Caracterização do padrão alimentar e de atividade física de crianças estudantes de uma escola pública do município de Brusque, SC Caracterización de la conducta
alimentaria y de actividad física Description of standard food and physical activity for children of a public school students of the city of Brusque, SC |
|||
*Acadêmica do Curso de Educação Física do Centro Universitário de Brusque, Unifebe **Nutricionista, Mestre em Nutrição pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Docente e Supervisora de Pesquisa do Centro Universitário de Brusque (Unifebe) Docente da Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI). ***Educadora Física, Mestre em Fisiologia do Exercício pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) Docente da Unifebe e UNIVALI |
Michelli Jahnke* Luciane Ângela Nottar Nesello** Maria Valéria Guglielmetto Figueiredo*** (Brasil) |
|
|
Resumo O presente artigo teve como objetivo caracterizar o estado nutricional, hábito alimentar e grau de atividade física de escolares no município de Brusque/SC. Participaram deste estudo descritivo de caráter transversal, 62 escolares de ambos os gêneros com idade média de 9,6 anos. A fim de caracterizar a amostra, foram coletados dados antropométricos para avaliar o estado nutricional, e aplicado o questionário Dia Típico de Atividade Física e de Consumo Alimentar (DAFA). Quanto ao estado nutricional, 34% das crianças apresentavam-se fora dos padrões de normalidade, sendo que destas, 29% apresentavam sobrepeso/obesidade. Em relação à prática de atividade física, 73% das crianças foram classificadas como altamente ou suficientemente ativas. Constatou-se ainda, 52% de inadequação na alimentação das crianças avaliadas, observando um alto consumo de açúcares e alimentos refinados. Conclui-se que a partir dos resultados encontrados, se faz necessário promover atividades que abordem a importância de uma alimentação equilibrada e balanceada aliada a pratica regular de atividades físicas, para que se oportunize a prevenção da obesidade e da promoção de saúde entre as crianças. Unitermos: Crianças. Escola. DAFA. Alimentação. Atividade física.
Abstract This study aimed to characterize the nutritional status, eating habits and physical activity level of students in the city of Brusque / SC. Participated in this descriptive transversal study, 62 students of both genders with a mean age of 9.6 years. In order to characterize the sample, anthropometric data were collected to assess nutritional status, and applied the questionnaire Typical Day Physical Activity and Food Consumption (DAFA). The nutritional status, 34% of children presented outside the normal range, and of these 29% were overweight / obese. Regarding physical activity, 73% of children were classified as highly or sufficiently active. It was also 52% of inadequacy in the diet of the children, observing a high consumption of sugars and refined foods. We conclude that from the results, it is necessary to promote activities that address the importance of a balanced diet balanced and combined with regular physical activity, which gives opportunity for obesity prevention and health promotion among children. Keywords: Children. School. DAFA. Food. Physical activity.
|
|||
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 17 - Nº 169 - Junio de 2012. http://www.efdeportes.com/ |
1 / 1
Introdução
O estilo de vida na infância pode exercer um efeito importante sobre o risco no desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) na vida adulta, tais como: hipertensão arterial, diabetes mellitus, doenças cardiovasculares, certos tipos de câncer e a obesidade (LOBO et al., 2008). Com o crescente desenvolvimento de algumas doenças crônicas na infância, tem ocorrido no meio científico o interesse sobre os comportamentos de saúde que podem predispor ou proteger as crianças de doenças no futuro (LOBO, 2003).
Nas últimas décadas vêm ocorrendo melhorias nas condições de saúde das crianças de quase todo o mundo, em especial no Brasil. A difusão das medidas de higiene e saúde pública tem propiciado importante queda na incidência de doenças infecciosas (FARIAS; GUERRA JÚNIOR; PETROSKI, 2008). Porém, o sobrepeso e a obesidade infantil vêm aumentando de forma significativa, sendo um dos principais desencadeadores das complicações de saúde na infância e na vida adulta (RECH; SIQUEIRA, 2010).
A obesidade é um dos principais problemas de saúde pública, se tornando a epidemia do século XXI. No Brasil, o problema vem tomando números alarmantes. Dados revelam que o Brasil ocupa o sexto lugar no ranking dos países com maior número de obesos, atrás apenas dos Estados Unidos, Alemanha, Inglaterra, Itália e França. Nesses países tais índices de obesidade aumentam drasticamente (CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION 2000 apud RECH; SIQUEIRA, 2010).
O maior tempo gasto em frente à televisão e ao computador são condutas sedentárias que têm sido relacionadas ao ganho de peso e obesidade na infância. Desde então, alguns mecanismos têm sido propostos na tentativa de explicar essa relação: diminuição do tempo gasto com atividade física; o aumento do consumo de lanches rápidos e, consequentemente, maior consumo calórico; as propagandas veiculadas na televisão exercem uma influência negativa nas escolhas e atitudes com relação ao alimento pelas crianças (SICHIERI; SOUZA, 2008).
Atualmente, a importância da atividade física é bastante conhecida na prevenção das DCNT, que podem ter início na infância, sendo o sedentarismo, um dos principais fatores de risco para estas enfermidades (BERGAMASCO et al., 2008). Alguns benefícios da prática de atividades físicas na infância têm sido postulados. Crianças mais ativas fisicamente geralmente apresentam perfis cardiovasculares mais saudáveis, são mais magras e desenvolvem pico de massa óssea mais alto do que as menos ativas. Além disso, crianças ativas durante a infância apresentam maior chance de serem ativas durante a vida adulta (LOBO, 2003).
Os baixos níveis de atividade física associados ao excesso de tempo despendido em atividades sedentárias são apontados na literatura como determinantes importantes do aumento das prevalências de sobrepeso e obesidade em populações pediátricas, uma vez que estão intrinsecamente envolvidos no balanço energético (COSTA; ASSIS, 2011). Além disso, a obesidade infantil pode fazer com que a puberdade ocorra mais cedo, o que acarreta altura final diminuída, devido ao fechamento mais precoce das cartilagens de crescimento (MELLO; LUFT; MEYER, 2004).
Para melhor elucidar a relação entre a alimentação e a obesidade, bem como avaliar a efetividade de programas de intervenção nutricional, é necessário dispor de métodos válidos de coleta de dados de consumo alimentar, que possam ser aplicados em pesquisas populacionais. Questionários de consumo alimentar estruturados são métodos simples e alternativos ao inquérito recordatório e ao questionário de frequência; apresentam maior praticidade e melhor custo-benefício para estudos epidemiológicos, bem como para avaliações de programas comunitários e escolares. No Brasil, são raros os instrumentos destinados à coleta de dados de consumo alimentar, que tenham sido validados para crianças em idade escolar (LOBO et al., 2008).
A promoção de práticas alimentares saudáveis está inserida no contexto da adoção de estilos de vida saudáveis, componente importante da promoção da saúde. Neste sentido, a escola se apresenta com um espaço e um tempo privilegiados para promover a saúde, por ser um local onde muitas pessoas passam grande parte do seu tempo, vivem, aprendem e trabalham (SANTOS et al., 2004).
O Dia Típico de Atividades Físicas e Alimentação (DAFA) é um questionário ilustrado e estruturado desenvolvido por Barros et al. (2003), delineado com o objetivo de obter informações sobre os hábitos de atividade física e de consumo alimentar representativos de um dia habitual numa semana típica. O instrumento foi desenvolvido para as crianças de sete a dez anos de idade, da primeira a quarta série do ensino fundamental.
Diante do exposto, o presente artigo teve o objetivo de caracterizar o estado nutricional, hábito alimentar e grau de atividade física de escolares no município de Brusque/SC.
Metodologia
O presente estudo caracteriza-se como descritivo de abordagem transversal. A amostra foi constituída por crianças de 8 a 13 anos, estudantes dos 3º e 4º anos, nos turnos matutino e vespertino, todos devidamente matriculados na rede pública de ensino da Escola Ângelo Dognini, do município de Brusque, Santa Catarina.
Para iniciar os procedimentos de coleta de dados do presente estudo, foi solicitada a direção da escola, a colaboração e permissão para seu desenvolvimento, bem como, um contato prévio com os professores responsáveis pelas turmas a fim de interá-los sobre os objetivos, métodos e procedimentos de coleta dos dados.
Foram convidados a participar do presente estudo, todas as crianças matriculadas nos 3º e 4º anos, cujos pais ou responsáveis autorizaram a participação no estudo, através da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Foram excluídas da amostra as crianças que não estiveram presentes no dia pré-determinado para a avaliação.
A fim de caracterizar a amostra, foram coletados dados antropométricos para avaliar o estado nutricional. A avaliação antropométrica é a forma mais prática e de baixo custo para verificar o estado nutricional de um indivíduo ou comunidade. Constituindo-se em um importante método de diagnóstico das alterações nutricionais e mesmo quando restrita ao peso e estatura, assume grande importância para se descobrir como se encontra o estado nutricional da criança. Isto se deve à sua facilidade de realização, objetividade da medida e possibilidade de comparação com um padrão de referencia de manuseio simples, principalmente em estudos populacionais (SOTELO; COLUGNATI; TADDEI, 2004).
As variáveis utilizadas para avaliar o estado nutricional foram: gênero, idade, peso (kg) e estatura (m). As medidas de peso foram obtidas em única tomada, com o uso da balança digital da marca Plenna, com capacidade para 150 kg e precisão de 100g. A verificação da medida seguiu os procedimentos descritos por Jelliffe (1968), nos quais os avaliados permaneceram em posição ortostática, sobre o centro da balança, sem sapatos, com os braços soltos ao longo do corpo e com o mínimo de roupa possível, para que possibilitasse o registro da massa corporal com exatidão.
A estatura foi verificada por meio de tomada única, com auxílio de um estadiômetro da marca Seca, onde o avaliado se colocou imóvel, em posição ortostática, com os pés unidos e descalços. As medidas de peso e estatura foram utilizadas para o calculo de Índice de Massa Corpórea (IMC), onde o peso expresso em quilogramas (Kg) foi dividido pela estatura ao quadrado em metros. Para a classificação do estado nutricional das crianças, foram utilizados os percentis do IMC, com os seguintes pontos de corte: obesidade acima do percentil 95; sobrepeso entre os percentis 85 e 95; eutrofia entre os percentis 15 e 85; desnutrição leve entre os percentis 5 e 15 e desnutrição moderada e grave abaixo do percentil 5, preconizados por World Healt Organization (WHO, 2007).
A avaliação do padrão alimentar e da atividade física foi obtida por meio da aplicação do Questionário dia Típico de Atividade Física e de Consumo Alimentar – DAFA (BARROS et al., 2007). O questionário DAFA foi desenvolvido com o objetivo de obter informações sobre os hábitos de atividade física e de consumo alimentar representativos de um dia habitual, típico de semana (BARROS et al., 2007). O método de utilização deste questionário foi a observação direta dos alimentos consumidos em seis refeições realizadas (café da manhã, lanche da manhã, almoço, lanche da tarde, janta e ceia), tomando como base o dia anterior. A alimentação das crianças estudadas foi classificada com adequada, parcialmente adequada ou inadequada, conforme o Guia Alimentar para a População Brasileira desenvolvido pelo Ministério da Saúde (BRASIL, 2005).
O questionário DAFA também ilustra 11 tipos de atividades físicas (dançar, caminhar/correr, pedalar, ajudar nas tarefas domésticas, subir escadas, jogar bola, pular corda, nadar, ginástica, andar de skate e brincar com o cachorro) em três intensidades distintas (devagar, rápido e muito rápido). Cada aluno foi instruído a responder de acordo com as atividades praticadas no dia anterior e suas respectivas intensidades. Para o nível geral de atividade física foi atribuído três pesos distintos como forma de ponderar as atividades marcadas pela criança: peso 1 (um), para atividades de intensidade leve (devagar), peso 3 (três) para atividades de intensidade moderada (rápida) e peso 9 (nove) para atividades de intensidade vigorosa (muito rápida), conforme descrito por Costa e Assis (2010). A avaliação da atividade física foi classificada como: crianças insuficientemente ativas, suficientemente ativas e altamente ativas.
Foi realizada analise descritiva de frequência simples utilizando-se as variáveis categóricas por meio de suas frequências absolutas (n) e relativas (%), e seu respectivo intervalo de confiança de 95% (IC 95%). Para a formação do banco de dados foi utilizado o programa Microsoft Office Excel 2007, a fim de codificar as respostas obtidas.
Resultados e discussão
O presente estudo avaliou o estado nutricional, o consumo alimentar e o nível de atividade física de 62 escolares, sendo 53% (n=32) dos gêneros feminino e 47% (n=30) do masculino, com idade média de 9,6 anos. Observou-se que das crianças avaliadas, 93% (n=58) utilizavam o ônibus como meio de transporte até a escola.
Em relação aos dados antropométricos, na presente pesquisa foi possível observar estatura entre 1,17m e 1,56m e peso de 21kg e 57kg. Quanto ao IMC, constatou-se que 66% (n=41) das crianças avaliadas encontravam-se dentro dos padrões de normalidade e 34% (n=21) fora, sendo que destas, 29% encontravam-se com sobrepeso/obesidade (18% do gênero feminino e 11% do masculino), e 5% (n=3) com baixo peso (3% do masculino e 2% do feminino).
Em um estudo realizado por Triches e Giugliani (2005), nos municípios de Dois Irmãos e Morro Reuter, Estado do Rio Grande do Sul, com escolares de 3ª e 4ª séries verificaram que a interação entre prática alimentar e nível de conhecimento em nutrição mostrou-se altamente associada com a obesidade, indicando que crianças com menos conhecimento e práticas alimentares menos saudáveis tiveram cinco vezes mais chances de serem obesas, constatando sobrepeso/obesidade em 25% no gênero feminino e 24% no masculino. Suñé et al. (2007) encontraram resultados parecidos, onde, o sobrepeso/obesidade foi evidenciado em 22% das meninas e 28% nos meninos. Resultados estes, superiores aos encontrados no presente trabalho.
Balaban e Silva (2003), em estudo realizado em escola particular da cidade de Recife, avaliando 332 crianças de 6 a 9 anos de idade, observaram que 35% do gênero masculino e de 21% do feminino apresentavam sobrepeso. Por sua vez, Costa, Cintra e Fisberg (2006) realizaram estudo nas escolas particulares de Santos/SP, avaliando 10.822 crianças na faixa etária de 7 a 10 anos de idade, e encontrados resultados de sobrepeso de 34% nos meninos e 35% nas meninas.
Wright et al. (2001 apud MELLO; LUFT; MEYER, 2004) apresentaram um estudo que visou verificar se a obesidade na infância aumentava o risco de obesidade na vida adulta e os fatores de risco associados. Concluíram que esse risco existe, mas que a magreza na infância não é um fator protetor para a ocorrência de obesidade na vida adulta. Malina e Bouchard, (2002 apud GUEDES et al., 2006) mencionam que as mais elevadas prevalências de sobrepeso entre as meninas podem ser parcialmente explicadas pela maior vulnerabilidade do organismo feminino, ocasionada pelos hormônios sexuais em idades próximas à puberdade, ao aumento dos estoques de gordura corporal.
A avaliação do crescimento é a medida que melhor define a saúde e o estado nutricional de crianças, já que distúrbios na saúde e nutrição, independentemente de suas etiologias, invariavelmente afetam o crescimento infantil. Nos países em desenvolvimento, a maioria dos problemas de saúde e nutrição durante a infância está relacionada com consumo alimentar inadequado e infecções de repetição, sendo que essas duas condições estão intimamente relacionadas com o padrão de vida da população, que inclui o acesso a alimentação, moradia e assistência à saúde (SIGULEM; DAVINCENZI; LESSA, 2000).
Em relação ao consumo alimentar das crianças avaliadas, o Gráfico 1, apresenta os alimentos mais consumidos durante as refeições realizadas no dia anterior a coleta de dados. Sendo possível constatar que 52% (n=32) das crianças apresentavam consumo inadequado e 48% (n=30) parcialmente adequado, de acordo com o Guia Alimentar para a População Brasileira desenvolvido pelo Ministério da Saúde (BRASIL, 2005).
Fonte: Dados Coletados na Pesquisa
No Brasil, hábitos alimentares inadequados puderam ser observados em um estudo realizado em São Paulo, com 30 crianças e adolescentes, com idades entre 7 e 14 anos, no qual 53% da população estudada apresentavam aversão em relação ao consumo de verduras e legumes e 13% à frutas. Os autores observaram também que as crianças e adolescentes apresentaram um consumo diário elevado de guloseimas, sendo que 43% consumiam balas e chicletes, 17% ingeriam bolachas recheadas e refrigerantes e 13% sanduiches (CARDOSO, 2005).
Bankoff et al. (2004 apud ZAMAI; MORAIS, 2008) estudaram os hábitos diários de vida de 41 sujeitos com distúrbios de obesidade (f=18 e m=23) com faixa etária entre 08 e 17 anos. Estes autores concluíram que grande quantidade de alimentos ingeridos, tais como massas, doces, alimentos gordurosos; bem como os horários totalmente inadequados; grande parte destes sujeitos não participa das aulas de Educação Física nas suas escolas; e a família e a escola se mostram omissas ao problema da obesidade, tanto na infância como na adolescência. Triches e Giugliani (2005) enfatizam que os alimentos como hortaliças e frutas, com menor densidade energética e mais nutritivos, estão cada vez menos presentes na dieta infantil.
Ao avaliar a prática de atividade física, o presente estudo constatou que 63% (n=39) das crianças praticam atividades físicas diariamente e 37% (n=23) três vezes na semana. A intensidade utilizada na prática das atividades físicas foi classificada de acordo com Costa e Assis (2010), observando que 70% (n=43) das crianças apresentaram-se suficientemente ativas; 27% (n=17), insuficientemente ativas; e 3% (n=2), altamente ativas. O Gráfico 2, demonstra as atividades físicas mais relatadas pelas crianças.
Fonte: Dados Coletados na Pesquisa
Poucos estudos avaliaram especificamente o efeito do exercício no tratamento da obesidade, embora a maioria dos programas recomende atividade física regular (SICHIERI; SOUZA, 2008). No entanto, permanecer longos períodos em atividades sedentárias reduz o gasto energético com atividades físicas de lazer, o que por consequência desequilibra o balanço energético provocando o acúmulo de gordura corporal (SUÑÉ et al., 2007). Outros estudos comprovam que, em razão da duração e da intensidade voluntária dos exercícios físicos, indivíduos com excesso de peso corporal ou obesos são menos ativos no cotidiano que os de peso corporal nos limites esperados ou não-obesos (GUEDES; GUEDES, 2003).
Um estudo mensurando-se o nível de atividade física em crianças e seus pais demonstrou que os filhos de mães ativas são duas vezes mais ativos do que os filhos de mães inativas e quando ambos os pais são ativos as crianças são 5,8 vezes mais ativas que os filhos de pais inativos, verificando a grande influência que tem na criança e no adolescente o estilo de vida dos pais (BRACCO et al., 2002). Corroborando, Suñé et al. (2007) verificaram, que entre as variáveis comportamentais, há uma prevalência de sobrepeso ou obesidade bastante elevada em escolares que permanecem mais de 4 horas e 30 minutos em conduta sedentária.
Portanto, deve-se considerar o potencial do currículo da Educação Física na promoção de um estilo de vida ativo e saudável das crianças, visto que a participação nas aulas de Educação Física podem estar associados a comportamentos mais saudáveis. É muito importante que seja incorporado ao currículo formal das escolas, em diferentes séries, o estudo de nutrição e hábitos de vida saudável, pois neste local e momento é que pode começar o interesse, o entendimento e mesmo a mudança dos hábitos dos adultos, por intermédio das crianças e dos adolescentes (MELLO; LUFT; MEYER, 2004).
Considerações finais
Apesar de ser observado grande interesse do grupo avaliado pela prática de atividades físicas, o presente trabalho constatou um percentual expressivo de crianças fora do padrão de normalidade para o seu estado nutricional. O desequilíbrio no estado nutricional pode ter influência direta devido à inadequação encontrada no consumo alimentar das crianças avaliadas, pois se observou um alto consumo de açúcares e alimentos refinados e um baixo consumo de proteínas, carboidratos complexos e fibras, que são alimentos ricos em vitaminas e minerais importantes para esta faixa etária.
Diante dos resultados encontrados, sugere-se incluir no ambiente escolar, aulas que ofereçam aos alunos informações sobre uma alimentação adequada aliada ao incentivo da pratica de atividades físicas, a fim de conscientizar e incentivar as crianças da importância desta junção para a prevenção do sobrepeso/obesidade, bem como de possíveis doenças crônicas não transmissíveis, decorrentes deste distúrbio nutricional.
Referências
BALABAN G.; SILVA G.A.P.. Prevalência de sobrepeso e obesidade em crianças e adolescentes de uma escola da rede privada de Recife. Jornal de Pediatria, Rio de Janeiro, v. 77, n. 2, p. 96-100, 2003.
BARROS, M.V.G.; ASSIS, M. A. A.; PIRES, M. C.; GROSSEMANN, S.; VASCONCELOS, F. A. G.; LUNA, M. E. P.; BARROS, S. S. H.. Validação de um questionário de atividade física e consumo alimentar para crianças de sete a dez anos de idade. Rev. Bras. Saúde Mater. Infant., Recife, v.7, n.4, p. 437-448, out/dez., 2007.
BERGAMASCO,
J. S.; BRIOSCHI, J.; LEMES, P. N.; MENDES, A.; SIMÕES, G. A.; VIEBIG, R.
F.. Promoção da atividade física na infância como
forma de prevenção de futuras doenças crônicas. EFDeportes.com,
Revista Digital. Buenos Aires, ano. 13, n. 21, jun. 2008. http://www.efdeportes.com/efd121/atividade-fisica-na-infancia-prevencao-de-futuras-doencas-cronicas.htm
BRACCO, Mario M.; FERREIRA, M. B. R.; MORCILLO, A. M.; COLUGNATI, F.; JENOVESI, J.. Gasto energético entre crianças de escola pública obesas e não obesas. Rev. Bras. Ciên. e Mov, Brasília, v.10, n. 3, p. 29-35, jul. 2002.
BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Guia Alimentar para a População Brasileira. Brasília, 2005.
CARDOSO, C. M.. Hábitos alimentares de crianças e adolescentes integrantes de uma escola de basquete em um clube esportivo na zona norte de São Paulo. Revista Nutrição Profissional, São Paulo, v.3, p.52-54, 2005.
COSTA, Filipe F.; ASSIS, Maria A. A.. Nível de atividade física e comportamentos sedentários de escolares de sete a dez anos de Florianópolis-SC. Revista Bras. de Ativ. Fis. E saúde, Florianópolis, v.16, n.1 p. 48-54, 2011.
COSTA, Roberto F.; CINTRA, Isa P.; FISBERG, Mauro. Prevalência de sobrepeso e obesidade em escolares da cidade de Santos, SP. Arq. Bras. Endocrinol. Metab. São Paulo, vol.50 n. 2006.
FARIAS, E.S.; PETROSKI, E.L. Estado nutricional, crescimento físico e atividade física de escolares de sete a dez anos de idade da rede municipal de ensino de Porto Velho, RO. Revista Brasileira de Cineantropometria e Desenvolvimento Humano. v.4, p. 27-38, 2003.
FARIAS, E.S.; GUERRA JUNIOR, G.; PETROSKI, E. L.. Estado nutricional de escolares em Porto Velho, Rondônia. Rev. Nutr. v.21 n.4, Campinas, jul/ago. 2008.
GUEDES, D.P.; GUEDES, J.E.R.P. Controle do peso corporal: composição corporal, atividade física e nutrição. Rio de Janeiro: Shape, 2003.
GUEDES, D. P.; PAULA, I. G.; GUEDES, J. E. R. P.; STANGANELLI, L. C. R... Prevalência de sobrepeso e obesidade em crianças e adolescentes: estimativas relacionadas ao sexo, à idade e à classe socioeconômica. Rev. bras. Educ. Fís. Esp. São Paulo, v.20 n.3, jul./set. 2006.
LOBO, Adriana Soares. DAFA (dia típico de atividades físicas e alimentação): Reprodutibilidade e validade concorrente relativas ao consumo alimentar. Dissertação de mestrado. Florianópolis: 2003.
LOBO, A. S.; ASSIS, M. A. A.; BARROS, M. G. V.; CALVO, M. C. M.; FRETIAS, S. F. T.. Reprodutibilidade de um questionário de consumo alimentar para crianças em idade escolar. Rev. Bras. Saúde Matern. Infant, Recife. v.8, n.1, p. 55-63, jan./mar. 2008.
MELLO, Elza D.; LUFT, Vivian C.; MEYER, Flavia. Obesidade infantil: como podemos ser eficazes? Jornal de Pediatria, Porto Alegre, v.80, n.3, p. 173-182, 2004.
RECH, S.; SIQUEIRA, P. C. M.; Obesidade infantil: a atividade física como aspecto preventivo. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, ano. 15, n.143, abr. 2010. http://www.efdeportes.com/efd143/obesidade-infantil.htm
REVISTA PAIS E FILHOS. IMC crianças e jovens. Disponível em: http://www.paisefilhos.pt/index.php/imc-crian-e-jovens-menu-calculadoras-152. Acesso em: 11. nov. 2010.
SANTOS, C. S., MONTEIRO, N. T. G.; GUACHE, H., HÜLSE, S. B.; LUNA, M. P. E.; GROSSEMANN, S.; ASSIS, M. A. A.; VASCONCELLOS, M. A. G. Produção e difusão de material educativo para orientação nutricional de escolares de 7 a 10 anos do município de Florianópolis. EXTENSIO - Revista Eletrônica de Extensão. n.1, 2004.
SICHIERI, Rosely; SOUZA, Rita A. Estratégias para prevenção da obesidade em crianças e adolescentes. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v.24 n.2, p. S209-S234, 2008.
SIGULEM, D. M.; DAVINCENZI, M. U.; LESSA, A. C.. Diagnóstico do estado nutricional da criança e do adolescente. Jornal Pediatria, Rio de janeiro, v.76, n.3, p. S275-S284, 2000.
SOTELO, Y.O.M; COLUGNATI, F.A.B.;TADDEY , J.A.A.C. Prevalencia de sobrepeso e obesidade entre escolares da rede pública segundo três critérios de diagnóstico antropométrico. Caderno de Saúde Pública. Rio de Janeiro, v.20 n.1, p.233-240, jan/fev. 2004.
SUÑÉ, F. R.; COSTA, J. S. D.; OLINTO, M. T. A. ; PATUSSI, M. T. Prevalência e fatores associados para sobrepeso e obesidade em escolares de uma cidade no Sul do Brasil. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 23, n.6, p.1361-1371, jun. 2007.
TRICHES, Rozane M.; GIUGLIANI, Elsa R. J.. Obesidade, práticas alimentares e conhecimentos de nutrição em escolares. Rev. Saúde Pública, Porto Alegre, v.39 n.4, p. 541-547, 2005.
WORLD HEALT ORGANIZATION (WHO). Antropometry as an indicator of nutricional and health status in Physical Status: The use interpretation of antropometry. Geneva, 2007.
ZAMAI, C. A.; MORAIS, J. C.. Análise da incidência de sobrepeso e obesidade entre escolares de 7 a 10 anos de uma escola pública do distrito de Sousas, SP. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, ano. 13 – n.121, jun. 2008. http://www.efdeportes.com/efd121/incidencia-de-sobrepeso-e-obesidade-entre-escolares.htm
Outros artigos em Portugués
Búsqueda personalizada
|
|
EFDeportes.com, Revista Digital · Año 17 · N° 169 | Buenos Aires,
Junio de 2012 |