Espaços públicos de lazer do Pará: a Fundação Cultural Tancredo Neves (Centur) como protagonista da cultura e do lazer Espacios públicos de recreación de Pará: la Fundación Cultural Tancredo Neves (Centur) como protagonista de la cultura y del ocio |
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*Licenciada Plena em Educação Física (UEPA). Especialista em Neurociências na Saúde e no Esporte com Docência no Ensino Superior (ESAMAZ). Docente da Universidade do Estado do Pará, Integrante do Núcleo de Estudos e Pesquisas Amazônicas em Esporte e Lazer (NEPAEL-UEPA). Secretária- Adjunta do Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte (CBCE-PA) **Mestre em Educação; Especialista em Lazer; Graduação em Educação Física; Coordenadora do II Curso Latu Senso em Lazer/2008; Coordenadora da linha de Pesquisa “Lazer, Formação em Gestão Pública” do NEPAEL; Orientadora na graduação e pós-graduação ***Possui graduação em Licenciatura Plena em Educação Física pela Universidade do Estado do Pará (2006). Especialista em Fisiologia do Exercício pela Faculdade Integrada Brasil Amazônia (2007), especialista em Educação Física pela Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas de Marabá (2010) e Mestrado em Educação Física pela Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias. Coordenador de Educação Física do Colégio Ipiranga e Supervisor de Musculação e Integrante do Programa CARE da academia Bodytech |
Elren Passos Monteiro* Vera Lucia da Costa Fernandes** Rodolfo de Azevedo Raiol*** (Brasil) |
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Resumo O Estudo realizado pelo Núcleo de estudo e pesquisas Amazônicas em Esporte e Lazer – NEPAEL/UEPA entre 2006 e 2009, revela a gestão pública do CENTUR na Fundação Cultural Tancredo Neves, retratando-se os objetivos de identificar as relações políticas sobre as questões de conceitos, significado e formação do lazer. A metodologia aborda uma pesquisa participante, qualitativa, enfoque materialismo dialético, método dialético. Técnicas e coletas de observação participante, fotografias e entrevistas abertas. Resultado – Quanto ao uso dos espaços exerce um papel de protagonismo na difusão da cultura e do lazer no Estado do Pará proporcionando de forma gratuita a população uma perspectiva de inclusão social, vivência de um lazer crítico, educativo, emancipatório para a comunidade em geral. No entanto, as implicações conceituais e significativas são compreendidas como trabalho quando a equipe técnica se apropria do lazer no mesmo ambiente, sem ter tempo para usufruir do seu próprio lazer. Quanto ao desenvolvimento sócio político à valorização e preservação do patrimônio cultural requer uma potencialização nos equipamentos; processo da divulgação, ampliação e redefinição na estrutura do planejamento intersetoriais; pólos nas áreas metropolitana de Belém e do Pará para diminuição das desigualdades sociais e democratização dos espaços. Unitermos : Lazer. Espaço. Cultura.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 17 - Nº 169 - Junio de 2012. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
Democratizar o lazer implica democratizar o espaço mediante o descompassos do crescimento urbano e rural; pelas migrações das cidades menores àquelas que se constituem em pólo de atração, gerando desníveis na ocupação do solo (...) incentivando crescimento vertical e horizontal, relacionados a à habitação e serviços urbanos e assim, apresentando-se com as seguintes situações caóticas – concentração de benefícios, a periferia servindo de depósito de habitações, necessidade de lucro, inviabilização de construção de equipamentos públicos, especulação imobiliária, dificuldades a extenção de recursos e de serviços às regiões periféricas, entre outros (MARCELLINO, 2006).
Por isso, para que pudéssemos conhecer a realidade de uma visão utilitarista do espaço, enquanto pesquisadores iniciantes do lazer na cidade de Belém, decide-se como campo de ação e objeto da pesquisa, O CENTUR – (Centro Cultural e Turístico), como é mais conhecido, já que as modificações do espaço urbanizado se dá pelas transformações nas relações sociais, quando a prática política é exercida das necessidades de vida nas cidades(idem).
Sua criação, é de autoria do arquiteto Euler Santos Arruda, com a colaboração dos arquitetos Edson Santos Arruda e Rafael Gonçalves. A obra foi iniciada no ano de 1978 e concluída em junho de 1986. A Fundação Cultural do Pará Tancredo Neves foi criada para administrá-lo.
Ele é o maior centro de debates e manifestações culturais do norte do país. É um espaço multifuncional com Auditório; salas para Cursos, Teatro; Cinema; Biblioteca Pública; brinquedoteca, gibiteca, fonoteca, cinema, teatro, galerias de arte entre outros. Além de uma área de 4.530m2 coberta, destinada a montagem de feiras, exposições, shows e festivais folclóricos. Possui estacionamento, posto bancário, serviços telefônicos e serviço reprografia.
Nos rol dos espaços os desenhos nas paredes transcrevem a homenagem prestada pelo Governo do Estado do Pará à personalidades que se destacaram na área da arte e cultura como: - Centro de Eventos Ismael Nery, Hall Ernesto Cruz, Teatro Margarida Schivazappa, Cine Líbero Luxardo, Biblioteca Pública Arthur Vianna, Sala Haroldo Maranhão, Fonoteca Satyro de Mello, Galeria Theodoro Braga.
Objetivos
Desvelar a realidade de uma discussão ocorrida durante a disciplina Fundamentos do lazer I e na linha de pesquisa “Lazer, Formação em Gestão Pública do Núcleo de estudo e pesquisas Amazônicas em Esporte e Lazer – NEPAEL, no Curso de Educação Física da UEPA, sob a coordenação da profª. Ms. Vera Fernandes, entre 2006 e 2009, frente às questões do lazer e as políticas públicas, - conceitos e significado, a formação e a gestão nos espaços públicos e privados, assim, conhecer a estrutura que a Fundação Cultural do Pará Tancredo Neves possui para a prática do lazer e quais suas ações de Políticas Públicas
Procedimentos metodológicos
A metodologia aborda uma pesquisa participante, qualitativa, enfoque materialismo dialético, método dialético. Técnicas e coletas de observação participante, fotografias e entrevistas abertas com o assessor de marketing Sr. José Maria Vilhena, da Fundação Cultural do Pará Tancredo Neves a partir das perguntas: 1º) Qual o seu conceito e significado de Lazer? 2º) Como se apresenta o plano de gestão e formação profissional do Lazer para o Pará? 3º) Qual (is) é (são) a (s) estratégica (s) operacionais que possam estar garantindo o lazer como direito de todos? De que forma ocorre a qualificação do profissional de lazer? 4º) Quais são os resultados dessa ação política educacional frente ás políticas publicas de lazer? 5°) Quais as perspectivas atuais para o Pará?
Fundamentação teórica
Marcelino (1990 - 2006) define Lazer como a totalidade de tempo fora do sono, das refeições, e do trabalho; o tempo que engloba todos os comportamentos fora do trabalho profissional ou doméstico, ou, o tempo que sobra depois das obrigações indispensáveis e da satisfação das necessidades vitais, ou seja, o tempo disponível.
Entendido como direito de todos desde a elaboração da constituição de 1988, deve ser compreendido como um patrimônio cultural a ser garantido à população, com vista a proporcionar valores para além do divertimento, mas sim que vise o desenvolvimento social e pessoal de todos. Nesse sentido, o Estado assume a responsabilidade de gerar ações públicas para oferecer práticas de lazer para além do funcionalismo, mas sim, de caráter crítico, educativo e emancipatório.
O Lazer é cultura? Ou uma questão cultural na cidade de Belém? E como os profissionais vêem isso? Respondendo-se a primeira, entende-se que sim, já que a mesma é toda e qualquer manifestação de um povo, é um conjunto de vivencias e produção do mesmo. A segunda traz a inquietação de saber se o este faz parte da cultura, dos costumes dessa cidade, do governo do Estado do Pará, juntamente com a prefeitura, os Órgãos e Instituições. E para a terceira, entende-se que o lazer não está em primeiro plano para o homem capitalista, e que dificilmente ele vai deixar de trabalhar para praticar o lazer, pois isso não faz parte de sua cultura.
Porém, um dos princípios da Política de lazer da cidade de Belém é a participação popular, expressa pelos projetos - Municipal e Estadual, difundindo a Cultura, Esporte e Lazer Sob um modelo de co-gestão envolvendo governo e sociedade (SANTOS, 2000).
A real intenção aqui é uma possível garantia de espaços de intervenção direta nas políticas pela demanda dos trabalhadores. Além desse fator de inclusão social garantir a diversidade cultural, já que o povo de Belém é rico em manifestações artísticas, hábitos e costumes, crenças religiosas, jogos esportivos e populares, enfim, uma infinidade de traços, linhas, cores e movimentos que expressadas nessa a diversidade. Entretanto, essa inclusão social nem sempre é possível, pois segundo Marcelino (2006) existem barreiras econômicas, arquitetônicas, sociais, entre outras.
Assim, o Poder Público se depara com outro papel importante de superação, isto é, possibilitar que os grupos historicamente excluídos: mulheres mães, donas de casa, idosos, portadores de necessidades especiais, dentre outros, possuam igualitariamente viver momento de Lazer. O depoimento de um dos monitores dos projetos afirma que as barreiras para o Lazer são grandes devido as mães quererem participar, e não podem pois tem os filhos para cuidar, não se faz atividades especificas, ou melhor, direcionadas a estes grupos para a inclusão. (Santos, 2000).
Essas afirmações revelam-nos, de forma clara, que o Lazer que se discute nas Políticas Públicas nem sempre é o Lazer que se vive. Este, não está na cultura da sociedade, como já foi dito antes. Por essas e outras razões, que a Fundação Cultural Tancredo Neves em parceria com o Estado e a atual gestão municipal, vem tentando fomentar culturalmente o Lazer no Estado do Pará.
O Plano de gestão e formação do profissional de Lazer vem sendo discutidas por Conferências de Lazer; encontros, oficinas, palestras, enfim, voltada para as Políticas Públicas de Lazer (Cultural) e P.T.P. (Plano Territorial Participativo). Porém, existem barreiras territoriais, pela própria localização do Estado do Pará; econômicas, pois o governo não investe suficientemente o que deveria investir.
Por outro lado, os grandes empresários não fomentam o suficiente a cultura local. A falta de Políticas Públicas de Lazer adaptadas para realidade da população de cada bairro, percebe-se isso, de forma precisa, na fala de um dos técnicos dos projetos em questão: é necessário maior incentivo para que os jovens possam participar. Mais atividades propícias aos jovens.
Entretanto, com todas essas dificuldades, o governo promove, através da Escola de Governo qualificação profissional de Teatro, Cinema, Educação e a própria Lei SEMEAR – é um programa do Governo do Estado do Pará que dispõe sobre a concessão de incentivo fiscal para a obtenção de financiamento, junto ao empresariado local, destinado à concretização de projetos artístico-culturais, por parte de produtores, artistas e autores, após análise e aprovação pela FCPTN.
Trata-se do instrumento de aplicação institucional da Lei No. 6.572/03, de 8 de agosto de 2003.) Programa de qualificação interna enviando alguns funcionários para fazerem cursos em São Paulo, e depois repassarem para os demais profissionais.
Através do SEMEAR, que tem sido para a Fundação, um grande gerador de recursos para a produção Cultural e Lazer. Uma das estratégias operacionais da fundação para garantir o Lazer como direito de todos, é promover o FEMUPA (Festival de Música do Pará); do Cine Metrópole em Mosqueiro, Biblioteca fixa e ambulante (ônibus) nos diversos bairros. A Biblioteca Arthur Viana objetiva prazer e lazer.
Quantos aos resultados: O plano – a fundação desenvolve o lazer em forma de expressões culturais, tanto que tem um papel de fazer, manter, divulgar e incentivar a cultura local popular e fortalece a relação da educação com parcerias que beneficiam a população. A estrutura do espaço mais freqüentado de lazer. O grande plano de gestão é a conferência Estadual de cultura e gerar políticas públicas de investimento cultural.
A qualificação Profissional: A própria instituição tem um programa de qualificação interno de investimento desses profissionais, mas na verdade quem tem o principal papel é a escola de governo essa que é a instituição responsável pela qualificação profissional de todo o estado, que vem agora com um trabalho muito bom de resgate e parceria com a instituição eficiente, tem fechado parceria com varias companhias e comunidades privadas do estado e promove cursos de especialização para os servidores.
As estratégias: projetos Femupa, Semear, Biblioteca ambulante, Preamar, Cine Metrópole. E ainda, oficinas pedagógicas, artesanais, palestras.
Os resultados da ação – apresenta as barreiras econômicas, sociais, arquitetônicas, territoriais e de divulgação. Diariamente 2000 pessoas freqüentam a instituição sendo 80% desse publico estudante que não sabe bem o que querem seguir como profissão na vida e com isso acaba tendo aqui na fundação acesso a todas as linguagens artísticas para que ele possa se identificar um pouco com o teatro, música, cinema e ainda adquirir educação na biblioteca. O grande objetivo é conscientizar a população no uso do espaço não como obrigação como estudante, entretanto, usufruir como espaço de lazer.
As perspectivas para o Pará - hoje o governo tem como meta a expansão da cultura seja tratada com prioridade, pois essa é a nossa meta essa é a nossa bandeira que levamos para todas as reuniões e conferências de cultura agora seja tratada com prioridade seja dado o devido valor, em que não fique só no campo do lazer a nossa meta é que a cultura seja trabalhada no campo da identidade do povo com questões das suas tradições.
Dentro dos espaços e programas citados, percebemos que as 2000 pessoas que freqüentam diariamente o Centur, 80% delas são estudantes do ensino fundamental e médio, usufruindo apenas da biblioteca. Isso se dá em virtude de uma baixa divulgação dos espaços e programas de lazer que a fundação possui e por falta de um maior incentivo financeiro recebido por parte do Estado, privilegiando o lazer mercadológico e turístico.
O Espaço
Considerações finais
A pesquisa aqui não se dá por acabada, e sim, o início de tantas inquietações de um clamor social e popular que desfruta do espaço CENTUR representado para a cidade de Belém a esperança de um estilo de vida melhor à expectativa de criação de mais projetos, programas e eventos sócio-culturais de Lazer ocorrendo nas praças dos Municípios do Estado, o Festival de Música do Pará, que se constitui na descoberta de talentos musicais no Pará, a Biblioteca Ambulante, que fomenta a leitura nos bairros periféricos da Região Metropolitana de Belém e o projeto PREAMAR, que se constitui em uma atividade praticada o ano inteiro que valoriza as artes dentro de varias linguagens culturais. Esses programas são incentivados pela lei SEMEAR, que é a base sustentável da cultura e do lazer no Pará.
Por fim, a lógica da sociedade de consumo, promove o lazer como tempo e espaço de fruição dos interesses do entretenimento promovendo um perfil de cidadania como mercadoria. E ao contrário dessa prática vivida de forma selvagem requer de nós à elaboração e desenvolvimento das políticas de lazer com o incentivo ao direito social garantindo o acesso a todos com qualidade, independência do poder aquisitivo de cada um. E aí nessa linha de pensamento, demanda a materialização do lazer como um tempo e espaço de vivências lúdicas, lugar de organização da cultura, perpassando por relações de hegemonia (...) de desenvolvimento e emancipação humanas. (Filho, 2006: 125 126)
Referências
FUNDAÇÃO CULTURAL DO PARÁ: Institucional. Disponível em: http://www.fcptn.pa.gov.br/ acesso em: 25/06/2008.
FILHO, Lino Castellani,Gestão Municipal e Política de Lazer, in n YSAYAMA, Hélder e LINHARES, Meily Assbú (orgs.). Sobre Lazer e Política. Maneiras de ver, Maneiras de fazer. Belo Horizonte: UFMG, 2006, p. 119-135.
MARCELLINO, Nelson Carvalho. O Lazer e os Espaços na Cidade, in: YSAYAMA, Hélder e LINHARES, Meily Assbú (orgs.). Sobre Lazer e Política. Maneiras de ver, Maneiras de fazer. Belo Horizonte: UFMG, 2006, p. 65-92;
_______________Pedagogia da Animação. Campinas, SP: Papirus, 1990.
______________ . Lazer e Educação. Campinas, SP: Papirus, 1995.
_______________ . Lazer e Humanização. Campinas, SP: Papirus, 1995.
_______________. Estudos do Lazer. Uma Introdução. Campinas, SP: Autores Associados, 1996.
_______________ (org.). Políticas Públicas Setoriais de Lazer. O papel das Prefeituras. Campinas, SP: Autores Associados, 1996.
________________. Lazer, Formação e Atuação Profissional. São Paulo: Papirus. 1995.
SANTOS, Dalva. et al. Entre o Lazer que se discute e o Lazer que se vive. In: Sob Olhar dos Que Fazem. Belém, Pará: Prefeitura Municipal de Belém, 2000.
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