Incidência de algias e fadiga relacionada à atividade laboral em uma empresa de grande porte La incidencia del dolor y la fatiga relacionada con la actividad laboral en una gran empresa |
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*Graduado em Fisioterapia pela Universidade Federal da Paraíba Professor Doutor da Universidade Federal de Sergipe **Graduanda/o em Fisioterapia pela Universidade Tiradentes ***Doutorando em Ciências da Saúde Universidade Federal de Sergipe (Brasil) |
Walderi Monteiro da Silva Júnior* Oscar Chagas Ramos** Pâmilla Swend de Jesus França** Paulo Márcio Pareira Oliveira*** |
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Resumo Trabalhar é fundamental, porém realizar de forma inadequada pode ser nocivo à saúde. O objetivo deste estudo foi analisar e localizar dor e fadiga ocasionada pela atividade laboral em uma empresa de grande porte. A casuística conteve 40 funcionários, 10 para cada setor pesquisado, que foram: cozinha, secretaria, transporte e serviços gerais, sendo 10 do gênero feminino e 26 do masculino, com idades entre 23 e 52 anos (média: 33,7 anos; ±7,23), na cidade de Aracaju- SE, no mês de Abril 2011. O estudo foi realizado aplicando-se 2 questionários, o Bi-polar para avaliação da fadiga e o diagrama de Corlett para avaliação da dor. Dentre as quatro profissões em questão a de secretário apresentou maiores acometimentos em freqüência de dor e fadiga alcançando índices de 90% em dores cervicais e de ombro, enquanto os motoristas, cozinheiros e auxiliares de serviços gerais tiveram os maiores índices respectivamente em perna (85,7%), coluna dorsal (70%) e cervical (77,8%) relaciona-se isto à repetidos movimentos e má postura. Devido a sobrecargas e ações repetitivas impostas durante a atividade laboral podemos traçar uma tendência ao aparecimento da dor e fadiga de forma específica para cada profissão na empresa estudada. Unitermos: Dor. Fadiga. Trabalho.
Abstract Work is fundamental, however accomplish wrongly can be unwholesome. The objective of this study was analyze and locate pain and fatigue caused by labor activity in a company of great load. The casuistry had 40 employees, 10 for each sector, were: kitchen, office, transport, cleaning, being 10 female and 26 male, ages between 23 – 52 (average: 33,77 years, ±7,23), in Aracaju- SE, on April 2011. The study was accomplished applying 2 questionnaires, Bi-polar to evaluate fatigue and the Corlett diagram to evaluate pain. Among the four professions, office workers presented highest involvement on pain and fatigue frequency reaching rates up to 90% on cervical and shoulder pain, while drivers, cookers, and cleaners had rates up to, respectively, leg (85,7%), backbone (70%) and cervical (77,8%), relates to this repetitive movements and poor posture. Due to overload and repetitive actions required for each type of labor activity can trace a tendency to the onset of pain and fatigue on specific way on the studied company. Keywords: Pain. Fatigue. Work.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 17 - Nº 169 - Junio de 2012. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
O trabalho é fundamental na vida do ser humano, é a sua fonte de sustento, o que lhe faz sentir-se útil, produtivo e valorizado, permitindo a manutenção da sua auto-estima, possibilitando sua auto-realização, porém se realizado de forma inadequada pode ser nocivo, causando doenças, inatividade e/ou até mesmo a morte do indivíduo (MACIEL, 2006). Todo trabalho deve oferecer condições de ser realizado, ou seja, o trabalhador não pode exercer rotinas que prejudiquem suas condições de vida social e profissional, seja ela por excesso de peso, atividade de risco, ou insalubre (MARTINS, 2008).
YENG, 2007, relata que os distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (DORT) correspondem as afecções relacionadas à atividade laborativa, que podem acometer músculos, fáscias, tendões, ligamentos, articulações, nervos, vasos sanguíneos e tegumento e associa isso a fatores como: intensificação da jornada de trabalho, posturas inadequadas, constância de movimentos repetitivos, ausência de pausas e a exigência pelo aumento da produtividade.
Segundo BUENO et al, existem os grupos de riscos para desenvolver as DORT’s, havendo trabalhadores mais sujeitos a estas doenças, como os de escritórios, setor de cozinha e limpeza, entre outros que em suas funções exijam movimentos repetitivos de membros inferiores e ou superiores aliados à má postura, força exagerada, fatores psicológicos, dentre outros que possam englobar o ambiente laboral.
A forma de trabalho inadequado pode ocasionar fadiga, que é entendida como um conjunto de alterações que ocorre no organismo, resultantes de atividades físicas ou mentais e que levam a uma sensação generalizada de cansaço, promovendo perda de eficiência e diminuição da capacidade de trabalho (FIAMONCINI e FIAMONCINI, 2003 apud NAHAS, 2001). Para MARTINS, 2008 (apud GRANDJEAN, 1998) a multiplicidade da forma de expressão sobre fadiga muscular, limita a formação de um conceito concreto, porém, o compreende como a diminuição da capacidade de trabalho e uma perda de motivação para qualquer atividade.
MARTINS, 2008 (apud GRANDJEAN, 1998) classifica fadiga em duas grandes formas, generalizada e muscular, porém cita ainda outras formas como: a fadiga gerada pela exigência do aparelho visual, pela exigência física de todo o organismo, trabalho mental, exigência exclusiva das funções psicomotoras, monotonia do trabalho ou do ambiente, a fadiga crônica, circadiana ou nictemérica que é gerada pelo ritmo biológico do ciclo de dia e noite, responsável pelo sono.
Com a justificativa de incentivar a fisioterapia preventiva em empresas este artigo tem como objetivo analisar e localizar a dor e a fadiga ocasionada pela atividade laboral em quatro profissões de uma empresa de grande porte.
Metodologia
A casuística constou de 40 funcionários, sendo 10 para cada setor pesquisado de uma empresa de grande porte do setor de comércio que foram: cozinha, secretaria, transporte e serviços gerais, sendo 10 do gênero feminino e 26 do masculino, com idades entre 23 e 52 anos (média ponderada de 33,77 anos, ±7,23), na cidade de Aracaju- SE, em todas as quintas-feiras do mês de Abril do ano de 2011.
Os critérios de inclusão foram funcionários da empresa que não possuam nenhum dos itens do critério de exclusão, os quais foram: praticantes de atividades físicas; recém empregados na função (tempo inferior a 2 meses); funcionário que tenham gozado de férias no mês anterior; que possuam dupla jornada de trabalho (2 empregos); jornadas de trabalho maiores ou menores que 8 horas diárias; doenças preexistentes sem correlação laboral.
Para cada indivíduo foram aplicados os questionários em um único dia de forma individual pelo mesmo avaliador, em uma área calma próxima ao seu local de trabalho para que não houvesse interferência nas respostas entre entrevistados e/ou ambiente.
Como critérios éticos os indivíduos eram esclarecidos sobre a pesquisa, os questionários, privacidade e sigilo. Concordantes com a sua participação assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido.
A fadiga foi avaliada utilizando-se do questionário Bi-polar, proposto inicialmente pelo prof. Nigel Corlett de Nottingham, Inglaterra, que consta de 14 variáveis em sete (1-7) níveis de graduação subjetiva e três fases de aplicação, a 1ª entregue ao funcionário na chegada ao seu trabalho, a 2ª no seu intervalo de almoço e a 3ª era entregue juntamente com a 2ª e o funcionário instruído a preenchê-la 15 minutos antes do termino do seu horário de trabalho. A interpretação dos resultados foi realizada de forma quantitativa, que corresponde à diferença numérica entre o início e o final da jornada de trabalho em relação ao item questionado adotando-se: 1-3 ausência de fadiga; 4 e 5 fadiga moderada; 6 e 7 fadiga intensa (DEFANI apud COUTO 1996).
Após a 1ª fase do questionário Bi-polar, os indivíduos foram instruídos a responder o diagrama de Corlett proposto para avaliação física (localização, intensidade e freqüência de algias) em regiões referidas por uma figura do corpo humano dividido em diversos segmentos, FLORENTINO, 2007 (apud IIDA, 1998).
Os dados obtidos através dos questionários foram expressos sob formas de quadro e gráficos através da analise estatística descritiva, da média e desvio padrão, adotando-se parâmetros de distribuição da freqüência e porcentagem, utilizando-se do programa Excel versão 2007.
Resultados
Dentre os 40 funcionários que participaram da pesquisa, 4 encaixaram-se nos critérios de exclusão, sendo assim, 1 motorista por ter gozado de férias no mês de Março de 2011, 2 motoristas por doenças pré-existentes e 1 auxiliar de serviços gerais por ser praticante de atividade física, resultando a casuística de 36 indivíduos.
Dos resultados obtidos com o questionário Bi-polar, observou-se a fadiga, onde, os secretários são os mais acometidos de forma intensa (70%), seguidos pelos cozinheiros (40%), serviços gerais (33,3%) e motoristas (14,2%). A fadiga de forma moderada acomete, em ordem decrescente: cozinheiros (60%); serviços gerais (44,5%); motoristas (42,9%) e secretários (30%). A ausência de fadiga, ou seja, funcionários que não sentiram fadiga durante sua jornada de trabalho, não foi observada em secretários e cozinheiros (0%); serviços gerais (22,2%), e os motoristas com o melhor índice (42,9%). Estes resultados estão expressos pelo gráfico 1.
Gráfico 1. Gráfico de fadiga em cada profissão expresso em porcentagem segundo o questionário Bi-polar. Fonte: Dados da pesquisa
O quadro 1 contém o local de dor apontado pelos funcionários no Diagrama de Corlett, os quais podem marcar no questionário todas as regiões onde sentem dor, assim permite-se que os funcionários não escolham o principal segmento acometido. Desta forma os resultados estão expressos em porcentagens considerando que cada segmento possui o máximo de cada amostra por profissão, ou seja, 100%.
Com a análise dos dados notou-se que 90% dos secretários sentem dor no pescoço e nos ombros, seguidos de 70% no antebraço, 60% pulso/mão e na lombar e nenhum deles relataram qualquer desconforto na coxa. Já para os motoristas a maior incidência de dor foi na perna com 85,7% e na lombar 71,4% e obteve índices de 57,1% no pescoço e no tornozelo/pé.
Para os cozinheiros, os locais de dores mais comuns foram: dorsal com 70%, pescoço 60%, pulso/mão e lombar 50%. Os funcionários de serviços gerais relataram como locais de dores o pescoço 77,8%, a lombar 66,7% e 55,6% no pulso/mão e ombros.
Quadro 1. Porcentagem de indivíduos com dor em cada segmento corporal por profissão.
Fonte: Dados da pesquisa
A profissão de cozinheiro apresenta dor de forma ocasional em 26%, 27,5% em secretários, 29,6% em serviços gerais e motoristas. Os dados estão expressos no gráfico 2.
Gráfico 2. Gráfico da freqüência de dor em cada profissão expressos em porcentagem.
Fonte: Dados da pesquisa
Dentre os indivíduos que referiram dor em alguma região os motoristas relatam o maior índice de desconforto (28,6%), seguidos de secretários (26,7%), cozinheiros (22,5%) e serviços gerais (22,2%). Os secretários referem sentir mais “dor” do que demais profissões com 17,5%, serviços gerais 13%, cozinheiros 10,8% e motoristas 3,6%. A dor forte acomete principalmente os funcionários de serviços gerais com 2,8%, motoristas e cozinheiros (1,7%) e não são referidas pelos secretários. Estes dados estão representados no gráfico 3.
Gráfico 3. Gráfico da intensidade da dor referida em cada profissão expressos em porcentagem.
Fonte: Dados da pesquisa
Discussão
Em relação à fadiga, a função de secretário apresenta o maior índice ao final do dia comparada às demais atividades laborativas, semelhante à pesquisa de BETINI, 2007, a qual relata que 45% dos funcionários referem fadiga muscular ao final da jornada de trabalho, justificando este resultado ao fato de longas permanências na posição sentada, com trabalho estático e de muitas vezes sem orientação ergonômica.
Na casuística estudada em relação aos motoristas, o fato de haver pouco rodízio entre veículos (permitindo melhor adequação do funcionário à condição de trabalho) e conforto oferecido pelos veículos (ar-condicionado) é a razão termos encontrado o melhor índice de ausência de fadiga entre os setores pesquisados. DURKIN et al., 2006, em seu estudo com motoristas encontra baixos índices de fadiga lombar, atribuindo esse resultado à melhoria dos bancos e seus dispositivos para diminuir o estresse nessa região, além de que os motoristas buscam sempre a posição que lhe deixem mais confortáveis.
O presente estudo teve como maior índice para os cozinheiros a fadiga moderada, seguida de fadiga intensa, indo de encontro com o estudo realizado por BARRETO e BRANCO, 2006 onde foi observado que funcionários de um restaurante da Universidade Federal de Brasília tiveram apenas 27% da sua amostra com fadiga moderada e 3,3% com fadiga intensa, provavelmente isso ocorreu porque os autores fizeram uma adaptação no questionário Bi-polar dividindo os resultados em ausência de fadiga, fadiga leve, moderada e intensa, tendo o maior índice de 66,7% em fadiga leve.
Em relação à dor, os locais mais acometidos nos secretários são as regiões cervicais e membros superiores, pois são as regiões mais sobrecarregadas durante o desempenho das tarefas laborais. BERNAARDS, 2006, relata que mais de 50% dos secretários referem dor nas mesmas regiões e que isso dentre outros fatores é devido ao sedentarismo, ocasionando imensos prejuízos inclusive o financeiro, devido ao alto índice de afastamento e custo de tratamento. Em estudo semelhante DE LOOSE et al., 2008 encontrou 70% desses funcionários com dores no pescoço colocando como fatores de risco a insatisfação com o trabalho, fadiga mental e corporal, posturas estáticas, inclinação anterior e/ou rotações por longos períodos. Quanto ao principal local de dor nesta função, o presente estudo corrobora com BETINI, 2007, diferindo-se na 3ª região mais freqüente as quais foram coluna torácica e lombar.
Acreditamos que pela necessidade de inúmeras repetições dos movimentos de dorsoflexão e flexão plantar exigidas pela profissão encontramos a perna e o tornozelo/pé como um dos principais locais de dor em motoristas. Outro fator é a sobrecarga a qual a coluna vertebral é imposta pela gravidade (trancos, vibrações e outros fatores externos) e ainda as freqüentes rotações de tronco e cabeça que levam a dores na coluna, sendo assim, fica justificado também o alto índice de dor na lombar. SILVA et al., 2005 diz que os motoristas quando estão executando a sua função permanecem com uma inclinação de cabeça de 30º com relação à vertical e que isso é proveniente dos movimentos executados durante o ato de dirigir e em alguns momentos como quando passam a marcha ou viram a cabeça para esquerda ou para direita, manuseiam algum controle do painel, essa inclinação pode chegar ainda mais para frente justificando o resultado de “dor” no pescoço encontrado no presente estudo.
Os motoristas, na maioria das vezes, não passam todo o tempo de trabalho dirigindo, ficam em salas, ou caminham pela empresa esperando um chamado para então dirigir-se ao seu posto de trabalho e segundo o relato dos próprios funcionários a dor somente ocorre, ocasionalmente, quando eles precisam passar o dia inteiro dirigindo ou quando utilizam um carro que não estão acostumados. Portanto esta pesquisa corrobora com a de SANTOS e NETO, s/d em relação a maior incidência na região lombar e intensidade pois os resultados foram semelhantes, 28,6% referiram apenas um desconforto 3,6% e 1,7% de dor e dor forte respectivamente e esse desconforto ocorre mais ocasionalmente em 29,6%.
Em relação aos cozinheiros, o resultado encontrado deve-se à postura adotada, em pé, estática em frente à bancada, com a cabeça e o tronco flexionado e por repetições constantes da mão e punho como, por exemplo, os colaboradores responsáveis por descascar e cortar legumes e verduras. Resultado semelhante foi encontrado no trabalho proposto por LOURENÇO e MENEZES, 2008, onde avaliaram 23 pessoas, trabalhadores de uma Unidade de Alimentação e Nutrição (UAN) no Rio de Janeiro. Segundo CASAROTTO e MENDES, s/d, a dor ocorre quando há utilização dos mesmos grupos musculares durante mais de 50% do ciclo de trabalho, posturas inadequadas de membros superiores e força manual excessiva.
O presente estudo corrobora com a pesquisa feita por MARTARELLO e BENATTI, 2009, onde encontraram maior índice de algias nos ombros, pescoço e região lombar em trabalhadores de higiene e limpeza em um estudo realizado na cidade de Campinas em 2005. No estudo proposto por BUENO, et al , s/d a maior incidência de “dor” entre serviços gerais foram nas costas (lombar e dorsal) e na perna.
Com ausência de estudos suficientes que gerem situações conclusivas, relacionamos o fato encontrado sobre a freqüência e intensidade de dor em secretários e auxiliares de serviços gerais à postura de trabalho exercida por estes funcionários.
Conclusão
Devido a sobrecargas e ações repetitivas impostas durante a atividade laboral podemos traçar uma tendência ao aparecimento da dor e fadiga de forma específica para cada profissão na empresa estudada. Com isso, nota-se a importância de uma intervenção fisioterapêutica diferenciada para prevenir o possível acometimento futuro por doenças.
Referências
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