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A febre reumática e a Educação Física escolar

La fiebre reumática y la Educación Física escolar

 

*Graduado em Educação Física pela Faculdade Adventista de Hortolândia

**Doutora em Educação Física pela Unicamp

Professora Titular na Faculdade Adventista de Hortolândia

(Brasil)

Cleiton Nakonieczni Belotto*

Helena Brandão Viana**

hbviana2@gmail.com

 

 

 

 

Resumo

          Sabemos que a prática da atividade física pode ser limitada por vários motivos, dentre eles as enfermidades ou doenças adquiridas ao longo da vida. A Febre Reumática é uma doença que pode causar sérios danos ao coração, desenvolvida em sua grande maioria pelos que estão em idade escolar. Ao realizar a profilaxia e controle da doença, a Educação Física escolar pode possibilitar a prática de exercícios dentro dos limites adequados para o cardiopata, levando-o ao desenvolvimento de suas capacidades e à formação de um cidadão ético e moral. O objetivo deste trabalho foi realizar uma revisão de literatura sobre a febre reumática, que dentre as cardiopatias é a mais recorrente entre crianças e adolescentes. Neste estudo veremos as limitações que a Febre Reumática (FR) pode gerar em uma pessoa ao acometer o coração, e como o profissional de Educação Física pode contribuir na prevenção da doença. Nosso estudo se propôs a analisar as relações entre o professor e o aluno, enfatizando que o professor de Educação Física deve adquirir conhecimento específico, para que as metodologias, conteúdo proposto e as atitudes que serão tomadas durante suas aulas correspondam com o nível adequado de exercício para o aluno que possui alguma limitação gerada por uma cardiopatia.

          Unitermos: Educação Física. Febre reumática. Desenvolvimento.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 17 - Nº 169 - Junio de 2012. http://www.efdeportes.com/

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Febre reumática: conceitos

    A Febre Reumática (FR) continua sendo a principal causa de cardiopatia adquirida em escolares, adolescentes e adultos jovens nos países em desenvolvimento, afirma Meira et al. (2008, p. 237), gerando efeitos devastadores em seus anos mais produtivos (WHO, 2001, p. 9). Ela é causada pelo estreptococo β hemolítico do grupo A de Lancefield, segundoTerreri et al. (2006, p. 386). Logo ao surgir a doença, nota-se inflamação na região das amídalas e faringe, a faringoamigdalite. Em populações geneticamente predispostas, ocorre uma resposta imune tardia a esta infecção, podendo então desencadear problemas mais sérios que uma inflamação na garganta, conforme Barbosa et al. (2009, p. 4).

    A febre reumática (FR) foi classificada como doença autoimune ao se constatar que os anticorpos do hospedeiro atacam o organismo invasor, mas acabam reconhecendo o tecido cardíaco como sendo parte do invasor, passando então a atacá-lo também. Aqui se inicia o processo de autoimunidade, explica Spina (2008, p. 131). A FR é então uma doença que se utiliza do sistema de defesa do organismo para gerar danos, ou seja, é mediada pelo sistema imune do nosso corpo, afirma Azevedo (2009, p. 5). O processo pelo qual isso se faz possível, é chamado de mimetismo molecular, que é a semelhança química, do ponto de vista estrutural, entre as moléculas do hospedeiro e dos antígenos, que são estruturas capazes de gerar uma reação imune, nos mostra Beneti e Silva (2006, p. 60).

    Dessa forma conseguimos ver a diferença de uma pessoa que terá somente uma inflamação na garganta, de alguém que, além da inflamação poderá desencadear problemas graves. O sistema imunológico que reage de maneira exacerbada ao estreptococo, torna possível, através dessa mediação, as ações que a FR é capaz de desencadear. Vale lembrar que 3% a população que em potencial, possui estes marcadores genéticos, como mostra o esquema proposto a seguir:

Figura 1. Porcentagem populacional estimada de pré-disposição genética para desenvolver complicações geradas pelos antígenos estreptocócicos. Fonte: Spina (2008, p. 130)

    A preocupação ao adquirir Febre Reumática estende-se aos seus familiares, pois devem possuir os mesmos marcadores que fizeram com que a primeira pessoa da família desenvolvesse complicações. Como as cepas estreptocócicas se encontram na garganta da pessoa, qualquer coisa que possa fazer com que elas se espalhem trará riscos aos que possuem o marcador genético, não sendo totalmente contagiosa, mas limitando seu contágio a um grupo específico. Das crianças e adolescentes que Meira et al. (2008, p.237) acompanharam em seus estudos, 29,7% delas tinha pelo menos um membro na família que também desenvolver a FR.

Transmissão da febre reumática

    O Streptococcuspyogenes, bactéria responsável por desencadear a FR, se prolifera em lugares pouco higienizados. As aglomerações humanas com condições de saneamento e habitação inadequados estão entre os maiores facilitadores de propagação da bactéria, conforme a Sociedade Brasileira de Pediatria (2004, p. 10). No desenvolvimento da faringite aguda, há febre e sinais inflamatórios localizados, ocorrendo normalmente em pré-escolares e escolares, afirma Ejzenberg (2006, p. 81).

    As pessoas que adquirem FR são pessoas que tiveram contato ou convivem em lugares onde a higiene é precária, onde muitas pessoas utilizam o mesmo ambiente e há pouca higienização. Condições precárias e baixa renda acabam sendo fatores determinantes para o desenvolvimento da doença, relata Barbosa et al. (2009, p. 4). Mas isso não impede que existam casos de FR em bairros privilegiados e com melhores condições sanitárias. Talvez a incidência esteja ligada mais aos hábitos de higiene dos que freqüentam a casa que propriamente à situação econômica. Outro ponto a ser ponderado é que o estreptococo pode estar adquirindo resistência a produtos de limpeza, sofrendo alterações ao longo dos anos.

    Em função das bactérias se proliferarem em locais pouco higienizados, lugares onde há aglomeração de pessoas, nossa preocupação se volta para as escolas, onde passam muitas pessoas em idade de risco diariamente, e é também onde muitas vezes a manutenção dos banheiros nem sempre se encontra nos níveis mais adequados. Costumeiramente, 30% das faringotoncilites que uma criança adquire são de etiologia estreptocócica, e possuem um potencial complicador para FR. Estudos comparando o nível de estreptococcia de crianças que freqüentavam creches e de crianças que não freqüentavam, apontou que as crianças que eram mais assíduas às creches apresentaram maior incidência destas infecções, afirma Viera et al. (2006, p. 587).

    Nos países desenvolvidos, a FR tem sido reduzida de maneira bem acentuada, em função de uma maior renda, o que leva a melhorias no padrão social, cultural e econômico da população, averigua Silva, Silva e Silva (2010, p. 142). Isso acaba refletindo na melhoria dos cuidados preventivos primários, como a higienização das pessoas e dos locais que elas convivem. Rocha, Rocha e Sprovieri (2009, p. 420) mostram que na América do Sul a prevalência é de 17 pessoas por mil habitantes, enquanto nos EUA a prevalência se encontra a 0,6 casos a cada mil pessoas, afirmando que antes da era dos antibióticos, as infecções endocárdicas chegavam a alcançar 100% de mortalidade. Nos últimos 30 anos essa taxa diminuiu para 25%, mas ainda permanece elevada. No Brasil temos 30 mil novos casos de FR por ano, o que amplia o risco de endocardite e nos faz dar alta importância à sua prevenção.

O coração e o desenvolvimento do aluno

    A idade escolar é a idade onde ocorre a formulação da personalidade. A dificuldade ao lidar com uma situação de doença pode ocasionar sérios problemas no desenvolvimento físico, cognitivo e emocional. As limitações físicas podem se exteriorizar no escolar portador de FR através de atitudes agressivas, rejeitando o tratamento, negando a doença, demonstrando ansiedade relacionada à perda de controle de suas atividades, nos mostra Rodrigues, Queiroz e Chaves (2010, p. 42).

    A família, por outro lado, acaba assumindo uma postura excessivamente protetora, muitas vezes impedindo o desenvolvimento saudável de seus filhos, e até incentivando a prática de atividades deletérias a esses indivíduos, descreve Leite e Borges (2007, p. 18). A falta de informação adequada é um fator preocupante à família dos cardiopatas, e pelo medo de se fazer algo que faça mal, talvez optem pelo “mais seguro”, como jogos de computador e aparelhos de entretenimento.

    Ao analisarmos todos estes dados, vemos que um adolescente, uma criança que adquire FR poderá ter que lidar com situações bem complicadas, pois já seria difícil para um adulto suportar tais limitações e demais dificuldades que se precise enfrentar, quanto mais para pessoas que estão com tantos sonhos em suas mentes, tanto a se conquistar, tanto a se fazer. Ou pelo menos ao querer fazer. A busca pela informação adequada é o melhor caminho para obter os melhores resultados relacionados à qualidade de vida de um indivíduo.

    Leite e Borges (2007, p.20) nos mostram que:

    A desinformação é um dos maiores inimigos do cardiopata. Cabe então ao médico clínico, assim como ao cardiologista, manter um diálogo franco sobre as possibilidades do paciente e suas limitações físicas reais, evitando restrições maiores do que as necessárias [...].

A atividade física e a cardiopatia reumática

    A necessidade e a busca por informações cada vez mais precisas nos fazem, juntamente com pesquisadores que tiveram esta preocupação, buscar mais conhecimento. Ao analisar os componentes dinâmicos e estáticos do exercício, estes criaram uma tabela, onde são listadas as modalidades esportivas/exercícios desenvolvidos, sendo organizados pela sua intensidade e risco durante sua execução, como esportes de impacto que gerem riscos por traumatismos, como por exemplo, artes marciais. Se nosso aluno, por exemplo, já houver feito uma cirurgia para substituição de valvas, as artes marciais devem ser repensadas como atividade a ser praticada por ele, ou, se a intensidade do exercício não oferecer riscos, executá-lo de maneira individual, para o nosso aluno se desenvolva evitando impactos na região torácica.

    A escola pode oferecer infinitas formas para a prática de exercícios orientados através do professor de Educação Física. Os exercícios podem ser basicamente classificados pela sua intensidade, podendo então se encaixar entre exercícios estáticos ou dinâmicos leves, moderados ou intensos, afirma Tarasoutchi et al. (2005, p. 152). Em nosso estudo também se faz relevante a maneira como os exercícios são desenvolvidos, já que esportes de contato que tragam impacto podem desencadear complicações clínicas.

    Na figura a seguir podemos analisar a classificação das atividades físicas e esportes, tendo como referência a intensidade predominante da atividade desenvolvida:

Figura 2. Classificação dos esportes baseada no tipo de exercício. Fonte: Mitchell, Hakell e Raven apud Tebexreni, Silva e Carvalho, 2005, p. 172

    Conforme Schainberg (2011), cerca de 40% de todas as cirurgias para trocas valvares realizadas em nosso país são decorrentes da Febre Reumática. A etiologia da estenose mitral é reumática em 99% dos casos, acometendo pacientes jovens. Quem tem estenose mitral geralmente tolera bem os exercícios, permanecendo assintomáticos. O esforço físico durante a atividade leva qualquer pessoa a ter aumento do débito cardíaco e da freqüência cardíaca. Se estenose mitral for mais grave, poderá desencadear aumento da pressão no átrio esquerdo, que então elevará a pressão em capilar pulmonar, gerando quadro de edema agudo nos pulmões. Sendo assim, as recomendações de atividade física em estenose mitral, como também na insuficiência mitral geralmente são limitadas pelos sintomas. Cabe então ao cardiologista, que pode utilizar o teste ergométrico, além dos demais exames para delinear o quadro clínico do indivíduo e sua situação atual quanto à prática de exercícios, afirma Tarasoutchi et al. (2005, p. 153).

    Hossri (2007, p. 72) ressalta a importância da integração com a equipe médica para o professor de Educação Física:

    Desta forma, o profissional de Educação Física, com a identificação da dose adequada de treinamento físico feita por médicos que atuam na área da cardiologia desportiva e na reabilitação cardiopulmonar, pode obter, de maneira segura, a prescrição do exercício para toda gama de indivíduos, desde crianças e adolescentes até adultos sedentários, que já tiveram ou não problemas cardíacos, fazendo com que possam, também, usufruir do bem-estar e da saúde que os exercícios regulares, prescritos na dose certa, promovem.

Discussão

    É responsabilidade do profissional da Educação Física desenvolver cidadãos completos, supridos em suas necessidades físicas, sociais e emocionais. Conforme Gallahue et al. (2008, p. 20 e 21), o domínio afetivo habilita as crianças para agirem, interagirem e reagirem eficazmente com outras pessoas, como também consigo mesmas. A melhoria do autoconceito, que é a descrição livre do valor de si que influencia em tudo o que fazemos, que também é o que dá a noção de pertencer, de valer a pena, a aceitação de si próprio e a percepção de virtudes e competências são muito importantes na formação do cidadão. A sociabilização em um ambiente de Educação Física geralmente ocorre na forma de um jogo justo, de comportamento cooperativo. A atividade física tem um tremendo potencial para fomentar o crescimento moral de seus alunos.

    Devemos ressaltar que a sociabilização no momento da aula de Educação Física só será possível se o professor organizar suas aulas de tal maneira que existam jogos/brincadeiras e atividades propostas onde possam participar em grupos, equipes ou o todo. É necessário saber quais são as intensidades adequadas de exercício para cada aluno cardiopata, mas os exercícios a serem aplicados com eles devem sempre que possível estar acoplados a variáveis não somente físicas, mas também sociais, possibilitando a formação do indivíduo de maneira completa.Gallahue et al. (2008, p. 75) afirmam que os “Professores de Educação Física devem selecionar experiências motoras baseadas no nível de capacidade das crianças, sua fase de desenvolvimento e nível de aprendizado da habilidade motora”, permitindo assim, que a aula venha a preencher os quesitos necessários para o aprendizado e desenvolvimento dos alunos, com seus aspectos morais e lógicosno exercício de tomada de decisão que é proporcionado nas aulas de Educação Física.

    É necessário que o professor de Educação Física também se atente a temas transversais, abordando a qualidade de vida em sua aula com todos os aspectos possíveis dos princípios de vida saudável que possam ser inseridos no cronograma de suas aulas, mas preferencialmente com temas que tratem diretamente da prevenção de possíveis agentes agravantes das doenças do coração. Em função do estilo de vida mais facilmente aderido em cidades, com ingesta calórica alta, balanceamento dos nutrientes inadequado e pouca atividade física, crianças e adolescentes já vem apresentando uma ou diversas características que, quando estão presentes em adultos, estão relacionadas com o aumento de morbidez e mortalidade de doenças cardiovasculares, e também de diabetes. Essas condições de risco geralmente não surgem rapidamente, e sim são caminhos degenerativos que são criados progressivamente ao longo da vida, e claro, levando a desastrosos resultados na saúde. Essas características são:

    Alto nível de colesterol total;alto nível de colesterol de lipoproteína de baixa densidade (LDL);baixo nível de colesterol de lipoproteína de alta densidade (HDL);alto nível de triglicérides; intolerância a glicose;resistência à insulina; hiperinsulinemia;alta pressão sanguínea;fumo regular;excesso de peso ou obesidade;excesso de gordura abdominal;dieta com alta ingestão de gordura;alto consumo de açúcar comum;dieta com alto consumo de sal;muitas horas em atividades sedentárias;sem atividade física regular (MALINA, BOUCHARD E BAR-OR, 2009, p. 664).

    Surge a necessidade que o professor de Educação Física busque capacitação para que o conteúdo que será ensinado a seus alunos possa atender também os que desenvolveram as complicações da febre reumática. Assim sendo, sua prática pedagógica o levará a organizar aulas pensando em atividades que irão suprir a necessidade de todos os que dela participam. Tebexreni, Silva e Carvalho (2005, p. 173) nos mostram que existe um grande movimento por parte das crianças e adolescentes pelo lúdico, incluindo o futebol, basquete, vôlei, natação e outros esportes, cuja intensidade com que se pratica muitas vezes é ditada pelo desenvolvimento do jogo, somada a outras variáveis. Estas práticas estariam mais próximas para os indivíduos com situação cardiovascular ótima ou boa, que não necessitassem de observação especifica durante o exercício. Mas nada impede que o professor deixe seu aluno cardiopata participar e até incentive, tomando os devidos cuidados e mantendo o controle agudo durante sua aula. A capacitação profissional adequada, que sugere cursos complementares à graduação, é de suma importância para que o professor de Educação Física tenha controle de tudo que está acontecendo em sua aula. Se o aluno cardiopata estiver desenvolvendo suas atividades, mesmo que controladas pelo professor bem qualificado, mostrar sinais de que as coisas não estão bem, como isquemia periférica, por exemplo, o conhecimento adquirido vai te capacitar a tomar as devidas providências para tudo voltar ao normal.

    Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia (2004, p. 449), é possível utilizar facilmente recursos como freqüencímetros e protocolos para análise subjetiva de esforço para acompanhar alunos cardiopatas durante a nossa prática profissional. Isto poderá ser feito nas aulas de Educação Física na escola, permitindo então analisar diretamente a intensidade com que nosso aluno pratica determinado exercício, fazendo as adequações necessárias para que a vivência motora de nosso aluno possa ser a mais completa possível, permitindo então sua sociabilização ao participar juntamente com seus colegas de escola das atividades propostas. Após o médico responsável aplicar testes que mostrem a freqüência cardíaca do indivíduo relacionada ao nível de esforço, poderá então determinar a zona ou limite das atividades físicas para aquela pessoa. A reavaliação é sempre importante, pois o condicionamento físico induz a mudanças no padrão de frequência cardíaca basal, durante e pós-esforço.

    Aqui são feitas algumas sugestões para que a nossa prática profissional como professores de Educação Física adquira cada vez mais qualidade:

Considerações finais

    Conforme Spina (2008, p. 130), as estatísticas da Febre Reumática apontam para um futuro sombrio, onde as seqüelas reumáticas ainda serão freqüentes, dificilmente sumindo da prática médica deste século. Cabe a nós, educadores físicos, a capacitação, para proporcionarmos o melhor em nossa prática pedagógica para todos os alunos de que viermos a ser responsáveis, especialmente dos que tenham alguma necessidade de atenção especial, como são os cardiopatas, fazendo do período que eles estiverem NA escola um momento a ser desfrutado em seu desenvolvimento, abrangendo todas as esferas de suas capacidades. Sendo assim, vamos possibilitar a formação de pessoas capazes de exercer as mais variadas funções em nossa sociedade, servindo a seu país e se realizando como indivíduos.

Referências bibliográficas

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