº 13, 9, 11, 10, 16 e 2 tiveram um aproveitamento inferior ao intervalo da média da progressão (média = -0,0167). Os restantes alunos mantiveram–se no intervalo.
Discussão de resultados e conclusões
De salientar, que este estudo tem por base analisar uma eventual evolução motora, no processo de ensino/aprendizagem, centrado num público-alvo no decurso da prática curricular desportiva da Unidade Didáctica de Natação, integrada no presente e transato ano letivo.
No que concerne às técnicas alternadas (Crol e Costas), e sendo os dois estilos abordados pela turma, Soares & Vilas-Boas (2001) justificam a opção pelas mesmas como primeiros conteúdos de ensino pelo facto destas serem, pelo menos aparentemente, mais próximas de opções de locomoção caraterísticas da espécie humana. A principal razão subjacente à opção do estilo de Costas como primeira técnica de ensino é, para a maioria dos autores, o não condicionamento das ações motoras pela respiração. Dentro desta perspetiva, e no que concerne ao estilo de Crol, concluiu-se um aproveitamento positivo dos alunos na ação propulsiva da pernada que se traduz numa diferença significativa em termos estatísticos.
Por último, em relação ao estilo de “Costas”, os alunos na ação propulsiva da pernada não sofreram alterações significativas ao contrário da ação propulsiva da braçada que registou uma melhoria significativa em ambas as turmas, verificando – se uma diferença estatisticamente significativa. Recorrendo a Raposo (1978) estando o problema do domínio da respiração aparentemente mais facilitado, a técnica de Costas parece apresentar um menor número de problemas a resolver no que concerne à coordenação e sincronização dos diferentes elementos que integram qualquer técnica.
Globalmente, o resultado do ensino/aprendizagem revela-se positivo, levando-nos a concluir que a progressão dos alunos no processo de ensino/aprendizagem relativo à Unidade Didáctica de Natação foi relevante e significativa em termos estatísticos, tornando, assim, o nosso estudo pertinente. No nosso entender, julgamos importante encorajar a realização de outros futuros estudos semelhantes, visando, também, o objetivo de que a modalidade de Natação deveria fazer parte integral da disciplina de Educação Física.
Referências
Cateau, R; Garoff, G. (1988). O ensino da Natação. (3ª ed.). São Paulo: Editora Manole Lda.
Dubois C; Robin, J. (1985). Natation «De L’École…aux associations». Paris: Éditions Revue EPS.
Krug, D. (1985). Aprendendo a nadar. Cruz Alta: Aprocruz.
Nahas, M., Kerbej, F. (2002). Natação: algo mais que 4 nados. São Paulo: Editora Manole Lda.
Navarro, F. (1978). Pedagogía de la natación. Valladolid: Editorial Miñón.
Palmer, M. (1990). A ciência do ensino da Natação. São Paulo: Editora Manole Lda.
Raposo, A. (1978). O ensino da Natação. Lisboa: Edições ISEF.
Sarmento, P. (1982). Aprendizagem motora e Natação. Lisboa: ISEF - Centro de Documentação Cruz Quebrada.
Soares, S.; Vilas-Boas, J. P. (2001). “Sequência metodológica para aprendizagem das técnicas alternadas”. Rev. Mundo da Natação, 3: 29-36.
Velasco, C. (1994). A Natação segundo a psicomotricidade. Rio de Janeiro: Sprint.
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