Avaliação biomecânica das bases do katá heian shodan Evaluación biomecânica de los fundamentos del kata heian shodan |
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Graduada em Educação Física Faixa Preta de Karatê Shotokan (2º dan) Especialização em Medicina do Esporte e da Atividade Física (andamento) |
Paloma de Melo Bento (Brasil) |
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Resumo A biomecânica é à base da função músculo esquelética. Os músculos produzem forças que agem através do sistema de alavancas ósseas. Imamura et al. (1998) apontam que os karatecas mais competitivos adicionam aos treinamentos tradicionais de karatê, extenuantes corridas e programas de treinamento com pesos para aumentar a resistência cárdio-vascular, massa corporal magra, força e potência. Diante do exposto, o presente artigo tem como objetivo analisar o movimento dos membros inferiores, através da biomecânica, das quatro bases do heian shodan ou heian 1 do estilo de karatê Shotokan. Unitermos: Biomecânica. Karatê. Heian shodan.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 17 - Nº 169 - Junio de 2012. http://www.efdeportes.com/ |
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1. Introdução
A biomecânica é à base da função músculo esquelética. Os músculos produzem forças que agem através do sistema de alavancas ósseas. O sistema ósseo ou move-se ou age estaticamente contra uma resistência. O arranjo de fibras de cada músculo determina a quantidade de força que o músculo pode produzir e o comprimento no qual os músculos podem se contrair. Dentro do corpo, os músculos são as principais estruturas controladoras da postura e do movimento. Contudo, ligamentos, cartilagens e outros tecidos moles também ajudam no controle articular ou são afetados pela posição ou movimento (FILHO, 2001).
O karatê é uma das mais populares artes marciais praticadas tanto no Japão, como fora dele; o treinamento envolve técnicas básicos - kihon, as formas em sequenciamento pré-estabelecidos - kata, e as lutas -kumitê. Imamura et al. (1998) apontam que os karatecas mais competitivos adicionam aos treinamentos tradicionais de karatê, extenuantes corridas e programas de treinamento com pesos para aumentar a resistência cárdio-vascular, massa corporal magra, força e potência.
Nakayama (2010), afirma que o domínio dos katás é um pré-requisito para a passagem pelos kyu e dan, conforme ordem abaixo:
8º kyu: Heian 1
7º kyu: Heian 2
6º kyu: Heian 3
5º kyu: Heian 4
4º kyu: Heian 5
3º kyu: Tekki 1
2º kyu: outros katás que não sejam Heian ou Tekki
1º kyu: outros katás que não sejam os de acima
1º dan: outros katás que não sejam os de acima
2º dan e acima: katá livres
Diante do exposto acima, o presente artigo tem como objetivo analisar o movimento dos membros inferiores, através da biomecânica, das quatro bases do heian shodan ou heian 1 do estilo de karatê Shotokan.
2. Metodologia
Foi realizado um levantamento de dados, via internet, sobre movimentos das articulações do quadril, joelho e tornozelo, pelo buscador Google acadêmico. O livro de Nakayama, volume 05 -Heian e Tekki- foi utilizado para identificar as bases do primeiro katá, como também, identificar o katá em si.
3. Resultados e discussão
3.1. Base Hachinoji Dachi
Figura 1. Adaptação do livro de Nakayama, volume 5
Segundo Nakayama (2010, volume 01), a base hachinoji dachi inicia e finaliza todo o katá. Campos, 2000, afirma que a articulação do joelho realiza os movimentos de extensão e flexão, os quais são efetuados no plano sagital sobre um eixo frontal. Pode-se observar que ao realizar o exercício o atleta irá os movimentos de adução de coxa, no plano coronal ou frontal.
Miranda (2000) descreve a pelve como sendo um anel ósseo formado pelo sacro e cóccix, posteriormente, e pelos dois ossos ilíacos formados pela fusão do: Ílio (situado posterior e lateralmente); Isquio (porção postero-inferior); Pubes (porção antero-inferior). Para Kendall (1992) na posição neutra da pelve, as espinhas ilíacas antero-superiores estão no mesmo plano transversal, na qual estas e a sínfise púbica estão no mesmo plano vertical. Logo, a posição da pelve do atleta deve encontrar-se na posição neutra e ambos os pés em abdução.
3.2. Base Heiko Dachi
Figura 2. Adaptação do livro de Nakayama, volume 5
Segundo o Ministério da Educação apud Universidade Federal de Santa Catarina o pé possui os seguintes movimentos: dorsiflexão, plantiflexão, posição neutra, eversão, inversão, adução e abdução. Nota-se que ambos os pés e o quadril, na base, heico dachi, encontram-se em posição neutra.
3.3. Base Zenkutsu Dachi
Figura 3. Adaptação do livro de Nakayama, volume 5
Campos (2000), afirma que a articulação do joelho realiza os movimentos de extensão e flexão, os quais são efetuados no plano sagital sobre um eixo frontal. Pode-se observar a realização de flexão de coxa (plano sagital) na base zenkutsu dachi. Com relação ao quadril Filho (2001) aponta que a estabilidade inerente proporcionada à articulação por sua arquitetura e sustentação ligamentosa, a articulação do quadril demonstra um alto grau de mobilidade. Os movimentos permitidos pelo quadril, descritos com referência ao fêmur, incluem a flexão e extensão no plano sagital, abdução e adução no plano frontal e rotação medial e lateral no plano transversal. O quadril deve estar em posição neutra, para que haja equilíbrio, pé esquerdo em adução e pé direito em posição neutra.
3.4. Base Kokutso Dachi
Figura 4. Adaptação do livro de Nakayama, volume 5
Nakayama (2010, volume 02) aponta que as técnicas decisivas do karatê (kime waza) está oculta numa força explosiva. Esta força é produzida pelos movimentos do corpo; especialmente importante é a volta da parte superior do corpo em combinação com a rotação dos quadris. Nota-se, então, uma rotação lateral do joelho (plano transversal ou horizontal), flexão de coxa, pelve rotação, pé esquerdo (posição neutra) e pé direito (adução).
4. Conclusão
É estritamente importante que o sensei (professor) saiba a biomecânica do movimento das bases, pois, será através deste conhecimento que lesões nas articulações do quadril, joelho e tornozelo poderão ser evitadas. Identificando os planos e eixos de atuação, o movimento das articulações proporcionará equilíbrio, força e agilidade para o competidor e praticante de karatê, ajudando-o assim com uma técnica eficaz, precisa e possivelmente atendendo as regras de posicionamento das bases do katá.
Referências
BRASIL, Ministério da Educação apud Universidade Federal de Santa Catarina. Disponível em: http://www.hu.ufsc.br/~grumad/anatomia.htm
CAMPOS, A. Maurício. Biomecânica da musculação. 3ª ed. Rio de Janeiro: Sprint, 2001.
FILHO, R. J. Blair, 2001. Disponível em: http://www.wgate.com.br/conteudo/medicinaesaude/fisioterapia/biomecanica.htm. Acesso em: 24 de fevereiro de 2012.
IMAMURA, H. et al. Maximal oxygen uptake, body composition and strength of highly competitive and novice karate practitioners. Appl Human Sci, 17 (5), p.215-218, 1998.
KENDALL, F. et al. Músculos, provas e funções. 4ª ed. São Paulo: Manole, 1992.
MIRANDA, E. Bases da Anatomia e Cinesiologia. 2ª ed. Rio de Janeiro: Sprint, 2000.
NAKAYAMA, Masatoshi. O melhor do karatê volume 01. São Paulo: Editora Cultrix, 2010.
NAKAYAMA, Masatoshi. O melhor do karatê volume 02. São Paulo: Editora Cultrix, 2010.
NAKAYAMA, Masatoshi. O melhor do karatê volume 05. São Paulo: Editora Cultrix, 2010.
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