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Parâmetros antropométricos como discriminadores da obesidade

Los parámetros antropométricos como discriminadores de la obesidad

 

*Laboratório do exercício da Universidade

Estadual de Montes Claros, Unimontes

**Professor do Departamento de Educação Física e do Desporto

da Universidade Estadual de Montes Claros, Unimontes

Raquel Ribeiro Queiroz*

Vinicius Dias Rodrigues**

viniciusdr26@hotmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          O objetivo do trabalho é apresentar parâmetros antropométricos como instrumentos discriminadores da obesidade. Pois sendo considerado um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento de doenças coronarianas. Estudos epidemiológicos têm demonstrado uma correlação clara entre a gordura depositada junto às vísceras e os fatores de risco cardiovasculares. Marcadores antropométricos para gordura abdominal, como por exemplo, a circunferência da cintura (CC) e a relação cintura-quadril (RCQ), têm sido amplamente utilizados em estudos epidemiológicos, porém poucos estudos têm explorado a precisão dessas medidas em países subdesenvolvidos, e existem controvérsias com relação ao melhor indicador para gordura abdominal. A incidência de diabetes tipo II, aterosclerose, gota, cálculos renais e morte cardíaca súbita são elevados em pessoas obesas, porém, um aspecto da adiposidade que desperta a atenção é a distribuição regional da gordura do corpo. O acumulo de gordura na região do abdome vem sendo descrito como o tipo de obesidade que oferece maior risco para a saúde dos indivíduos. Essas descobertas foram particularmente importantes na medida em que, até então, existia associação somente índice de obesidade geral e as doenças mencionadas. Contrariando os conceitos da época, o mais alto risco de infarto do miocárdio ou morte prematura foi encontrado em homens com alta quantidade de gordura abdominal, sugerindo que homens, mesmo magros, porem, com gordura corporal concentrada no abdome são aqueles com mais alto risco para desenvolver doenças cardiovasculares. Sendo assim, através de pesquisas sistematizadas, podemos identificar com maior precisão os melhores instrumentos para identificação de risco coronariano.

          Unitermos: Obesidade. Parâmetros antropométricos.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 17 - Nº 168 - Mayo de 2012. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O sedentarismo que é definido como a falta da atividade física, é um dos fatores que afeta a saúde da população. Ele esta relacionado com aparecimento de doenças crônicas não-transmissíveis (DCNT) que por sua vez são consideradas um dos maiores problemas da saúde publica no Brasil. Dentre esses problemas obesidade encontra-se como uma epidemia com uma tendência a pandemia que é caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura corporal, associada a diversos problemas de saúde que pode atingir todas as classes sociais. Ela tem um papel importante como fator de risco coronariano, entretanto ainda é controversa a melhor explicação para a associação entre a obesidade e a doença cardíaca isquêmica. Heseker & Schimd (2000) relatam que a adiposidade localizada na região abdominal ou central, mesmo na ausência de obesidade generalizada, constitui um subgrupo de obesos com risco coronariano elevado.

    Assim esse grave distúrbio de saúde que reduz a expectativa de vida e ameaça sua qualidade, assume importante papel na variação das funções orgânicas, constituindo-se em um dos fatores de risco associados à morbimortalidade por doenças cardíacas, além de ser um fator de risco primário da morbimortalidade populacional por diversas doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) como o infarto do miocárdio, o acidente vascular encefálico (AVE), o câncer, o diabetes e a hipertensão arterial (HO, LAM, JANUS, 2003).

    Nas ultimas décadas o excesso de peso vem atingindo cerca de 1/3 da população adulta e aumentando cada vez mais mesmo entre as pessoas idosas. O aumento de peso ocorre prevalece em maior quantidade entre as mulheres, inclusive em idosos (RAUCHBACH, 2001).

    Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (2000), no Brasil os idosos estão em 14,5 milhões de pessoas e 8,6% da população total do país, é considerado idoso pessoas com 60 anos ou mais, no Brasil ouve um aumento em uma década de 17% em 1991.

    Há vários indicadores de obesidade abdominal e central, no entanto o índice de massa corporal (IMC) é o indicador de obesidade abdominal mais utilizado em estudos. Um estudo recente demonstrou que o índice de conicidade (IC) é o indicador de obesidade central que discrimina melhor o risco elevado de doença coronariana em pessoas do sexo masculino (PITANGA; LESSA, 2005). Alguns autores demonstraram que a razão cintura-estatura (RCEst) pode ser um bom indicador para diagnosticar a obesidade central. Outro indicador de obesidade central é relação cintura-quadril (RCQ) é um índice antropométrico que indica, de forma simplificada, a distribuição da gordura corporal, considerando gordura central ou abdominal e periférica. Sendo assim, apresentar instrumentos antropométricos para triagem para risco coronariano deve ser estudado para melhor compreensão.

Epidemiologia da obesidade

    Segundo Almeida (2008), as mudanças no perfil epidemiológico com o aumento da prevalência de Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), tais como as doenças cardiovasculares, diversos tipos de câncer, diabetes, e obesidade, nos países desenvolvidos, propiciaram a ampliação das correlações causais com a alimentação, a redução da atividade física e outros aspectos vinculados à vida urbana. As DCNT, de difícil conceituação, e muitas vezes empregadas como sinônimo de não-infecciosas, crônico-degenerativas ou simplesmente crônicas constitui uma das principais causas de morte nos países desenvolvidos e nas grandes cidades Brasileiras. Entre essas doenças estão às cardiovasculares, os cânceres, o diabetes mellitus, as doenças respiratórias crônicas (LEVY, 1987).

    Há mais de trinta anos, este conjunto de doenças é reconhecido como importante não somente em países industrializados (OMS, 1972). Segundo o Ministério da Saúde (2003), o conjunto de DCNT é responsável por 60% das mortes no mundo, em uma escala progressiva, podendo chegar ate 73% de todas as mortes em 2020. Já em 2001, no Brasil, as DCNT foram responsáveis por 62% das mortes e 39% de todas as hospitalizações registradas no Sistema Único de Saúde (OPAS, 2004).

    A obesidade deriva-se do latim obesitate, e caracteriza-se pelo excesso de tecido adiposo no organismo, sendo considerada uma doença crônica e inter-relacionada direta ou indiretamente com algumas outras situações patológicas contribuintes da morbi-mortalidade como as doenças cardiovasculares, osteomusculares e neoplásicas (CABRERA, 2001). De acordo com Flegal (2002) a obesidade é a forma mais comum de má-nutrição, contribuindo para o surgimento de diversas co-morbidades, decorrentes do excesso de peso corporal, do padrão alimentar inadequado e da resistência insulínica. Peres (2000) lembra que esse acúmulo excessivo de gordura ocorrido na obesidade excede aos padrões estruturais e físicos do corpo.

    A obesidade é um problema de abrangência mundial pelo fato de atingir um elevado número de pessoas e predispõe o organismo a vários tipos de doenças e a morte prematura (NAHAS, 2001). A Organização Mundial de Saúde (1997), atualmente caracteriza a obesidade como uma epidemia mundial que não respeita fronteiras, acometendo, também, países desenvolvidos como Suécia e Estados Unidos.

    Em função da magnitude da obesidade e da velocidade da sua evolução em vários países do mundo, este agravo tem sido definido como uma pandemia, atingindo tanto países desenvolvidos como em desenvolvimento, entre eles o Brasil (SWINBURN et al., 1999; INSTITUTO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2004).

    Segundo os dados da IOTF (Força Internacional sobre Obesidade), publicados pela Organização Mundial de Saúde (1998) indica que a existência de, aproximadamente, 250 milhões de adultos obesos (7% da população mundial) e, pelo menos, 500 milhões com sobrepeso, chamando a atenção para a epidemia global de obesidade e a necessidade de prevenção primária do excesso de peso.

    Nos Estados Unidos, a prevalência de obesidade (IMC > 30kg/m2) em mulheres adultas é de 33,4% e, em homens, 27,5% (DRENICK, 1980). Já no Brasil, segundo dados do inquérito nacional de 1997, a prevalência está em torno de 12,4% para mulheres e 7,0% para homens. 

    No ano de 1997, Monteiro et al. (2002), identificaram obesidade em 6,9% dos homens e 12,5% das mulheres das regiões Sudeste e Nordeste. Há uma prevalência maior de obesidade entre as mulheres, inclusive nos idosos. Em ambos os sexos, seu maior pico ocorre entre 45 e 64 anos (OMS, 1997).

    É fator de risco para patologias graves, como a diabetes, doenças cardiovasculares, hipertensão, distúrbios reprodutivos em mulheres, alguns tipos de câncer e problemas respiratórios. A obesidade pode ser causa de sofrimento, depressão e de comportamentos de esquiva social, que prejudicam a qualidade de vida.

    Segundo Mansur et al. (2009) os fatores relacionados à obesidade são:

Obesidade abdominal e os riscos à saúde

    A obesidade representa nas sociedades contemporâneas um grande problema de saúde, estando relacionada com o surgimento de algumas morbidades como, por exemplo, as doenças cardiovasculares, diabetes e cálculos biliares (POLLOCK; WILMORE; FOX, 1993).

    Segundo Mollarius et al. (1999), a obesidade abdominal ou a obesidade andróide, significa o aumento de tecido adiposo na região abdominal, sendo assim, considerada um fator de risco para diversas morbidades, representando risco diferenciado quando comparada com outras formas de distribuição de gordura corporal. O acúmulo de gordura na região do abdômen mostra-se como fator de risco independente para o aumento de algumas doenças, tais como, doenças cardiovasculares, diabetes mellitus tipo 2, hipertensão arterial, dislipidemias e alguns tipos de câncer (WANG, 2005). Coitinho et al., (1991) diz que, a obesidade abdominal vem atingindo cerca de 300 milhões de pessoas em todo o mundo, já alguns estudos realizados no Brasil indicaram que 27 milhões de brasileiros apresentavam excesso de peso o total de 6,8 milhões são obesos.

    De acordo com Olinto (2004), no Brasil já foi identificado à obesidade abdominal como preditor do maior risco para a hipertensão arterial, e sendo o maior risco para doença coronariana, sendo que esta já está entre os nove mais importantes fatores de risco para o infarto agudo do miocárdio.

Indicadores antropométricos da obesidade

    A antropometria tem se mostrado importante indicador do estado nutricional, além de fornecer informações das medidas físicas e de composição corporal, é um método não invasivo e de fácil e rápida execução. No caso de idosos, as medidas antropométricas mais utilizadas são: peso, estatura, perímetros e dobras cutâneas (KUCZMARSKI, 1993).

    A composição corporal (CC) é a quantificação do corpo humano em osso, músculo e gordura (MALINA, 1969). Este está relacionado a inúmeros fatores, dentre eles: nutrição, nível de atividade física, estilo de vida, desempenho atlético e doenças crônico-degenerativas. Fato que resultou no desenvolvimento de inúmeras técnicas para estimá-la, e que continuam em aperfeiçoamento. Dentre elas, ultimamente, as mais usadas são: a impedância bioelétrica, a antropométrica e a pesagem hidrostática. Sendo esta última a mais aceita como parâmetro de validação para outras técnicas, onde o indivíduo tem sua densidade corporal determinada através de pesagem submersa em tanque construído para tal finalidade (CARVALHO, 1998).

    Segundo Lessa (1998), o papel da obesidade generalizada com o fator de risco cardiovascular é controverso; no entanto, há uma melhor explicação para a associação entre obesidade e doença cardíaca isquêmica é de que esta ocorreria em um subgrupo de obesos, ou seja, nas pessoas que apresentassem adiposidade localizada na região abdominal ou central, mesmo na ausência da obesidade generalizada.

    Há vários indicadores de obesidade total e central: a central pode ser medida pela espessura de dobras cutâneas no tronco e nas extremidades; por medidas de circunferências de cintura e quadril; por tomografia computadorizada, ultrassonografia abdominal e ressonância magnética nuclear (BRAY, 1992).

    A obesidade Geral é medida pelo IMC, já a obesidade central pode ser medida pela espessura de dobras cutâneas no tronco e nas extremidades; por medidas de circunferências de cintura e quadril e índice de conicidade.

Razão cintura / quadril

    Segundo Heyward & Stolarczyk (2000), não apenas a gordura total, mas a distribuição da gordura corporal está associada a morbidades e mortalidade por doenças crônico-degenerativas. Existe uma associação entre o aumento da gordura abdominal e doença arterial coronariana, hipertensão arterial, hiperlipidêmica e diabetes.

    A relação cintura/quadril (RCQ) é um índice antropométrico que indica, de forma simplificada, a distribuição da gordura corporal, considerando gordura central ou abdominal e periférica. Por sua validade e simplicidade, tem boa aplicação prática. O RCQ é obtido pela fórmula:

RCQ = circunferência do quadril / circunferência da cintura

Quadro 1. Classificação de risco do RCQ de acordo com Heyward & Stolarczyk (2000)

    A circunferência da cintura, isoladamente, pode também ser indicada como risco de morbidades e mortalidade por doenças crônico-degenerativas. Para as mulheres, o valor de referência, 80,0 cm.

    Não há consenso sobre a definição do que seja uma RCQ elevada. Os pontos de corte mais utilizados para homens (>1,00) e mulheres (>0,80) foram sugeridos com base em estudos epidemiológicos na Suécia. Nos Estados Unidos, são usados os pontos de corte de 0,95 para homens e 0,80 para mulheres, estabelecidos com base em dados canadenses (KEENAN et al., 1992).

Índice de Massa Corporal

    O Índice de Massa Corporal (IMC) é, talvez, o que tenha maior divulgação no que diz respeito à mensagem populacional. Seus valores-limites são conhecidos por especialistas e leigos. O IMC é um bom indicador, mas não totalmente correlacionado com a distribuição da gordura corporal. O índice de massa corporal (IMC) é determinado pela divisão do peso/estatura.

    O IMC é um bom identificador de sobrepeso e obesidade, uma vez que a maior parte da população, quando apresenta valores elevados deste índice, raramente apresenta aumento da massa livre de gordura (HEYWARD, 2000).

    Os valores de referência de IMC, como identificador de sobrepeso e obesidade e o risco de co-morbidades associadas ao excesso de peso, segundo a Organização Mundial da Saúde (1998), são apresentados no quadro 02. O IMC é a relação peso/estatura e é calculado pela equação:

IMC = Massa Corporal (kg) / Estatura (m)2

Quadro 2. Classificação do IMC de acordo a Organização Mundial da Saúde (1998)

    Segundo a equação de Jackson et al. (1980), para as mulheres as dobras cutâneas é capaz de identificar o sobrepeso em 70% do indivíduos. Em 30% classifica como normais mulheres com sobrepeso (conhecidas popularmente como falsas-magras).

    Para as mulheres o IMC, comparado à equação de Jackson et al. (1980) para dobras cutâneas, é capaz de identificar corretamente o sobrepeso em 70% dos indivíduos. Em 30%, classifica com normais, mulheres com sobrepeso (popularmente conhecidas como falsas-magras).

Circunferência de cintura

    Vários estudos têm apontado que a circunferência da cintura (CC) isolada está mais associada à quantidade de gordura abdominal e mais relacionada com distúrbios metabólicos. A CC é medida na menor curvatura localizada entre a crista ilíaca e as costelas (DESPRES, 1991).

    O quadro 3 apresenta a classificação de riso do CC de acordo com o Ministério da Saúde do Brasil (2008).

Quadro 3. Classificação da CC de acordo com o Ministério da Saúde do Brasil (2008)

Índice de Conicidade

    Valdez (1991) diz que foi proposto no início da década de 90, o índice de conicidade (índice C) para avaliação da obesidade e distribuição da gordura corporal. Ele é determinado com as medidas do peso, da estatura e da circunferência da cintura.

    O Índice C é determinado é se encontra através das medidas do peso, da estatura e da circunferência da cintura (LEMOS, 2004). Segundo Valdez (1991), o índice de conicidade (índice C) é determinado através das medidas de peso, estatura e circunferência da cintura (CC), utilizando-se a equação matemática. O IC é obtido pela equação:

Quadro 04. Pontos de corte do IC de acordo com o estudo de Pitanga; Lessa (2004)

    Seguindo o raciocínio de Pitanga; Lessa (2005) o IC é o melhor índice antropométrico para denunciar possíveis problemas cardiovasculares, esse Índice utiliza como pontos de corte para RCE os valores de 1,25 para homens e de 1,18 para mulheres, sendo revisado pelos mesmos autores (PITANGA; LESSA, 2006) onde corrigiram os valores em 1,18 e 1,22 para mulheres, ate 49 anos e acima de 49 anos respectivamente.

Razão Cintura / Estatura

    Segundo alguns autores a razão cintura-estatura (RCEst) é fortemente associada a diversos fatores de risco cardiovascular (HO et al., 2003). A RCEst é o mais novo dos indicadores de obesidade central e é representada pela relação da circunferência da cintura/estatura (PITANGA; LESSA, 2005). O RCEst é obtido pela equação:

RCEst = Circunferência da Cintura (cm) / Estatura (cm).

Quadro 5. Ponto de Corte da RCEst segundo o estudo de Pitanga; Lessa (2006)

Comentários finais

    Esse trabalho de revisão literária apresentou os principais parâmetros antropométricos para identificação da obesidade. Lembrando que esses parâmetros podem se utilizados com facilidade, mas que existem um padrão generalista quanto a o diagnostico da obesidade e outros padrões capazes dessa identificação na região central do corpo. Isso mostra, que a identificação da obesidade pode ser feita com rapidez e economia, mas as interpretações acerca dos riscos a saúde, vai depender do parâmetro utilizado para essa identificação.

Referências

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