A evolução histórica da prancha
de surf La evolución histórica de la tecnología de tabla de surf y su perfeccionamiento The historical evolution of surfboard technology and its improvement |
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Pesquisas Interdisciplinares em Sociologia do Esporte (PISE) Universidade de São Paulo, USP (Brasil) |
Prof. Dr. Marco Antonio Bettine de Almeida Fernanda Amaral | Matheus Tadei Rafael Luciano | Thiago Volcov | Wilson Bispo |
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Resumo Nos últimos anos tem se falado muito no Brasil sobre a “História do surf” mundial. No entanto a escassa produção acadêmica brasileira referente ao assunto, aliada a satisfação de interesses empresariais de revistas "especializadas", tem esclarecido muito pouco a respeito do surf e suas tecnologias. Esquivando-se da complexidade inerente ao processo de gênese e desenvolvimento da prancha de surf pelo mundo, alguns veículos de comunicação, aliados ao mercado, têm negligenciado a investigação histórica do desporto, preocupando-se em destacar prancha de surf no mundo e no Brasil e sua evolução tecnológica, resgatando a figuras ilustres e fatos curiosos dentro de uma descrição positivista e evolutiva do processo. Unitermos: Surf. Tecnologia. História.
Resumen En los últimos años se ha hablado mucho en Brasil sobre la "Historia del Surf" en el mundo. Sin embargo, la limitada literatura Brasil en relación con el tema, junto con la satisfacción de intereses económicos de las revistas "especializadas", ha explicado muy poco sobre el surf y sus tecnologías. Esquivando la complejidad inherente en el proceso de génesis y desarrollo de la tabla de surf en el mundo, algunos medios de comunicación, aliada al mercado, han dejado de lado la investigación histórica de este deporte, la preocupación para resaltar tabla de surf en el mundo y en Brasil y su evolución tecnológica, el rescate de los hechos ilustres y curiosos en el marco de una descripción positivista y evolutiva del proceso. Palabras clave: Surf. Tecnología. Historia.
Abstract In recent years there has been much talk in Brazil on the "History of Surfing" world. However the limited Brazil literature concerning the subject, coupled with a legitimate business magazine "specialist", has explained very little about surfing and its technologies. Dodging the complexity inherent in the process of genesis and development of the surfboard in the world, some media, allied to the market, have neglected the historical investigation of the sport, worrying to highlight surfboard in the world and in Brazil and its technological evolution, rescuing the illustrious and curious facts in a description of the positivist and evolutionary process. Keywords: Surf. Technology. History.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 17 - Nº 169 - Junio de 2012. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
A pesquisa será norteada sobre a evolução do surf e buscará evidenciar métodos de fabricação de pranchas desde o inicio de sua historia e também os materiais evolvidos no processo construtivo da prancha junto a sua evolução tecnológica. Assim, será analisada a constituição dos primeiros subgrupos surfistas desde o surgimento do desporto. No entanto, eventualmente, serão conduzidos alguns apontamentos sobre a configuração sócio-econômica do surf no decorrer dos séculos. Para tanto, a estrutura metodológica do trabalho se constituirá num debate bibliográfico embasado, essencialmente, em obras antropológicas, sociológicas, tecnológicas e históricas.
Nesta pesquisa, pretendemos comparar a fabricação de pranchas entre diversos momentos desde seu surgimento, levando em conta os materiais utilizados, e na realidade sócio cultural em que se enquadram. Possibilitando a visualização da influência da sociedade na produção das pranchas.
História do surf no mundo e no Brasil
O surf é uma modalidade bem antiga, possui séculos ou até milênios de idade (Alcantara, 2007). Sua origem está diretamente ligada com uma prática dos reis havaianos, pois somente eles podiam desfrutar do prazer de deslizar sobre ondas (Nathanson et al., 2007). O nascimento do surf moderno é atribuído ao havaiano Duke Paoa Kanamoku, um atleta cujo renome nasceu nas olimpíadas de Stockholm (1912) por conquistar a medalha de ouro nos 100m livres. Duke dedicava boa parte de seu tampo para fazer apresentações do surf em diversos locais do mundo como Estados Unidos, Austrália e Europa, fazendo com que a prática se tornasse mais popular. (Mendez-Villanueva & Bishop, 2005).
Os primeiros eventos amadores e profissionais do surf na era moderna ocorreram na década de 60, na Austrália, na Califórnia, e no Havaí (Nathanson et al., 2007) tendo o primeiro campeonato realizado no ano de 1964 em Manly, Austrália (Lowdon 1987). Atualmente o surf passou pelo processo de burocratização, deixando a realização das competições nas mãos de organizações administrativas como: a Associação de Surfista Profissionais (ASP), a Associação Internacional de Surfistas (ISA), além da federação própria de cada país. Hoje o esporte é praticado por aproximadamente 7milhões de pessoas (Frisby & Mckenzie, 2003), e existe um sistema com duas séries de competições, o WCT e o WQS, ambos organizados pela ASP (Mendez-Villanueva & Bishop, 2005).
No Brasil dois momentos são considerados importantes para o nascimento do surf. O primeiro foi em 1938 na praia de Santos, onde Osmar Gonçalves construiu a primeira prancha de surf usando uma revista americana que ensinava passo a passo como se montar. No verão de 1939, Osmar e seu amigo Juá eram os únicos surfistas brasileiros na Praia do Gonzaga, em Santos. Somente na década de 50 depois da 2ª Guerra Mundial, o surf voltou a se impulsionar no Brasil. Desta vez o alvo eram as praias cariocas, um local perfeito para os turistas e os jovens que voltaram dos EUA praticarem o esporte, difundindo a o surf pelo litoral do Rio de Janeiro (Petri, 2003).
Na década de 70 houve a primeira impulsão do esporte com as primeiras indústrias e competições nacionais, mas foi somente na década de 80 que com o apoio da mídia, e a mudança da imagem do surf para uma atividade mais séria e profissional, que o esporte realmente se expandiu. Atualmente o Brasil é a terceira maior potência do surf mundial, atrás somente dos EUA e a Austrália, com atletas de altíssimo nível. (Petri, 2003).
Pranchas de surf no mundo e no Brasil
O surf consiste em executar manobras com graus de dificuldade variável em cima de uma prancha, tentando acompanhar de forma harmoniosa a movimentação das ondas; o surf tem colecionado cada vez mais adeptos e praticantes, estando em constante evolução. A origem do surf é controversa: peruanos e polinésios reclamam ser os precursores do esporte, ainda que as suas motivações possam ter assumido naturezas diferentes. Uma das teorias mais difundidas sustenta que o surf terá nascido há cerca de 450 anos, na ilha peruana de Uros, por via das circunstâncias, já que as atividades pesqueiras constituíam um dos principais meios de sobrevivência dos nativos, o que os sujeitava a lançarem-se ao mar com regularidade para garantirem o seu peixe, regressando a terra flutuando sobre os seus barcos rudimentares (Marcus, 2007). No entanto, foi nas Ilhas Polinésias, nomeadamente no Hawai, que esta prática desportiva (He’e Nalu) se desenvolveu; nesta região, o surf já não era apenas encarado como forma de assegurar alimento e produtos marinhos para posteriormente comercializar, mas começava também a assumir-se como atividade de lazer.
Na Figura podem observar-se praticantes de He’e Nalu (denominação do surf por parte dos hawaianos), prestando uma homenagem à natureza, nomeadamente ao mar.
He’e Nalu: o surf como tributo ao oceano
Há cerca de 450 anos, nos primórdios do surf (embora para fins não competitivos, mas como meio de facilitar a subsistência dos habitantes ou atividade de lazer), os peruanos serviam-se de jangadas arcaicas, construídas em palha e ráfia, enquanto os havaianos cavalgavam sobre as ondas apoiados nas suas barquetas de madeira. Mais tarde, cerca de 1920, os norte-americanos George Freeth e Duke Kahanamoku conceberam as primeiras pranchas de surf, ainda numa versão muito simples, usando a madeira como matéria-prima. Em finais da década de 40 do século passado, Bob Simmons criou a primeira prancha de fibra de vidro (Waves Longboard, 1999). A produção em laboratório de poliuretano, a partir dos anos 1950, veio revolucionar a indústria das pranchas de surf e, conseqüentemente, os resultados alcançados pelos atletas; o primeiro torneio da competição remonta ao ano de 1953. Efetivamente, os equipamentos sofreram diversas alterações, tanto internas como externas, o que pode verificar-se abaixo, atentando na Figura.
Evolução das pranchas de surf, entre as décadas de 20 e 80 do século XX
A evolução de disciplinas como a Química, a Física, a Hidrodinâmica, a Aerodinâmica e as Ciências dos Materiais proporciona uma evolução contínua nos métodos de fabricação das pranchas de surf, extraindo de cada material as suas melhores potencialidades e permitindo ao surfista alcançar resultados de topo.
Os materiais que constituem os aparelhos influenciam decisivamente as performances dos atletas. Quando o surf nasceu, utilizavam-se balsas de palha artesanais. Contudo, este material depressa foi substituído por madeira. As razões eram evidentes: a palha degrada-se com rapidez, não é suficientemente rígida nem consistente e para, além disso, absorve água com facilidade; daí resultava o aumento do peso da prancha, principal entrave à movimentação do surfista. Simultaneamente eram utilizadas jangadas e barcos de madeira e, mais tarde, em 1920, surgiram as primeiras pranchas feitas deste mesmo material; todavia, porque a madeira é altamente degradável em presença da água e sofre umedecimento, logo se iniciou a procura de componentes que pudessem porventura melhorar os resultados. Em 1950, a comercialização de pranchas fabricadas em espuma de poliuretano veio abrir uma nova era: os resultados obtidos pelos surfistas foram significativamente incrementados devido aos novos materiais criados por via sintética (Barracuda, 2009). As pranchas de poliuretano eram leves, resistentes e já possibilitavam excelentes performances aos atletas.
Nos nossos dias, as pranchas utilizadas pelos surfistas que atingem os melhores resultados são formadas por núcleos de poliestireno e por resina epóxi. Na Figura, pode constatar-se um exemplar ainda em fase de acabamentos.
Acabamentos de uma prancha epóxi com núcleo de poliestireno
À primeira vista, o poliestireno presente nos núcleos das pranchas de surf poderá parecer um plástico demasiado frágil. Porém, sob a forma de espuma, é o mais utilizado na formação das partes centrais das pranchas, visto que pode ser facilmente convertido em qualquer tipo de molde e está disponível a preços reduzidos. Este material pode ainda ser obtido em densidades muito baixas, o que faz com que a impulsão da prancha por parte da água seja maior, não comprometendo a segurança do surfista. O Styrofoam, a espuma de poliestireno mais dispendiosa e também a menos leve, é no entanto a mais forte e a que melhor responde em matéria de isolamento térmico, minimizando as variações de temperatura e impedindo que esta se torne demasiado baixa, o que condicionaria o desempenho muscular do atleta, com prejuízo para os resultados desportivos (Arias, Marcelo e Andreatta, Romeu, 2003) .
A utilização de espumas de densidades distintas na formação dos núcleos pretende estabelecer uma relação de proporcionalidade direta entre resistência necessária e carga por unidade de área, com o objetivo de maximizar o rendimento da performance através do estabelecimento de um equilíbrio. A consolidação destes núcleos deverá ser obtida através do sistema de resina epóxi, de modo a formar uma camada que previna as lesões dos calcanhares provocadas pelas forças de compressão, em particular quando o surfista salta e se encontra novamente a alta velocidade e sob grande aceleração sobre a superfície da prancha, o que sucede na execução da manobra aéreo, ilustrada na Figura.
Surfista executando a manobra aéreo
Além disso, o complexo resina epóxi trata de minimizar o atrito, embora não possa esquecer-se que este é também necessário para restringir o número de quedas por parte do atleta, favorecendo a sua prestação. As pranchas que incorporam este tipo de resina apresentam estabilidade ao efeito da luz (isto é, boa resistência térmica) e respondem adequadamente a impactos, dado que os cristais obtidos quando da solidificação do material asseguram uma rigidez/dureza assinaláveis. Anteriormente, as resinas utilizadas na fabricação de pranchas de surf eram de poliéster, mais baratas que as epóxi. Embora já reagissem bem às dificuldades próprias deste esporte, sofriam desgaste rápido e maior absorção de água; o peso da prancha aumentava e o surfista adquiria menor velocidade, tendo alguma dificuldade em atingir a crista da onda. Nas pranchas que contêm resinas epóxi e espumas de poliestireno no núcleo, é possível a ausência de longarina central, peça responsável pela resistência e rigidez longitudinal (Barracuda, 2009).
Nos restantes tipos de prancha, a longarina é fabricada em madeira, como é indicado na Figura, (apenas em pranchas com uso superior ao normal), podendo também ser formada por fibras de vidro ou carbono (método bastante eficaz na minimização da compressão sofrida pela prancha, mas que exige a participação de espumas de alta densidade enquanto reforços, dado que o peso das fibras em nada influencia o peso da prancha) ou ainda por PVC; todos estes materiais são extremamente duros, permitindo que o equipamento se torne mais forte e que o surfista domine melhor as ondas, adaptando-se de modo natural aos movimentos ondulatórios (Conway, John, 1993).
Longarina central em madeira
As fibras que envolvem o núcleo, quando orientadas segundo uma determinada direção, visam aumentar a resistência em zonas específicas da prancha; caso estejamos perante tecidos de vidro ou de carbono unidirecionais, pretende-se conferir-lhe a leveza necessária. Nas pranchas maiores e de alta competição intervêm espumas de alta densidade, como a de polietileno, mas também núcleos de Divinycell ou Klegecell, variantes de PVC responsáveis pela sua grande resistência a impactos, às alterações térmicas e químicas e ainda redutoras da absorção de água. Um acabamento antiderrapante de qualidade mostra-se também essencial, impondo-se que o surfista não caia amiúde durante a execução das manobras; o mais eficaz (denominado Peel Ply) é um tecido de nylon sem silicone que não adere à resina epóxi. Contrabalançando o efeito antiderrapante que deverá ser obtido na parte superior da prancha, na área inferior pretende-se uma superfície lisa (de parafina, por exemplo) que permita a minimização do atrito entre o aparelho e a água, no intuito de aumentar a velocidade e dar mais fluidez a execução das manobras (Barracuda,2009). Atualmente, as preocupações com o meio ambiente estão cada vez mais em voga; não obstante a eficácia dos processos de fabricação já citados. Trata-se apenas de produtos sintéticos, a poluição não é desprezível, já que falamos muitas vezes de plásticos e similares. Por isso, começam agora a vulgarizar-se as pranchas de madeira de agave, apenas extraída após a morte da planta, propiciando aos surfistas resultados semelhantes aos conseguidos com acessórios de poliuretano. As vantagens desta prancha “amiga do ambiente”, ilustrada na Figura, radicam na sustentabilidade ecológica que a sua produção apóia e culminam na sua durabilidade, cerca de 5 vezes superior às suas homólogas de resina.
Pranchas em madeira de agave
A avaliação perfeita das virtualidades do seu equipamento compete, em primeira linha, aos praticantes da modalidade. São estes que melhor conhecem o ambiente marinho que vão enfrentar, as necessidades de ergonomia pessoal, as suas características morfológicas individuais. Como seria natural, e à parte de outras considerações como o preço ou a produção mais ou menos artesanal, as pranchas de surf são escolhidas pelo atleta, que intui no seu próprio equipamento a aptidão para proporcionar os resultados sonhados. Nessa medida, não é desprezível escutar as opiniões de alguns surfistas, designadamente no que respeita às qualidades que exigem do seu material e ao grau de satisfação com os componentes mais modernos das suas pranchas (Conway, John, 1993).
Considerações finais
Se pensarmos na fabricação e no desenvolvimento das pranchas de surf, percebemos que estas características não passam de um reflexo da sociedade em que se encerem. As pranchas acompanham a tendência industrial ao utilizarem de materiais mais sofisticados para sua fabricação, e também na dicotomização das funções exercidas por cada prancha. Na medida em que as pranchas vão evoluindo seu desempenho também aumenta juntamente com uma maior especificidade. A evolução dos equipamentos utilizados no surf deixa evidente que o esporte passa por medidas de modernização, de especificação, e de crescimento tecnológico, acompanhando as tendências sociais. Ao possuir fatores ligados ao desenvolvimento limpo na produção das pranchas de surf modernas, podemos verificar como são utilizados recursos tecnológicos na adequação das características de um esporte perante conceitos difundidos socialmente.
De pranchas artesanais, para pranchas que podiam ser feitas em casa, e por fim pranchas que exigem um acervo tecnológico para serem criadas. A evolução tecnológica das pranchas não provocou somente uma alteração no desempenho dos praticantes, mas sim um novo conceito para o esporte. A competição surge na medida em que manobras possam a ser executadas com freqüência, possibilitadas apenas pelo desenvolvimento de suas pranchas. Passamos a compreender que a criação do esporte, o qual conhecemos como “surf” acontece somente pela evolução de seu material, criando uma competitividade.
Referências bibliográficas
ALCANTARA, C. P. A. Análise do Equilíbrio em Surfistas. Universidade de São Paulo, 2007
ARIAS, Marcelo e Andreatta, Romeu. São Paulo: Surf Gênese - A história da evolução do surf, 2003
BARRACUDA. 2009. Técnicas de construção de pranchas de surf & windsurf.
LOWDON, B. J.; PITMAN, A. J.; PAEMAN, N. A.; ROSS, K. Injuries to International competitive surfboard riders. J Sports Med Phys Fitness, v.27, n.1, p.57-63, 1987
MARCUS, Ben. São Paulo: A história das pranchas de surf, 2007
MENDEZ-VILLANUEVA, A.; BISHOP, D. Physiological Aspects of Surfboard NATHASON, A.; BIRD, S.; DAO, L.; TAM-SING, K. Competitive Surfing Injuries: A Prospective Study of Surfing- Related Injuries Among Contest Surfers. American Journal of Sports Medicine, v. 35, p. 113-7, 2007;
PETRI, F.C. Surf e Windsurf – Parte I. in. COHEN, M ABDALLA, R.J. Lesões nos Esportes Diagnósticos, Prevenção e Tratamento. São Paulo: Revinter, 2003. p. 886 – 903; Riding Performance. Sports Med., V.35, n.1, p.55-70, 2005;
Sites consultados
TBC- http://www.pranchastbc.com.br/as-pranchas
Construa sua Própria Prancha. http://barracudatec.com.br/pdf/Surf.pdf
Waves Longboard. A comunidade virtual do surf. 1999. A pré-história do surf.
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