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A prática da hidroginástica e sua influencia

nas atividades de vida diárias do idoso

La práctica de la gimnasia acuática y su influencia en las actividades de la vida diaria de la persona mayor

 

*Discente da Faculdade de Educação Física

da Universidade de Santo Amaro - UNISA

**Orientadora e Docente da Faculdade de Educação Física

da Universidade de Santo Amaro

(Brasil)

Fábio Luís Silva de Melo*

Graziele Cristina da Silva*

Larissa Carvalho Leite*

Profª. Ms. Solange de Oliveira Freitas Borragine**

larissacarvalho20@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          O estudo tem o objetivo de analisar os benefícios que a hidroginástica pode proporcionar aos idosos, principalmente em relação a realização das atividades da vida diária, observando a interferência desta prática nas questões referentes aos aspectos físico, afetivo e social desses idosos. A metodologia utilizada é a pesquisa indireta, por meio da revisão bibliográfica. A população idosa vem crescendo a cada dia e o envelhecimento é um fenômeno gradativo que diminui as aptidões físicas e funcionais do individuo, e pela perda das aptidões surgem as limitações ao realizar atividades simples do cotidiano. A hidroginástica bem conduzida pode influenciar no dia-a-dia dessa população, proporcionando melhoras físicas, afetivas e sociais, preservando a capacidade funcional, possibilitando ao idoso a realização das atividades da vida diária e, conseqüentemente, contribuindo para uma maior independência, uma vida mais prolongada e com melhor qualidade de vida.

          Unitermos: Idosos. Processo de envelhecimento. Hidroginástica. Atividade de vida diária.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 17 - Nº 169 - Junio de 2012. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O envelhecimento é um processo lento e gradativo que consiste na perda progressiva das aptidões físicas funcionais do organismo, gerando insatisfação e restrição do idoso em relação à realização das ações diárias e da sua qualidade de vida.

    Com o processo de envelhecimento os idosos tendem a enfrentar limitações, e essas podem ser minimizadas com a prática de atividade física regular. Uma das recomendações feitas pelos profissionais da saúde é a prática de atividades na água, como a hidroginástica. Ela provoca um impacto bastante reduzido nas articulações, local que normalmente o idoso enfrenta problemas, produzindo resultados bastante positivos, possibilitando-lhe uma melhor condição de vida.

    Estudos recentes sobre os efeitos da prática de atividades aquáticas apresentam que, por meio de exercícios moderados é possível obter uma melhora na capacidade física do indivíduo idoso, podendo-se observar uma significativa melhora na funcionalidade destes nas suas atividades diárias.

    A população idosa tende a crescer, logo é necessário o estudo de possibilidades que auxiliem esses idosos a usufruir deste prolongamento da vida com mais saúde e alegria, por esse motivo é importante que os profissionais da área da saúde busquem subsídios suficientes para o oferecimento de práticas de atividades físicas, como a hidroginástica, que forneçam a essa população uma melhor qualidade de vida, aumentando a auto estima, o bem estar e, conseqüentemente suas ações de vida diária.

O idoso, o envelhecimento e as atividades de vida diárias

    A Organização Mundial de Saúde (OMS), de acordo com Monteiro (2001) classifica como idoso a pessoa com idade igual ou superior a 60 anos nos países em desenvolvimento, e os indivíduos acima de 65 anos nos países desenvolvidos.

    Esta população vem crescendo a cada ano e, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) citado por Stella et al (2002) atualmente a expectativa de vida do brasileiro é em média de 68 anos, sendo de 72,6 para as mulheres e de 64,8 para os homens. Esse crescimento acelerado exige do Estado e da sociedade ações que garantam o bem estar, a autonomia, integração e participação efetiva da população idosa na sociedade, porém devido a algumas mudanças na vida dessas pessoas como a aposentaria, por exemplo, os idosos diminuem as suas relações sociais, perdendo suas referencias e objetivos de vida, chegando a comprometê-los psicologicamente, a ponto de causar crises de depressão.

    De acordo Cerri e Simões (2007) há um tempo atrás se acreditava que a diminuição do desempenho do indivíduo era conseqüência natural do envelhecimento, hoje inúmeros estudos procuram reforçar que esses declínios se relacionam muito mais com o nível de atividade física do idoso do que ao processo em si.

    Etchepare et al (2003), ao citar Zimerman (2000) dizem que apesar de ‘a velhice não ser uma doença’ o ser humano fica vulnerável á elas, e com o decorrer dos anos é inevitável o desgaste do organismo. Onde Otto (1987) citado pelos mesmos acredita que para o nosso dia a dia devemos adotar a pratica das atividades físicas como uma filosofia de vida, logo é de extrema importância a manutenção da massa muscular e óssea para o idoso para que o mesmo possa ‘produzir e realizar suas tarefas diárias’.

    Etchepare et al (2003), revela que “estudos recentes indicam que a maioria dos órgãos do corpo poderão funcionar quase tão bem na idade avançada como nos anos de juventude, entre aqueles que mantêm estilos de vida saudáveis. Entretanto, as doenças crônicas e as incapacidades tendem a se acumular em muitas pessoas à medida que envelhecem, impondo ameaças à sua independência” (p.1).

    Moreira (2001); Souza e Souza (2008) apresentam que há “uma relação direta entre o envelhecimento e a inatividade física, em razão dos fatores inerentes a este processo e ao estilo de vida” (p.1). Com base em estudos já realizados, podemos verificar uma relação efetiva entre a promoção da saúde do idoso com a prática regular de atividade física.

    O sedentarismo provoca limitações no idoso, comprometendo sua capacidade funcional de realizar atividades sozinho, logo, ao relacionarmos a atividade física com o tratamento do idoso podemos constatar que, de forma programada ela pode ser uma ótima estratégia na busca da funcionalidade e, como registra Jacob Filho et al (2006) “a atividade física é considerada um importante agente na promoção de saúde, não apenas nos efeitos diretamente relacionados a aptidão física, mas também nos componentes psíquicos e sociais” (p. 32).

    É importante que o idoso tenha atividade intelectual e física que o possibilite realizar, em seu tempo livre, atividade que lhe dê prazer, como também é importante que os idosos saibam que a condição de velhice e as alterações fisiológicas que ocorrem nessa fase não são sinônimos de doenças, mesmo porque as patologias podem ser evitadas e minimizadas com a prática de exercícios físicos, uma boa alimentação e o convívio social.

    A atividade física está associada ao bem estar, à saúde e à qualidade de vida das pessoas em todas as faixas etárias, e principalmente na terceira idade, quando são grandes os riscos que a inatividade causa ao indivíduo, levando-o a perda de muitos anos de vida útil. (MONTEIRO, 2001)

    O idoso deve compreender a necessidade de se manter ativo, uma vez que as alterações fisiológicas que costumam ocorrer, como as do sistema cardiorrespiratório, aumento da pressão sistólica e diastólica, queda da freqüência cardíaca, redução na mobilidade e na estrutura músculo-esquelético, implicam radicalmente na sua capacidade funcional, e as reduções da força muscular junto com a falta de flexibilidade atingem diretamente a capacidade funcional do indivíduo, resultando na limitação das atividades da vida diária (AVDs) comprometendo o bem estar e a autonomia do idoso.

    Matsudo, Matsudo e Barros Neto (2001) citados por Carmo, Mendes e Brito (2008) esclarecem que essas limitações se devem aos desgastes adquiridos ao longo da vida que refletem no desequilíbrio biológico e, conseqüentemente, comprometem os idosos, levando-os a restrições na capacidade funcional.

    Segundo Ueno (1999) capacidade funcional é a capacidade de realizar as atividades da vida diária de forma independente, incluindo as atividades de deslocamento, de auto cuidado, sono adequado e participação de atividades ocupacionais e recreativas.

    A capacidade funcional, para Okuma (1998) citado por Moreira (2009), compreende a capacidade do indivíduo em manter os cuidados pessoais e realizar as atividades cotidianas, incluindo a força muscular, a resistência muscular localizada, a agilidade, a flexibilidade, os reflexos, o tempo de reação, a eficiência metabólica, a composição corporal, dentre outros aspectos da aptidão corporal total. Para que ocorra melhora e se mantenha esses componentes da aptidão funcional é importante que o idoso tenha um estilo de vida ativo ao longo da vida com a prática regular de atividades físicas, conquistando assim uma vida saudável e prevenindo possíveis doenças e desconfortos da velhice.

    Matsudo (2000) e Oliveira (2005) citados por Souza e Souza (2008), registram que os médicos gerontologistas recomendam fundamentalmente para um envelhecimento saudável, a pratica regular de atividades físicas, já que doenças comuns durante o processo de envelhecimento como (depressão, doenças cardiovasculares, diabetes, câncer, hipertensão arterial, osteoporose e fraturas ósseas) diminuem com a atividade física.

    A capacidade funcional, de acordo com Rebellato e Morelli (2007) é avaliada a partir das atividades básicas da vida diária (AVDs) e atividades instrumentais da vida diária (AIVDs). As AVDs são caracterizadas como atividades de cuidado pessoal, que a própria pessoa pode realizar todos os dias, como comer, vestir-se, tomar banho, realizar transferências de posições, controlarem a bexiga e o intestino. Já as AIVDs são atividades que possibilitam qualquer pessoa viver com independência em sua residência, como preparar refeições, realizar atividades caseiras, tomar medicamentos, usar telefone, realizar atividades financeiras.

    À medida que aumenta a idade cronológica, observa-se que as pessoas tornam-se menos ativas e a sua capacidade funcional diminui, contribuindo para que a sua independência seja reduzida (VALE, 2004 apud CARMO, MENDES e BRITO, 2008).

    Verifica-se, com isso, como apresenta Mincato e Freitas (2007) que alguns idosos, devido a uma série de limitações, passam a depender de cuidados especiais, de cuidadores ou familiares que os acompanhem e auxiliem na realização de atividades simples e comuns como alimentar-se, tomar banho ou até mesmo realizar os hábitos de higiene e necessidades pessoais.

    Andreotti e Okuma (1999) corroboram registrando que o envelhecimento traz consigo inúmeras modificações no organismo físico, psicológico e social, que resultam na diminuição do desempenho motor, principalmente na realização das AVDs, podendo levar esses indivíduos a se tornarem dependentes de outras pessoas.

    Conforme Nakagava e Rabelo (2007), apud Faro Junior et al (1996), essas modificações no organismo acontecem “a nível do sistema cardiovascular, sistema respiratório, sistema nervoso central e periférico e no sistema músculo esquelético, dificultando ao organismo atender as necessidades das demandas diárias” (p. 3).

    Onde dentre as alterações que ocorrem no sistema nervoso central o idoso demonstra lapsos de memória, falta de equilíbrio, insônia e outras manifestações naturais da velhice (NAKAGAVA e RABELO, 2007 apud LENT, 2001).

    Segundo Gallahue e Ozmun (2005) “durante a idade adulta, alterações nos sistemas fisiológicos podem influenciar o desempenho motor e representar um mecanismo do processo de envelhecimento” (p.429), logo, se faz importante conscientizar as pessoas para a busca de bons hábitos para que esses problemas sejam minimizados.

    O envelhecimento é um processo implacável aos seres vivos e conduz, como cita Ramos e Mansoldo (2007), a uma perda progressiva das aptidões do organismo, aumentando conseqüentemente o risco de sedentarismo, e essas alterações colocam em risco a qualidade de vida do idoso por limitar sua capacidade em realizar as atividades de rotina. Um fator que conduz a um envelhecimento mais rápido é a falta de atividade física, levando a uma perda acentuada na capacidade cardiovascular, respiratória, força e equilíbrio.

    Segundo Gallahue e Ozmun (2005) conforme o ser humano e entra na idade adulta, o corpo começa a sofrer alterações fisiológicas e físicas que alteram o comportamento de acordo com o ambiente que ele vive. Citam também a “associação entre as diferentes áreas quando indivíduos idosos experimentam declínios em sua auto competência e autoestima, a medida que alterações na força muscular, relacionadas à idade, começam a limitar suas habilidades para desempenhar ações funcionais da vida diária”. (p. 430)

    No aspecto psicológico os autores registram que pode acentuar, com o tempo, a dificuldade de se adaptar a novos papéis, surgindo a desmotivação, dificuldade de planejar o futuro, dificuldade de se adaptar a mudanças rápidas, depressão, hipocondria, paranóia, tentativas de suicídio, comprometimento da auto-imagem e da auto-estima, aceitação ou recusa da condição de velho, aceitação ou rejeição do meio, diminuição da vontade, das aspirações e da atenção, apego ao conservadorismo, desconfiança, irritabilidade e indocilidade.

    Dentre as modificações sociais que podem ocorrer com o indivíduo no processo de envelhecimento, segundo Meirelles (1997) citado por Zimerman (2000) são crises de identidade normalmente provocadas pela falta do papel social que o leva a uma perda de auto-estima; mudanças de papeis na família, no trabalho e na sociedade; aposentadoria; perdas diversas; diminuição dos contatos sociais, entre outras alterações.

    Assim, paralelo a esse crescente número de idosos como registra Barbosa (1999), percebe-se uma insatisfação em relação a qualidade de vida quanto as atividades do cotidiano.

    Spirduso e MacRae (1990) citados por Silva e Pereira (2010) falam que a capacidade do desempenho motor se desenvolve mais a cada década de vida. “as descrições de comportamento ‘médio’ para grupos etários específicos tornam-se cada vez menos precisas para o desempenho de um indivíduo à proporção que a idade do grupo aumenta (p.183)”.

    Gallahue e Ozmun (2005) classificam as variáveis do comportamento motor em: natureza da tarefa, que envolve elementos como grau de dificuldade, duração e necessidade de velocidade ou precisão; e condições ambientais como temperatura, iluminação, textura e a familiaridade com o lugar ou objeto; e características cognitivas, afetivas e psicomotoras do indivíduo que pertencem ao estado do individuo.

    O envelhecimento traz gradativamente uma série de perdas nas aptidões físicas e o sedentarismo tende a acompanhá-lo, fato que muito contribui para o surgimento de doenças crônico-degenerativas, ocasionando as dificuldades em realizar suas ações diárias. Por este motivo, o fortalecimento dos elementos da aptidão física (força, mobilidade, flexibilidade entre outros), é de extrema importância para o idoso, pois estas estão diretamente associadas à independência e à autonomia do idoso, principalmente na execução de suas atividades da vida diária. (KUWANO e SILVEIRA, 2002)

    Para a eficiência e desempenho das atividades da vida diária (AVDs) o idoso deve sentir-se em um nível satisfatório de condicionamento físico. A flexibilidade é, de acordo com Matsudo (2001) um fator importante na função músculo esquelética da aptidão física quando relacionada a saúde, como registra a medicina física e de reabilitação.

    Pereira e Dantas (1998) citados por Passos et al. (2008) registram que a flexibilidade diminui com o envelhecimento, e Weineck (1991) citado por Raso (2000) apresentam que pode-se associar a essa diminuição a falta de movimentação das articulações, o envelhecimento do tecido conjuntivo, tendões, ligamentos e cápsulas articulares.

    Molina e Bouchard (2002) citado por Ramos e Mansoldo (2007), caracterizam o exercício em dois tipos: com finalidades preventivas e com finalidades terapêuticas. Ao falarmos dos exercícios preventivos, eles vêm prescritos com objetivos de adaptações fisiológicas, diminuindo assim as probabilidades de doenças. Já os aspectos terapêuticos têm por objetivo amenizar os possíveis distúrbios, incapacidades ou melhorar funções afetadas.

    Conforme Carmo, Mendes e Brito (2007) programas de orientações e incentivos sobre os benefícios da prática regular de atividade física são indicados para que os idosos mantenham sua capacidade funcional e, conseqüentemente, adquiram uma vida mais saudável, pois os que permanecem inativos fisicamente ao longo da vida tendem a sofrer os efeitos do envelhecimento com maior impacto; contrariamente aos que se mantiverem ativos fisicamente que terão maiores chances de prolongar a sua autonomia funcional e qualidade de vida.

Hidroginástica e o idoso

    Nakagava e Rabelo (2007) apud Rocha (2001) mencionam que não é novidade a procura da hidroginástica como atividade terapêutica, mesmo que atividades na água trazem grandes benefícios, psicológicos e fisiológicos, sobre o organismo os mesmos correlacionam as atividades na água com a cura, limpeza, relaxamento e energia, onde além de ser um ótimo exercício respiratório, facilitador do fortalecimento muscular e das articulações sem sobrecarregar os membros como as atividades físicas terrestres a Hidroginástica é uma das atividades mais procuradas e recomendas para o idoso.

    Segundo White (1998) a água é uma excelente meio para prevenção e recuperação, desde lesões simples até os mais complexos problemas, como também possibilita um trabalho de “cross-training” e condicionamento preventivo. Esses reduzem o desgaste e o impacto comuns em exercícios de lazer, competição e os relacionados a problemas no trabalho e aos de envelhecimento. As atividades realizadas na água, conforme registra o autor, também são indicadas para idosos que desejam fortalecer a musculatura, prevenir doenças crônicas degenerativas e melhorar sua qualidade de vida.

    Atualmente podemos observar que o número de idosos vem crescendo de forma gradativa e, para melhorar a vida desse grupo de pessoas, surgem cada vez mais alternativas de auxilio para que possam envelhecer de forma mais saudável. A hidroginástica é segundo Takahashi e Tumelero (2004) uma atividade física que pode ser realizada por pessoas adultas de qualquer faixa etária e de todos os níveis de condicionamento físico, além de atender também os indivíduos com problemas de obesidade, idosos e gestantes.

    Bonachela (1994) e Barbosa (2001) afirmam que os objetivos de um programa de hidroginástica, para o idoso, devem incluir exercícios que estejam direcionados às modificações mais importantes que surgem com o processo de envelhecimento e auxiliem no bom desempenho das atividades da vida diária.

    Atendendo as necessidades e objetivos dos idosos, é importante que o profissional sugira atividades que atendam diretamente as modificações mais importantes decorrentes deste processo. Matsudo e Matsudo (2005) sugerem que se promovam atividades recreativas para a produção de endorfina e andrógeno, responsáveis pela sensação de bem estar; atividades de socialização possibilitando uma relação social mais efetiva; atividades moderadas e progressivas preparando o organismo para atividades mais intensas; atividades de força possibilitando que os músculos responsáveis pela sustentação e postura fiquem mais fortalecidos; atividades de resistência e exercícios de alongamento para o ganho de flexibilidade e mobilidade e atividades de relaxamento que diminuem as tensões musculares e mentais.

    Apesar de a hidroginástica ser uma atividade de pouco risco, devido ao baixo impacto nas articulações, é importante que o idoso realize consultas médicas periódicas e, principalmente antes do inicio de qualquer tipo de atividade física.

    Por suas características, a hidroginástica vem atraindo cada vez mais adeptos, e o seu sucesso se dá principalmente pelo fato de poder ser praticada também por pessoas de idade mais avançada, por pessoas que tenham sofrido algum tipo de trauma ou possuem problemas musculares, ósseos ou nas articulações.

    Em relação aos benefícios da prática da hidroginástica pelos idosos, Moreira (2009) cita Sova (1998), registrando que praticar hidroginástica de forma regular melhora os cinco componentes do condicionamento físico: condicionamento aeróbio, força muscular, resistência muscular, flexibilidade e composição corporal. Além desses, podemos relacionar a melhora na agilidade, reflexo, velocidade, potência, coordenação e equilíbrio, isso é, nas aptidões físicas e na capacidade funcional, que diminuem com a idade, assim como as demais degenerações causadas pelo processo de envelhecimento.

    Takahashi e Tumelero (2004) registram que os benefícios da hidroginástica são grandes e relacionam, por exemplo: favorece a correção postural, o retorno venoso, a reeducação da respiração e o relaxamento, dentre outros benefícios.

    A hidroginástica vem se tornando cada vez mais popular para a promoção da boa forma e saúde, e dentre as vantagens de sua prática, destaca-se a quase ausência de impacto, uma vez que, de acordo com Delgado e Delgado (2001) o poder da flutuação no meio aquático protege juntas e articulações, o que a torna adequada para uma quantidade maior de pessoas, melhora a força e tonificação dos músculos, aumentando a flexibilidade e promoção do sistema cardiorrespiratório. Isso sem contar com o prazer de realizar uma atividade na água, o que contribui para o combate ao estresse emocional. A hidroginástica também é uma boa opção para a manutenção do condicionamento físico em atletas que estão impossibilitados de realizar seus treinamentos em virtude de lesões.

Considerações finais

    A cada dia que passa se torna mais comum encontrarmos idosos reclamando de dores articulares, musculares e dificuldades em executar atividades simples do cotidiano o que influencia diretamente na sua auto-estima e auto-independência.

    A mudança dessa condição é bem nítida quando se compara idosos praticantes da atividade física com os sedentários, uma vez que os praticantes de atividades devidamente direcionadas são mais ativos e bem humorados.

    A hidroginástica, além de ser uma atividade de baixo impacto, proporciona para essa população uma melhor condição física. Podemos também observar que o convívio social e emocional desses idosos tem uma melhora significativa, pois, se sentem parte integrante da sociedade e do meio em que vivem. Se sentem mais independentes por não necessitarem de ajuda para realizar atividades simples do dia-a-dia como caminhar, pegar algo que está no chão.

    Com a prática da hidroginástica, além da melhora da qualidade de vida dessa população que cresce a cada dia, torna-se possível observar que as queixas de dores articulares e musculares nos seus hábitos do cotidiano se tornam menos freqüentes, as noites são mais bem dormidas, maior facilidade em aceitar mudanças e de se adaptar ao meio, e conseqüentemente as atividades da vida diária tem uma melhora significativa, tornando esse individuo mais funcional, com mais independência e auto-estima elevada.

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