Introdução
De acordo com os PCN’s (parâmetros curriculares nacionais) a prática da
atividade física desportiva é obrigatória em todas as escolas de ensino
fundamental e médio do Brasil, a qual está inserida nas aulas de educação
física escolar, em que consta a recreação como base da iniciação à
prática de alguma modalidade esportiva. Já quando do término do ensino médio
e sua entrada no ensino superior o aluno, devidos a diversos fatores, entre
estes o trabalho, ressente-se com a falta da prática destas atividades
esportivas e recreativas.
O acesso ao ensino superior provoca no ser humano, diferentes mudanças na sua
condição humana, vê o mundo sob outro prisma, e segundo Morin (2000), a
condição humana deveria ser o objeto essencial de todo o ensino. O mesmo autor
ressalta que é possível com base nas disciplinas dos cursos de graduação,
reconhecer o acadêmico como unidade e sua complexidade como ser humano. No
ambiente acadêmico, os jogos, as atividades recreativas, os eventos culturais,
são estratégias utilizadas, para criar um elo entre este ser humano único e
complexo e a sua instituição de ensino superior (IES), de forma a criar um
vínculo sólido entre ambos e que este elo se solidifique cada vez mais, se
torne afetivo. Esta ligação de afetividade, segundo Marchand (1985), é todo
processo que envolve a educação supondo a presença de dois seres bem
concretos: o que se dá e o que a recebe, um e outro reunidos em um par singular
e sua influência, segundo Shigunov (1993) é dar qualidade ao aluno, motiva e o
inspira de diferentes maneiras de atuação.
Sendo os jogos, independente de sua característica, parte do processo
educacional e identifica tanto o acadêmico, quanto a instituição de ensino
superior (IES), sendo estes favoráveis a se tornarem um par afetivo ideal,
afetividade esta que pode ser alcançada através da realização de jogos,
participação em competições, atividades recreativas e gincanas,
oportunizando a participação de todo o corpo discente. Ao disponibilizar tais
atividades, a instituição de ensino superior (IES), está cumprindo o seu
papel no âmbito social acadêmico e proporcionando espaço para maior
integração entre toda esta comunidade acadêmica, no entanto, pergunta-se se
tais atividades podem vir a trazer benefícios no cotidiano acadêmico dos
graduandos. Este estudo vem na tentativa de responder esta argüição
principal.
Este estudo tem como finalidade fazer um levantamento diagnóstico de quais
atividades recreativas desportivas que são oferecidas aos acadêmicos de
graduação das instituições de ensino superior, privadas e públicas,
observando se tais atividades e de que forma implicam no desenvolvimento destes
graduandos.
Tendo como ponto inicial esta premissa, partimos então a identificar que
atividades físicas recreativas desportivas são desenvolvidas com os
acadêmicos nas instituições de ensino superior.
Metodologia
da pesquisa
O estudo foi desenvolvido em instituições de ensino superior pública e
privado da cidade de Porto Velho-Ro, tendo como método de abordagem, um
questionário misto, com seis perguntas, sendo este aplicado a uma população
de graduandos de faculdades publicas e privadas, de cursos diferenciados.
Para a composição da amostra foram selecionados 100 sujeitos adultos de ambos
os sexos, que atendiam aos seguintes critérios:
-
Estar
matriculado em um curso de graduação.
-
Estar
freqüentando as aulas.
-
Possuir
liberação médica para prática de atividade física.
Resultados
e discussão
Ao aplicarmos questionário com a população definida, obtivermos respostas,
que tabuladas, analisamos abaixo:
Quando perguntados sobre a prática de atividade desportiva, 45% dos sujeitos
responderam que não praticam atividade física, seja desportiva ou recreativa,
motivo alegado foi à falta de tempo devido a ocupações profissionais e
acadêmicas, já 55% desta população responderam afirmativamente que praticam
atividades físicas. Detectou-se que a prática de tais atividades é realizada
em locais díspares, como: academias, no trabalho, ambientes naturais, espaços
alternativos na comunidade (campos de várzea, áreas livres para caminhada,
etc...) e deste total de 55%, apenas 5.5% responderam que realizam estas
atividades nas instituições de ensino superior (IES).
Como pudemos constatar com a análise deste gráfico, os acadêmicos praticam
atividades físicas, sejam desportivas, recreacionista ou de performance
estética em academias. Observa-se, portanto, que prática destas atividades é
realizada sem o acompanhamento de um profissional da área de Educação Física
e sem um exame médico prévio realizado, constata-se então, que as
instituições de ensino superior (IES), devem sim oferecer este tipo de
serviço, que vai beneficiar o acadêmico, auxiliando-o na prevenção de
possíveis males relacionado à prática da atividade física sem orientação.
Sobre o desenvolvimento de atividades recreativas ou desportivas pelas
instituições de ensino superior (IES), obteve-se resultados de 32% dos
acadêmicos que responderam não haver serviços dessa natureza e 68% afirmaram
que a sua IES, desenvolve atividades recreativas e desportivas.
Este gráfico nos mostra que as opções oferecidas aos acadêmicos em relação
à prática de atividades físicas, seja ela de caráter formal ou informal,
estão direcionadas para a prática do desporto competitivo e não do desporto
recreativo.
Este gráfico nos mostra como as instituições de ensino superior (IES),
desenvolvem as atividades físico-recreativas. Averiguou-se que 36% dos
acadêmicos consideram que suas instituições de ensino superior (IES),
desenvolvem apenas jogos internos como opção de desporto recreativo ou não,
39% consideram apenas os treinamentos de equipes representativas como esta
opção, sendo que este tipo de atividade atende apenas a um pequeno grupo
seleto de pessoas que possuem características atlético-desportivas
diferenciadas dos demais. 20% consideram que sua instituição de ensino
superior (IES) desenvolve atividades recreativas desportivas e 5% desta
população responderam que desenvolvem outros tipos de atividades.
Sobre a periodicidade da prática semanais das atividades, obteve-se os
seguintes dados: 49% responderam que realizam atividades uma vez por semana, 12%
praticam atividade duas vezes por semana, 25% praticam três vezes por semana e
14% fazem mais de três vezes por semana. Este gráfico nos mostra que os
acadêmicos que fazem atividades 01 ou duas vezes por semana são por terem
pouco tempo disponível para esta prática, contudo, quando perguntados sobre
caso houvesse atividades físicas na instituição, os mesmos responderam
fariam, desde que fossem em horário compatível com as aulas. O preocupante nas
respostas obtidas neste gráfico é o grande percentual de acadêmicos que fazem
atividade física apenas uma vez por semana, sendo que os mesmos, por
desconhecimento, não estão tendo nenhum resultado com este tipo de
freqüência de atividade física, o que vem a reforçar a necessidade das
instituições de ensino superior, não só apenas oferecer este tipo de
serviço, como também, esclarecer sua comunidade acadêmica sobre os perigos
deste tipo de prática físico-esportiva.
Quando perguntados sobre se as atividades recreativas desportivas ajudam no
desenvolvimento acadêmico 14% responderam que não e 76% responderam que sim,
destes que afirmaram positivamente, perguntou-se de que forma as atividades
recreativas desportivas podem contribuir no aproveitamento acadêmico, as
respostas foram as mais diversas, sendo que 5.32% responderam que tais
atividades contribuem para a integração e socialização, como também serve
de estímulo a outras práticas, 16.72% responderam que ajudam na promoção da
saúde e na aquisição de conhecimento, 6.84% são de opinião que essas
atividades estimulam os acadêmicos a participar mais das atividades promovidas
pela IES e 9.88% falaram que serve como relaxamento e melhora a auto-estima.
Verificamos pelas respostas dos acadêmicos que os mesmos consideram que as
atividades recreativas desportivas ajudam no seu desenvolvimento, considerando
que integração social, promoção da saúde, aquisição de conhecimento,
mesmo que este conhecimento não seja pertinente a sua área graduando e melhora
na auto-estima, são pontos imprescindíveis para que qualquer pessoa possa
produzir, seja profissionalmente ou academicamente.
No gráfico acima, detectamos o desejo dos acadêmicos, que servirá de
sugestão para as IES possam investir nessa área, 84% gostariam que as IES
disponibilizassem mais atividades físico-desportivas, sendo que deste total, as
sugestões são as seguintes: natação, lutas marciais, jogos desportivos de
quadra, dança, jogos de mesa (salão) e jogos recreativos. Nota-se nesta
análise a real importância das atividades físico-recreativas, mesmo a IES,
oferecendo, os acadêmicos estão à procura de mais serviços deste porte.
Considerações
finais
A atividade física para ter algum beneficio ao corpo humano em relação ao
ganho de aumento de VO2 max, segundo Fox (1983) deve ter uma periodicidade de no
mínimo três sessões periódicas por semana. Esta atividade física pode ser
alcançada através de atividades recreativas desportivas, desde que sejam com
orientação, com a diferenciação que não há uma cobrança de rendimento,
já que as atividades recreativas desportivas ou esporte recreativo podem ser
desenvolvidos através de jogos, sendo este jogo, Santos (2001) considera que um
dos mais eficazes métodos de aprendizagem para a construção do conhecimento,
independente da idade cronológica de quem joga. De acordo com Santos, o jogo
hoje é tratado de forma mais abrangente, pode ser competição ou apenas
representar uma ação lúdica e são estas ações lúdicas que dão o caráter
de jogo as atividades.
A atividade recreativa vai um pouco além que apenas da prática de exercícios
físicos, já que a mesma produz sensações de prazer quando da sua prática,
produzindo benefícios ao ser humano não apenas na parte física, como também
mental. As atividades ludo-recreativo desportivas direcionada a qualquer faixa
etária, têm de ser tratada com cientificidade para poder ser um fator de
transformação.
De acordo com a investigação realizada, chegou-se a conclusão que as
atividades recreativas desportivas ou esporte recreativo, diferentemente do
treinamento que atende apenas um grupo reduzido de pessoas, este atende um
número maior, atingindo a todas as faixas etárias da comunidade acadêmica,
contribuindo na formação dos graduandos, tanto na parte de prevenção de
doenças, quanto no estímulo da prática de outras atividades não conhecidas e
nem praticadas por estes e também na prevenção do stress, contribuindo desta
forma na aquisição mais substancial do conhecimento, conhecimento este, objeto
das instituições de ensino superior.
Referências
-
MARCHAND,
Max. A afetividade do educador. São Paulo: Summus, 1985.
-
MORIN,
Edgar. Os setes saberes da educação. São Paulo-SP, Cortêz, 2000.
-
PCN’s.
Parâmetros Curriculares Nacionais. MEC. Brasília-DF, 1999.
-
SANTOS,
Santa Marli Pires dos (org). A ludicidade como ciência. Petrópolis,
RJ: Vozes, 2001.
-
SHIGUNOV,
Viktor. Pedagogia da educação física: o desporto coletivo na escola:
os componentes afetivos. São Paulo-SP, IBRASA, 1993.
Outros artigos em
Portugués
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EFDeportes.com, Revista Digital · Año 17 · N° 168 | Buenos Aires,
Mayo de 2012
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