O professor pesquisador e a sua prática docente. Um estudo de revisão bibliográfica El docente investigador y su práctica pedagógica. Un estudio de revisión bibliográfica |
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*Graduado em Educação Física – UEPB Especializando em Educação Física Escolar – UEPB **Graduada em Serviço Social – UEPB Graduando em História – UFCG ***Graduando em Biologia - UEPB ****Orientadora. UEPB (Brasil) |
Allan Kardec Alves da Mota* Pedro César Pereira de Almeida* Roberta Gerciane Viana de Araújo** Viviane Sousa Rocha*** Profº Ms. Dóris Nóbrega de Andrade Laurentino**** |
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Resumo O presente estudo aborda uma reflexão sobre a prática do professor com ênfase em pesquisa no âmbito escolar, objetivando a análise e a discussão acerca do conceito de professor pesquisador, buscando refletir a formação na prática docente assim como a busca por novas metodologias para melhor aplicabilidade nos processos de ensino. A pesquisa é imprescindível para prática docente, pois o professor que assume a postura de pesquisador compromete-se com a elaboração própria, com o questionamento, com a formação da cidadania, com a criatividade e com a descoberta. Este artigo é resultado de uma revisão bibliográfica, a partir de artigos, livros e revistas científicas, buscando um melhor direcionamento a cerca do professor pesquisador e sua prática docente. Unitermos: Professor. Pesquisa. Prática docente.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 17 - Nº 168 - Mayo de 2012. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
Observa-se que ao longo do tempo a metodologia aplicada pelos professores de diversas áreas vem sofrendo transformações significativas, reduzindo aos poucos o método de ensino tradicional e tecnicista no desenvolvimento de suas aulas e incorporando novos métodos de ensino. Diante desses aspectos observamos que a partir da implementação de práticas inovadoras, o professor vem se habituando a novas tecnologias, buscando deferentes formas de ensino e pesquisa a serem aplicadas tanto em sala de aula, como também fora dela.
Tem-se conhecimento que a maior parte dos professores não procura a pesquisa educacional para instruir e melhorar as suas práticas (MITCHEL, 1985; COOKSON, 1987; GURNEY. 1989; DOIG. 1994). Em decorrência disso o envolvimento dos acadêmicos nos movimentos dos professores como pesquisador tem sido, na sua maioria, para produzir uma literatura acadêmica sobre a pesquisa de professores (MITCHEL, 1985; COOKSON, 1987; GURNEY. 1989; DOIG. 1994) ou para produzir manuais e livros-textos para professores sobre como pesquisar (KEMMIS E METAGGART, 1988; ALTRICHTER ET AL., 1993), não usando o conhecimento que eles vêm gerando, através de suas pesquisas, para informar seus próprios trabalhos nas universidades. Em geral os pesquisadores têm usado o processo de pesquisa-ação para estudar suas próprias práticas, tendo em vista que a pesquisa-ação educacional é uma estratégia para o desenvolvimento de professores e pesquisadores de modo que possam utilizar suas pesquisas para aprimorar seu ensino e, em decorrência, o aprendizado de seu alunado.
Segundo Brown (2001), pesquisa-ação é um termo que se aplica a projetos em que os pesquisadores buscam efetuar transformações em suas próprias práticas. Portanto, qualquer tipo de reflexão sobre a ação é chamada de pesquisa-ação.
Dentro desse contexto, o professor busca aprimorar seus métodos de ensino por meio da reflexão e pesquisa, centralizando seus trabalhos e buscando o aperfeiçoamento de sua prática docente.
O presente artigo tem como objetivo analisar e discutir acerca do conceito de professor pesquisador, tendo em vista as necessidades e finalidades para sua formação e prática docente. Para tal reflexão este estudo consiste em uma revisão bibliográfica na literatura acerca deste assunto.
Professor: educador ou pesquisador?
Desde o passado, a profissão docente sempre foi de grande importância, como processo de socialização da cultura e dos conhecimentos sistematizados nas diferentes sociedades. Atualmente os professores tem que lidar não só com alguns saberes, como era no passado, mas também com a tecnologia e com a complexidade social que exige cada vez mais reflexões e respostas imediatas aos problemas postos no cotidiano vivenciado por eles mesmos e pelos alunos.
Segundo a Lei de Diretrizes e Bases – LDB (1996), no artigo 43, a educação superior deve incentivar o trabalho de pesquisa e investigação científica buscando desenvolver a ciência, a tecnologia, criação e difusão da cultura. Desse modo, desenvolver o entendimento do homem do meio em que vive, promovendo a divulgação dos conhecimentos científicos e técnicos que compõem o patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, publicações ou outras formas de comunicação.
Diante desse fato nos vem o seguinte questionamento: existe distinção entre
professor e pesquisador? Em uma análise mais
criteriosa observamos que são profissões que se interligam e que podem ser
trabalhadas em conjunto, tanto um professor pode ser um pesquisador como um
pesquisador pode ser um professor.
O professor é visto como aquele que coloca em prática o que diz os
pesquisadores que seguem modelos clássicos, desconhecendo a prática da sala de
aula. Quando um professor é também um pesquisador ele agrega ao seu currículo
um ponto positivo, pois consegue aliar prática e teoria. Todo professor deve
inovar em sua aula, trazendo novas experiências e ensinando aos seus alunos
vários processos de aprendizagem. Tal processo deve ser instigado desde sua
formação acadêmica para ser base propulsora de um ensino de qualidade.
As qualidades necessárias para um bom professor está nas dimensões que envolvem suas qualidades emocionais, políticas, éticas, reflexivas e críticas, sobretudo as de caráter do saber. De acordo com Fazenda (2008) é importante que o professor tenha quatro tipos diferentes de competências, caracterizadas por ele como: competência intuitiva onde o professor não se contenta em executar o planejamento elaborado - ele busca sempre alternativas novas e diferenciadas para seu trabalho; competência intelectiva na qual o professor privilegia todas as atividades que procuram desenvolver o pensamento reflexivo; competência prática onde o professor diferentemente do intuitivo, copia o que é bom, pouco cria, mas, ao selecionar, consegue boas cópias, alcança resultados de qualidade e competência emocional. Ele trabalha o conhecimento sempre com base no autoconhecimento. Expõe suas ideias por meio do sentimento, provocando uma sintonia mais imediata.
Segundo Ivani Fazenda (2008)
Aprender a pesquisar, fazendo pesquisa, é próprio de uma educação interdisciplinar, que, segundo nossos dados, deveria se iniciar desde a pré-escola. Uma das possibilidades de execução de um projeto interdisciplinar na universidade é a pesquisa coletiva, em que exista uma pesquisa nuclear que catalise as preocupações dos diferentes pesquisadores, e pesquisas-satélites em que cada um possa ter o seu pensar individual e solitário. Na pesquisa interdisciplinar, está a possibilidade de que cada pesquisador possa revelar a sua própria potencialidade, a sua própria competência. (p. 10)
A pesquisa no processo educacional está interligada ao aprendizado e reflexões sobre as práticas cotidianas fazendo a ponte entre os saberes populares e acadêmicos, entre o que os alunos estudam e como percebem dados deste estudo no âmbito familiar e grupos societários. Neste sentido Zeichner apud Pimenta (2003) ressalta a importância de preparar professores para que assumam uma atitude reflexiva em relação ao seu ensino e às condições sociais que o influenciam, reconhecendo nessa tendência de formação reflexiva uma estratégia para melhorar a formação de professores.
Ser educador é formar seres pensantes que percebam que podem transformar as suas vidas e a de outras pessoas. Paulo Freire (1985), em seus estudos relata que o indivíduo deve saber sobre a sua realidade, para só então buscar transformá-la.
O espaço de aprendizado é, portanto, um meio para a construção da consciência crítica, na interligação entre o aprendizado a partir da realidade vivenciada e a interpretação da sua condição de exploração. Trata-se de interpretar para transformar e neste ponto a educação é a base para os sujeitos refletirem sobre seus processos e sua condição como sujeito atuante na sociedade, diante disso, o capitulo seguinte aborda uma conceituação e reflexão a cerca do direcionamento do professor pesquisador.
Conceituando e refletindo o professor pesquisador
Lima (2007), define o professor como o profissional que ministra, relaciona ou instrumentaliza os alunos para as aulas ou cursos em todos os níveis educacionais, segundo concepções que regem esse profissional da educação e o pesquisador, como aquele que exerce a atividade de buscar reunir informações sobre um determinado problema ou assunto e analisá-las, utilizando para isso o método científico com o objetivo de aumentar o conhecimento de determinado assunto, descobrir algo novo ou contestar teorias anteriores.
No que se refere ao papel do pesquisador ou do professor-pesquisador ele afirma que “desde sua formação deve estar relacionado ao contexto e às práticas pedagógicas e de ensino, então a ação reflexiva sobre a prática docente e a importância da utilização da pesquisa para tal, terá um sentido”, Lima (2007).
Tal afirmação nos leva a ideia de que a pesquisa deve ser parte integrante do processo de formação acadêmica dos professores e consequentemente se refletirá no seu processo de ensino. Ela é um componente necessário tanto para o aperfeiçoamento e inovação das aulas quanto para o próprio aprendizado continuado do docente.
Garcia (2009), afirma que o professor pesquisador seria aquele professor que busca questões relativas à sua prática com o objetivo de aperfeiçoá-las. A partir disto são apresentadas diferenças entre a “pesquisa do professor” e a “pesquisa acadêmica ou científica”. No que diz respeito à finalidade ela aponta que:
A pesquisa acadêmica tem a preocupação com a originalidade, a validade e a aceitação pela comunidade científica. A pesquisa do professor tem como finalidade o conhecimento da realidade para transformá-la, visando à melhoria de suas práticas pedagógicas e à autonomia do professor. Em relação ao rigor, o professor pesquisa sua própria prática e encontra-se, portanto, envolvido, diferentemente do pesquisador teórico. Em relação aos objetivos, a pesquisa do professor tem caráter instrumental e utilitário, enquanto a pesquisa acadêmica em educação em geral está conectada com objetivos sociais e políticos mais amplos. (Garcia 2009, p. 177).
O professor deve se preocupar em atingir da melhor forma possível, seus objetivos buscando uma reflexão junto aos alunos, sobre os desafios que permeiam o professor no contexto atual. Neste sentido os objetivos da pesquisa devem ser claros e possuir uma relevância acadêmica e social. A pesquisa é sempre uma investigação para conhecimento da realidade, entendimento sobre a mesma e quando necessário à busca de sua transformação. Demo (2011) define que:
Primeiro, é preciso distinguir a pesquisa como princípio científico e a pesquisa como princípio educativo. Nós estamos trabalhando a pesquisa principalmente como pedagogia, como modo de educar, e não apenas como construção técnica do conhecimento. Bem, se nós aceitamos isso, então a pesquisa indica a necessidade da educação ser questionadora, do indivíduo saber pensar. É a noção do sujeito autônomo que se emancipa através de sua consciência crítica e da capacidade de fazer propostas próprias. (Demo 2011, p. 22).
O professor precisa assumir a responsabilidade de repassar o conhecimento acadêmico e aperfeiçoá-lo através da pesquisa tendo em vista que é uma das melhores estratégias para o aprendizado do alunado. Miranda (2006) considera que o professor pesquisador relaciona a prática que se torna um meio fundamentado e destinado aos conhecimentos, desde que esses conhecimentos passem a ser orientados e apropriados pela ação e reflexão do professor, que são elementos fundamentais visando à melhoria da formação da prática docente.
Formação na prática docente
Falar sobre a formação docente requer a consideração de vários aspectos e elementos componentes desta formação. Ao referirmos à formação docente estamos nos voltando não só para os aspectos constituintes da formação formal, importante e expressiva na constituição dos saberes necessários à prática pedagógica, mas também àqueles que compõem e acompanham de modo informal todo o processo formativo como é o caso da cultura e das representações que os docentes trazem consigo e que, muitas vezes, são desconsideradas pela origem de sua existência.
A importância de realizar reflexões acerca das diferentes dimensões da formação e da prática docente e saberes se faz por vários motivos, entre elas, as trajetórias formativas dos professores, a não valorização da cultura e das representações docentes como elementos de formação e posteriormente da produção da prática pedagógica.
De acordo com Pérez Gómez (1997) os modelos de formação vigentes em que se estabelece uma relação linear e hierárquica entre o conhecimento científico e as suas aplicações práticas, criando uma relação igualmente linear entre tarefas de ensino e processos de aprendizagem. O modelo de aquisição do conhecimento implícito é fator de orientação de ações e condutas do professor na sala de aula, funcionando, muitas vezes, como ponto de referência para identificação do que é aprender e, consequentemente, de como ensinar.
Considerações finais
Na educação atual se busca um professor que possa desmistificar o processo de ensino-aprendizagem, estando disposto a modificar sua prática pedagógica para melhora-la. Cabe ao professor estimular a curiosidade de seu aluno, deixando-o livre para aventurar-se no mundo do saber, respeitando sua autonomia e sua dignidade, sendo tolerante com suas dificuldades, facilitando a superação da mesma.
Neste sentido, percebe-se a importância da formação de um professor reflexivo/pesquisador para formação de um profissional capaz de analisar sua própria prática e através desta análise aprimorar sua prática pedagógica no sentido de formar cada vez mais pessoas capazes de pensar, formar para o pensamento e não simplesmente para a recepção de informações.
Formar seres críticos caracteriza o desfecho final de todo o processo de ensino e aprendizagem, assim o professor não se atem apenas aos métodos tecnicista de ensino preparando assim indivíduos capazes de refletir as suas ações.
Diante do exposto, este artigo buscou analisar e refletir de forma sucinta sobre a influência da pesquisa na prática docente, exercendo um papel fundamental para o seu esclarecimento e aprofundamento no âmbito escolar.
Referências
BROWN A, DOWLING P. Fazer pesquisa / leitura de pesquisa: um modo de interrogatório para o ensino. Londres: Routiedge Falmer, 2001.
DEMO, Pedro. A imersão de estudantes em atividades investigativas. In: http://processoinvestigativo.blogspot.com.br/. Acesso em 29/03/2012.
FAZENDA, Ivani C. A. (org.) Didática e interdisciplinaridade. 13ª ed. São Paulo: Papirus, 2008.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 14ª Ed. São Paulo: Editora Paz e Terra S/A, 1985.
GARCIA, Vera C. G. Fundamentação teórica para as perguntas primárias: O que é Matemática? Porque Ensinar? Como se ensina e como se aprende? In: Revista Educação. Vol. 32. nº 2. Porto Alegre, 2009.
KEMMIS, S. & MCTAGGART, R. (1988). Cómo planificar la investigación-acción, Barcelona: Laertes.
LIMA, Marcos H. O professor, o pesquisador e o professor - pesquisador. Disponível em: http://www.amigosdolivro.com.br/lermais_materias.php?cd_materias=3754. Acessado em 29/03/2012.
MIRANDA, Marília G. de. O Professor Pesquisador e Sua Pretensão de Resolver a Relação entre a Teoria e a Prática na Formação de Professores. In: O Papel da pesquisa na formação e na prática dos professores. 5ed. Campinas: Papirus, 2006.
Mitchell, P. (1985) A teacher’s view of Educational Research. In M. Shipman (Ed.) Educational Research: Principles, Policies and Practices (pp 81-96). London: Falmer Press.
PÉREZ GÓMEZ, A.I. O pensamento prático do professor-a formação do professor como profissional reflexivo In: NÓVOA, A.(org.) Os professores e sua formação. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1997.
PIMENTA, Selma Garrido. Formação de professores: saberes da docência e identidade do professor. In FAZENDA, Ivani C. A. (org.) Didática e interdisciplinaridade. São Paulo: Papirus, 1998.
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