Jogos Olímpicos Gregos: discussões históricas Los Juegos Olímpicos griegos: los debates históricos Greek Olympics: historical discussions |
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Universidade de São Paulo Escola de Artes, Ciências e Humanidades (Brasil) |
Prof. Dr. Marco Antonio Bettine de Almeida Beatriz de Araujo Antonio | Cintia Fideles | Joyce Attidini Juliane de Souza Silva | Maíra Teixeira da Silva |
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Resumo Este trabalho pretende levantar pontos importantes na formação da cidade-estado Esparta e, de maneira complementar, da Grécia Antiga. Apontar algumas diferenças do significado e da prática dos exercícios nessa época, ilustrando com breves comparações com os exercícios/esportes atuais. Sempre tendo como foco que o povo espartano era beligerante, e a guerra e a conquista de território era o que havia de mais importante e valoroso naquela sociedade. Outros pontos que iremos abordar são as práticas físicas de treinamento naquela época para mostrar como eram as atividades e como os gregos se desenvolviam fisicamente para, então, fazer uma comparação com as atividades semelhantes de hoje. Desta forma, acrescentamos, assim, uma análise empírica sobre os movimentos disponíveis nos livros, tentando, com apoio da bibliografia pesquisada, apontar diferenças e similaridades para fazer um breve paralelo da evolução da atividade física em algumas modalidades. Unitermos: Jogos Olímpicos. Esparta. História.
Resumen Este trabajo tiene como objetivo explicar los temas relevantes en la formación de la ciudad-estado de Esparta, y de manera complementaria, de la antigua Grecia. Cuáles son algunas de las diferencias de significado de la práctica de los ejercicios en este momento, ilustrando con breves comparaciones con los ejercicios y deportes en la actualidad. Siempre focalizando que el pueblo espartano era beligerante, y que la guerra y la conquista del territorio eran lo más importante y valioso en esa sociedad. Otros puntos que abordamos son las prácticas físicas de la formación en ese momento para mostrar cómo eran las actividades y cómo eran los griegos que se desarrollaban físicamente, para a continuación, hacer una comparación con actividades similares de la actualidad. De este modo, se añade por lo tanto, un análisis empírico de los movimientos disponibles en los libros, tratando, con el apoyo de la literatura consultada, marcas las diferencias y las similitudes para realizar un breve paralelismo de la evolución de la actividad física en algunas modalidades. Palabras clave: Juegos Olímpicos. Esparta. Historia.
Abstract This work aims to raise important points in the formation of the city-state Sparta, and in a complementary fashion, from ancient Greece. Point out some differences of meaning and practice of the exercises at this time, with brief comparisons to illustrate the exercises / sports today. Always focusing on the people Spartan was belligerent, and war and conquest of territory was what was most important and valuable in that society. Other issues that we discuss are the physical practices of training at that time to show how the activities were and how the Greeks were developing physically, then make a comparison with similar activities today. Thus, we add therefore an empirical analysis of the movements available in books, trying, with the support of the literature researched point out differences and similarities to make a brief parallel evolution of physical activity in some manner. Keywords: Olympics. Sparta. History.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 17 - Nº 169 - Junio de 2012. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
Na sociedade espartana, o homem, sua formação e educação militar eram os meios desenvolvidos para se conquistar a soberania em uma época de expansão de domínios por diversos povos gregos.
Esparta foi uma das principais polis (cidades-estados) da Grécia Antiga, onde teve início a civilização. Situava-se geograficamente na região sudeste da Península do Peloponeso e ficou conhecida, principalmente pelo desenvolvimento militar. A polis conseguiu manter o controle de seu domínio em uma época de constantes invasões e batalhas devido à austeridade e disciplina de seus métodos de combate. Quanto mais preparado para lutas fosse o povo de Esparta, mais reconhecido seria o seu status de importante cidade-estado. Em segundo plano, ficavam a família e as relações sociais. Neste aspecto, o tratamento do corpo, a busca pelo vigor e total eficiência nas atividades físicas de luta, ganhou destaque. Era preciso dar total atenção à atividade física do povo e de seus soldados para conquistar o posto de principal cidade-estado, tendo como principal opositora a polis de Atenas.
O governo espartano era militar, a educação e costumes seguiam normas rígidas, dita espartanas, para levar à perfeição da batalha, assim como a maioria dos gregos buscava a perfeição estética. Esparta buscou quebrar a hegemonia da beleza, da estética, pela eficiência militar, pela austeridade. Essa marca ficou tão profunda na história da humanidade que hoje, quando queremos nos referir a algo de disciplina rígida e que denota sobriedade, sem afetação, chamamos de espartano.
Inicialmente, nossa pesquisa procurava relatar como o preparo físico e a disciplina militar eram importantes instrumentos para se criar uma sociedade saudável e forte em Esparta. Essa educação militar rígida era o meio pelo qual se chegava a um corpo forte, resistente, pronto para se tornar implacável em combate e, assim, não ceder ao inimigo, não perder espaço em meio a grandes batalhas nos limites da civilização. Essa era ainda a forma de se chegar à soberania, pela força, disciplina e pelo domínio de seu território. Os que não conseguiam se adaptar ou não queriam fazer parte dos grupos, eram castigados com isolamento.
No entanto, devido à falta de material, imagens e bibliografia adequada, com relatos que descrevam o cotidiano educacional/físico em Esparta, decidimos ampliar a análise para a Grécia antiga.
Acreditamos que seja pertinente essa ampliação porque a cultura helenística é rica e tem seu legado incorporado na formação da sociedade atual. Uma hipótese encontrada para a falta de material sobre o cotidiano das atividades físicas em Esparta é justamente, e contraditoriamente, um dos legados gregos: o início da sistematização da educação e o registro da história da humanidade, que se deu com o primeiro grande historiador, Heródoto. Temos, sim, amplo material informativo sobre a importância de Esparta naquela era e seu legado, mas falta material específico e detalhado sobre como eram os exercícios e as atividades físicas, mesmo eles sendo à base do fortalecimento espartano.
No trabalho nos utilizamos a pesquisa bibliográfica em livros pedagógicos que detalham e descrevem para apurar como era a vida cotidiana na cidade-estado Esparta e na Grécia Antiga, de maneira complementar.
A sociedade espartana
A cidade de Esparta foi fundada no século IX a.C. pelo povo dório que penetrou pela península em busca de terras férteis. Quatro aldeias da região da Lacônia uniram-se para formar a cidade de Esparta. A cidade cresceu nos séculos seguintes e o aumento populacional fez com que os espartanos buscassem a ampliação de seu território através de guerras. No final do século VIII a.C., os espartanos conquistaram toda a planície da Lacônia. Nos anos seguintes, Esparta organizou a formação da Liga do Peloponeso, reunindo o poderio militar de várias polis da região, exceto a rival Argos.
Os espartanos acreditam na disciplina, no esforço físico para colocar em prática estratégias de dominação e subjugo aos inimigos. Quanto mais preparado para lutas fosse o povo de Esparta, mais reconhecido seria o seu status. Em segundo plano, ficavam a família e as relações sociais.
O tratamento do corpo, a busca pelo vigor e total eficiência nas atividades físicas de luta, ganhou destaque. Era preciso dar total atenção à atividade física de um povo e seus soldados, para conquistar os objetivos da cidade-estado: ampliar seu território e se manter soberana em meio aos outros povos.
O governo era militar, a educação e costumes seguiam normas rígidas, dita espartanas, para levar à perfeição da batalha, assim como a maioria dos gregos buscava a perfeição estética. Esparta buscou quebrar a hegemonia da beleza, da estética, pela eficiência militar, pela austeridade. Essa marca ficou tão profunda na história da humanidade que hoje, quando queremos nos referir a algo de disciplina rígida e sóbrio, sem afetação, chamamos de espartano.
O poder militar de Esparta foi extremamente importante nas Guerras Médicas (contra as invasões persas). Uniu-se a sua grande rival, Atenas, e outras cidades para impedir a invasão deste inimigo comum, os persas. O exército espartano foi fundamental na defesa terrestre (Atenas fez a defesa marítima) durante as batalhas. Era como se as cidades se complementassem com exércitos perfeitamente articulados, Esparta por terra e Atenas, pelo mar.
Os espartanos eram rivais dos atenienses e buscavam encontrar diferenças e enfatizá-las, até como uma maneira de autoafirmação. Atenas era reconhecidamente uma cidade de vanguarda, que estendia seu domínio e foi uma das mais poderosas cidades-estados de toda a Grécia Antiga.
Após as Guerras Médicas, em que lutaram juntas, a batalha pela hegemonia do território grego colocou Atenas e Esparta em posições contrárias novamente. De 431 a 404, houve a Guerra do Peloponeso entre Atenas e Esparta, da qual os espartanos saíram vitoriosos.
Até o século VI a.C. Esparta era uma polis, comparável as outras até acontecer a guerra da Messênia e conquistar novos territórios. Com isso, tornou-se uma cidade que teve se adaptar as mudanças e a principal vantagem de ter mais terras. Nesta época a cidade adota uma política agressiva que visava à expansão territorial para garantir a subsistência e defesa da sociedade espartana.
Licurgo [estadista e fundador de Esparta em 65 a.C.] teria escrito a constituição espartana, mas sua existência é uma dúvida. O regime político era conservador. A cidade-estado tinha dois reis. Com deveres militares e sacerdotais.
É importante lembrar que o aspecto geográfico da Grécia isolava as cidades em altitudes de acesso penoso. As cidades se formavam invariavelmente ao redor da acrópole e a dificuldade de acesso às cidades fazia com que as conquistas de territórios se transformassem em grandes batalhas e conferiam novo patamar ao dominador.
Esparta fica em uma região montanhosa, o que facilitava a proteção da população e dificultava o acesso aos inimigos. Desta época remonta o surgimento e registro de estratégias militares apuradas para a tomada de poder.
Toda a preparação rigorosa tornava o soldado de Esparta uma verdadeira máquina de guerra. Os homens eram convocados por grupos de idade e divididos em agrupamentos de infantaria e cavalaria (esta última, menos importante).
A divisão dos homens por unidades dava-se segundo um princípio que desconhecemos, mas, ao que tudo indica, procurava-se distribuir por igual os grupos de idade no interior de cada batalhão, companhia e pelotão – ao contrário da maioria dos Estados gregos, que organizavam seus exércitos por tribos, a partir do parentesco ou de uma região geográfica ou administrativa (caso das tribos atenienses).
Em Esparta, a sociedade era estratificada, ou seja, dividida em camadas sociais onde havia pouca mobilidade e que favorecia poucos em detrimento da maioria.
Havia os esparciatas ou homoiói (cidadãos de Esparta; filhos de mães e pais espartanos, que recebiam a educação espartana). Esta camada social era composta por políticos, integrantes do exército e ricos proprietários de terras. Só os esparciatas tinham direitos políticos.
Periecos: eram pequenos comerciantes e artesãos. Moravam na periferia da cidade e não possuíam direitos políticos. Não recebiam educação, porém tinham que combater no exército, quando convocados. Eram obrigados a pagar impostos.
Hilotas: levavam uma vida miserável, pois eram obrigados a trabalhar quase de graça nas terras dos esparciatas. Não tinham direitos políticos e eram alvos de humilhações e massacres. Chegaram a organizar várias revoltas sociais em Esparta, combatidas com extrema violência pelo exército.
A educação de homens e mulheres
A educação dos futuros soldados começava aos sete anos de idade, quando os meninos passavam a ficar sob a responsabilidade do paidonomos - um adulto experiente escolhido pela comunidade com autoridade para eleger um grupo de jovens para punir os “meninos-soldados” quando fosse necessário e ordenado por ele.
Aos sete anos, o menino esparciata era enviado pelos pais ao exército e começava a vida de preparação militar com muitos exercícios físicos e treinamento. Com formação prática, voltada também à subsistência.
Para aumentar a resistência e capacidade de adaptação às adversidades da guerra, os meninos eram obrigados a andar descalços, usavam a mesma peça de roupa durante todo o ano para que tolerassem melhor calor e frio e eram submetidos a um regime alimentar que os obrigava a roubar (os que eram apanhados recebiam castigo, não por terem roubado, mas terem sido ineficientes).
Caso o paidonomos estivesse ausente, qualquer adulto podia instruir os meninos, assim como puni-los por má conduta. Não havendo qualquer adulto presente, os melhores rapazes dentre os da faixa de idade mais avançada, entre os 16 e 20 anos (os irenai) eram responsáveis. Deste modo, os meninos em Esparta nunca ficavam sem alguém a controlá-los.
Durante os últimos anos de treinamento, fazia-se com que eles tivessem o maior tempo livre possível, além de submetê-los a uma disciplina das mais rígidas. Nesta fase da vida e treinamento, eles deviam manter as suas mãos no interior dos mantos quando em público, andar em silêncio, e não olhar em volta, mas manter seus olhos a fitar o chão. Segundo o historiador ateniense Xenofonte, que lutou e viveu ao lado dos espartanos boa parte da sua vida, era mais fácil fazer uma estátua de pedra falar, do que conseguir conversar com um deles.
Dos 20 anos, quando findava o treinamento propriamente dito, até os 60, eles se mantinham em atividade militar contínua – sendo que os melhores, depois dos 60, ainda podiam ser requisitados para preparar os mais jovens.
Entre 20 e 30 anos, embora os espartanos pudessem se casar, deviam morar ainda com seus companheiros, sendo obrigados a visitar furtivamente as esposas.
Dentro de uma sociedade toda voltada para a preparação militar – técnica, física e moralmente –, não havia lugar para a covardia. Os tresantes, aqueles que haviam tremido durante os exercícios ou em alguma batalha, eram praticamente excluídos do corpo de cidadãos: não participavam das refeições comuns nem das competições esportivas: eram relegados a funções menores durante as cerimônias religiosas; deviam dar passagem aos cidadãos na rua e levantar-se quando sentados, mesmo para os mais jovens que eles (o que era grave numa sociedade hierarquizada em grupos de idade).
Os jovens poderiam atacar a qualquer momento os servos (hilotas), a fim de lutar e se preparar para a guerra, mas, se fossem mortos por ele, o servo receberia dois dias de folga (por conseguir matar alguém que não era bom o bastante para o exército espartano).
Existia uma temporada de caça aos hilotas, para treinarem os jovens para a guerra.
O homem que conseguisse viver até os trinta anos tornava-se um oficial, voltando ao quartel com todos os direitos de cidadão espartano, além de direito ao voto, direito a ter relações sexuais com mulheres e o direito a casar. Os homens engravidavam suas mulheres, casavam-se com elas e voltavam ao quartel depois de deixá-las grávidas em suas casas. Aos sessenta anos, poderiam ir para a casa de suas esposas para viver com elas.
As mulheres recebiam educação quase igual à dos homens, participando dos torneios e atividades esportivas. Consistia na prática do exercício físico ao ar livre, com a música e a dança relegadas para um segundo plano (ao contrário do que tinha sucedido na época Arcaica).
Assim como os homens, também iam aos quartéis quando completavam sete anos de idade para serem educadas e treinadas para a guerra.No entanto, as meninas dormiam em casa, onde recebiam da mãe aulas de educação sexual. Assim que atingiam a chamada menarca (primeira menstruação), começavam a receber aulas práticas de sexo, para gerarem bons cidadãos para o estado. Nestas aulas mantinham relações sexuais com servos hilotas, com a prática do coito interrompido para não engravidarem de um elemento de classe inferior e não considerado espartano.
No tocante ao ensino cultural, elas recebiam uma educação mais avançada que a dos homens já que seriam elas que trabalhariam e cuidariam da casa enquanto seus maridos estivessem servindo ao exército.
Assim que chegavam à maturidade (entre dezenove e vinte anos) elas pediam a autorização ao estado para casarem, passando por um teste para comprovar sua fertilidade (engravidavam de um escravo que era só para a reprodução, sendo muito bem tratado e alimentado e morto aos 30 anos, pois era considerado velho. O filho que ela tinha com esse escravo era morto e a mulher conseguia sua autorização para casar). As que não conseguiam engravidar eram mandadas aos quartéis para, assim como os homens, servir ao exército espartano.
A mulher espartana podia ter qualquer homem que quisesse, mesmo sendo casada, já que seus maridos ficavam até os 60 anos de idade servindo ao exército nos quartéis, e podia também requisitar o seu marido ao general do quartel, mas o mesmo não poderia ser feito pelos homens.
Muitos filhos era o mais claro sinal de vitalidade e força em Esparta. Quanto mais filhos a mulher tivesse, mais atraente seria, podendo engravidar de qualquer esparciata, mas o filho desta seria considerado filho do seu marido.
Segundo a filosofia de Aristóteles, as mulheres eram consideradas menos racionais que os homens, por isso a vida da mulher tinha finalidades domésticas, de procriação e era segregada.
Uma citação de Xenofonte, historiador de Atenas (430 a.C-355 a.C.) mostra a importância do exercício físico para tornar a mulher saudável para a procriação:
“Licurgo, pelo contrário, pensou que para prover-se de roupas bastam as escravas, e que para as mulheres livres a mais importante missão, em sua opinião, é a procriação dos filhos; ordenou, pois, em primeiro lugar que o sexo feminino exercitasse não menos o seu corpo que o masculino.” (XENOFONTE, A República dos Lacedemônios I. 3- 4)5.
A educação e os valores
O princípio da educação espartana era a formação de uma sociedade militarizada, com soldados para abastecer o exército da polis. O sistema de educação era chamado de Agoge. Dotada de uma série de leis, era por meio delas e seu cumprimento, que era alcançado o desenvolvimento espartano.
As meninas esparciatas faziam treinamentos físicos na busca de um corpo forte, saudável e apto para procriação e aumento eficiente da população.
Um dos valores mais marcantes da sociedade espartana era a austeridade. O objetivo de uma vida livre de excessos era promover o espírito público e a eficácia militar. Para este povo, a necessidade de estar sempre alerta devia-se ao fato de manter aprisionada uma população de hilotas, potencialmente rebelde.
A cultura de preparação militar era tão exagerada que os espartanos acreditavam que os mais preparados e treinados para a guerra se desenvolviam a ponto de se tornarem mais altos.
A atividade física sempre fez parte da história do homem, desde a antiguidade, com registros de materiais das pinturas rupestres. Na Grécia Antiga, a atividade física esteve presente em modalidades como o atletismo, nos diversos jogos olímpicos como salto, corrida, arremesso de disco, lançamento de dardo, na luta, o pentatlo, o pugilismo, o pancrácio, e modalidades equestres. (ANDRONICS e col. , 2004).
O atletismo esteve muito presente antiguidade, em Creta e Miscenas, e guarda relação com o período geométrico, com a religião e educação dos jovens e jogos pan-helênicos. (ANDRONICS e col., 2004).
Pelos resquícios históricos encontramos o significado no passado de algumas modalidades de atividade física na Grécia (ANDRONICS e col., 2004).
Os esportes na Creta minóica tinham o papel de divertir os espectadores em festivais públicos e posteriormente no segundo milênio antes de Cristo surgiram exibições atléticas. A princípio os jogos tinham o objetivo de aprimorar as técnicas e eram também relacionados diretamente a festivais e cerimônias religiosas. (ANDRONICS e col., 2004).
Em Creta havia competições de corrida, salto acrobático, salto sobre o touro, o pugilismo e a luta. O salto acrobático sobre o touro possuía relação direta com a religião: o touro era usado como uma forma de reivindicar coisas. (ANDRONICS e col., 2004).
No século XI a.C. aconteceram deslocamentos das raças helênicas, com a invasão Dórica, ambas tendo influenciado diretamente no atletismo e o exercício atlético. O atletismo penetrou-se em todas as esferas publicas e o amor pelo exercício era grande. Os praticantes faziam grandes esforços físicos, com a competição entre líderes e heróis para deleite do público que os assistia e vibrava de acordo com o desempenho.
Os exercícios atléticos estão presentes nas obras épicas de Homero, Ilíada e Odisséia assim como os jogos tinham por objetivo distrair Odisseu de sua tristeza. Os jogos eram ligados às cerimônias religiosas e faziam partes dos cultos – aqui, sempre associados às festas religiosas agrárias ligadas a fertilidade da terra e cultos fúnebres. (ANDRONICS e col., 2004).
Corridas
Corrida simples ou “stádion”. É a corrida de velocidade propriamente dita, devendo o atleta percorrer uma única vez a pista do estádio, que media 192metros;
Corrida dupla ou “díaulos”. O atleta percorria duas vezes a pista do estádio;
Corrida de fundo ou “dólikhos”. Nessa corrida, o percurso variava de 7 a 24 estádios, podendo somar, portanto, mais de 4 quilômetros.
Vaso com cena de carrera. Metropolitan Museum of New York
Corrida com armas ou “hoplitodromía”. Tendo como percurso dois ou quatro estádios, essa prova era disputada por corredores armados com a hopla, isto é, o armamento do hoplita (soldado de infantaria pesada), que se equipava de escudo, capacete e perneiras. Segundo a tradição, essa modalidade de corrida teria sido inspirada no anúncio de uma grande vitória proclamado por um hoplita;
Corrida com tocha ou “lampadedromía”. Embora não estivesse incluída entre as provas dos quatro grandes jogos atléticos da Grécia, essa competição, muito famosa em diversas festas religiosas, sobretudo nas festas atenienses em honra da deusa Atena, era uma prova de corrida com revezamento, disputada por cinco grupos de 40 cidadãos cada um. Em Atenas os corredores percorriam um caminho de 1000 metros, da muralha da acrópole ao altar de Prometeu na periferia da cidade. Postados a uma distância de 25 metros um do outro, o desafio era correr com uma tocha acesa e passá-la ao companheiro de revezamento sem que ela se apagasse. A vitória pertencia ao grupo cujo último corredor chegasse primeiro ao altar com a tocha acesa.
Saltos
O salto, assim como a corrida, era uma das modalidades esportivas mais simples e surgiu espontânea e naturalmente a partir da necessidade de o homem transpor obstáculos naturais, tal qual uma vala, por exemplo. Como uma competição independente, foi encontrada na Odisséia, de Homero, nos jogos organizados pelas feaces.
O salto (em distância) não constituía uma modalidade atlética isolada, nos grandes jogos pan-helênicos fazia parte do pentatlo.
O saltador ganhava impulso por meio da corrida e do balanceio dos halteres para o salto. Quando chegava à linha de salto, o atleta oscilava vigorosamente os halteres para cima e para baixo e projetava seu corpo para frente. No ponto mais alto do salto, ele ficava dobrado, com os pés e mãos quase paralelos. Assim que o corpo começava a cair, o saltador lançava com força as mãos para trás e utilizava os halteres como contra-apoio para impedir seu corpo adiante. (K. Iliakis)
Arremesso de disco
O arremesso de disco era uma das competições que não tinham ligação direta com os exercícios militares ou com os trabalhos agrícolas e parece não ter originado de nenhum desses. Ele tinha uma longa tradição no mundo helênico. O testemunho mais antigo de que dispomos sobre o arremesso de disco encontra-se na Ilíada de Homero, na qual é mencionado como um dos jogos organizados por Aquiles em honra de seu amigo morto em combate, o herói Pátroclo.
Essa modalidade esportiva exigia ritmo, precisão e força. Era especialmente apreciada nos jogos locais e nos grandes jogos pan-helênicos. No período clássico, constituía uma das provas do pentatlo (Munique, Antikensammlugen).
Lançamento de dardo
O lançamento de dardo era uma das modalidades atléticas diretamente ligadas à vida cotidiana e provinha, indubitavelmente, de sua utilização na guerra e na raça.
O lançamento do dardo ocorria a partir de um ponto fixo que, muito provavelmente, era a linha de partida do estádio, como parecem indicar algumas representações de vasos. Depois, surgiram outras regras/critérios que deveriam ser obedecidas para que o atleta concluísse o lançamento com sucesso. O lançamento em distância (em oposição ao lançamento de dardo em um alvo) também constituía uma das provas do pentatlo.
Pentatlo
O pentatlo na Grécia antiga era diferente do pentatlo moderno, sendo composto pelo lançamento do disco, lançamento do dardo, salto em comprimento, a corrida e a luta.
O disco lançado pelos atletas pesava cerca de 2,5 quilos e poderia ser feito de pedra, ferro ou bronze. O vencedor era aquele que conseguia lançá-lo o mais longe possível e o vencedor era também considerado um herói. Quanto ao dardo possuía a altura de um homem e era feito em madeira. No salto em comprimento recorria-se a dois halteres que impulsionavam o atleta na subida e que eram depois atirados quando ele descia.
Caso um atleta tivesse vencido as três primeiras provas do pentatlo, não se realizavam as duas últimas. Essas competições eram feitas em homenagem aos deuses.
Pugilismo
O pugilismo tem origens mitológicas e é uma das modalidades mais antigas. Foi encontrada como uma competição específica pela primeira vez nos poemas homéricos: nos jogos fúnebres e também nas competições que foram realizadas na ilha dos feaces.
Vaso com cena de luta. Metropolitan Museum of New York
No pugilismo da época não se sabia qual era o formato da área na qual a competição era realizada. Ela certamente deve ter sido um espaço delimitado, mas não como o ringue atual. Além disso, não havia um tempo limitado para a duração da competição: os adversários lutavam até que um deles fosse nocauteado ou admitisse sua derrota, erguendo dois dedos de uma das mãos para sinalizar a desistência.
Lutas
A luta tinha grandiosa utilidade nas guerras, e algumas definições sobre quem a inventou são descritas por diversos autores de diferentes formas. A luta exigia uma combinação de habilidade, agilidade e força. Constituía uma das provas do pentatlo, mas era também uma modalidade esportiva independente nos jogos pan-helênicos. Havia duas modalidades de luta: a luta erguida, na qual os atletas tinham de permanecer de pé o tempo todo, e a luta “rolante” ou “de chão”. Na primeira bastava que o lutador lançasse seu adversário ao chão, na segunda, a queda não era suficiente: a competição continuava até que um dos lutadores fosse forçado a aceitar a derrota e desistir da luta.
Para conquistar a vitória na luta erguida, o atleta tinha de lançar seu adversário ao chão por três vezes. Para as competições no estádio, eram selecionados no mínimo cinco e no máximo oito pares de lutadores. Cada competidor retirava, por meio de um sorteio, uma senha que se encontrava no interior de um elmo, sobre o qual estava marcada a letra que indicava o seu adversário.
Corridas de carros
A corrida de carros era o mais importante concurso equestre e também o mais aristocrático: só os muito abastados é que tinham recursos para custear a manutenção de carros e a criação dos cavalos. Diferia pela quantidade de cavalos atrelados: dois ou quatro (bigas e quadrigas). Além de bons equipamentos, o atleta precisava ter destreza para conduzir carros em terrenos irregulares, sobretudo para realizar a conversão nas curvas sem sofrer acidentes. Com o tempo melhoraram-se os terrenos, aplainando-os, o que tornou mais rápidas as provas e, conseqüentemente, mais técnicas.
As competições de corrida de carros, que ocorriam nos jogos de Olímpia, foram introduzidas cronologicamente na seguinte ordem: corrida de carros puxados por quatro cavalos, em 680 a.C.; corrida de carros puxados por duas mulas, a partir de 500 a.C.; corrida de carros puxados por dois cavalos, a partir de 408 a.C.
Corrida de cavalos
As corridas de cavalos faziam parte das competições hípicas realizadas em Olímpia, eram: corrida de cavalos adultos montados por cavaleiros, que contemplavam seis voltas na pista do hipódro, a partir de 648 a.C.; a corrida de éguas, a partir de 496 a.C.; e a corrida de potros, a partir de 256 a.C.
Não há muitas informações sobre essas corridas, portanto não se sabe ao certo se nas competições hípicas o cavaleiro montava em pelo, diretamente sobre o dorso do cavalo, ou se utilizava uma espécie de sela. Xenofonte, em sua obra (Sobre a Arte de Cavalgar), aponta instruções sobre o modo como o cavaleiro devia se sentar em pelo ou sobre a sela. Uma das possibilidades é de que a sela tivesse sido utilizada apenas pelos guerreiros e que, nas corridas a cavalo, os cavaleiros montassem em pelo. Os helenos eram apaixonados por cavalos e tinham grande conhecimento sobre como tratar deles e fazê-los procriar.
Corrida de tocha
A corrida de tochas poderia ser considerada um ritual religioso e uma corrida em equipes. Os portadores da tocha tinham de transportar o fogo sagrado de um local para o outro. O local de chegada era o altar do deus em honra do qual a corrida era celebrada. A principal característica da corrida de tochas era a rápida passagem da tocha de um corredor para outro. O portador da tocha segurava-o levantada ao se aproximar do próximo corredor, que estendia sua mão em direção à tocha para não lhe deter o ímpeto (Paris, Museu do Louvre). A viagem que a tocha dos Jogos Olímpicos modernos de hoje guarda relação com essa modalidade.
Arco e flecha
Arco e flecha também foi uma competição incluída entre os jogos fúnebres celebrados em honra de Pátroclo, nos quais os melhores arqueiros aqueus competiram para atingir um alvo móvel, uma pomba, como na caça. Entretanto, essa modalidade esportiva não foi preservada nos tempos históricos e desapareceu juntamente com outras tradições aristocráticas da sociedade dos heróis homéricos. O arco, como arma de guerra, desfrutava de pouca consideração entre os helenos.
Arqueiro. Metropolitan Museum of New York
Somente a partir do século IV a.C., o arco passou a receber a importância, assim como todas as armas ofensivas de longo alcance. Dessa forma, a arte de atirar setas passou a fazer parte do programa de formação dos efebos.
Levantamento de peso
O levantamento de peso não estava no programa oficial dos jogos olímpicos. Ele era empregado principalmente como método de treinamento para os atletas das modalidades esportivas pesadas. No entanto, descobriu-se em Olímpia.
Há uma inscrição em uma pedra de 143,5 quilos que remonta à oferta votiva do atleta Bíbon (que se vangloriava, de acordo com a inscrição contida na pedra, de tê-la levantado sobre sua cabeça com apenas uma das mãos). Esta pedra está no Museu Arqueológico de Olímpia.
Natação
A natação era um elemento básico da vida cotidiana da Hélade antiga. Os helenos consideravam a natação, sobretudo como uma atividade física dotada de utilidade prática, tanto nos tempos de paz quanto nos períodos de guerra, e não somente para as tripulações dos navios comerciais ou das naus militares. Era utilizada como exercício físico e de recreação e influenciou na criação de algumas profissões, como a de mergulhador.
Considerações finais
A partir da pesquisa, concluímos que desde o inicio da civilização na Grécia Antiga, especialmente em Esparta, os povos, especialmente soldados tinham uma formação rígida e determinada, apresentavam preocupação em representar e garantir certos preceitos em sua cidade-estado. E a depreendemos que essa forma de representação era o treinamento físico -- que permaneceu por um bom tempo como primeiro plano na vida cotidiana--, que buscava a perfeição nas lutas e combates enfrentados para atingir objetivos.
A Educação rígida e disciplinada transcorria uma imagem de sociedade forte, vista nas batalhas como vital para vencer em uma era violenta de expansão de território. O resultado do treino e objetivo espartanos foi uma sociedade ativa (fisicamente) e moralista. Relacionando a educação das mulheres com os homens, nas práticas esportivas, elas recebiam os mesmos treinamentos, porém de maneiras diferentes e objetivos distintos. Verificamos então uma evolução não vista em povos anteriores, onde as pessoas já sentiam necessidade, de alguma forma, de melhorar o bem-estar por meio de praticas de atividade física, mesmo sem conhecer todos os benefícios previamente.
As atividades físicas realizadas na Grécia antiga representavam e continham uma simbologia voltada para a religião, onde o público admirava e encontravam diversão.
As modalidades esportivas eram muito praticadas na Grécia Antiga, e, talvez por isso os Jogos Olímpicos fossem uma forma de atividade cultural popular e famosa entre os gregos. As modalidades eram praticadas com o intuito de honrar um deus, o que para os gregos era muito importante. Tais competições não tinham a participação feminina, nem com esportistas e nem como espectadoras.
Algumas modalidades assemelham-se às modalidades atuais, enquanto outras foram modificadas com o tempo. Questões sociais, tecnológicas, políticas e econômicas contribuíram para essa mudança.
Na comparação feita entre as duas épocas, é possível afirmar que houve uma grande evolução e modificação das atividades físicas e todo o seu processo de sistematização que criou regras inteligentes e que fazem o homem evoluir do ponto de vista corpóreo e mental.
Referencial Teórico
ANDRONICOS.,M; KAKRIDIS, J., T.; STATHAKOPOLOU., TH.; KYRKOS., B; PENTAZOU.; PALEOLOGOS., K.; SAKELLARAKIS., J. & YALOURIS. Os Jogos Olímpicos na Grécia Antiga: Olímpia antiga e os jogos olímpicos. Ed. Odysseus. São Paulo, 2004.
BOWDER, D. Quem foi quem na Grécia Antiga. São Paulo, Art Editora, 1982.
COUTO, Sérgio P. Os heróis de Esparta. São Paulo, Editora Universo dos Livros, 2007.
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TAVARES SILVEIRA SILVA, C. Entre os gregos e eles mesmos: um ensaio sobre identidade e alteridade em A República dos Lacedemônios de Xenofonte. São Paulo, 2011. Anais do XXVI Simpósio Nacional de História. Disponível em: http://www.snh2011.anpuh.org/resources/anais/14/1300889626_ARQUIVO_TextoCompletoCleytonSilva.pdf . Data de acesso: 30/04/2012.
XENOFONTE. A República dos Lacedemônios, VOLUME 1. Belo Horizonte: Editora das Américas, 1953.
Sites acessados em 1º/5/2012
http://www.brasilescola.com/historiag/esparta-atenas.htm
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http://www.mundoeducacao.com.br/historiageral/esparta-atenas.htm
http://www.suapesquisa.com/pesquisa/esparta.htm
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EFDeportes.com, Revista Digital · Año 17 · N° 169 | Buenos Aires,
Junio de 2012 |