Efeitos de um programa específico de treinamento utilizando o método Gyrotonic® e jogos cognitivos, relacionando os processos cognitivos com a freqüência cardíaca Efectos de un programa específico de entrenamiento utilizando el método Gyrotonic® y los juegos cognitivos, relacionando los procesos cognitivos con la frecuencia cardiaca |
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*Licenciatura Plena em Educação Física - Universidade Federal do Pará, possui cursos de pós-graduação lato senso em Atividade Física e Saúde UEPA e MBA em Gestão Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas **Licenciada Plena em Educação Física (UEPA). Especialista em Neurociências na Saúde e no Esporte com Docência no Ensino Superior (ESAMAZ). Docente da Universidade do Estado do Pará ***Possui graduação em Licenciatura Plena em Educação Física pela Universidade Federal do Pará Professora de musculação e personal trainer da Academia Companhia Athlética ****Graduada em Licenciatura Plena em Educação Física pela Universidade Federal do Pará e em Bacharelado em Fisioterapia pela Escola Superior da Amazônia *****Possui graduação em Licenciatura Plena em Educação Física pela UF Pará Avaliadora física, professora de musculação, personal trainer da Academia Companhia Athlética ******Possui graduação em Licenciatura Plena em Educação Física pela Universidade do Estado do Pará Especialista em Fisiologia do Exercício pela Faculdade Integrada Brasil Amazônia. Especialista em Educação Física pela Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas de Marabá e Mestrado em Educação Física pela Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias |
Rosana Lobo Rosário* Elren Passos Monteiro** Érica Renata da Silva Alencar*** Julyanna Nazareth da Silva**** Miriam Paixão***** Rodolfo de Azevedo Raiol****** (Brasil) |
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Resumo O exercício e o treinamento físico são conhecidos por promover benefícios cardiorrespiratórios, aumento da densidade mineral óssea e diminuição do risco de doenças crônico-degenerativas. Estudos recentes têm comprovado que o exercício físico também melhora a função cognitiva, onde as pessoas fisicamente ativas apresentam menor risco de apresentar desordens mentais em relação às sedentárias. O presente artigo tem por objetivo avaliar os efeitos de um programa específico de treinamento utilizando o método Gyrotonic® e jogos cognitivos, e relacionar os processos cognitivos com a freqüência cardíaca, não sendo considerados parâmetros genéticos e de massa muscular nesta pesquisa. A metodologia utilizada foi uma pesquisa de campo, de caráter qualitativa, do tipo estudo de caso, com um participante sendo acompanhado durante um mês. Através dos dados obtidos, verificou-se que após as sessões, o valor de variação da Frequência Cardíaca (RR) aumentou indicando a diminuição da freqüência cardíaca. Unitermos: Exercício físico. Processos cognitivos. Método Gyrotonic®. Jogos cognitivos. Freqüência cardíaca.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 17 - Nº 169 - Junio de 2012. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
O treinamento físico e o exercício são reconhecidos como meios capazes de proporcionar benefícios às capacidades funcionais de indivíduos. Tais como: diminuição do risco de doenças crônico-degenerativas, melhoria cardiorrespiratória e aumento da densidade óssea. Outro aspecto, atualmente, vem se destacando entre pesquisas sobre exercício físico: a função cognitiva. Mesmo havendo controvérsias, estudos demonstram que indivíduos fisicamente ativos podem obter melhora e proteção da função cerebral, sugerindo ainda que estas possam apresentar menor risco de serem acometidas por disfunções mentais em relação às pessoas sedentárias (ANTUNES, 2006).
Dessa forma, é possível que a participação de programas de exercícios físicos contribua fisicamente e psicologicamente nestes indivíduos, fazendo com que possuam um processamento cognitivo mais rápido. Ainda que o benefício cognitivo do estilo de vida fisicamente ativa pareça estar relacionados aos exercícios realizados ao longo de toda a vida, sugerindo uma "reserva cognitiva", jamais se deve descartar a idéia de começar um programa de exercícios físicos num indivíduo que nunca obteve alguma vivência semelhante (ANTUNES, 2006).
Processo cognitivo e exercício físico
Segundo Weingarten (1973), o efeito do exercício físico na cognição está relacionado ao tipo de exercício que foi executado e a natureza da atividade cognitiva que está sendo avaliada. O autor baseia-se na complexidade da tarefa cognitiva, ao passo que, o condicionamento físico pode ter um atuação positiva na performance cognitiva de tarefas complexas, mas não influencia na performance de tarefas simples.
Na pesquisa de Gutin (1973), ele sugere que os efeitos do exercício são mediados pela duração destes e pela complexidade da tarefa cognitiva, já que o tempo de reação e o nível ótimo de exercício estimulando o alerta poderia ser inversamente associado a tarefas relacionadas com escolhas. Gutin ainda sugere que exercício com duração entre 45 segundos e dois minutos, com freqüência cardíaca entre 90 e 120 batimentos por minuto (bpm), poderia trazer benefícios para a performance cognitiva, visto que exercícios com duração de seis minutos e que aumentassem a freqüência cardíaca para próximo a 150 bpm seriam prejudiciais à performance cognitiva.
No estudo de Van Boxtel et al (1997) acreditam que tarefas cognitivas poderiam ser sensíveis à capacidade aeróbia. Nesta pesquisa 132 indivíduos entre 24 e 76 anos idade foram submetidos a uma sessão aguda de exercício submáximo em cicloergômetro, posteriormente por uma extensa bateria neuropsicológica, incluindo testes de memória verbal, inteligência e velocidade no processamento de informações, onde houve evidências de interação entre os testes de velocidade de processamento cognitivo, idade e capacidade aeróbia.
Williams e Lord (1997) constataram através de seus estudos o aumento no tempo de reação, melhora cognitiva e otimização da memória em um grupo de idosos que participaram de um programa de treinamento aeróbico. Associaram na pesquisa, a atividade física e a atenção visual destes indivíduos. Roth et al. (2003) observaram que a preservação das habilidades de atenção visual durante a vida pode ter mais relação com a prática regular de exercícios físicos.
Antunes et al (2001), durante seis meses, submeteram idosas à prática de alongamento, exercícios de flexibilidade e caminhada. Ao final do período estabelecido, verificaram melhora na memória, na atenção, na agilidade e no padrão de humor em relação o grupo controle, composto por mulheres sedentárias. Em 2006, Antunes et al., encontraram através de revisão de literatura, vários achados que destacaram o aprimoramento das funções cognitivas com a prática de exercícios físicos. Porém, os autores ressaltam que ainda há conflitos acerca dos resultados da prática de atividades físicas regulares em relação ao aspecto cognitivo.
O método Gyrotonic®
Criado no início dos anos 80, o Gyrotonic® consiste na prática de exercícios físicos integrados à respiração, que podem ser praticados de duas formas: em aparelhos chamados Gyrotonic Expansion System, especialmente desenvolvidos para o trabalho; ou diretamente no solo em aula em grupo chamado Gyrokinesis (KITAJIMA et al., 2002). Além disso, existem os equipamentos adicionais: Gyrotoner, jumping stretching board, ladder, leg extension unit.
O Gyrotonic® foi fundando pelo húngaro Juliu Horvath, que em 1970 foi para os Estados Unidos onde passou a dançar com o New York City Opera Ballet, e mais tarde tornou-se primeiro bailarino do Houston Ballet, até que uma lesão no tendão de Aquiles fez com que parasse sua carreira de bailarino, a partir daí, passou a estudar ioga. Nos anos oitenta, ele abriu o White Cloud Studio na Cidade de Nova Iorque, a partir daí o Gyrotonic Expansion System se expandiu ao redor do mundo (CAMPBELL; MILES, 2006).
Segundo os mesmos autores, o primeiro passo para a evolução de Gyrotonic® foram as séries de movimentos executadas sem nenhum aparelho ou equipamento. Conhecido como ioga para dançarinos, estes exercícios são chamados de Gyrokinesis®, e constituem a base dos exercícios de Gyrotonic®. Todos os exercícios de Gyrokinesis® são construídos ao redor do princípio de arch and curl - A&C. Durante o processo de tentar ensinar para as pessoas como usar os corpos para realizar os movimentos de Gyrokinesis® corretamente, Juliu Horvath começou a desenvolver o equipamento chamado Gyrotonic®.
O aparato de madeira curvilíneo é completamente ajustável para satisfazer as necessidades de todos os diferentes corpos e níveis de força. Utilizando pesos, roldanas e rodas giratórias permitem uma ampla variedade de movimentos aumentando a flexibilidade e a mobilidade da coluna e das articulações. Os movimentos fluem de forma ininterrupta do início ao fim; o movimento é em espiral ou circular, em lugar dos padrões ditos de lineares das técnicas de exercícios mais tradicionais. Além disso, o equipamento permite versatilidade máxima para aumentar a coordenação, força e flexibilidade. Utilizado principalmente por dançarinos, Gyrotonic® também treina atletas, e atendem aos indivíduos que precisam de reabilitação e as pessoas que buscam a saúde e a aptidão física. Nos EUA e Europa, Gyrotonic® é indicado por ortopedistas e fisioterapeutas como condicionamento físico, tanto no trabalho preventivo como no auxílio da reabilitação (KITAJIMA et al., 2002)
Horvath apud Campbell; Miles (2006) lista alguns efeitos de treinamento de Gyrotonic®, tais como: o aumento da circulação sangüínea e linfática, aumento do metabolismo por excitação aeróbia e cardiovascular; maior mobilidade nas articulações; mobilização da coluna e melhora a coordenação. De maneira geral, “o treinamento no Gyrotonic® aumenta a capacidade funcional do organismo inteiro de um modo harmonioso”.
Além desses efeitos, Kitajima et al (2002) ainda cita como benefícios o desenvolvimento de força e da coordenação, além do aumento da flexibilidade de quem pratica regularmente as aulas de Gyrotonic®.
Fonte: http://imagem.vilamulher.com.br/temp/gyrotonic-280108.jpg
Jogo cognitivo Magic Reversi
O Reversi, semelhante ao jogo de tabuleiro Othello®, é um jogo de estratégia que envolve alterações rápidas no placar e raciocínio de longo alcance. É jogado em um tabuleiro de 64 casas (como xadrez e damas) com pedras pretas e brancas. O objetivo é ter mais pedras da sua cor no tabuleiro do que o adversário. Isso é complicado, pois, como o nome do jogo indica, é comum sua sorte se reverter rapidamente. O jogo terminará quando nenhum dos dois jogadores puder fazer movimentos válidos. Em geral, o tabuleiro está totalmente cheio quando o jogo termina. Aquele que tiver mais pedras no fim vencerá.
Fonte: http://ultradownloads.com.br/autor/dwebplacecom/141464/0,.html
Metodologia
O presente estudo foi realizado no Centro de Dança Ana Unger no mês de março de 2010 com um cliente do sexo masculino, 42 anos de idade, empresário, que ingressou espontaneamente na academia para realizar as sessões de Gyrotonic no período da manhã.
A sessão de Gyrotonic teve duração de 40 a 45 minutos e era composta por cinco fases: aquecimento através de exercícios respiratórios, exercícios de mobilização da coluna (flexão, extensão, torções e ondas), exercícios para isquiostibiais, exercícios para membros superiores, exercícios respiratórios e relaxamento.
Foram realizadas quatro sessões duas vezes por semana, sendo a primeira o cliente foi monitorado antes e depois da aula, e a última sessão, o cliente foi monitorado, porém realizou teste cognitivo através do jogo Magic Reversi 4.0 antes e depois de cada sessão.
Foi utilizado um freqüencímetro, da marca Polar, conectado a um computador através de um fone de ouvido da marca Sony; sendo a freqüência cardíaca registrada através do software MindZone, onde a análise gráfica pelo software KubiosHRV versão 2.0 desenvolvido pelo Departamento of Applied Physics, da Universidade de Kuopio, Finlândia.
Análise dos dados e conclusão
Através dos dados obtidos, foi verificado que após as sessões, o valor do RR aumentou indicando a diminuição da freqüência cardíaca. Na primeira sessão o valor do RR antes da sessão foi de 804,5 e depois da sessão 729,7. Na segunda sessão monitorada, após a aula, foi utilizado o jogo cognitivo Magic Reversi, e mesmo assim obtemos resultados positivos com a diminuição da freqüência cardíaca, pois o RR antes da sessão foi de 670,6 e depois de 792,5, como pode ser verificado nos relatórios em anexos. Assim, fica evidente que de acordo com Weingarten (1973), o efeito do exercício físico na cognição está relacionada ao tipo de exercício que foi executado, neste caso o Método Gyrotonic e a natureza da atividade cognitiva que está sendo avaliada (jogo cognitivo Magic Reversi) a complexidade da tarefa cognitiva, ao passo que, o condicionamento físico pode ter um atuação positiva na performance cognitiva de tarefas complexas, mas não influencia na performance de tarefas simples. Além de que, o uso de exercício físico, como alternativa para melhorar a função cognitiva e a Frequência Cardíaca, mostra-se relevante por seu baixo custo e alta aplicabilidade, podendo corroborar com montagem de estratégias que melhoram a atenção e tomada de decisão, contribuindo para um bom desempenho no treinamento e na vida.
Referências bibliográficas
ANTUNES, H. K. M. et al. Alterações cognitivas em idosas decorrentes do exercício físico sistematizado. Revista da Sobama, v. 6, p. 27-33, 2001.
ANTUNES, H. K. M. et al. Exercício físico e função cognitiva: uma revisão. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, v. 12, n. 2, p. 108-114, 2006.
CAMPBELL, J; MILES, W. Analyzing the Gyrotonic® arch and curl. Jounal of Bodywork and movemente therapies. v. 10, p. 147-153, 2006.
GUTIN, B. Exercise-induced activation and human performance: a review. Res Q, v. 44, p. 256-68, 1973.
KITAJIMA, M. ET AL. A case study of three-dimensional analysis on gyrotonic method, v. 49, p. 7-13, 2001.
ROTH, D. L. et al. Association of Physical Activity and Visual Attention in Older Adults. Journal of Aging and Health, v. 15, n. 3, p. 534-547, 2003.
VAN BOXTEL, M.P. et al. Aerobic capacity and cognitive performance in a cross-sectional aging study. Med Sci Sports Exerc, v. 29, p.1357-65, 1997.
WEINGARTEN, G. Mental performance during physical exertion: the benefit of being physically fit. Int J Sport Psychol, v. 4, p. 16-26, 1973.
WILLIAMS, P.; LORD, S. R. Effects of group exercise on cognitive functioning and mood in older women. Australian and New Zealand Journal of Public Health, v. 21, p. 45-52, 1997.
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