Perfil dos profissionais atuantes na área de recreação hoteleira do município de Foz do Iguaçu, PR Perfil de los profesionales que intervienen en el área de recreación hotelera del municipio de Foz do Iguazú, PR |
|||
Faculdade União das Américas Curso de Educação Física Foz do Iguaçu (Brasil) |
Elis Marina da Vitória Josemir Zucco de Jorgi Djéssica Regina Martins Ellen Vaz |
|
|
Resumo O presente estudo teve como objetivo identificar o perfil dos profissionais atuantes na área de recreação e lazer na rede hoteleira do município de Foz do Iguaçu. A pesquisa foi caracterizada como descritiva onde por meio de um questionário elaborado pela pesquisadora, 20 indivíduos de ambos os sexos, com idades de 19 a 30 anos, todos profissionais da área de recreação hoteleira, responderam de forma voluntária. Entre os principais resultados, pode-se observar que 95% dos participantes possuem nível superior ou estão cursando algum curso. Desse grupo 70% optaram pelo curso de educação física e outros profissionais são formados em outras áreas como turismo, pedagogia, hotelaria e outros com somente o ensino médio. Somente 50% dos profissionais possuem algum curso de especialização ou atualização na área de recreação. Mais da metade, 55%, começaram a trabalhar em hotéis a menos de 1 ano. Quanto a remuneração, verifica-se que a maioria dos entrevistados informou que os valores recebidos se diferenciam principalmente pelo tempo de experiência na área, sendo que a formação acadêmica não é o principal fator para definir os valores dos salários. Sabendo que a recreação é uma área específica de atuação dos profissionais da Educação Física, acredita-se que deveria haver uma maior fiscalização dos órgãos competentes quanto a atuação dos profissionais e, também um critério mais rígido de contratação dos responsáveis das empresas envolvidas no ramo da hotelaria. Unitermos: Recreação. Lazer. Hotéis.
|
|||
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 17 - Nº 168 - Mayo de 2012. http://www.efdeportes.com/ |
1 / 1
Introdução
Localizada no extremo Oeste do Estado do Paraná, Foz do Iguaçu é umas das principais cidades do estado, caracterizada por sua diversidade cultural com cerca de 80 nacionalidades, com apenas 96 anos de emancipação e 250.918 habitantes (IBGE, 2010).
O turismo é uma das principais atividades econômicas de Foz do Iguaçu, só as Cataratas do Iguaçu recebem mais de um milhão de pessoas no ano, cinco vezes o número de habitantes da cidade. A Usina Hidrelétrica de Itaipu (que em tupi, significa "pedra que canta"), é a maior geradora de energia limpa e renovável do mundo, com sua imensidão de concreto também atrai milhares de turistas. E por Foz do Iguaçu estar numa região de Tríplice Fronteira, privilegiado pelos cursos dos Rios Paraná e Iguaçu, faz fronteira com a Argentina e com o Paraguai, este último paraíso de compras, e o outro oferecendo diversas atividades de lazer, como a famosa Feirinha Popular e os passeios nas Cataratas do lado argentino. Outra atração fica por conta do Parque das Aves, com uma grande variedade de espécies e animais exóticos.
De acordo com pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Turismo (EMBRATUR) e pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE), em 2006, 2007 e 2008 Foz do Iguaçu foi considerado no segmento "Lazer" o 2º destino mais visitado por turistas estrangeiros, atrás apenas do Rio de Janeiro. Segundo dados coletados chegaram a Foz do Iguaçu somente no ano de 2010 de janeiro a setembro 827.047 visitantes. (INFRAERO, 2010). Isso se deve a sua localização e a diversidade de pontos turísticos. Para atender tanto visitante a cidade conta com uma das maiores redes hoteleiras do país em plena expansão cerca de 33 hotéis credenciados à ABIH (Associação Brasileira da Indústria de Hotéis).
A recreação na rede hoteleira é um assunto pouco discutido, e vem tendo uma grande ascensão na cidade, o que fez que despertasse o interesse em pesquisar tal assunto, contribuindo assim para com que esse assunto seja mais divulgado e desperte futuramente o interesse de mais acadêmicos.
O principal objetivo desse estudo foi identificar o perfil dos profissionais da área de Recreação e lazer que atuam ou já atuaram em hotéis do município de Foz do Iguaçu.
O contexto do turismo e do lazer é bastante amplo, onde há uma grande diversidade de pessoas das mais diversas áreas que compõem esse meio, oportunizando uma diversidade de relações e inter-relações entre profissionais, turistas e colaboradores em geral que atuam na área do turismo e do lazer.
O presente estudo teve a seguinte problemática de pesquisa: qual o perfil do profissional da área de recreação que atuam em hotéis? Além da questão problema principal, a pesquisa procurou conhecer se os funcionários possuem uma qualificação do profissional dessa área.
A grande procura de turistas pelos atrativos da cidade de Foz do Iguaçu, faz com que haja uma grande procura dos hotéis por recreacionistas e devido a isso existe um grande número de vagas nessa área da recreação por isso nem sempre os educadores físicos conseguem suprir tanta demanda para os recreacionistas, fazendo assim os hotéis contratarem profissionais de áreas distintas.
A recreação na rede de hotelaria é uma tarefa difícil e cansativa, exige muito do profissional, pois o recreador de hotel deve se encaixar em um perfil que RODRIGUES e MARTINS (2002, p. 78) citam como orientador e estimulador da recreação além de que em épocas de férias ou feriados muitos trabalham jornadas dobradas e sem folga, nem todos os educadores físicos se identificam com o perfil exigido ou se adaptam com as atividades propostas. Facilitando assim a entrada, permanência e a prevalência de pessoas que não possuem alguma capacitação para atuar com a recreação.
A recreação e lazer em hotéis é um dos vários leques em que se pode atuar dentro da recreação e a recreação é um dos leques que o educador físico pode trabalhar. Restando assim poucos profissionais como capacitação na recreação para atuar dentro dos hotéis, por isso o contratante é obrigado a contratar profissionais sem especializações para estar atuando no hotel (RODRIGUES & MARTINS, 2002).
1. A recreação e o lazer
Toseti (2002,p.14) afirma que a recreação é muito importante para o ser humano não só para a criança. Todos nós precisamos dos nossos momentos de lazer.
Primeiramente para desenvolver esse trabalho devemos saber distinguir a palavra recreação da palavra lazer, para posteriormente não confundirmos uma com a outra.
Segundo Rodrigues e Martins (2002, p. 70) lazer é:
O espaço de tempo não comprometido que podemos usar livremente porque já cumprimos nossas obrigações de trabalho e de vida. Cada qual preenche esse espaço de tempo a seu modo segundo os costumes de seu grupo e segundo seu estilo de vida.
Cavallari e Zacharias (2003, p. 98) definem lazer da seguinte forma: “é o estado de espírito em que uma pessoa se encontra, instintivamente, dentro do seu tempo livre, em busca do lúdico, que é a diversão, alegria, entretenimento.”
Entende-se por lazer segundo os próprios autores, uma atividade fora dos compromissos do dia-a-dia, uma atividade prazerosa, descompromissada que parta da vontade do individuo, como assistir televisão, por exemplo.
A palavra recreação para Toseti (2002, p.14) e também para Guerra (1996, p.17) provem do verbo latino recreare, que significa recrear, reproduzir, renovar.
De acordo com Ferreira (2003, p.15) a palavra recreação vem do latim recreare e “significa criar novamente”. E ainda complementa dizendo que nem todo passatempo é recreação, nem toda diversão é uma atividade recreativa.
Já Rodrigues e Martins (2002, p.71) defendem que qualquer atividade pode ser considerada recreativa:
Desde que o individuo a ela se entregue de livre e espontânea vontade, sem buscar outro objetivo que não seja o prazer da própria ocupação. Nela encontra a satisfação intima da necessidade de recrear, ao que se deve somar naturalmente a aprovação da sociedade.
Cavallari e Zacharias (2003, p.15) comentam que a recreação é o fato, ou o momento, ou a circunstância que o individuo escolhe espontânea e deliberadamente através do qual ele satisfaz (sacia) seus anseios voltados ao seu lazer.
Segundo Guerra (1996, p.17) A recreação, compreende todas as atividades espontâneas, prazerosas e criadoras, que o individuo busca para melhor ocupar seu tempo livre. Deve principalmente atender aos interesses das diversas faixas etárias e dar liberdade de escolha das atividades, para que o prazer seja gerado. A recreação é uma das atividades do lazer mais nem sempre onde há lazer existe recreação por isso não devemos confundir e usar essas duas palavras como sinônimas. Um exemplo bem simples é o que se encontra no livro de Rodrigues e Martins (2002 p.74): “ir acampar é uma atividade de lazer já as atividades recreativas desse acampamento chama-se recreação”.
A palavra lazer aplica-se ao tempo livre que o indivíduo possui já a palavra recreação é a atividade que esse indivíduo deseja realizar no seu tempo de lazer.
Segundo Ferreira (2003, p.16) recreação é igual a play:
Palavra inglesa que significa prazer representa uma atividade que é livre, espontânea, na qual o interesse se mantém por si só sem nenhuma compulsão interna ou externa, de forma obrigatória ou opressora, aflora o prazer.
A recreação deve gerar o prazer do participante, nunca deve se obrigar o indivíduo a praticar as atividades de recreação, o próprio deverá sentir vontade de realizá-las segundo o seu interesse com a atividade.
Cavallari e Zacharias (2003, p.16 – 17) dizem que a recreação apresenta cinco características que são elas:
Dito isso podemos acreditar que em resumo a recreação é uma atividade realizada no tempo livre do individuo com o objetivo de estimular a criatividade, propiciar o bem estar físico mental e psicológico, sempre fazendo com que o participante realize as atividades com prazer e espontaneamente. As atividades realizadas para a recreação devem ser selecionadas de acordo com as necessidades do grupo, para que todos os participantes sintam-se realizados.
A recreação é uma atividade espontânea, que o indivíduo busca individual ou coletivamente para se obter uma melhora na qualidade de vida e também para lhe proporcionar o divertimento através do prazer pela atividade.
De acordo com Gouvêa citado por Ferreira (2006, p. 7) a recreação é as atividades das horas de lazer: que se caracteriza pela livre escolha, espontaneidade de ação de lazer que se caracteriza pela livre escolha.
O lazer é a atividade que o individuo escolhe para fazer no seu tempo-livre e possui como característica principal a liberdade de escolha do que fazer, e a busca do prazer. Já a recreação é uma atividade de lazer, que o individuo opta por fazer em seu ócio.
A recreação é a atividade espontânea e dirigida pelos recreadores, monitores, recreacionistas, animadores sociocultural ou simplesmente tio especificamente para divertir, descontrair, entreter, ocupar e integrar o cliente.
O principal papel do recreador é preencher a deficiência que o hóspede tem de se divertir. Às vezes com uma atividade de desafio, caça ao tesouro ou simplesmente com um bom dia cordial.
De acordo com Cavallari e Zacharias (2003, p.16) a recreação apresenta características que deverão ser observadas para que estejam acontecendo, pois uma vez que não aconteça faz com o praticante não desenvolva seu lazer: não se pode esperar benefícios com a recreação, a recreação deve ser praticada espontaneamente, a recreação deve trazer estados psicológicos positivos, sempre ser ligada ao prazer , deve influenciar a criatividade, a recreação deve ser escolhida de acordo com os interesses comuns de cada participante.
Para Negrini (2001, p.45) a recreação engloba mais uma opção de lazer para o hotel oferecer para seu hóspede, sendo assim um diferencial a mais que o hotel tem para atrair os usuários.
Ainda de acordo com Negrini (2001, p.49) a recreação no hotel tem como objetivo oferecer entretenimento e descontração para os usuários:
Cada vez mais os hotéis investem na área recreativa, pois a recreação no hotel é uma opção a mais que o hóspede irá possuir para aproveitar o seu tempo livre no período que estará no hotel. Se o hóspede gostar do serviço de recreação com certeza retornará ao estabelecimento com o propósito de reviver os instantes de prazer provocados pela recreação. Por causa disso o recreador tem um papel muito importante, elaborando e executando atividades que sejam do gosto do hóspede. De acordo com Delgado (2003, p. 75) os animadores ou recreadores devem possuir qualificação para animar, devem saber animar de forma competente, tal qualificação pode ser adquirida através da formação acadêmica e cotidiana. Delgado ainda cita que é importante também a relação entre a teoria e a prática.
2. Histórico da recreação
Segundo Rodrigues e Martins (2002, p. 73) a recreação surgiu desde a pré-história de forma natural, instintiva e espontânea, através dos folguedos infantis; só mais tarde se estendeu à vida do adulto.
Para dar inicio a temporada de caça ou para festejar uma caverna nova os homens primitivos dançavam. Dançavam ainda por rituais fúnebres ou para adorar seus deuses a partir dessas danças originou-se a recreação.
De acordo com Guerra (1996, p.15), a recreação iniciou em 1774 na Alemanha com a fundação do Philantropinum por Basedow. O currículo dessa instituição possuía cinco horas de matérias teóricas, duas de trabalhos manuais e três horas de recreação. Nos Estados Unidos a recreação iniciou no ano de 1885 em Boston. Posteriormente no ano de 1892 criaram-se os playgrounds ou pátios de recreio. E no ano de 1906 foi criado um órgão responsável pela recreação, hoje conhecido como National Recreation Association.
Ainda de acordo com Guerra (1996, p.16), a recreação surgiu no Brasil somente no ano de 1927 no estado do Rio Grande do Sul com a criação de praças públicas e no ano de 1972 foi criado o projeto RECOM com a recreação móvel.
Quase duzentos anos depois do surgimento do Philantropinum na Alemanha, surge no estado do Rio Grande do Sul praças públicas destinadas a prática de recreação.
3. Perfil dos recreadores
Recreador, recreacionista, animador sociocultural, monitor ou “tios”, como são conhecidos os profissionais da área de recreação e lazer, possuem certas características que segundo Awad (2010, p.22) habilidades que são adquiridas somente com experiência, e lembra ainda que o recreador trabalha em horários e dias diferenciados das outras profissões, pois são os recreadores que proporcionam a recreação das demais pessoas.
Para Negrine (2001, p.53) para atuar como recreador, precisa algumas habilidades que lapidam e moldam o perfil do profissional são elas: facilidade de comunicação, ter iniciativa, respeitar a opinião dos outros e ser criativo.
Não basta querer ser recreador, a pessoa para essa ocupação precisa ser comunicativa, criativa e entender sobre finalidades de algumas brincadeiras, como porque não passar atividades de alta intensidade logo após uma refeição, ou não passar atividades competitivas para crianças de até 7 anos. Monitorar brincadeiras é fácil todos nós sabemos brincar, brincamos durante nossa infância, mais devemos saber os porquês de cada atividade.
Delgado (2003, p. 46) afirma que existem características que um recreador deva possuir para um bom desempenho da sua função: não confundir o papel de monitor com o de hóspede; ser organizado; ter bom senso; ser eclético; ter visual; ser alegre; ter conhecimentos da área de lazer e recreação; ser criativo, dinâmico; saber trabalhar em equipe; possuir respeito; responsabilidade; ser carismático e extrovertido.
É muito importante que o profissional da área de recreação tenha as características citadas pelo autor, pois para lidar com o cliente no caso o hóspede é necessário possuir respeito, educação, e principalmente ser carismático e extrovertido para conseguir conquistar o hóspede para levá-lo a participar de uma atividade que o recreador esteja desenvolvendo.
Para Bramante citado por Ayoub (1993, p. 65), o lazer se caracteriza como um espaço de atuação interdisciplinar, mas sobre todas se encontra a participação do profissional de educação física.
De acordo com Ayoub (1993, p. 72) nos afirma que se levarmos em conta a abrangência do lazer não se pode restringir a ocupação e a atuação do profissional da educação física no lazer, ou ainda de qualquer outro curso de forma independente.
O especialista em educação física deve estar em contato com outros especialistas buscando interação necessária à formação de uma equipe de ação interdisciplinar (AYOUB, 1993).
O recreador ou animador sócio cultural não pode restringir a apenas os fatores vivenciados na teoria, suas capacidades e habilidades são adquiridas ao longo de sua trajetória na sua ocupação, que é inteiramente ligada ao que é vivenciado no contexto social, intelectual político e religioso. Suas capacidades e competências são vivenciadas na prática, encontrando assim vários recursos e atributos adequados para serem utilizados em momentos propícios da sua ocupação como recreador.
Delgado (2004, p.13) fala sobre proposta multidisciplinar para a recreação tornar-se mais eficaz e cumprir com seus objetivos.
A estrutura de animação proposta se torna ainda mais eficaz quando há um trabalho com uma equipe pluri e multidisciplinar, formada por profissionais de distintas áreas, como: Educação Física, Artes Plásticas, Artes Cênicas, Turismo, Hotelaria, Pedagogia, entre outras, buscando um trabalho interdisciplinar, pois cada profissional com formações diferenciadas possui competências técnicas específicas, podendo proporcionar às pessoas uma variedade maior de conteúdos e uma vivência diversa de atividades dentro de cada um deles, estimulando e dando um mínimo de orientação que as tornem autônomas. Torná-las autônomas implica que as pessoas devem receber do animador sociocultural toda a informação necessária para que elas possam realizar a mesma atividade sozinhas, em outro local, ou que elas possuam subsídios para buscar informações sobre estas atividades.
De acordo com Civitate (2001, p. 6) Todo profissional envolvido com recreação é chamado de recreacionista. Porém, em situações diferentes, os recreacionistas assumem papéis diferentes, de acordo com as necessidades do momento: Animadores, Supervisores ou Técnicos em Recreação. Uma mesma pessoa pode ocupar cargos diferentes em momentos diversos, ou mesmo acumular funções concomitantemente.
Ferreira (2006, p.41) afirma que para a pessoa atuar em uma área profissional é necessário que tenha um curso superior ou um preparo especifico. No caso do recreador ele é orientado sobre como trabalhar com recreação, é uma pessoa que precisa estar bem informada, buscando conhecer sobre cultura social, economia, meio ambiente, o homem e a sociedade, esportes, aprender conteúdos que estimulam um pensamento crítico de suas idéias. Sabe-se que a formação é um processo sem fim: graduação, pós-graduação, cursos, congressos, leituras, entre outras.
Os recreacionistas assumem papeis diferentes, os animadores são aqueles “tios” que possuem contato direto com o hóspede e com as atividades desenvolvidas. Já os supervisores ou coordenadores “é aquele que tem uma equipe de animadores sob seu controle e se torna o elo entre os componentes da equipe e desta com o empreendedor.” Civitate (2001, p.6). e o técnico em recreação entende o comportamento humano, organiza e planeja projetos.
4. Origem dos hotéis no Brasil
Para deixar mais preciso o tema dessa pesquisa falaremos a seguir sobre a origem dos hotéis no Brasil e suas classificações de acordo suas localizações e características.
De acordo com Andrade, Brito e Jorge (1999, p. 20) no século XVIII começaram a surgir na cidade do Rio de Janeiro instalações:
Ou casas de pasto, que ofereciam alojamento aos instalados, embriões dos futuros hotéis. As casas de pasto ofereciam, inicialmente, refeições a preço fixo, mas seus proprietários ampliaram os negócios e passaram a oferecer também quartos para dormir.
Somente a partir do século XVIII surgiram protótipos do que hoje são chamados hotéis, eram a principio casas de pastos que ofereciam refeições, depois que começou a oferecer quartos. Com a chegada da corte portuguesa e a abertura dos portos o Brasil teve aumento da demanda por alojamentos, pois conseqüentemente aumentou o número de visitantes, então os donos de pensões e hospedarias começaram a usar o nome hotel com a intenção de aumentar o valor da casa.
Segundo Cavallari e Zacharias (2003, p.25) os hotéis que podem oferecer programas de recreação estão divididos em três categorias: “hotel de praia”, “hotel de campo” e “hotel de estância”. Os autores ainda fazem uma distribuição dos hotéis em três categorias: no hotel de praia as atividades seriam montadas dentro do hotel. No hotel de campo as atividades são realizadas ao ar livre e no hotel estância que geralmente são menores as atividades são restritas nas dependências do hotel. A divisão em categorias faz com que torne mais fácil identificar características de cada hotel.
Segundo Andrade, Brito e Jorge (1999, p 40.) existem cinco tipos de hotéis de acordo com a classificação pela sua localização: hotéis resorts ou hotéis de lazer que possuem fácil acesso ao aeroporto, terreno de grande dimensão com áreas verdes, quadras de esportes ou parques aquáticos. Já os hotéis centrais possuem localização no centro da cidade e restrições quanto ao uso do solo. Os hotéis selva possuem localização em meio à floresta com apelo para o turismo. Hotéis de convenções encontram-se em grandes centros de comércio e devem ter dimensões de terrenos que possa ser utilizado para implantar estacionamentos de veículos. Chamados de hotéis econômicos possuem localização em terrenos de baixo custo, sua localização fica na via de ligação entre a rodovia regional e o centro urbano.
Rodrigues e Martins (2002, p.78, 79,80) apontam que alguns cursos superiores se destacam na recreação como os do curso de Turismo, Educação Física e Educação Artística. Além disso, falam de algumas características dos profissionais devem ter como ser bem informado, saber se relacionar deve ser uma pessoa atualizada, criativa, e comunicável.
4.1. Classificação dos meios de hospedagem
De acordo com o ministério do turismo o Sistema Brasileiro de Meios de Hospedagem (SBClass) os hotéis tem a classificação que vão de 1 a 5 estrelas. Para receber a denominação de 1 a 5 estrelas é preciso que o estabelecimento cumpra o atendimento a 100% dos requisitos mandatórios e a 30% dos requisitos eletivos (para cada conjunto de requisitos). Os requisitos estão divididos em três conjuntos: infraestrutura, serviços e sustentabilidade.
Para Andrade citado por Delgado 2003 os hotéis são classificados também pela sua localização: Hotéis centrais,hotel de Lazer ou Resort, hotel cassino, hotel econômico, hotel de convenções e hotel de selva.
Segundo Cavallari e Zacharias (2003, p.25) os hotéis que podem oferecer programas de recreação estão divididos em três categorias: “hotel de praia”, “hotel de campo” e “hotel de estância”.
Cavallari e Zacharias distribuem os hotéis em três categorias: no hotel de praia as atividades seriam montadas dentro do hotel. No hotel de campo as atividades são realizadas ao ar livre e no hotel estância que geralmente são menores as atividades são restritas nas dependências do hotel. A divisão em categorias faz com que torne mais fácil identificar características de cada hotel.
Camargo (1998, p135) aponta “os hotéis de lazer já constituem hoje um importante segmento da procura de mão de obra para recreação com os hóspedes, principalmente crianças e adolescentes, e a tendência do setor é evidente.”
Ainda de acordo com Camargo a maior demanda de mão de obra ocorre nas férias e feriados prolongados:
Criando uma ocupação sazonal, nem sempre bem-renumerada. Apenas recentemente, os hotéis de lazer se deram conta da importância do setor. À medida que a percepção da importância da animação como instrumento de marketing dos hotéis for se firmando, é de se esperar a oferta de ocupações fixas e mais bem remuneradas.
O aumento da demanda deve ocorrer também nos hotéis de negócios, bem como nas empresas especializadas em organização de feiras, convenções e congressos, que necessitam de pessoal para organização de eventos paralelos para participantes, cônjuges e filhos.
Camargo nos faz acreditar que a recreação turístico-hoteleira é um segmento que esta em constante crescimento, que pode ser uma profissão que pode ser bem-remunerada, além de ter uma grande importância para o marketing do hotel proporcionando através da recreação o retorno ou até a permanência do hospede por mais tempo no hotel.
5. Metodologia
O presente estudo pode ser caracterizado como uma pesquisa de campo com caráter quantitativo e qualitativo, descritivo que segundo Gil (2008, p. 51) é de método de levantamento.
Caracteriza-se pela interrogação direta das pessoas cujo comportamento se deseja conhecerem. Basicamente, procede-se a solicitação de informações a um grupo significativo de pessoas acerca do problema estudado para, em seguida, mediante análise quantitativa, obterem-se as conclusões correspondentes aos dados coletados.
Durantes os meses de janeiro, a março de 2011, foram aplicados os questionários, que foram elaborados pela pesquisadora, sendo entregues aos indivíduos que atuavam como recreacionistas em hotéis do município, totalizando 20 questionários participantes.
O questionário utilizado na pesquisa foi elaborado com dez questões, sendo nove questões objetivas, de múltipla escolha e, uma questão aberta.
Os dados coletados foram apresentados em duas tabelas, na tabela 1 são destacados as características pessoais dos participantes com a faixa etária de idade e aspectos relacionados à formação acadêmica, o grau de instrução, a diária que costuma ganhar e também a renda mensal.
Participaram do estudo 20 indivíduos atuantes na área de recreação sendo que 7 (35%) eram homens e 13 (65%) do gênero feminino, sendo assim, grande maioria do sexo feminino. De acordo com os resultados da pesquisa pôde-se observar que os participantes do sexo masculino situam-se na faixa de idade entre 19 a 30 anos, já nas mulheres estão entre 19 a 29 anos. Comparando a idade dos participantes desta pesquisa com os resultados da pesquisa de Delgado (2003), observa-se que 33% dos nove entrevistados são menores de 28 anos, já a equipe desses coordenadores participantes dessa pesquisa 56% são compostas por recreadores com idade inferior a 24 anos, sendo destacado por Delgado (2003, p.53) que são “profissionais que não terminaram a faculdade ou recém formados”. Por esse motivo acredita-se que é uma profissão de pessoas jovens, referente ao grau de instrução dos participantes observa-se que dos 20 questionários entregues cerca de 14 (70 %) indivíduos cursam ou cursavam a faculdade de educação física, 10 (50%) no gênero feminino e 4 (2%) do sexo masculino e apenas 2 (1%) é formado os outros 12 (60% ) estão cursando. Os demais indivíduos distribuem-se entre: o curso de Turismo 1 (05%), outros cursos que inclui os cursos de (história, engenharia ambiental e nutrição) 4 (2%) e 1 (05%) possui somente o ensino médio completo. “O professor de educação física é o profissional mais capacitado para essas atividades, já que domina as técnicas especificas para a realização de atividades físico-esportivas” (DELGADO, 2003, p. 71).
6. Análise e discussão dos resultados
Comparando os resultados dessa pesquisa a dissertação de Delgado (2003) a qual revela o perfil dos profissionais de lazer que atuam em vinte hotéis do estado de São Paulo revela que dos 9 profissionais que coordenam as atividades de lazer nos hotéis, 22% possuem o ensino médio completo, 33% ainda cursam faculdade, sendo que os outros já são formados. Dos 33% que ainda estão cursando o nível superior todos cursam educação física. Dos 78% dos profissionais que são formados 67%são professores de educação física e 11% tem formação em marketing e apenas 11% possuem especialização em lazer, já a equipe dos coordenadores de lazer é composta a maioria por animadores com formação em educação física e hotelaria, havendo também profissionais da área de hotelaria e pedagogia. A comparação dos resultados nos mostra que a maioria dos profissionais atuantes na área de recreação são professores de educação física ou está cursando a faculdade de educação física, o que segundo alguns autores seria o curso adequado ou recomendado para a ocupação.
A respeito da diária recebida como recreador podemos verificar através da tabela 1 que dos 20 participantes do trabalho de pesquisa 12 (60%) ganham menos de 50,00 reais por dia, 4 (20%) ganham mais de 50,00 reais por dia, 1 (5%) ganha mais de 80,00 reais por dia e 3 (15%) ganham mais de 100,00 reais por dia. Através desses resultados expostos na tabela 1 pôde-se concluir que os indivíduos que recebem a diária acima ou igual a 100,00 reais são apenas 15%, dessa porcentagem duas pessoas possuem graduação, sendo um na área de educação física e outro em um curso superior que na se encaixa na área de atuação e o outro individuo possui somente o ensino médio completo, o que nos faz entender que o curso superior não interfere nos valores da renda do recreador. Ainda de acordo com dados coletados pelo questionário da pesquisa, a renda mensal de 55% dos recreadores participantes da pesquisa é de até 500,00 reais, 3 (15%) o salário corresponde de 500,00 a 700,00 reais, 3(15%) de 900,00 a 1000,00 reais e outros 3 (15%) de 1000,00 a 1500,00 reais.
Tabela 01. Informações gerais dos participantes referentes à faixa etária, grau de instrução classificadas por gênero
Na tabela 2 estão apresentadas informações sobre a atuação na área, faixa etária que costuma trabalhar, tempo de atuação como recreacionista, curso de capacitação na área, valorização do trabalho e locais que costuma atuar.
Referente ao item sobre o motivo de atuação na área foram marcadas duas alternativas para cada um dos 20 participantes do trabalho, de acordo com o que se observa na tabela , 35% trabalha por afinidade com a recreação, 30% por meio de melhora da questão financeira (atividade extra somente),17,5% dos participantes possuem interesse de se profissionalizar na área e outros 17,5 % trabalham como recreadores por ser a única opção que surgiu.
A respeito ao tempo de trabalho como recreacionista observa-se que 11 dos participantes, 55% estão atuando a menos de um ano, sendo 45% do sexo feminino e 10% do sexo masculino, 4 participantes 20% estão trabalhando de 1 a 2 anos, 10% atuam de 3 a 5 anos e 15% estão atuando como recreadores a mais de 5 anos.
No item que se refere a valorização do trabalho de recreacionista pelos turistas observa-se que 40% dos voluntários da pesquisa consideram muito valorizado, 20% ou seja, 4 participantes consideram valorizado, 40% consideram parcialmente valorizado e ninguém considera pouco valorizado.
No item indaga se o participante da pesquisa já fez algum curso de especialização ou capacitação na área da recreação 50% responderam que não fizeram nenhum curso relacionado.
De acordo com a tabela 2 sobre a atuação como recreador em outros hotéis apenas 50% dos voluntários da pesquisa responderam que já aturam em outros hotéis.
O último item descrito na tabela 2 refere-se a outros locais que o voluntário da pesquisa já atuou como recreador, 3 pessoas 15% responderam que já atuaram em empresas, outros 15% em festas particulares, 6 participantes 30% trabalharam como recreador em escolas, 15% já trabalharam em eventos como recreador e 25% só atuaram como recreador na rede hoteleira.
Tabela 02. Informações gerais da área de atuação
7. Considerações finais
O objetivo principal do estudo foi conhecer maiores detalhes dos profissionais
atuantes na área de recreação e lazer e traçar um perfil do profissional
atuante na área de recreação no município de Foz do Iguaçu. Os dados
demonstraram que a área de recreação hoteleira está em desenvolvimento e
crescimento no município, sendo a recreação um excelente meio de proporcionar
uma melhor estadia aos hóspedes, dando-lhes oportunidades de vivenciarem
atividades diversificadas e dessa forma, podendo aproveitar de maneira mais
prazerosa a sua estadia e, criando maiores possibilidades de um retorno do
hóspede em futuras viagens. Com o crescimento da recreação nos hotéis existe
o aumento das equipes de lazer nos hotéis, aumentando conseqüentemente o
número vagas de emprego na recreação hoteleira, o que pode ser um dos motivos
por existir recreadores que possuam cursos de graduação em áreas distintas da
educação física, tais como: artística, pedagogia ou turismo, ou que não
possuam nenhuma graduação.Por mais que isso esteja ocorrendo,
ainda prevaleceu o curso de educação física como sendo o mais realizado pelos
recreadores, onde 70% dos participantes responderam estar cursando ou que
cursaram a faculdade de educação física.
Somente 50% dos profissionais possuem algum curso de especialização ou atualização na área de recreação. Mais da metade (55%) dos recreadores participantes da pesquisa começaram a trabalhar em hotéis a menos de 1 anos, o que pode explicar o porque de 50% não possuir nenhum curso na área de recreação.
De acordo com a pesquisa, 30% dos participantes trabalham como recreacionistas, pois anseiam uma melhora na questão financeira, e outros 7% trabalham por ser a única opção que surgiu, o que nos faz refletir se eles estão realmente preparados para esse campo de atuação, que exige um perfil dinâmico e versátil, além de (exigir) que os recreacionistas conheçam variedades de atividades para ser executadas e que saibam os porquês da execução de cada atividade, pois somente a metade dos participantes realizaram um curso de especialização ou preparação na área de recreação, o que nos faz acreditar que apenas essa metade tem interesses em continuar atuando como recreador.
Trabalhar com recreação em hotéis não é somente brincar, ser animador sociocultural, não é ser palhaço, deve-se ter uma base teórica e prática, conhecer o porquê de passar aquela atividade para aquele determinado grupo, levar em conta aspectos fisiológicos, políticos, religiosos e fatores de idade e sexo, que são relevantes durante o desenvolvimento de uma dinâmica. Existem competências adquiridas somente com experiências vivenciadas pelo recreador no seu ambiente de trabalho, mas não se pode desmerecer uma formação acadêmica ou um curso especifico na área de recreação.
Assim como nas demais ocupações exigem-se cursos de nível superior a recreação e o lazer deveria exigir também, o recreador se depara com situações diferentes a cada dia, monitora alguns esportes e para isso é necessário ter conhecimento das regras. Mas o que é observado atrás da análise dos resultados desse trabalho, é que na maioria das situações, não é dado muito valor a formação acadêmica, no conhecimento teórico que o profissional possui, já que a diária aumenta pelo tempo que o recreador esta atuando, segundo a pesquisa realizada tem profissionais somente com o ensino médio completo que chegam a ganhar mais que o dobro da diária de um recreacionista que possui algum curso de nível superior relacionado a recreação, ou seja, na maioria das situações a valorização se dá pelo tempo de experiência na área e não pela formação acadêmica.
Referências
ANDRADE, N.; BRITO, L. P de. Hotel – Planejamento e Projeto. 8ª ed. São Paulo: Senac,1999.
AWAD, H. Brinque, jogue, cante e encante com a recreação.3ª ed.São Paulo : Fontoura 2010.
AYOUB, E. Interesses Físicos do Lazer, como área de Intervenção do Profissional, Campinas, UNICAMP. FEF (dissertação de mestrado), 1993
CAMARGO, L. O. De L. Educação para o Lazer. São Paulo, Moderna, 1998.
CAVALLARI, V. R.; ZACHARIAS, V. Trabalhando com a recreação. 5ª ed. São Paulo: Ícone, 2001.
CIVITATE, H. Jogos Recreativos – Para Clubes, Academias, Hotéis, Acampamentos, Spas, e Colônias de Férias. 2ª ed. Rio de Janeiro: Sprint,2001.
DELGADO, M. Conteúdos culturais do lazer: Presença e aplicabilidade da hotelaria. Campinas- SP. UNICAMP, 2003.
DELGADO, M. Lazer em colônias de férias e hotéis. Revista Mineira de Educação Física, Viçosa, MG, 2004.
FERREIRA, S. O Profissional de recreação e lazer: A importância de sua ação nas empresas turísticas. Sinop, MT: FASIP, 2006.
FERREIRA, S. Tapeçaria Recreativa. Rio de Janeiro: Sprint, 2006
FERREIRA, V. Educação Física, Recreação, Jogos e Desportos. Rio de Janeiro. Sprint, 2003.
GIL, C. A. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 4ª ed. São Paulo: Atlas, 2002.
GUERRA, M. Recreação e lazer. 5ª Ed. Porto Alegre: Sagra: DC Luzzatto,1996.
HOTEL, Associação Brasileira de.Hotéis Associados. In: ABIH, Disponível em: http://www.abih.com.br/HoteisAssociados.php. acesso em 13 nov.2010.
INFRAERO. Estatística de Turistas em 2010. Disponível em: http://www.infraero.gov.br, acesso em: 13 nov.2010.
MACELLINO, C. N. Estudos do Lazer: Uma Introdução. Campinas, SP: Autores Associados, 1996.
MARCELLINO, C. N. (org.) Lazer: formação e atuação profissional. 2ª Ed. Campinas SP: Papirus, 2000.
MARCELLINO, C. N. Lazer e humanização. 3ª Ed. Campinas, SP: Papirus, 2000.
MINISTÉRIO DO TURISMO. In; turismo, disponível em http://www.turismo.gov.br/ acesso em 19 mai.2011.
NEGRINE, A.; BRADACZ, L. ; CARAVALHO, G. de E. P. Recreação na hotelaria o pensar e o fazer lúdico- Caxias do Sul RS: EDUCS, 2001.
RODRIGUES, C. G. L.; MARTINS, L. J. Recreação: Trabalho Sério e Divertido São Paulo: Ícone, 2002.
TOSETI, S. A Educação Física. Rio Grande do Sul: Edelbra,2002.
WAICHMAN, P. Tempo livre e recreação: um desafio pedagógico. Campinas: Papirus, 1997.
Outros artigos em Portugués
Búsqueda personalizada
|
|
EFDeportes.com, Revista Digital · Año 17 · N° 168 | Buenos Aires,
Mayo de 2012 |