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Prescrição de exercícios físicos aeróbicos 

para melhoria da qualidade de vida em idosos

La prescripción de ejercicios físicos para la mejora de la calidad de vida en personas mayores

 

*Licenciada em Educação Física, UnC

Acadêmica do Bacharelado em Educação Física, UnC

**Licenciada em Educação Física, UnC

Acadêmica do Bacharelado em Educação Física, UnC

***Professor dos cursos de graduação em Educação Física

da UnC, Concórdia e da Faculdade IDEAU de Getúlio Vargas

(Brasil)

Ana Luiza Fontana Vasselai*

anynhavasselai@hotmail.com

Bárbara Sela Sgarabotto**

barbarabasquete@hotmail.com

Prof. Ms. Ivan Carlos Bagnara***

ivanbagnara@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          O envelhecimento pode ser considerado como um processo em que o declínio fisiológico é caracterizado por medidas dos parâmetros globais do organismo; tais alterações estão sendo atribuídas, além de outros fatores, ao sexo dos indivíduos. Diante disso, a relação entre atividade física, exercício físico, aptidão física, saúde, qualidade de vida e envelhecimento vem sendo cada vez mais discutida e analisada cientificamente. Sendo assim este artigo tem por objetivo, buscar na literatura quais os efeitos e recomendações quanto ao treinamento aeróbico para melhoria da capacidade aeróbica sobre a qualidade de vida de idosos. A literatura aponta que os benefícios à saúde ocorrem mesmo quando a prática de atividade física é iniciada em uma fase tardia da vida, ou em pessoas sedentárias, sendo que tais atividades beneficiam até mesmo indivíduos com doenças crônicas degenerativas.

          Unitermos: Treinamento aeróbico. Qualidade de vida. Exercício físico.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 17 - Nº 169 - Junio de 2012. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O envelhecimento pode ser considerado como um processo em que o declínio fisiológico é caracterizado pela diminuição das medidas dos parâmetros globais do organismo.

    De acordo com Matsudo et al (2000) conforme aumenta a idade cronológica as pessoas se tornam menos ativas, suas capacidades físicas diminuem, bem como há uma diminuição e desinteresse pela prática de atividade física, além de acontecer alterações psicológicas que acompanham a idade. Isso tudo facilita a aparição de doenças crônicas.

    Diante disso, a relação entre atividade física, exercício físico, aptidão física, saúde, qualidade de vida e envelhecimento vem sendo cada vez mais discutida e analisada cientificamente. Atualmente é praticamente consenso entre os profissionais da área da saúde que o exercício físico é um fator determinante no sucesso e diminuição dos prejuízos causados pelo processo de envelhecimento.

    Dentro desses prejuízos decorrentes do processo de envelhecimento, a capacidade ou aptidão cardiorrespiratória não poderia passar imune. Nieman (1999) afirma que a aptidão cardiorrespiratória é a capacidade de continuar ou persistir em atividades de grande esforço envolvendo grandes grupos musculares. Pode ser chamada também de aptidão aeróbica que é a capacidade que o sistema respiratório e circular tem de recuperar os efeitos das atividades de intensidade moderada ou vigorosa.

    A capacidade de tolerar esforços submáximos deve ser observada nos idosos. Assim Lima et al (2005) mostra que a performance em treinamento aeróbio relaciona-se inversamente com a capacidade dos indivíduos mais velhos de realizar as atividades da vida diária. No Brasil, estima-se que aproximadamente 84% das pessoas com idade igual ou superior a 65 anos sejam dependentes para realizar as suas atividades do dia-a-dia.

    Ainda para o mesmo autor a capacidade cardiorrespiratória é avaliada pela capacidade do organismo em captar, transportar e utilizar o oxigênio proveniente do ar atmosférico. Desse modo, o consumo máximo de oxigênio (VO2máx) é tradicionalmente aceito como um bom indicador da capacidade para o exercício prolongado. Uma vez que níveis baixos de VO2máx estão relacionados com baixa capacidade funcional e também ao desenvolvimento de doenças do sistema cardiovascular. Aliado a isso, evidências apontam que o exercício físico tem um papel relevante em diminuir a probabilidade de doenças, dependência e mortalidade em pessoas idosas.

    Sendo assim, este artigo tem por objetivo, buscar na literatura quais os efeitos do treinamento aeróbico e da capacidade aeróbica sobre a qualidade de vida de idosos.

Exercícios aeróbicos para idosos

    Segundo Nahas (2006), atividade física pode ser definida como qualquer movimento corporal produzido pela musculatura esquelética que resulte num gasto energético acima dos níveis de repouso, ou seja, desde atividades da vida diária até atividades de lazer. Já exercício físico é uma atividade física planejada, estruturada, repetitiva que tem por objetivo o desenvolvimento da aptidão física, de habilidades motoras ou reabilitação orgânica funcional. Assim conceituamos aptidão física como a capacidade que um indivíduo possui para realizar atividades físicas. Esta característica humana pode derivar de fatores herdados, do estado de saúde, da alimentação e, principalmente, da prática regular de exercícios físicos.

    Nota-se que a atividade física e a aptidão física estão associadas à saúde e a qualidade de vida das pessoas independendo da faixa etária. Sendo que na meia idade e na velhice torna-se mais importante, pois os riscos potenciais da inatividade se materializam, o que leva a uma perda de vidas precocemente ou do envelhecimento precoce.

    Segundo Fernandes Filho (1999), a definição de capacidade cardiorrespiratória pode ser a habilidade de realizar atividades físicas, de modo dinâmico, com a participação de grandes massas musculares com intensidade moderada e por períodos de tempo mais prolongados.

    Corroborando com a ideia exposta acima e seguindo na mesma direção, Leite afirma que:

    A aptidão cardiorrespiratória de qualquer individuo refere-se à capacidade funcional de seu sistema de absorção, transporte, entrega e utilização de oxigênio aos tecidos ativos durante os exercícios físicos. À medida que cresce a intensidade do exercício físico cresce a necessidade de oxigênio, pelos músculos em atividade (2000, p. 22).

    Existe uma relação determinante quando pensamos na capacidade de resistência aeróbia e a eficiência da musculatura do indivíduo. Para Nahas a resistência aeróbica reflete na eficiência muscular, sendo um fator fundamental, tanto em eventos esportivos como nas atividades do dia a dia. Assim a aptidão cardiorrespiratória do individuo depende das qualidades especificas do sistema de transporte de oxigênio (2006).

    O sistema de transporte de oxigênio engloba os pulmões, que pegam o ar de fora do corpo, permitindo que o oxigênio se mobilize por meio da difusão, para cair na circulação sanguínea. Uma vez que o oxigênio chegue até o sangue ele é captado pelas hemácias e transportado pelas artérias até as células. Assim, os produtos finais do metabolismo celular -dióxido de carbono e ácido lático- serão então transportados de volta pelas veias até o coração e pulmões. (POLLOCK, 1993). Todo esse procedimento engloba um envolvimento muito grande do sistema cardiovascular. E, esse trabalho do sistema cardiovascular para a realização da captação, transporte e utilização do oxigênio proporciona um fortalecimento no mesmo.

    Sabe-se que para o desenvolvimento do músculo cardíaco e demais componentes do sistema cardiorrespiratório os exercícios aeróbicos são comumente utilizados. Tais exercícios preferencialmente devem incluir atividades de média e longa duração com intensidade moderada a vigorosa e de caráter dinâmico e rítmico.

    Cabe ressaltar que a capacidade aeróbica decresce cerca de 5 a 15% por década, em indivíduos sedentários e um pouco menos em pessoas fisicamente ativas. No que se refere à freqüência cardíaca máxima, a mesma decresce 6 a 10 batimentos por minuto por década, o que é responsável pelo decréscimo associado ao débito cardíaco máximo. A participação de idosos em programas de condicionamento aeróbico aumenta a capacidade aeróbica em pelo menos 20%, isto equivale a um acréscimo de 10 a 20 anos para chegar ao limite crítico, onde muitas vezes a pessoa precisa ser institucionalizada (PORTO, 2008).

    Em se tratando de VO2max quanto maior o valor do mesmo, maior será a capacidade energética do indivíduo em sustentar esforços submáximos por períodos prolongados. O VO2max pode ser medido de forma direta ou indireta através de ergômetros, teste de pista, em protocolos máximos ou submáximos (LEITE, 2000).

    Denadai (1996) afirma que o VO2máx é uma variável fisiológica que descreve a capacidade funcional dos sistemas cardiovascular e respiratório. Este índice representa a capacidade máxima de integração do organismo em captar, transportar e utilizar o oxigênio para os processos aeróbicos de produção de energia, durante a contração muscular.

    PORTO (2009) apud GUETHS E FLOR (2004), afirma que o treinamento aeróbico para idoso deve ser de 3 a 5 vezes por semana, com duração da atividade variando de 30 a 40 minutos, guardando uma relação inversa com a intensidade. Porém o mesmo afirma que para idosos frágeis ou mais debilitados, inicia-se com duração de 5 a 10 minutos, realizando duas ou mais sessões por dia. No que se refere a intensidade, a mesma deve ser moderada com 40 a 70% do VO2Max ou de 55 a 85% da Fcmax.

Consideração finais

    Fica claro que as vantagens de exercícios para os idosos dependem de como se processa o envelhecimento, bem como da rotina de exercícios físicos praticado. Nesse sentido, sabe-se que os benefícios à saúde ocorrem mesmo quando a prática de atividade física é iniciada em uma fase tardia da vida, ou em pessoas sedentárias, sendo que tais atividades beneficiam até mesmo indivíduos com doenças crônicas degenerativas. (PORTO, 2008)

    É importante mencionar, que um estilo de vida ativo e a prática de exercícios físicos no dia-a-dia dos idosos, altera os componentes de aptidão física que estão relacionados com a saúde, tais como a aptidão cardiorrespiratória, a força e a resistência muscular e a flexibilidade. Essas alterações influenciarão na execução das atividades da vida diária de forma segura e com autonomia.

    Desse modo Amaral (2011) menciona que a pratica regular de atividade física trás efeitos benéficos ao individuo praticante tais como: prevenção de doenças coronarianas; regressão da aterosclerose; tratamento de doenças cardíacas; prevenção do derrame; melhoria da função cardíaca e pulmonar; melhoria da força e massa muscular; prevenção e tratamento do câncer; prevenção do diabetes e melhoria da qualidade de vida do diabético; auxílio na melhoria da densidade óssea, prevenção e tratamento da osteoporose; prevenção e tratamento da artrite; prevenção e tratamento da lombalgia; melhoria da imunidade global, diminuição do colesterol total do sangue e do LDL-colesterol e aumento do HDL-colesterol; diminuição dos triglicerídeos; prevenção e tratamento da hipertensão arterial; auxílio a dietas no controle do peso; tratamento da obesidade, com prevenção de ganho de peso e ajuda na manutenção do peso perdido; melhora na qualidade do sono; contribuição ao bem-estar psicológico, com melhoria do humor, atenuação dos efeitos do estresse mental, alívio e prevenção da depressão, redução da ansiedade e aumento da auto-estima.

    Assim nota-se que atividade física regular melhora a qualidade e expectativa de vida do idoso, sendo que um programa de atividade física para o idoso deve ser precedido de uma avaliação médica e também contemplar os diferentes componentes da aptidão física, incluindo exercícios aeróbicos, de força muscular, de flexibilidade e de equilíbrio.

Referencias

  • AMARAL, Ridailda de Oliveira. Atividade física e saúde. Campinha.2011. Disponível em: http://www.nead.unama.br/site/bibdigital/pdf/artigos_revistas/78.pdf

  • DENADAI, Benedito S. Fatores fisiológicos associados com o desempenho em exercícios de média e longa duração. Revista Brasileira de Atividade Física e Saúde. 1996

  • FERNANDES FILHO, José. A prática da avaliação física. Rio de Janeiro: Shape Editora.1999.

  • LEITE, P. F. Aptidão física, esporte e saúde. 3ª ed. São Paulo, 2000.

  • LIMA, Ricardo Moreno et al. Efeitos do treinamento resistido sobre a capacidade cardiorrespiratória de indivíduos idosos. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, 2005. http://www.efdeportes.com/efd84/idosos.htm

  • MATSUDO et al. Impacto do envelhecimento nas variáveis antropométricas, neuromotoras e metabólicas da aptidão física. Rev. Bras. Ciên. e Mov. Brasília, v.8 n. 4, 2000, p. 21-32.

  • NAHAS, Markus V. Atividade física, Saúde e Qualidade de vida. 4. ed. Londrina: Midiograf, 2006.

  • NIEMAN, David C. Exercício e saúde: como se prevenir de doenças usando o exercício como seu medicamento. 1ed. São Paulo: Manole, 1999.

  • POLLOCK, Michael J., & WILMORE, Jack H. Exercícios na saúde e na doença: avaliação e prescrição para prevenção e reabilitação. 2ª. Ed. Rio de Janeiro: Medsi. 1993.

  • PORTO, Jeferson Corrêa. Longevidade: atividade física e envelhecimento. Maceió: EDUFAL, 2008.

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