O judô como conteúdo pedagógico para pessoas com deficiência: relato de experiência do estágio supervisionado na APAE de Paracatu, MG El judo como contenido pedagógico para personas con discapacidad: un relato de experiencia de las pasantías supervisadas en la APAE de Paracatu, MG Judo like pedagogical contents to people with disability: experience report on supervised stage in APAE from Paracatu, MG |
|||
*Aluno do Curso de Educação Física da Faculdade Atenas de Paracatu, MG **Professora da Disciplina de Estágio Supervisionado do Curso de Educação Física da Faculdade Atenas de Paracatu, MG |
Frederico Witier Mazzonetto* Hellen Conceição Cardoso Soares** (Brasil) |
|
|
Resumo A Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) é uma entidade que tem como objetivo de tratar, previnir a deficiência e promover o bem estar e desenvolvimento da pessoa com deficiência. Em Paracatu (MG) a APAE presta seviços à comunidade há mais de 30 anos. As informações obtidas através da revisão de literatura são escassas quanto à prática de judô por pessoas com defiência, sobretudo a deficiência mental. Este relato baseia-se na experiência da prática pedagógica com o judô para pessoas com deficiência mental com diferentes faixas etárias. Através desta experência conclui-se que deve-se sempre ponderar as atividades propostas de acordo com o público a que ela se destina, quanto à intensidade, dificuldade e apelo motivacional. Unitermos: Judô. Pessoas com deficiência. Educação Física escolar.
Abstract The Parents and Friends of Exceptional Association (APAE) is an entity that has like objective to care, to prevent the disability and to promote people with disability’s well-being and development. In Paracatu (MG) the APAE to render services on more that 30 years. The information obtained between literature reviews is scarce on judo practices by people with disability, over all the mental disability. This report is based on experience of judo pedagogical practices to people with mental disability on different band of age. In between this experience was concluding may always to ponder the proposed activities in harmony with the public destination, how much intensity, difficult and motivational appeal. Keywords: Judo. People with disability. School Physical Education.
|
|||
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 17 - Nº 168 - Mayo de 2012. http://www.efdeportes.com/ |
1 / 1
Introdução
A Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) é uma entidade que tem como objetivo de tratar, prevenir a deficiência e promover o bem estar e desenvolvimento da pessoa com deficiência. Em Paracatu (MG) a APAE presta seviços à comunidade há mais de 30 anos.
Este artigo relata a experência da prática pedagógica do judô aplicada a turmas de alunos assistidas pela APAE de Paracatu – MG por ocasião do estágio supervisionado para obtenção do título de Licenciatura em Educação Física.
As referências pesquisadas discorrem acerca das deficiências, sobretudo as de natureza física, porém quanto às pessoas com deficiência mental, exitem poucas informações aplicadas à Educação Física. Quando se direciona a pesquisa para o judô a informação é praticamente inexistente.
Para execução do projeto utilizou-se apenas os tatames (dojô) como material específico do judô, pois este apresenta caracterísiticas inerentes a segurança dos alunos durante as atividades. O judogi (kimono) e demais materiais não foram incorporados durante as aulas, pois se tratavam de um número reduzido de aulas e informação em demasia para ser assimilada e processada pelos alunos.
Foram enfatisadas as técnicas de ukemi (amortecimento de quedas), tanto por aspecto de segurança, quanto para aplicabilidade prática. As técnicas foram trabalhadas dentro de uma contextualização lúdica afim de promover a motivação participativa durante as aulas. Alguns aspectos da luta foram trabalhados, também sob um aspecto lúdico e de forma fragmentada, afim de facilitar o aprendizado motor.
A APAE
A Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) é uma associação em que, além de pais e amigos dos excepcionais, toda a comunidade se une para prevenir e tratar a deficiência e promover o bem estar e desenvolvimento da pessoa com deficiência. As APAEs tem como principal missão prestar serviços de assistência social no que se diz respeito a melhoria da qualidade de vida da pessoa portadora de deficiência, conscientizando cada vez mais a sociedade.
Promover e articular ações de defesa dos direitos das pessoas com deficiência e representar o movimento perante os organismos nacionais e internacionais, para a melhoria da qualidade dos serviços prestados pelas Apaes, na perspectiva da inclusão social de seus usuários. (APAE).
É um movimento que se destaca no país pelo seu pioneirismo. Nascida no Rio de Janeiro, no dia 11 de dezembro de 1954 por um grupo, congregando pais, amigos, professores e médicos de excepcionais, fundou a primeira Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais do Brasil.
Em Paracatu, MG a APAE foi fundada em 24 de agosto de 1977, com apoio do Prefeito Municipal Dr. Almir Alaor Porto Adjuto e iniciativa de Martha Brochado Adjuto, cuja finalidade de atender crianças e adolescentes com deficiência, ocupando as instalações e terreno do antigo Posto Agropecuário local, desde então diversas benfeitorias foram realizadas pela APAE.
Desporto e deficiência
De Freitas (2000, p.25) elaborou uma reconstrução histórica da relação desporto e deficiência, onde afirma que em 1918 um grupo de lesionados da I Guerra Mundial reuniu-se na Alemanha para praticar esportes; já em 1932 surge na Inglaterra a Associação de golfistas de um só braço. Ludwig Guttman, médico alemão de origem judia, foi convidado pelo governo britânico a dirigir o hospital Stoke Mandeville e introduziu as atividades esportivas como parte essencial do tratamento para recuperação das incapacidades geradas por lesões medulares (Varela, 1991 apud De Freitas, 2000 p. 25).
Segundo o mesmo autor a reabilitação buscou na atividade física novos caminhos para possibilitar a integração dessas pessoas com a sociedade, evidenciando as capacidades residuais da pessoa com deficiência através do esporte (Araújo, 1997 apud De Freitas, 2000 p. 25).
De Freitas (2000, p. 30) ainda afirma que a pessoa com deficiência física tem poucas oportunidades de se movimentar, jogar ou praticar esportes, quer seja em uma escola ou fora dela. As experiências motoras das pessoas com deficiência poderão ser ampliadas através do conhecimento de novas possibilidades de movimento, novos jogos adaptados às suas limitações e potencialidades.
Os objetivos a serem desenvolvidos dentro da educação física e/ou esportes com pessoas com deficiência física devem considerar sempre as limitações e potencialidades individuais do educando, bem como as atividades propostas, cujos objetivos devem explorar:
Desenvolvimento da auto-estima;
Melhoria da auto-imagem;
Estímulo à independência;
Interação com outros grupos;
Experiência intensiva com suas possibilidades de limitações
Contato com outras pessoas, deficientes ou não;
Vivência de situações de sucesso;
Melhoria das condições organo-funcionais;
Aprimoramento das capacidades físicas: resistência, força e velocidade;
Desenvolvimento das habilidades físicas: coordenação, ritmo e equilíbrio;
Acesso à prática esportiva como lazer, reabilitação e competição;
Estímulo das funções do tronco e membros superiores;
Prevenção de deficiências secundárias;
Estímulo à superação de frustrações.
De Freitas (2000, p. 30)
Desporto e deficiência mental
Segundo De Freitas (2000, p. 36) Eunice Kennedy Shriver, irmã do Presidente Americano John F. Kennedy, convidou um grupo de crianças com deficiência mental para participar de um churrasco e de jogos ao ar livre, onde ela pôde constatar a desenvoltura das crianças em jogos e atividades recreativas. A partir de 1962 teve o início das Olimpíadas Especiais, voltadas à participação de pessoas com deficiência mental. No Brasil, desde 1973 a Federação Nacional das APAE’s realiza a cada 2 anos as Olimpíadas das APAE's.
O jogo e a brincadeira
De Freitas (2000, p. 79) trata o jogo e a brincadeira como estratégia metodológica em educação física para pessoas com deficiência mental (Oliveira, Valeria M. apud De Freitas 2000 pág. 79).
(...) a atividade lúdica, satisfaz as necessidades da criança, especialmente a necessidade de “ação”. A atividade lúdica deve ser vista como “fator de desenvolvimento” da infância por estimular no exercício do pensamento da criança, que desvincular-se das situações reais e levá-la a agir independentemente do que ela vê (Coletivo de Autores, 1992 pág. 66 apud De Freitas, 2000 pág. 79).
Para que a relação jogo-criança aconteça e proporcione melhoria em todas as formas de motricidade, linguagem, sociabilidade, há que se observar os objetivos de sua utilização. A criança deficiente mental tem maiores necessidades de brinquedos e materiais, pois, por terem dificuldade em abstrair, precisa de experiências concretas para aprender (Cunha, 1988 apud De Freitas, 2000 p. 85).
O jogo aparece em íntima relação com as atividades desenvolvidas, tendo-se com referência as áreas da capacidade psicomotora (Kiphard, 1985 apud De Freitas, 2000, p. 85).
capacidade – eu: experiências da imagem corporal e exploração do movimento como também a expressão corporal.
descobrir o corpo – eu
expressar sentimentos através do corpo
reconhecer o seu corpo
reconhecer as diferentes possibilidades de movimento
controlar os movimentos grossos
controlar os movimentos finos
capacidade – material: experiências materiais, resolver problemas de forma criativa
reconhecer o material
mover o material
reconhecer qualidades do material
trocar o material
formar o material
capacidade – social: adaptação a outras pessoas e grupos, mas também exprimir suas necessidades próprias como a comunicação
perceber formas de sons
atuar um ao lado do outro
atuar um depois do outro
um com o outro em relação a outros
um com o outro dentro de um grupo
um com o outro dentro de um grupo escolar
Segundo De Freitas (2000, p. 86)
(...) jogos são colocados como estratégias que dinamizam as atividades que, visam o desenvolvimento de condutas motoras e sociais do indivíduo com deficiência mental, devendo ser planejadas e dispostas em ordem crescente de dificuldade e complexidade sempre objetivando os comportamentos característicos do nível de desenvolvimento em que se encontra.
O conteúdo está centrado no componente da adaptabilidade e em relação à educação física e estas adaptações envolvem, segundo (Bueno & Resa, 1995 apud De Freitas, 2000 p. 87).
adaptação de material e organização da aula
adaptação no programa – avaliação, planejamento e atividades
uso de recursos que despertem o interesse e motivação, incentivando a criatividade
metodologia adequada à compreensão dos educandos
adaptação de objetivos e conteúdos
Judô e deficiência
De Freitas (2000, p. 36) afirma que o judô é praticado apenas por deficientes visuais. Onde as adaptações estão na textura do tatame, que indica a área de luta e no fato da luta ser iniciada com o kumikata já feito; se os judocas perdem o contato e o kumikata for desfeito o árbitro pára a luta e somente é reiniciada quando a pegada é refeita.
Neste sentido foi necessário buscar subsídios para adaptar o judô às possibilidades de prática dos grupos de alunos da APAE, respeitando-se as suas limitações e ajustando-se os métodos pedagógicos disponíveis na literatura, já que nenhuma referência apresentou uma metodologia específica para este público.
A pedagogia do judô
Segundo Roza (2010, p. 34) o judô, como componente do conteúdo da educação física escolar, tem grande papel de socializar, além de abordar valores éticos e morais, dessa forma, por meio dele, podem-se trabalhar conceitos e atitudes como o companheirismo, o espírito de equipe, o saber ganhar e perder. O respeito pelas normas estabelecidas. Para o mesmo autor as aulas são uma excelente oportunidade para que o professor estimule as crianças a refletir sobre o relacionamento e a preocupação com o próximo, bem como a valorização dos aspectos afetivos e as experiências individuais.
Everaldo (1996, p. 16 a 20) enfatiza as qualidades motoras desenvolvidas pela prática do judô, dentre elas estão: força, velocidade, flexibilidade,lateralidade, ritmo,equilíbrio, noção espaço temporal, resistência anaeróbica e resistência aeróbica.
O mestre Jigoro Kano, com seus princípios da formação educacional, demonstrou como o trato pedagógico, quando bem assimilado, pode dar, até mesmo a uma luta, o caráter educativo, com finalidades e objetivos pertinentes do processo de formação. ROZA (2010, Pág. 34)
Para Roza (2010, pág. 34) essa modalidade tem como meta principal a procura de um equilíbrio entre o corpo e a mente. Dessa forma, valorizam-se o respeito pelo ser humano, como indivíduo único, o raciocínio e a coordenação motora. É uma modalidade muito completa, já que todo o corpo trabalha formando desenvolvimento muscular equilibrado, coordenação, flexibilidade e destreza.
Virgílio (2000) enfatiza que segundo critérios científicos e didáticos o ideal seria trabalhar no ensino do judô com oito classes ou faixas etárias, ou seja, com turma homogêneas a fim de se facilitar a abordem sobre os conteúdos específicos.
LANÇANOVA (s.d., p. 31) afirma que uma aula de luta, desenvolvida como método ortodoxo de ensino adotado nas academias de luta, tem grande chance de afastar os alunos que se sentem inseguros para realizar os movimentos mais comuns. Pois, esses alunos, possuem maior dificuldade na realização dos movimentos novos, porque em sua vida, são pouco estimulados no aspecto da coordenação motora.
BAPTISTA (2003, p. 61) afirma que cada professor tem uma maneira diferente de transmitir seus conhecimentos. Ao se observar algumas aulas, torna-se possível notar diferenças na metodologia do ensino, no conteúdo programático e na sequência pedagógica. O mesmo autor reconhece que não há um método mais eficiente, mas que essa eficiência depende de vários fatores. Porém há uma unanimidade entre os diversos autores quanto à necessidade de tratar os conteúdos do judô de forma lúdica às crianças.
As atividades aplicadas devem ser alegres e divertidas, para que as crianças sintam prazer em praticá-las. O judô, nessa fase, deve ser trabalhado de forma gradativa, lúdica, sem cobrança de desempenho ou resultados. Os equipamentos, os vestuários e os recursos indispensáveis à prática do judô competitivo podem ser adaptados para as aulas na escola, que geralmente não disponibilizam tantos recursos (...) sem que se perca o objetivo do ensino nas aulas (ROZA, 2010. p. 34).
Concordando, EVERALDO (1996, p. 14) diz que através da atividade lúdica a experiências vividas com o corpo em relação ao meio garante aquisições de atividades corporais que exploram e contribuem para que a criança conheça seus limites e possibilidades durante a atividade com o meio, ou mesmo com outras crianças.
Neste sentido, BAPTISTA (2003, p. 62) propõe que até a quarta aula, devem ter sido ultrapassados todos os degraus necessários da sequência pedagógica dos rolamentos e das quedas (ukemi). É fundamental que façam parte de todas as aulas, até que a coordenação dos seus movimentos seja assimilada definitivamente, de modo que a prática do judô se torne mais segura.
Os mesmos autores supracitados apresentam algumas propostas de exercícios educativos, jogos de oposição e recreativos com a finalidade de desenvolver habilidades específicas do judô (EVERALDO, 1996; BAPTISTA; 2003; ROZA, 2010).
A prática pedagógica com o judô para pessoas com deficiência intelectual
Para LANÇANOVA (s.d. p. 60) quanto ao trabalho com deficientes mentais e físicos é importante considerar que se deve ser realizado respeitando os limites que cada pessoa com deficiência tem. O pouco que já conseguem fazer já é um grande passo para eles.
A exceção do judô para pessoas com deficiência visual, evidencia-se um vazio no que tange a prática pedagógica com o judô para alunos com deficiência. As dificuldades em se encontrar referências bibliográficas sobre este assunto vão além das dificuldades de se trabalhar em uma academia com uma turma heterogênea. No espaço da APAE a heterogeneidade é uma regra, pois cada indivíduo apresenta uma singularidade com sua deficiência, o que torna o trabalho altamente desafiador.
Optou-se por se desenvolver uma metodologia semelhante às várias propostas para o trabalho com crianças, porém foi necessário levar-se em consideração a ressalva de que muitos alunos não eram crianças, afinal algumas turmas eram compostas de pessoas de idade mais avançada.
Assim, se intelectualmente os alunos das várias faixas etárias respondiam de forma positiva aos estímulos lúdicos, fisicamente foi preciso estabelecer ajustes quanto à rotina e intensidade de alguns exercícios e jogos. Portanto, o tempo de descanso entre uma atividade e outra geralmente foi muito maior, respeitando os limites físicos dos alunos. Neste caso a pressa em se tentar cumprir um plano de aula poderia causar uma ruptura entre o aluno e o professor/atividade.
Quanto aos aspectos motivacionais para a prática do judô, além da abordagem lúdica do conteúdo, verificou-se a necessidade de colocar os alunos no centro do processo ensino-aprendizagem. Fazê-los perceber que havia atenção sobre eles através das explicações e diálogos estabelecidos durante a prática pedagógica e, sobre tudo, que naquele momento os alunos eram os mais importantes, não o dojô, não professor e nem o judô em si, já que isso poderia ser aplicado a qualquer modalidade. Essa conduta foi importante, pois o público com deficiência mental apresenta grande carência afetiva.
Outro ponto observado foi quanto às limitações físicas associadas a algumas deficiências, como instabilidade da coluna cervical em alunos com síndrome de Down, alunos com paralisia cerebral (que também são atendidos pela APAE) e em outros casos em que as causas da deficiência mental não são diagnosticadas, mas que afetam o repertório motor dos alunos.
As aulas destinadas à intervenção durante o estágio supervisionado são poucas, ainda considerando que foram ministradas para diversas turmas da instituição. Na oportunidade do estágio supervisionado foram ministradas aulas para cinco turmas distintas e deparou-se tanto com a heterogeneidade dentro das turmas quanto entre elas, já que havia turmas compostas por crianças e turmas compostas por adultos.
Em um primeiro momento estabeleceu-se uma sensibilização das turmas quanto ao conteúdo novo que seria abordado, o judô. Partiu-se para a exploração dos conhecimentos prévios generalistas quanto à luta, olimpíadas, amigos que praticam alguma luta, seguindo-se para conhecimentos mais específicos quanto a origem, objetivos, equipamentos envolvidos na prática.
Vale ressaltar que o único equipamento utilizado, específico para o judô, foi o tatame, optou-se pela não utilização do judogi (kimono) para que esta informação extra não fosse interpretada como um sinal de distanciamento entre o professor e os alunos.
Ainda no momento de sensibilização foram estabelecidas as regras do dojô (local de treinamento), ou seja, trabalharam-se as regras de etiqueta próprias do judô, como as saudações e sua importância e as formações para início e fim das aulas. Realizou-se o taissô (aquecimento), com exercícios de circundação de membros, saltos e alongamentos. Dessa forma foram focadas a coordenação motora, a flexibilidade e resistência aeróbica.
Segundo a recomendação de Baptista (2003) visando segurança dos alunos iniciou-se o trabalho com as técnicas de amortecimento de quedas (ukemi) mais simples como ushiro ukemi (queda para trás) e yoko ukemi (queda para o lado). Seguindo uma progressão didática, em que o aluno inicia deitado, para aprender os movimentos, depois caindo da posição sentada e finalmente caindo da posição em pé, simulando dessa forma uma queda. Dentre os rolamentos foi trabalhado apenas a cambalhota, ou rolamento frontal com as turmas com crianças e entre os alunos com Síndrome de Down que não apresentavam instabilidade atlanto-axial. Alguns alunos, por nunca terem vivenciado essas atividades apresentaram dificuldade na execução dos movimentos e por isso os exercícios foram realizados com ajuda do professor, os demais rolamentos específicos do judô foram trabalhados de forma lúdica em movimentos guiados pelo professor.
O espaço disponível para a prática era bastante limitado, assim foi necessário organizar os alunos em filas para execução dos ukemis, contudo cada aluno efetuou apenas uma queda por vez, mesmo sem ajuda, para dinamizar o fluxo na fila e assim diminuir o tempo de espera.
A luta em si foi desenvolvida através de jogos de oposição, ou como um jogo pré-esportivo, onde determinado aspecto da luta foi selecionado e trabalhado como um objetivo a ser alcançado. Como, por exemplo, a pegada (kumi kata) propôs-se realizar o kumi kata primeiro ou impedir o colega de fazê-lo.
Considerações finais
A necessidade da prática de ensino orientada é uma realidade para os estudantes de Educação Física, sobretudo tratando-se da prática com pessoas com deficiência, seja intelectual ou física, vivenciar esta prática que possibilita ao estudante a experiência de várias disciplinas em sala de aula sob tutela de um professor orientador que tem propriedade no assunto.
Deve-se sempre ponderar as atividades propostas de acordo com o público a que ela se destina quanto à intensidade, dificuldade e apelo motivacional. Mais importante do que pensar em atividades que devem ser proibidas, deve-se pensar em como se oferecer práticas diversificadas com segurança aos alunos, ampliando assim o repertório motor dessa população, pois inúmeras vezes essas pessoas surpreendem pela capacidade de superação e de aprendizado, bastando apenas estimulá-las.
É evidente que um número tão reduzido de aulas não permite concluir um trabalho desta natureza, mas certamente colabora na elucidação do problema da diversidade de conteúdos, e de forma mais contundente ao público em questão. A atividade física e a possibilidade de se integrar com o outro, ainda que de forma adaptada estimulam não apenas o desenvolvimento físico, mas intelectual e sócio-afetivo desses alunos.
Referências
APAE . http://www.apaebrasil.org.br/artigo.phtml?a=11398. Acesso em 31/05/2011.
APAE PARACATU. http://paracatu.apaebrasil.org.br/artigo.phtml?a=10694. Acesso em 31/05/2011.
BAPTISTA, Carlos F. dos S. Judô - da escola à competição. 3ª Edição. Rio de Janeiro. Sprint. 2003. 95p.
DE FREITAS, Patrícia S. Educação física e esporte para deficientes – coletânea. Uberlândia: UFU. 2000. 147p.
EVERALDO, Edson A. O Aprendizado lúdico do judô – 7 a 9 anos. Trabalho de Conclusão de Curso. Piaracicaba. UNIMEP. 1996. 29p.
LANÇANOVA, Jader G. da S. Lutas na Educação física escolar: alternativas pedagógicas. Diponível em http://lutasescolar.vilabol.uol.com.br/index.html. Acesso em 23/06/2011.
ROZA, Antônio F. C. Judô infantil: uma brincadeira séria. São Paulo: Phorte, 2010. 120p.
VIRGÍLIO, Stanlei. A Arte e o Ensino do Judô. Porto Alegre. Rígel. 2000. pp. 23-72.
Outros artigos em Portugués
Búsqueda personalizada
|
|
EFDeportes.com, Revista Digital · Año 17 · N° 168 | Buenos Aires,
Mayo de 2012 |