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Avaliação e comparação da aptidão física de um grupo de crianças
que praticam e não praticam educação física regular
do município de Alegrete, RS

Evaluación y comparación de la aptitud física de un grupo de niños que practican 

o no practican educación física regular en el municipio de Alegrete, RS

 

*Licenciada em Educação Física - URCAMP

**Profª Ms. do Curso de Educação Física da URCAMP. Campus Alegrete

Doutoranda do PPG em Educação em Ciências: Química da Vida e Saúde, UFSM

(Brasil)

Caroline Vargas Albrecht*

carol_vargas@hotmail.com

Jaqueline Copetti**

jaquecopetti@yahoo.com.br

 

 

 

 

Resumo

          O estudo teve como objetivo avaliar o nível de aptidão física de crianças de 07 e 08 anos de idade, comparando alunos da rede pública e privada. A amostra foi composta por 100 crianças do município de Alegrete, RS, Brasil, sendo 50 praticantes de Educação Física (escola privada) e 50 não praticantes (escola pública). Foi controlado o número de meninos e meninas (25) e a divisão de idade (50 de cada). A pesquisa foi baseada na bateria de testes do PROESP (Gaya, 2007) e as avaliações foram realizadas em um aluno por vez, explicando o procedimento da pesquisa para cada um. A análise estatística foi realizada no programa SPSS 17.0, através de análise descritiva e comparação entre os grupos com o Teste T. Os resultados demonstraram que tanto o índice de massa corporal (IMC), quanto os testes de flexibilidade, abdominal em um minuto e agilidade os alunos de escola privada apresentaram resultados mais positivos quando comparados ao grupo de alunos da escola pública. É possível constatar que os alunos da escola privada, encontram-se em um nível de desenvolvimento de aptidão física relativamente melhor do que os escolares da rede pública que não praticam Educação Física.

          Unitermos: Educação Física. Aptidão física. Crianças.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 17 - Nº 169 - Junio de 2012. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A prática regular e bem orientada da atividade física nas aulas de Educação Física pode ser vista como uma contribuição importante para a saúde e o desenvolvimento da aptidão física (FERREIRA, 2001). A Educação Física tem seu valor quando se fala em desenvolvimento de aptidão física, pois é nestas aulas que são trabalhadas as valências físicas através de jogos, brincadeiras e recreações com objetivos.

    A aptidão física possui elementos relacionados á saúde e ao desempenho, sendo que a interação entre os componentes de aptidão relacionados á saúde e atividade física estão mais voltadas para as capacidades de resistência cardiorrespiratória, força, resistência muscular, flexibilidade e composição corporal. Concomitantemente a aptidão relacionada ao desempenho e a atividade física estão mais dirigidas ás capacidades de velocidade, coordenação, força explosiva, equilíbrio e agilidade (GALLAHUE, 2000; SOUZA, NETO, 2002).

    A Educação Física e o desenvolvimento infantil estão interligados. Para que o desenvolvimento da criança seja completo é necessária à prática da Educação Física. Com as aulas de Educação Física é proporcionada às crianças uma diversidade de experiências, as quais colaboram para que o desenvolvimento geral aconteça naturalmente e de maneira significante. A aprendizagem e o desenvolvimento em geral estão relacionados com a vivência com o mundo. É com a experiência, observação, imitação e execução do que se aprende que a criança compreende melhor o mundo que a cerca.

    A Educação Física desenvolve as qualidades físicas das crianças, por isso é importante que seja inserida desde o início da segunda infância. É necessário que o nível do desenvolvimento da aptidão física seja trabalhado desde cedo em crianças de séries iniciais. Quando o desenvolvimento da aptidão física é trabalhado nas aulas de Educação Física a criança tem a possibilidade de ter um nível de desenvolvimento maior e também a oportunidade de melhorar e aprimorar suas valências físicas. É de extrema importância que um profissional habilitado na aérea proporcione atividades que estimule o crescimento e desenvolvimento da aptidão física destas crianças. Desta forma, este estudo teve como objetivo a comparação do nível de aptidão física de crianças praticantes e não praticantes de Educação Física.

Materiais e métodos

    Esta pesquisa de caráter quantitativo, descritivo e comparativo, buscou coletar dados sem interferência na realidade das atividades do dia a dia das escolas participantes. Foi desenvolvida em escolas privada e pública do município de Alegrete, RS. Os testes foram aplicados em 100 crianças de sete a oito anos de idade, sendo 50 crianças que praticam Educação Física e 50 não praticantes.

    Primeiramente foi feito contato com as escolas apresentando a idéia do estudo, logo após, os alunos foram convidados para participar da pesquisa e posteriormente foi entregue os termos de consentimento dos pais ou responsáveis, os mesmo foram recolhidos uma semana depois. Os alunos que receberam autorização dos responsáveis foram convidados a participar da pesquisa.

    A aplicação dos testes foi realizada no espaço físico mais apropriado e que esteve disponível nos dias de intervenção na escola. Foram realizadas as medidas da massa corporal e estatura, as quais foram utilizadas para o cálculo do IMC, e ainda os testes físicos descritos a seguir:

    Os dados foram digitados em planilha do Excel 2003 e analisados primeiramente através de estatística descritiva, com percentuais, freqüências, médias e desvio padrão pelo programa estatístico SPSS 17.0, onde foi realizada a comparação dos resultados entre as crianças que praticam Educação Física (escola privada) e as que não praticam (escola pública), através do Teste T, considerando a significância com p> 0,05.

Resultados e discussão

    Os resultados são apresentados primeiramente de forma descritiva (Tabela 1) e após os gráficos demonstram a comparação entre os dois grupos de alunos praticantes e não praticantes de aulas de Educação Física.

Tabela 1. Valores mínimo, máximo, média e desvio padrão

    A tabela 1 demonstra que o teste de flexibilidade apresenta diferença significativa entre os dois grupos, enquanto nos demais testes os resultados foram semelhantes, sendo que os alunos de escola privada tiveram uma média melhor, mas não foram significativos estatisticamente.

Figura 1. Resultados sobre o Índice de Massa Corporal de acordo com a classificação do PROESP (Gaya, 2007)

    Com o cálculo do peso dividido pela altura ao quadrado foi encontrado o IMC das crianças, e conforme a figura 1 observa-se que a maioria dos alunos, tanto de rede pública quanto de rede particular encontram-se na classificação normal, sendo que na rede pública possui maior classificação em sobrepeso 16% e 2% são considerados obesos. Gomes, Oliveira e Vilela (2009) em um estudo feito no Paraná, encontraram média de IMC de 16,56. Boccaletto, Vilarta e Mendes (2007) em estudo realizado com crianças de séries iniciais, no município de Vinheto, SP, encontraram a média de 17,07. Em outra pesquisa com 48 crianças de ambos os sexos, com idade entre quatro e oito anos realizada por Martiniano e Moares (2005) com o objetivo de verificar a classificação nutricional de crianças do município de Mogi-Mirim, SP encontrou-se 72,9% de crianças consideradas dentro da normalidade e 27,9% consideradas sobrepesos ou com obesidade.

Figura 2. Resultados do teste de flexibilidade

    A figura 2 demonstra que na rede privada 70% dos alunos estão na classificação considerada boa e quase 20% tem a flexibilidade muito boa, enquanto na rede pública 48% dos alunos foram considerados com boa flexibilidade e menos de 10% muito bom. Em pesquisa realizada por Nool e Oliveira (2009) com 796 alunos entre 7 e 8 anos do município de São Leopoldo, RS a média no teste de flexibilidade encontrado foi de 31,1 cm. Em outro estudo também realizado no RS (NOOL et al., 2009) com crianças de ambos os sexos as médias por sexo foram de 27,17cm para o sexo masculino e 27,7cm o sexo feminino. Resultado semelhante foi encontrado em outro estudo realizado em SP com crianças de ambos os sexos de sete e oito anos de idade desenvolvido por Penha e João (2008), 28cm de média. Vale ressaltar que um nível deficiente de flexibilidade pode comprometer a assimilação de hábitos motores, e provocar problemas posturais.

Figura 3. Resultados em porcentagens do Teste de abdominal em um minuto

    Na comparação entre os dois grupos, com relação ao teste abdominal em um minuto, apresentado na figura 3 observa-se que ambos foram semelhantes, pois dos alunos de rede privada 54% estão classificados em muito fraco e 32% fraco, entre os alunos de rede pública classificam-se com 58% muito fraco e 36% fraco. Estes resultados demonstram que em ambas as redes de ensino a valência de força abdominal pode ser considerada pouco desenvolvida nesta faixa etária estudada. Em uma pesquisa realizada por Da Luz et al. (2008) a média encontrada foi de 32 e 33 repetições para ambos os sexos respectivamente sendo que a idade tem a média de 11 anos, resultado bem superior à média deste estudo. E em outra pesquisa realizada com adolescentes de 12 anos por Puretz no estado do Paraná em 2007, a média foi de 29 repetições. Percebe-se que os estudos citados anteriormente têm uma média bem acima da encontrada nesta pesquisa, talvez pela idade menor das crianças analisadas.

Figura 4. Resultados do teste de agilidade

    Conforme observado na figura 4 os alunos de rede pública classificam-se em 70% excelentes e 30% muito bom, já os de rede particular, um pouco mais que 50% são considerados excelentes e um pouco mais que 30% considerados muito bom, resultado este semelhante aos alunos do primeiro grupo comentado. Já em um estudo desenvolvido no estado de Santa Cataria com crianças de sete e oito anos por Krebs e Macedo (2005) o resultado encontrado foi de 7,6 segundos. Em outra pesquisa realizada no estado do Paraná por Puretz (2007) com adolescentes de 12 anos a média foi de 7,4 segundos semelhante ao da pesquisa citada anteriormente. Comprovou-se que os alunos deste estudo, tanto de escola particular quanto de escola pública, possuem uma média superior (conforme tabela 1) aos alunos da mesma e de diferente faixa etária apresentados em outros estudos e também foi detectado que os alunos de rede pública possuem um resultado pouco inferior que os alunos de rede particular.

Considerações finais

    Mediante os resultados encontrados nesta pesquisa pode-se afirmar que os alunos da rede particular possuem um nível de desenvolvimento de aptidão física relativamente melhor que os da rede pública estadual. Pode-se considerar que a qualidade física onde se percebeu um maior grau de significância foi à flexibilidade, principal qualidade que promove melhor eficiência de movimento e influencia na melhora da postura, prevenindo algumas patologias musculoesqueléticas. Os resultados dos outros testes dos alunos praticantes de Educação Física foram classificados e analisados obtendo um resultado superior, porém não significativo como o teste de flexibilidade.

    É importante salientar os fatores que podem influenciar nos resultados desta pesquisa. Além de praticantes das aulas de Educação Física, os alunos de rede particular, participam também de outras atividades físicas como lutas, ballet, Jazz (...). Para uma análise mais precisa é aconselhável que se faça uma pesquisa de campo com questionários como instrumento de trabalho, a fim de saber os fatores que podem influenciar no desenvolvimento da aptidão física das crianças avaliadas.

    Por este motivo é necessário que se tenha em sala de aula um profissional habilitado para desenvolver a aptidão física em crianças das séries iniciais, entre sete e oito anos de idade a fim de melhorar seu desempenho físico atual e futuramente.

Referências

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