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Elementos determinantes na motivação
de práticas esportivas de aventura

Elementos determinantes en la motivación hacia las prácticas deportivas de aventura

Motivation factors determining the practice of adventure sports

 

*Bacharel em Educação Física. UNESP Rio Claro

**Professora Livre Docente. UNESP Rio Claro

***Bacharel em Educação Física. UNESP Rio Claro

****Professor Livre Docente. UNESP Rio Claro

(Brasil)

Ana Cláudia Gomes de Amorim Pinto*

Silvia Deutsch**

Gabriela Grimaldi***

Afonso Antônio Machado****

anaclauamorim@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          Com o ritmo acelerado que a vida moderna exige é cada vez mais evidente a necessidade do ser humano em buscar novas experiências para que os façam sentir emoções e sensações inéditas, não existentes em sua rotina diária. Com isso a busca por esportes de risco vem crescendo constantemente, visto que muitos destes satisfazem os desejos por novas experiências. Acredita-se que haja inúmeros fatores atrativos que levam os indivíduos a aderirem a essas práticas e o objetivo deste estudo foi identificá-las. Utilizou-se um questionário de natureza quantitativa com escala tipo Likert, em jovens de 18 a 25 anos, de ambos os sexos praticantes de esportes de aventura com o objetivo de verificar quais sensações e sentimentos os indivíduos buscam ao vivenciar e se estes são determinantes para a motivação na escolha das atividades popularmente conhecida como “esportes radicais”. Foi verificado que fatores psicológicos como o medo e a ansiedade mostram-se como fortes atrativos, assim como o desejo de conhecer lugares novos o que aponta para uma ligação direta com o turismo e a curiosidade por algo novo. A sensação de bem estar, satisfação, superação de desafios, alegria e orgulho foi afirmada pela maioria das pessoas, o medo e a ansiedade mostram-se presentes como fator positivo, além do alívio do estresse. Estes fatores combinados contribuem para a escolha dos diversos esportes de risco, favorecendo a aderência a essas modalidades e a permanência nas mesmas.

          Unitermos: Atividade de aventura. Esportes de risco. Aventura na natureza. Atração pelo risco.

 

Abstract

          With the accelerated rhythm that modern life demands it is even more evident the needs of human beings to search new experiences that make them feel different emotions and sensations, not present in their diary routine. Therewith the search for risk sports is growing constantly, considering that a lot of them can satisfy the new experiences desires. It is believed that there are countless attractive factors that make the individuals to adhere these practices and the purpose of this study was to identify them. It was used a quantitative nature questionnaire with Likert scale, answered by youth aged 18 to 25 years, both sex, all of them practicing adventure sports with the purpose to identify which sensations and feelings the individuals search for, while experiencing and if these feelings are determinant to motivate the choice of the activities well known as “radical sports”. It was verified that psychological factors as fear and anxiety showed themselves strongly attractive, as the desire of knowing new places and this points to a direct link with tourism and the curiosity for something new. The feeling of well being, satisfaction, overcoming challenges, proud and happiness was affirmed by most of participants, anxiety was not treated as an extremely positive factor, and fear showed itself as a positive factor, besides the stress relief. These factors combined contribute to the choice of the different sports of risk in nature, favoring the adherence to these modalities and the permanence on them.

          Keywords: Activity adventure. Extreme sports. Nature adventure. Attraction to risk.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 17 - Nº 169 - Junio de 2012. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Acredita-se que haja inúmeros fatores atrativos que levam os indivíduos a aderirem a práticas de esportes de aventura. Com isso há necessidade de estudos que permitam identificar quais sensações e sentimentos os indivíduos buscam ao vivenciar com essas atividades popularmente conhecida como “esportes radicais”.

    O ritmo de vida de grande parte da população, mesmo que muito acelerado, tende a cair numa rotina, o que desencadeia desmotivação e pode contribuir para a procura de atividades de riscos. Na tentativa de romper com o cotidiano, as pessoas buscam estar em contato com a natureza e experimentar novas e fortes sensações através de atividades que possam desencadear intensas emoções.

    Na procura de significados em sua vida, o homem tenta provar novos limites pessoais aproximando-se de novos desafios físicos e emocionais buscando a superação de seus medos.

    Estas práticas surgem junto aos novos paradigmas centrados na auto realização e melhora da qualidade de vida, os quais podem substituir os de competição, esforço e tensão. Pelas suas características de incerteza e liberdade, as atividades de aventura podem sugerir uma crítica ao racionalismo da modernidade. Por outro lado, o potencial econômico destas práticas relacionadas ao turismo e à mídia é outra questão a ser considerada. Termos como aventura, emoção, ecologia, natureza e adrenalina são veiculados massivamente por campanhas publicitárias, revistas e artigos (ZIMMERMANN, 2006).

    De acordo com Betrán (1995) as Atividades Físicas de Aventura na Natureza (AFAN) são práticas recreativas que surgiram em países desenvolvidos na década de 1970, fortaleceram-se e se estabeleceram na década seguinte e se consolidaram sob o abrigo de novos hábitos e gostos da sociedade pós-industrial.

    No que concerne à aderência às diversas vivências de aventura realizadas em meio natural, tal temática tem conhecido um forte crescimento nos últimos anos, uma vez que essa (re) aproximação aos ambientes naturais pode surgir, inclusive, como contraponto a um estilo de vida sedentário e a uma sociedade cada vez menos natural (TAHARA et al. 2006).

    As atividades de aventura, como são praticadas atualmente, são estudadas como manifestações recentes, com pouco mais de 20 anos, já representadas por um bom número de adeptos.

    Quinn (1990) em busca de uma resposta do “por que aventurar-se?”, comenta sobre a experiência da aventura em subjetividade, incerteza, descoberta, desejo, excitação, diversão, euforia e crescimento, e diz ainda que o mundo pode ser um lugar limitado e estreito caso não nos empenhemos em explorá-lo.

    Bruhns (1999) reforça que as atividades físicas de aventura na natureza podem representar mais do que a busca pela sensação de vertigem, características deste tipo de prática. A autora salienta que o contato com a natureza é um importante elemento a ser considerado.

    Os riscos presentes nos esportes de aventura na natureza costumam ser controlados, e dependem de equipamentos de seguranças específicos, como monitores e do próprio praticante.

    Esportes de aventura urbanos, denominados também como “esportes radicais”, são modalidades que possuem como característica riscos mais reais do que os riscos presentes nos Esportes de Aventura na Natureza, visto que apresentam menores ou nenhum controle da situação, sujeitando ao praticante um perigo real de acidentar-se.

    Percebe-se uma relação desses esportes com a juventude, a imagem jovial atribuída a essas modalidades, pode afugentar indivíduos mais velhos de experimentá-la, mas são de fato os mais jovens que demonstram maior interesse por essas praticas, principalmente nos Esportes mais urbanizados como o Skate inline e o Parkour, onde se nota muitas vezes a formação de tribos, que podem ser facilmente identificadas pelo vestuário, comportamento e até mesmo pelo gosto musical.

Objetivo

    O estudo teve como objetivo verificar quais sensações e sentimentos os indivíduos buscam ao vivenciar e se estes são determinantes para a motivação na escolha das atividades popularmente conhecida como “esportes radicais”.

Método

Instrumento

    A pesquisa exploratória foi desenvolvida por meio de questionário de natureza quantitativa. Foram feitas afirmações e ao lado de cada uma delas, havia uma numeração de 1 a 5 que condizia ao grau de intensidade que aquela afirmação representava na vida dos participantes em relação à prática de esportes de aventura. Foi pedido aos participantes para não deixarem nenhuma questão sem resposta.

Participantes

    A amostra se constituiu de jovens de 18 a 25 anos, de ambos os sexos que praticavam esportes de aventura da cidade de ou da região.

Resultados e discussão

    O prazer pela prática foi considerado essencial para a escolha das atividades de risco. A maioria afirmou gostar de desafios, a possibilidade de vencê-los induz o participante a sentir-se orgulhoso e satisfeito por ter feito essa escolha.

    Hoyos (2002) diz que ao se observar relatos da presença de desafios, superação de limites, liberdade e conquista e o contato com a natureza, seriam estas as principais características motivacionais para a aderência e permanência de indivíduos em praticas de aventura. Estas características ficam claramente evidenciadas nas respostas obtidas nesta pesquisa.

    A curiosidade é outro fator relevante na aderência aos esportes de risco, há uma busca por sensações e emoções exacerbadas que não estão presentes no dia a dia. A curiosidade motiva os participantes a praticarem mais do que um esporte de aventura, seja na natureza ou urbano.

    Os praticantes de esportes de aventura afirmaram sentir medo, porém o medo sentido não era limitante e chegava a ser motivacional e agradável. Portanto, verifica-se que a atração pelo risco está presente nessas atividades, mesmo que de forma oculta é considerado um atrativo por algo desconhecido que desencadeie emoções intensas. Ainda afirmaram que a sensação de medo não os deixam desconfortáveis.

    De acordo com Duarte (2001) o desconhecimento de como será uma experiência pode ser mais assustador do que o resultado momentâneo da prática, e com a familiarização da prática, esse medo tende a diminuir. O autor ainda salienta para algo que chama de “medo divertido”, que acontece em situações onde existe risco, mas que proporcionam excitação.

    Zuckerman (1979) observa que as pessoas sentem este tipo de medo quando estão buscando por variedades, sensações novas e complexas, e para tal, estão dispostas a correr, até mesmo, riscos físicos.

    O incentivo de amigos e família não mostrou ser muito relevante para que o indivíduo busque a prática, e que o intuito na escolha dessas atividades nada tem a ver com o desejo de conhecer novas pessoas e reafirmar um status social, a motivação acontece por fatores extrínsecos e intrínsecos diferentes, ligados a ele e o que aquele esporte em questão pode proporcionar ao mesmo.

    A ansiedade também se mostrou presente, a maioria em intensidades moderadas, porém, diferente do medo, a ansiedade não foi apontada como uma sensação extremamente positiva.

    O turismo está evidente nessas atividades, os participantes acresceram grande valor à possibilidade de viajar e conhecer lugares novos, como forma de ocupar o tempo livre, e que o contato com a natureza é também um importante fator motivacional.

    Os que optam por esportes de risco urbanos, consideram importante o contato que o esporte proporciona com o ambiente em que o pratica, mesmo que seja lugares em que o individuo esteja familiarizado. A convivência entre os praticantes muitas vezes se torna mais intensa e ocorre a formação de grupos sociais ou “tribos”.

Conclusão

    Com as respostas dos entrevistados, fica claro que a fuga do cotidiano é fator importante na decisão de praticar esportes de aventura na natureza, visto que as sensações e emoções vividas nessas atividades proporcionam prazer e novidade a seus praticantes.

    Os esportes de risco têm sido cada vez mais utilizados como forma de manter a saúde e equilibrar o estresse, principalmente os urbanos e os indoors, que não necessitam da saída da cidade grande para que a prática seja possível.

    Característica interessante nos resultados foi a presença da emoção de medo tratado como algo positivo. As pessoas afirmaram sentir medo, porém acham esse medo agradável e muitos praticam esportes de risco em busca desse atrativo. Há uma clara evidência da atração pelo medo.

    A ansiedade, apesar de moderada, não foi apontada como um fator extremamente positivo, em contrapartida, a curiosidade mostrou-se um dos mais relevantes na escolha por essas modalidades.

    O contato com o meio natural, no caso dos esportes de aventura na natureza, possui grande influência na motivação na busca por essas práticas. No caso dos esportes de aventura urbanos, o contato com o meio se mostra importante, porém, o convívio social entre os praticantes possui maior relevância.

    Em sua maioria os participantes afirmaram por fim que se sentem bem com a prática dessas modalidades e que a satisfação proporcionada é grande, e que se sentem muito orgulhosos por terem enfrentado o risco.

    Os resultados apresentados neste estudo evidenciam o crescente interesse da população por novas vivências nesta área. O interesse pelos esportes de aventura tende a crescer e despertar cada vez um maior interesse de mais e mais pessoas no lazer, turismo. Se mostra cada vez mais relacionado a conquista pessoal e muitas vezes com o próprio modo de vida das pessoas.

Referências

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