A relação cintura-quadril, em praticantes de academias de ginástica do município de Ribeirão Preto, SP, Brasil La relación cintura-cadera, en asistentes a un gimnasio del municipio de Ribeirao Preto, SP, Brasil The waist-hip, practicing in a gym in the city of Ribeirão Preto, SP, Brazil |
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*Discente do Curso de Licenciatura e Bacharelado do Centro Universitário Moura Lacerda **Profissional de Educação Física, professor de musculação e treinamento personalizado na academia de ginástica R&T ***Professor Doutor do Centro Universitário Moura Lacerda; Pesquisador, membro da equipe da USP, do Núcleo de Estudos, Ensino e Pesquisa do Programa de Assistência Primária de Saúde Escolar – PROASE |
Laodicéia Martins* Prof. Espec. Marcus Vinícius Palucci Calsani** Prof. Dr. José Eduardo Costa de Oliveira*** |
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Resumo O Diabetes Mellitus e uma patologia crônico-degenerativa, onde sua ocorrência é favorecida por vários fatores do cotidiano, dentre eles: o urbanismo, o sedentarismo, a obesidade e o estresse, sendo que sua incidência tem aumentado nos últimos anos, fato que a Organização Mundial de Saúde já reconhece como epidêmica (CHACRA, 2004). Objetivando conhecer e analisar os níveis de incidência dos fatores de risco do Diabete Mellitus tipo II, em praticantes de academias de ginástica no município de Ribeirão Preto/SP, recorreu-se a pesquisa estratégica de André e Ludke (1995). Foram sujeitos de pesquisa, 50 alunos, com idades entre 40 e 50 anos, 25 pertencentes a cada gênero. Após a Análise de Conteúdo, modalidade de Análise Temática de Bardin (1977), observou-se uma grande incidência dos fatores de risco da referida patologia, sendo que, dos 25 sujeitos analisados do gênero masculino, 18 apresentaram risco alto, 2 muito alto e 5 moderado, e, do feminino, 13 apresentaram risco alto, 10 risco moderado e 2 muito alto. Unitermos: Incidência. Diabetes Mellitus. Academias de ginástica. Relação cintura-quadril.
Resumen La Diabetes Mellitus es una enfermedad crónica degenerativa cuya aparición se vincula a varios factores de la vida cotidiana, incluyendo: planificación urbana, la inactividad física, obesidad y estrés, y su incidencia ha aumentado en los últimos años, un hecho que la Organización Mundial de la Salud ha reconocido como una epidemia (Chakras, 2004). Con el fin de comprender y analizar los niveles de incidencia de factores de riesgo para diabetes mellitus tipo II, en los profesionales de los centros de fitness en Ribeirão Preto, SP, se aplicó la investigación estratégica de Andrés y Ludke (1995). Los sujetos investigados fueron 50 asistentes, con edades comprendidas entre 40 y 50, 25 pertenecientes a cada género. Luego del Análisis de Contenido, modalidad de análisis temático de Bardin (1977), se observó una alta incidencia de factores de riesgo de esta condición, y que de los 25 sujetos varones analizados, 18 tienen un riesgo alto, 2 muy alto y 5 moderados, y en las mujeres, 13 eran de alto riesgo, 10 de riesgo moderado y 2 de alto riesgo. Palabras clave: Incidencia. Diabetes mellitus. Gimnasios. Relación cintura-cadera.
Abstract Diabetes Mellitus is a chronic degenerative disease, where its occurrence is favored by several factors of everyday life, including: urban planning, physical inactivity, obesity and stress, and its incidence has increased in recent years, a fact that the World Health already recognized as an epidemic (Chakra, 2004). In order to understand and analyze the levels of incidence of risk factors for diabetes mellitus type II, in practitioners of fitness centers in Ribeirão Preto/SP, resorted to strategic research of André and Ludke (1995). The subjects of research, 50 pupils, aged between 40 and 50, 25 belonging to each genre. After content analysis, thematic analysis mode of Bardin (1977), we observed a high incidence of risk factors of this condition, and, of 25 male subjects analyzed, 18 had high risk, 2 very high and 5 moderate, and females, 13 were high risk, 10 moderate risk and high 2. Keywords: Incidence, Diabetes Mellitus, gyms, Relationship, Waist-Hip.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 17 - Nº 169 - Junio de 2012. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
Diabetes Mellitus: Disfunção metabólica da produção do hormônio – Insulina – secretado a partir das células β, das Ilhotas de Langerhans, localizadas no Pâncreas, e, órgão este, que tem como principal função o controle do metabolismo das gorduras e dos carboidratos. (FILADELFO, 2003. p. 12).
Diabetes Mellitos - Conceito – Complexa desordem metabólica do Pâncreas causada pela deficiência da utilização da glicose sangüínea em função da deficiência na produção de insulina ou pela perda da sensibilidade periférica da insulina (FILADELFO, 2003 apud CALSANI, 2004).
A Organização Mundial da Saúde - OMS (1997) apud Filadelfo (2003) assevera que 142,5 milhões de portadores de diabetes no mundo, sendo - 36,8 milhões nos países desenvolvidos e 63,2 milhões nos países em desenvolvimento.
Porem, o número de diabéticos tem aumentado rapidamente nos últimos anos, e, a mesma Organização mundial de Saúde (OMS) já reconheceu a doença como epidêmica e estudos apontam que o número de casos deverá atingir 300 milhões em 2025, no mundo.
A incidência de diabetes no Mundo, Brasil, Estado de São Paulo e Ribeirão Preto
A diabetes mellitus é um assunto que fascina no qual seus primeiros relatos vieram dos egípcios no ano de 1500 a.C. que descreviam a passagem de muita urina, Vieira et. al. (2003), dois séculos depois Aretaeus da Copadócia deu o nome de Diabetes ao achado dos egípcios termo o qual teria posteriormente o acréscimo do adjetivo mellitus.
No mundo a patologia diabetes mellitus representa a 176,5 milhões de pessoas e até 2030 serão 370 milhões, um aumento de 109,6% .
No ano de 2000, eram 4,6 milhões de diabéticos no Brasil, e a previsão é de que em 30 anos a previsão irá aumentar em 148,3%, atualmente a patologia acomete 5 a 6% da população brasileira (VIEIRA,2000).
O estado de São Paulo é responsável pelo maior índices de diabéticos, acometendo 7,5 da população (FILADELFO, 2003).
Na cidade de Ribeirão Preto-SP temos 12,1% da população com diabetes, somando-se a esse resultado as pessoas portadoras de intolerância a glicose temos um percentual de 19,8%, sendo um percentual que requer uma atenção especial, pois o governo tem gastado exorbitantes com diabetes (RIBEIRÃO PRETO, 2011).
A obesidade está presente em 42,5% dos diabéticos e 37,7% nos que possuem intolerância a glicose (TORQUARTO, 2001).
Associado a isso, outros fatores de risco foram diagnosticados: hipertensão arterial, sedentarismo e a dislipidemia sendo mais freqüente e compondo a Síndrome X, que leva diferentes grupos étnicos a morbidade e mortalidade por doenças cardiovasculares (GAMA, 2001).
A diabetes mellitus é a sexta patologia que mais leva a óbito no Brasil, se relacionando a ela 25 mil mortes por ano, (Rocha, 2001), se classificando entre os quatro mais importantes problemas de saúde mundial, em números de pessoas afetadas, morbidade associada, custo para o controle, incapacitações que produz e pela mortalidade prematura Franco et. al.(1998).
Sabe-se que metade dos portadores de diabetes não sabem que possuem a doença e apenas 25% deles procuram tratamento.
A fisiopatologia do Diabetes Mellitus
O diabetes mellitus é uma doença crônico degenerativa onde sua ocorrência é favorecida por vários fatores do cotidiano dentre eles o urbanismo, o sedentarismo, a obesidade e o stress (LESSA, 1998; TAKAHASHI et al., 2001).
Para Moreira et. al. (2000), consiste em uma síndrome sistêmica, crônica e evolutiva caracterizada pela alteração do metabolismo de carboidratos, proteínas e gorduras, conseqüente da falta de insulina ou de sua ação inadequada.
Fleury, (2004); Monteiro (2011); Vieira (2004) descrevem o diabetes mellitus como um distúrbio causado pela falta absoluta ou relativa de insulina no organismo. Onde a insulina produzida pelo pâncreas se torna insuficiente, a glicose é impedida de ser absorvidas pelas células, o que provoca a elevação dos níveis sanguíneos de glicose (hiperglicemia). A diabetes não tem cura, mas pode ser controlada a ponto de dar plenas condições e qualidade de vida para o paciente.
Diagnósticos
O diabetes pode ser diagnosticado pelo alto teor de glicose encontrado no sangue; pela presença de açúcar na urina e pelo tipo de curva característica do teste de tolerância à glicose (MONTEIRO, 2011).
As diretrizes da American Diabetes Association (ADA) recomendam a glicemia de jejum como o principal exame para diagnóstico de diabetes em pessoas não gestantes e definem uma nova categoria de “glicemia de jejum alterada”.
Essa categoria substitui a classe anteriormente chamada de “intolerância à glicose”, caracterizada por valores alterados no teste de tolerância oral a glicose permitindo a identificação de pacientes com risco elevado de desenvolver a doença.
Tais valores foram estabelecidos utilizando a glicemia média de grupos populacionais ou concentrações a partir das quais eram observadas complicações microvasculares com maior freqüência. Na ausência de hiperglicemia com descompensação metabólica aguda, esses critérios devem ser confirmados por exames repetidos em dias diferentes:
intomas de diabetes associados à glicemia casual ≥ a 200 mg/dL.
Casual é definida como qualquer período do dia, independente do horário da última refeição.
Glicemia de jejum ≥ a 126 mg/dL.
Jejum é definido como a ausência de ingestão calórica por um período superior a 8 horas.
Glicemia de 2 horas ≥ a 200 mg/dL em um teste de tolerância oral à glicose (BARR, 2002). (MONTEIRO, 2011. p. 4).
O exame deve ser realizado com uma carga de glicose equivalente a 75 g de glicose anidra dissolvida em água Barr (2002). Valores de glicemia até 130 mg/dL são de significado duvidoso (podendo ser stress, infecções, estados febris, etc.), mas geralmente indicam suspeita de diabetes mellitus exigindo a determinação de mais duas dosagens em dias variados, para confirmar a hiperglicemia, sendo este procedimento suficiente para o diagnostico conclusivo, dispensando a realização de qualquer outro teste de confirmação.
A ADA alterou os níveis de alerta: o limite que era de 110 miligramas de açúcar por 1 decilitro de sangue, baixou para 99 miligramas por 1 decilitro. Pessoas com resultados entre 100 e 125 miligramas agora são considerados pré-diabéticos e, acima desses valores, diabéticos. (CHACRA, 2004).
Um controle rigoroso da glicose é fundamental para evitar complicações crônicas, como a perda de visão, insuficiência renal, problemas no coração e nos vasos sanguíneos, amputações de membros, disfunção erétil acometimentos dos nervos. As principais causas de morte no diabético é infarto do miocárdio e derrame cerebral (CHACRA, 2004).
Tipos de Diabetes Mellitus
Os dois tipos de diabetes mellitus se diferem com o tipo de terapêutica, tempo de aparecimento, idade, receptores de insulina, sua ação e na deficiência na produção de insulina.
Os tipos mais comuns são tipo 1, decorrente da ação de anticorpos que destroem no pâncreas suas células beta. Depois temos tipo 2 mais freqüente em pessoas com mais de 40 anos e obesas, estando ligado diretamente a uma resistência insulínica acentuada.
Diabetes tipo 1 ou Insulino Dependente: corresponde a 10 % dos diabéticos, onde as células do pâncreas foram destruídas. Não havendo secreção de insulina pelo pâncreas, a célula não consegue absorver a glicose do sangue fazendo com que o nível de glicose no sangue fica constantemente alto.
Onde a solução é injetar insulina subcutânea (embaixo da pele) para que possa ser absorvida pelo sangue. Ainda não é possível produzir uma forma de insulina que possa ser administrada oralmente pois a insulina é degradada pelo estômago. Uma vez que o distúrbio se desenvolve, é irreversível, pois não existe maneira de “reviver” as células produtoras de insulina no pâncreas. Sendo o tratamento com insulina por toda a vida de um diabético (MOREIRA et al. 2000).
O Diabetes tipo 2 ou Diabetes Insulino Independente: é um distúrbio comum, corresponde a 90% dos diabéticos, podendo ela ser controlada com dieta, comprimidos (hipoglicemiante oral), exercícios físicos e alguns casos com aplicação de insulina. É um diabetes que ocorre mais em pessoas adultas. Embora não se saiba o que causa diabetes tipo 2, sabe-se que neste caso o fator hereditário tem uma importância bem maior do que no diabetes tipo 1. Existe uma conexão entre a obesidade e o diabetes tipo 2; embora a obesidade não leve necessariamente ao diabetes.
Segundo Vigginiano (2001) existe diretamente uma relação entre obesidade abdominal e o risco de se adquirir o diabetes tipo 2, devido aos adipócitos abdominais serem maiores que os outros distribuídos pelo corpo e os mesmos aumentam a tendência de conversão de lipídeos em ácidos graxos livres, os adipócitos viscerais provocam aumento nos níveis séricos de glicose e triglicérides favorecendo a hiperglicemia, os mesmos ácidos graxos tem acesso direto ao fígado afetando a captação de glicose de modo que interfere no metabolismo da insulina.
Todos os diabéticos tipo 2 produzem a insulina quando diagnosticados e a maioria continuará produzindo insulina pelo resto de suas vidas mas há uma incapacidade das células musculares e adiposas de usar toda a insulina secretada pelo pâncreas que com o tempo pode apresentar deficiência na produção de insulina (MONTEIRO, 2011).
O processo de absorção dos carboidratos
Qualquer carboidrato ingerido, para ser absorvido no intestino, deve ser degradado nas suas formas mais simples, exemplos como a sacarose (açúcar refinado) e glicose. Uma vez absorvida, a glicose, para ser utilizada tem de entrar nas células e é a insulina que torna este processo possível se uma pessoa não tem insulina ou se sua ação está diminuída o primeiro resultado é a hiperglicemia - excesso de glicose no sangue. Esse excesso de glicose tem de ser eliminado e o caminho mais fácil é a urina - glicosúruia. Para sair ma urina, necessita levar água consigo e isto faz a pessoa urinar mais que o normal - poliúria (FLEURY, 2011).
Quando se elimina muita água pela urina, a pessoa se desidrata, tem sede e passa a beber água exageradamente (polidipsia). Se a célula não recebe glicose além dos outros nutrientes que a insulina controla como proteínas e gorduras o cérebro detecta que está faltando alimento, ou seja, energia, com isso o cérebro ativas mecanismos de emergência para conseguir esse alimento fazendo com que haja:
O desvio do metabolismo dos carboidratos para o metabolismo das gorduras no diabetes aumenta a liberação de cetoácidos, como acetoacetico e ácido β-hidroxibutirico, no plasma, mas rapidamente do que podem ser captados e oxidados pelas células teciduais, o paciente desenvolve acidose metabólica grave, devido ao excesso de cetoácidos, os quais em ação a desidratação produzida pela formação excessiva de urina. Quando a quantidade de ácido acetoacetico aumenta acentuadamente no sangue ela é convertida em acetona, sendo a acetona volátil e eliminada na expiração dando hálito de acetona. (GUYTON, 2000)
A relação cintura-quadril
No Brasil está ocorrendo um crescente predomínio nas doenças crônicas como principal causa de morbimortalidade (OLIVEIRA, FERRACIOLI e FERRACIOLI, 2010).
A obesidade abdominal indicada por uma Relação Cintura-Quadril (RCQ) tem sido mostrado como fator preditivo para doenças como: hipertensão arterial, doenças coronárias, diabetes mellitus não insulino dependente e infarto agudo do miocárdio. Isso deve ocorrer devido a mudanças metabólicas associadas a depósitos de gordura intraabdominal.
A RCQ não é precisa pois seus pontos não estão anatomicamente bem definidos, para se ter um diagnóstico foi estabelecido que após a divisão da medida cintura pelo quadril, valores elevados ≥ 0,95 nos homens e ≥ 0,85 nas mulheres (CALICH, 2002).
No trabalho realizado pelo mesmo autor supracitado, valores obtidos para a medida da cintura foram sempre superiores aos valores de relação cintura-quadril na amostra masculina. Já para amostra feminina a relação cintura-quadril foi superior a medida da cintura. Para diagnóstico o desempenho da relação cintura-quadril com preditor de diabetes e dislipidemias é muito maior na população feminina enquanto o desempenho da medida da circunferência da cintura isolada é muito maior na população masculina para diagnostico de diabetes e dislipidemias.
Quanto à distribuição de gordura
Em relação à maneira que a gordura se distribui no corpo temos 2 tipos:
Primeiro, localizada principalmente na região inferior do corpo compreendida pelo quadril, nádegas e as coxas, este tipo é mais comum na população feminina e da ao corpo um formato de pêra, por isso é chamada de obesidade Ginóide (feminina).
Por fim, depósitos de gordura principalmente na região da cintura, assemelhando se o corpo a uma maça, encontrada mais na população masculina, chamada de obesidade Andróide - masculina.
De acordo com a circunferência da cintura classificamos o grau de risco que se encontra para desenvolver as doenças relacionadas à obesidade, como diabetes mellitus.
Para homens valores; Até 90 cm – Normal, 90-94 cm – Risco Médio, 90-102 – Risco Alto, Acima de 102 cm – Risco muito alto.
Já para mulheres os valores são: até 80 cm – Normal, 80-84 cm – Risco Médio, 84-88cm – Risco Alto, Acima de 88 cm – Risco muito alto (CARNAVAL, 1995).
É importante ressaltar que aumentos de peso em que a gordura se localiza no abdomem trazem maior risco do que aumento de peso maior, mas no qual a gordura se localiza nas regiões mais periféricas, portanto, é importante muitas vezes a localização da gordura do que a quantidade dela existente no corpo. Isto explica porque as doenças cardíacas e cerebrais como o infarto e os derrames são muito mais comuns nos homens, que tem predominantemente obesidade abdominal, do que nas mulheres que geralmente são obesas periféricas.
A adiposidade central parece estar associada mais freqüentemente à resistência insulina, do que a distribuição centrifuga de gordura (obesidade periférica). O mecanismo pela qual o acumulo de gordura intra-abdominal (visceral) causa resistência à insulina não está claro, embora existam hipóteses de que elevadas concentrações de ácidos graxos livres podem estar implicadas no processo. (SILVEIRA, 2011).
Um experimento feito na Universidade de Laval selecionou indivíduos com baixa e alta adiposidade intra-abdominal. A amostra foi comparada após cada um de seus componentes ter recebido uma dosagem oral de 75g de glicose (teste de tolerância), constatando que indivíduos com maior adiposidade central possuem maior quantidade de insulina circulante, em resposta a um estimulo de glicose. Eles possuem maior resistência à insulina e requerem mais insulina. Devido à adiposidade centralizada, menos insulina é degradada.
Nos indivíduos portadores de diabetes tipo 2 uma redução de 11% no peso corporal foi associada a uma diminuição de 28% do risco de morte causada por diabetes.
Uma correlação feita, aindapelo mesmo autor, constatou que à medida que a massa gorda aumenta o índice glicemico se eleva juntamente a ela.
Classificação dos Risco para a Saúde, de acordo com a Relação de Circunferências de Cintura e de Quadril (WHR ou PCQ):
De acordo com a Applied Body Composition Assessment, (1996) apud Silveira (2011) - Índice de Relação de Gordura entre Circunferências do Abdômen e Quadril (WHR = Waist - Hip Ratio) para Testar o Risco de Desenvolver Doenças Relacionadas à Obesidade.
Com os estudos de Bjornntorpo (1986) apud Silveira (2011), existe uma relação entre a distribuição da gordura corporal com a maioria dos problemas de saúde nos seres humanos.
Existem relatos de que, a obesidade seja responsável pelo aparecimento de 26 doenças crônicas e 15-20% das mortes anualmente. Exemplos: doenças renais, de fígado, artrites, problemas cardíacos, câncer de colo e diabetes, levando-nos a concluir que em sua maioria, os indivíduos mais magros tendem a viver mais (SILVEIRA, 2011).
Através da relação abaixo, das medidas de circunferência de abdômen e quadril, observou-se que aumentos no desenvolvimento de doenças cardíacas em homens e mulheres e que são as seguintes:
Extraído e adaptado de Silveira, 2011. p. 45
O processo aterosclerótico
Neste processo há um estreitamento arterial notável e o suprimento de oxigênio aos tecidos alvos se torna deficitário. O endotélio rugoso, áspero e rígido das artérias freqüentemente causa a coagulação do sangue que flui.
O mecanismo pela qual os depósitos lipídeos ou placas se desenvolvem ainda está pouco esclarecido, uma explicação é que espaçamento concêntrico da parede arterial se inicia como listras na túnica interna.
O deposito do material lipídeo eventualmente conduz a calcificação e alterações fibroticas, de modo que as paredes das artérias se tornam mais estreitas, rígidas, duras, dificultando o fluxo sanguíneo de modo que se tenha um aumento da pressão arterial, compreendendo que o coração terá que bombear com maior intensidade para suprir esse problema).
O fator mais importante no processo de desenvolvimento da aterosclerose consiste na presença de altas concentrações plasmáticas de colesterol na forma de lipoproteína de baixa densidade.
Uma boa medida para prevenção da aterosclerose é uma dieta com baixo teor de gordura saturada, contendo principalmente gordura insaturada com baixo teor de colesterol.
O clesterol e os triglicérides
São os dois lipídeos mais comumente associados ao risco de coronariopatias. Estas gorduras não são hidrossolúveis e, portanto não circulam livremente no plasma, são transportadas em combinação com uma proteína sob a forma de lipoproteína.
As lipoproteínas são de extrema importância, pois fazem o transporte da gordura no sangue. Especificamente, as lipoproteínas de alta intensidade (HDL) contém as maiores quantidade de proteína e correspondentemente as menores quantidade de colesterol.
As lipoproteínas de baixa e muito baixa densidade (LDL e VLDL, respectivamente) contem os componentes de maiores quantidades de gordura e paralelamente as menores quantidade de proteína.
A isulina
A insulina é uma proteína pequena, sendo a insulina humana com peso molecular de 5.808. é composta por duas cadeias de aminoácidos, conectadas uma a outra por pontes de dissulfeto. Quando as duas cadeias de aminoácidos são separadas perde-se sua atividade funcional. A insulina facilita o transporte de glicose do plasma sanguíneo para o interior da célula.
A insulina secretada tem meia-vida plasmática de 6 minutos, é depurada da circulação de 10 a 15 minutos, a exceção da porção que se combina com os receptores das células-alvo, o restante é degradado pela enzima insulinase (GUYTON, 2000).
A resistência insulínica
A menor formação de glicogênio muscular parece ser a verdadeira causa da insulino resistência o defeito primário na patogênese dos diabetes mellitus não insulino dependente, sugerem-se dois mecanismo de falha genética: o primeiro é a diminuição da função da célula beta ocorrendo uma incapacidade de compensar a resistência insulínica e o segundo é a diminuição da formação do glicogênio intramuscular (GAMA, 2011).
Mutações no gene β3 adrenérgico juntamente a resistência e alterações na secreção de insulina pelas células β caracterizariam o primeiro mecanismo (OLIVEIRA et al., 1999).
Para Gama (2011) o defeito genético na produção de glicogênio muscular precocemente se desenvolve enquanto a diminuição da secreção de insulina se faz tardiamente. A diminuição da tolerância glicose, hiperinsulinismo e a dificuldade do músculo de utilizar a glicose determinam um estado de turnover aumentado da glicose, ocorrendo um aumento da oferta de ácidos graxos ao fígado e conseqüentemente neoglicogênese compensatória caracterizando o segundo mecanismo.
Portanto, face ao exposto até aqui, e, após a evidente presença de um importante problema de saúde publica contemporâneo, justifica-se que olhar da Educação Física seja direcionado a esta problemática aqui evidenciada, balizado pela ação do interventor social e agente de saúde – o profissional de Educação Física – na tentativa da amenização dos aspectos aqui relatados.
Objetivos
O objetivo principal consistiu em conhecer e analisar o nível de incidência do Diabete Mellitus, tipo II, em alunos praticantes de atividades físicas, matriculados em academias de ginástica, no município de Ribeirão Preto, SP.
Paralelamente, espera-se que, com o término da pesquisa se possa contribuir com o enriquecimento do material bibliográfica acerca do tema, vislumbrando respaldar profissionais de Educação Física que trabalham com grupos especiais, como no caso da referida patologia aqui tratada.
Materiais e métodos
A presente pesquisa, que é fruto do fomento do Programa de Iniciação Científica do Centro Universitário Mouta Lacerda 2011, recorreu à abordagem qualitativa para o delineamento do estudo, baseando-se principalmente no interesse em analisar e compreender o fenômeno do aumento da incidência dos casos de Diabetes Mellitos tipo II na sociedade, contudo, não vinculado apenas a dados estatísticos e quantitativos acerca da patologia, e, sim, analisá-lo enquanto fenômeno social e problema de saúde pública (ANDRÉ e LUDKE, 1995).
Foram sujeitos de pesquisa, 50 alunos, com idades entre 40 e 50 anos, 25 pertencentes ao gênero feminino e 25 do masculino, escolhidos aleatoriamente.
A pressão arterial foi aferida com o aparelho esfigmomanômetro BD e estetoscópio BD.
Verificou-se também, a massa corporal total (MCT) dos pacientes utilizando-se balança FILIZOLA digital com precisão de 0,1 kg.
No momento da aferição da circunferência da cintura e quadril, foi utilizada uma fita métrica com precisão de mm.
A RCQ foi estabelecida através da divisão da circunferência da cintura pela a do quadril, estabelecendo valores elevados aqueles ≥ 0,85 para mulheres e ≥ 0,95 para homens (CALICH, 2002).
No que tange aos – Procedimentos Éticos – para a eealização da pesquisa, para a aplicação da anamnese, assim como, na coleta de dados, cada voluntário será devidamente informado e esclarecido acerca da sua participação, assim como, da importância e riscos da pesquisa, através de um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).
A pesquisa tambémfoi previamente cadastrada no SISNEP – Sistema Nacional de Ética em Pesquisa – nº. 421198; área de conhecimento 4.00 – ciências da saúde – Educação Física – Nível: diagnóstico; grupo III
Ribeirão Preto/SP/Brasil, enquanto campo de estudo, com 155 anos, que já recebeu diversos títulos que tentaram definir sua história, como por exemplo: pólo comercial da Alta Mogiana, Capital do Café, Capital da Cultura, Capital Sucroalcooleira, Capital do Chope, porém, atualmente, com aproximadamente 600.111 habitantes, localizada a 310 Km da cidade de São Paulo/SP, na região nordeste do mesmo Estado, caracterizada pelo alto nível de renda percapita, com um PIB (Produto Interno Bruto) de US$ 3,4 bilhões, que perfaz 1,2% do PIB de todo o Estado de São Paulo e que, portanto, rechaça a fama de Califórnia Brasileira, em razão também do alto volume de migrantes, atraídos pelos empregos oriundos da cana-de-açúcar (RIBEIRÃO PRETO, 2011).
O rmunicípio também apresenta grande desenvolvimento nos setores de serviços, no comércio, sendo este com mais de 14 mil estabelecimentos, no turismo de agronegócios, na construção civil, na agricultura, como no caso específico da já citada cana-de-açúcar, com produção anual de 80 milhões de toneladas/ano, fazendo da região a maior produtora mundial no segmento, grande polarização universitária e referência mundial em pesquisa na área da saúde (RIBEIRÃO PRETO, 2011).
Resultados
Após a Análise de Conteúdo, modalidade de Análise Temática de Bardin (1977), observou-se uma grande incidência dos fatores de risco da referida patologia, sendo que, dos 25 sujeitos analisados do gênero masculino, 18 apresentaram risco alto, 2 muito alto e 5 moderado, e, do feminino, 13 apresentaram risco alto, 10 risco moderado e 2 muito alto.
A respeito da massa corporal dos sujeitos de pesquisa, verficou-se que todos, tanto do gênero feminino, quanto do gênero masculino estavam acima do desejável.
Dos mesmos 50 sujeitos, 21 do gênero masculino, após a memsuração da pressão arterial, apresentarm carcaterísiticas de hipertensos, bem como outros 18 do gênero feminino, sendo que os outros avidenciaram carcatrerísiticas normotensas.
Conclusões
Assim, analisa-se estes achados sem a intenção de alguma generalização, asseverando o quão se faz presente a população portadora dos fatores de risco de desenvolvimento do Diabetes Mellitus tipo II, nas academias de ginástica que perfizeram o campo de estudo da presente investigação, inclusive, apresentando evidências claras de risco, tanto no que tange aos sujeitos do gênero masculino, como do feminino, lenvando-nos a ratificar a importância do profissional de Educação Física, presente, capacitado e conhecedor desta problemática aqui apresentada, na intenção da minimização estes aspectos.
Pois, é parte das atribuições do Profissional de Educação Física, a prescrição e orientação de atividades específicas e seu acompanhamento para com pessoas que tenham necessidades especiais de atendimento, como o diabetes mellitus, o que torna necessária a qualificação desses profissionais.
Outra conclusão que a presente pesquisa evidenciou, refere-se à necessidade de se implementar programas de capacitação para esses profissionais de Educação Física, visto que é possível afirmar que o diabetes mellitus é uma patologia de alta prevalência e incidência nas academias de ginástica, mas, não é possível afirmar, concomitantemente, que a maioria dos profissionais possua os conhecimentos mínimos E necessários para lidar com este cenário.
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EFDeportes.com, Revista Digital · Año 17 · N° 169 | Buenos Aires,
Junio de 2012 |