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Educação em saúde para terceira idade: sexualidade e prevenção de doenças sexualmente transmissíveis e síndrome
da imunodeficiência adquirida

Educación en salud para la tercera edad: la sexualidad y la prevención de 

enfermedades sexualmente transmisibles y síndrome de inmunodeficiencia adquirida

 

*Enfermeira, Bacharel em Enfermagem pelas Faculdades

Unidas do Norte de Minas (FUNORTE) de Montes Claros. MG

**Enfermeira, Especialista em Saúde da Família

pela Universidade Estadual de Montes Claros (UNIMONTES)

Professora do Departamento de enfermagem da UNIMONTES e FUNORTE. MG

***Enfermeira, Especialista em Saúde da Família

pelas Faculdades Unidas do Norte de Minas, Professora

do Departamento de enfermagem da UNIMONTES e FUNORTE. MG

Eliene de Oliveira*

lyibl2007@hotmail.com

Edilene Oliveira Amaral**

edilene_funorte@yahoo.com.br

Karine Suene Mendes Almeida***

karine_suene@yahoo.com.br

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

           A educação em saúde constitui um recurso para promoção da saúde e prevenção de doenças, contribuindo, dessa forma, para adoção de novos hábitos e condutas de saúde. Este estudo tem por objetivo descrever a experiência vivenciada pelos acadêmicos de enfermagem sobre educação em saúde para idosos acerca de sexualidade e prevenção de doenças sexualmente transmissíveis e Síndrome da Imunodeficiência Adquirida. Através dessa educação em saúde, percebeu-se o receio e a vergonha que os idosos possuem em relação à sexualidade e seus aspectos no envelhecimento. Além disso, verificou-se que estes possuem pouco conhecimento sobre DSTs e AIDS. Dessa forma, frente à ausência de campanhas educativas exclusivas abordando a prevenção dessas doenças na terceira idade, torna-se necessário que as Estratégias de Saúde da Família utilizem a educação em saúde como ferramenta para tornar possível o entendimento dos idosos sobre essa temática, proporcionando, dessa forma, conhecimento que contribua para qualidade de vida dos mesmos.

           Unitermos: Saúde da família. Educação em saúde. Idosos. Sexualidade. DSTs/AIDS.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 17 - Nº 168 - Mayo de 2012. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A terceira idade, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), em países em desenvolvimento é constituída por indivíduos a partir dos 60 anos de idade, enquanto nos países desenvolvidos a partir dos 65 anos (MASCHIO et al., 2011).

    Os avanços recentes da indústria farmacêutica e da medicina tornaram possível o prolongamento da vida sexual ativa e esse fato associado à desmitificação do sexo faz com que os idosos se tornem mais vulneráveis às doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) ou infecções sexualmente transmissíveis (IST), nas quais se destaca a síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS ou SIDA) (LAZZAROTTO et al., 2008).

    A indústria farmacêutica trouxe à existência medicamentos, injeções e até próteses a fim de solucionar problemas de disfunção erétil nos homens. Aliadas a esses recursos, as terapias de reposição hormonal para as mulheres propiciam vida sexual cheia de estímulos, mais prazerosa, além de liberdade pelo maior período de vida possível. No entanto, as propagandas desses produtos não trazem consigo uma campanha de alerta aos idosos a respeito dos riscos de se contrair AIDS pela via sexual (SALDANHA, FELIX, ARAÚJO, 2008).

    Segundo dados da OMS no ano de 2025 o Brasil se tornará o sexto país do mundo a conviver com uma população numerosa de idosos. Dentro desse contexto, a AIDS apresenta-se como uma das dificuldades eminentes, uma vez que faz parte cada vez mais das afecções que atingem a terceira idade (DINIZ, SALDANHA, ARAÚJO, 2010). Destaca-se que nos anos de 1980 com o surgimento da AIDS, pensava-se que havia grupos específicos mais suscetíveis ou de risco para contraí-la como homossexuais, prostitutas e usuários de drogas. Nessa época, os idosos não eram considerados como um grupo de risco e as campanhas de prevenção voltadas para essa população eram escassas. Isso talvez tenha contribuído para que os idosos tenham hoje dificuldades de adesão aos métodos preventivos (ANDRADE, SILVA, SANTOS, 2010).

    No Brasil, houve um crescente número de idosos infectados por DSTs, de 7% em 1996 para 13% em 2004. Isso possivelmente se justifica pela ausência de campanhas preventivas voltadas para a terceira idade, uma vez que a sociedade considera essa parcela da população seres assexuados, além de atribuírem tabus e preconceito à sexualidade nessa faixa etária. Dessa forma, a prevenção às DSTs e AIDS para a terceira idade torna-se um desafio para os profissionais de saúde e responsáveis pelas políticas públicas (MASCHIO et al., 2011).

    Além disso, a falta de interesse dos profissionais da saúde em relação à sexualidade no envelhecimento implica em dificuldades para abordagem e orientação dos idosos sobre tal assunto (BERTONCINI, MORAES, KULKAMP, 2007). Devido à estigmatização da terceira idade, os familiares e profissionais de saúde negam-se a pensar que nessa fase o indivíduo está sexualmente ativo. Essa falha traz graves conseqüências, principalmente em relação à prevenção, visto que esta só vai ocorrer quando os familiares de idosos e profissionais de saúde estiverem atentos para discutir abertamente as formas de prevenção dessas doenças (ARAUJO et al., 2007).

    As formas de prevenção dessas doenças e a sexualidade na terceira idade podem ser abordadas através de educação em saúde, visto que esta constitui um recurso para prevenção de doenças e promoção da saúde, através da qual o conhecimento científico, por intermédio dos profissionais da saúde, atinge a vida cotidiana das pessoas levando-as a compreender os condicionantes do processo saúde-doença, oferecendo, dessa forma, subsídios para adoção de novos hábitos e condutas de saúde (ALVES, 2005).

    Assim sendo, este estudo tem por objetivo descrever a experiência vivenciada pelos acadêmicos do oitavo período de enfermagem das Faculdades Unidas do Norte de Minas – FUNORTE sobre educação em saúde para idosos acerca de sexualidade e prevenção de DSTs/AIDS desenvolvida durante Estágio Supervisionado em Saúde da Família.

Caminho metodológico

    A educação em saúde foi realizada em uma Estratégia de Saúde da Família (ESF) de Montes Claros/MG no mês de outubro de 2011. O tema da educação em saúde foi eleito a partir da aplicação do instrumento quatro de Avaliação para a Melhoria da Qualidade da Estratégia Saúde da Família – AMQ. A AMQ possui como objetivo promover auto-avaliação orientada por instrumentos dirigidos ao gestor, coordenador, unidades de saúde e equipes; formação de um diagnóstico sobre a organização e o funcionamento dos serviços e de suas práticas, partindo dos princípios, diretrizes e campos de atuação das estratégias saúde da família. Dessa forma, esse instrumento permite a identificação dos estágios de qualidade, além de orientar a elaboração de planos de intervenção para resolução das lacunas constatadas de forma estratégica (BRASIL, 2005). Assim sendo, através desse instrumento foi possível constatar que a ESF em questão não desenvolvia grupos operativos abordando conteúdos de sexualidade e prevenção de DSTs/AIDS com idosos.

    Os idosos foram convidados para a educação em saúde por meio de convites elaborados pelos acadêmicos, especificando o tema da reunião, os quais foram entregues aos Agentes Comunitários de Saúde da ESF a fim de distribuí-los em cada microárea. De todos os idosos convidados, apenas 15 compareceram à reunião, o que demonstra o quanto ainda é difícil abordar o assunto com esse público.

    Durante a educação em saúde foram realizadas dinâmicas, grupos de discussão e abordagem do tema pelos acadêmicos por meio de palestra. Inicialmente, abordou-se os aspectos fisiológicos relacionados à sexualidade e seus fatores na terceira idade e, em seguida, foram abordados, de forma clara e objetiva a forma de transmissão, sinais e sintomas, prevenção e tratamento das DSTs e AIDS, enfatizando a prevenção dessas afecções, principalmente a ascensão da AIDS, sua importância e relação com a terceira idade.

    Utilizou-se para abordagem do tema o álbum seriado do Ministério da Saúde, disponibilizado pela ESF, que contém as afecções que causam corrimento uretral (uretrite gonocócica e não gonocócica), corrimento vaginal (infecção gonocócica, infecção não gonocócica, doença inflamatória pélvica, tricomoníase, vaginose bacteriana e candidíase), úlceras genitais (sífilis, cancro mole, herpes genital, linfogranuloma venéreo e condiloma acuminado) e todos os aspectos relacionados à AIDS. A reunião foi finalizada através da realização de grupo de discussão, por meio do qual os idosos expuseram suas dúvidas acerca do tema e estas foram sanadas pelos acadêmicos de enfermagem. Além disso, estes se dispuseram a realizar consultas individuais sempre que surgir alguma queixa ou dúvidas sobre o assunto por parte dos idosos.

Resultados e discussão

    Embora tenha sido uma educação em saúde distinta das outras que estavam habituados a participar, os idosos consideraram o tema de grande relevância e perceberam que existem lacunas e deficiências na Atenção Primária em relação à exploração do mesmo durante as reuniões ofertadas pela ESF, bem como através de consultas individuais com profissionais da mesma. Através dessa educação em saúde, percebeu-se o receio e a vergonha que os idosos possuem em relação à sexualidade e seus aspectos no envelhecimento. Além disso, verificou-se que estes possuem pouco conhecimento sobre DSTs/AIDS, quanto aos aspectos fisiológicos, prevenção e tratamento e, principalmente, sobre seu aumento na terceira idade.

Considerações finais

    Essa atividade educativa foi de significativa importância para os acadêmicos de enfermagem enquanto profissionais em formação, pois propiciou vivenciar as dificuldades enfrentadas pelos profissionais de saúde em trabalhar essa temática na terceira idade. Além de proporcionar entendimento aos idosos participantes possibilitou, também, a conscientização dos acadêmicos de enfermagem que, a partir da realização dessa educação em saúde, perceberam o valor que deve ser dado ao assunto pelos profissionais de saúde, principalmente em relação à discussão das formas de prevenção e sua relação com a qualidade de vida desses indivíduos.

    Espera-se que essa experiência sirva de base para encorajar os profissionais de saúde de todos os níveis de atenção, sobretudo a atenção primária, para realização de trabalhos de prevenção direcionados para esse público, bem como discussão desse assunto durante as consultas individuais, tendo em vista a relevância do mesmo para saúde pública e sociedade em geral.

    Dessa forma, frente à ausência de campanhas educativas abordando a prevenção de DSTs e AIDS na terceira idade, torna-se necessário que as Estratégias de Saúde da Família utilizem a educação em saúde como ferramenta para tornar possível o entendimento dessa importante parcela da população sobre o tema, proporcionando, dessa forma, conhecimento que contribua para a qualidade de vida dos idosos.

Referências

  • ALVES, Vânia Sampaio. Um modelo de educação em saúde para o programa saúde da família: pela integralidade da atenção e reorientação do modelo assistencial. Interface - Comunic., Saúde, Educ., v.9, n.16, Set.2004/Fev.2005.

  • ANDRADE, Helana Augusta dos Santos; SILVA, Susan Kelly da; SANTOS, Maria Izabel Penha de Oliveira. Aids em idosos: vivências dos doentes. Esc. Anna Nery, Rio de Janeiro, v. 14, n. 4, Dec. 2010.

  • ARAUJO, Vera Lúcia Borges de et al . Características da Aids na terceira idade em um hospital de referência do Estado do Ceará, Brasil. Rev. bras. epidemiol., São Paulo, v. 10, n. 4, Dec. 2007.

  • BERTONCINI, Bruna Z; MORAES, Karla S; KULKAMP, Irene C. Comportamento sexual em adultos maiores de 50 anos infectados pelo HIV. DST – J bras Doenças Sex Transm, v. 19, n.2, jul. 2007.

  • BRASIL. Ministério da Saúde. Avaliação para melhoria da qualidade da estratégia saúde da família. Documento Técnico. Brasília (DF), 2005. Disponível em: http://189.28.128.100/dab/docs/publicacoes/geral/doc_tec_amq_portugues.pdf. Access on 19 Dec. 2011. 

  • DINIZ, Raquel Farias; SALDANHA, Ana Alayde Werba; ARAÚJO, Ludgleydson Fernandes de. Crenças e opiniões no cuidado de idosos com AIDS: um estudo exploratório. RBPS, Fortaleza, v. 23, n. 3, Set. 2010. 

  • LAZZAROTTO, Alexandre Ramos et al. O conhecimento de HIV/aids na terceira idade: estudo epidemiológico no Vale do Sinos, Rio Grande do Sul, Brasil. Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro, v. 13, n. 6, Dec. 2008 .

  • MASCHIO, Manoela Busato Mottin et al. Sexualidade na terceira idade: medidas de prevenção para doenças sexualmente transmissíveis e AIDS. Rev. Gaúcha Enferm. (Online), Porto Alegre, v. 32, n. 3, Sept. 2011.

  • SALDANHA, Ana Alayde Werba de; FELIX, Shenia Maria Felício; ARAUJO, Ludgleydson Fernandes de. Representações sobre a Aids and velhice por coordenadoras de Grupos da Terceira IDADE. Psico-USF (Impr.) , Itatiba, v. 13, n. 1, junho de 2008.

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