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Respostas e adaptações cardiovasculares 

ao treinamento resistido dinâmico

Respuestas y adaptaciones cardiovasculares al entrenamiento resistido dinámico

 

Graduandos em Educação Física

pelo Centro Universitário de Jales, Unijales

(Brasil)

Profa. Msc Sandra de Souza Nery

João Luiz Andrella

joao_luiz_andrella@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          O exercício resistido compreende diversas formas de realização e, uma delas, é a musculação. Os principais efeitos provocados pelo treinamento resistido são descritos em relação à musculatura esquelética como, ganho de força, resistência e hipertrofia muscular. Tais efeitos e o treinamento adequado para esses objetivos, já estão muito bem esclarecidos na literatura, entretanto, a mesma clareza não acompanha as alterações cardiovasculares agudas e crônicas, em indivíduos aparentemente saudáveis e, muito menos, com doenças crônicas, ao realizarem esse tipo de exercício físico. Deste modo, é relevante o aprofundamento do conhecimento sobre o exercício resistido e suas implicações ao âmbito cardiovascular para que esse tipo de exercício possa ser praticado de maneira correta, segura e ofereça mudanças benéficas à saúde de seus praticantes. Este estudo teve como objetivo identificar as respostas e adaptações sofridas pelo sistema cardiovascular mediante ao estresse do treinamento resistido dinâmico. Trata-se de uma pesquisa de revisão bibliográfica, a partir de materiais já elaborados, haja vista que tem a função de colaborar de forma eminente no desenvolvimento da pesquisa e no entendimento do referencial estudado. O conhecimento acerca do exercício resistido e as respostas cardiovasculares que esse provoca, ainda são poucos, pela dificuldade de definição dos padrões de comportamentos hemodinâmicos devido à grande variação de protocolos de pesquisa. Contudo, os estudos existentes propõem que a o aumento da frequência cardíaca e da pressão arterial, entre outros comportamentos das variáveis cardiovasculares, são dependentes da variação dos componentes que caracterizam o exercício resistido como, a intensidade, o numero de repetições, a pausa entre as séries e a fase de contração muscular.

          Unitermos: Exercício resistido. Sistema cardiovascular. Respostas e adaptações.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 17 - Nº 168 - Mayo de 2012. http://www.efdeportes.com/

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Respostas cardiovasculares ao exercício aeróbio e anaeróbio

    Forjaz et al (p. 384, 2010) diz que “as adaptações cardiovasculares causadas pelo exercício aeróbio dinâmico se dão em sua maioria pelo aumento da atividade nervosa simpática e pela redução da parassimpática, que ocorrem principalmente por causa da ativação do comando central e de macanorreceptores musculares e articulares, essas alterações neurais resultam no aumento da frequência cardíaca, do volume sistólico e, consequentemente do débito cardíaco, e ainda, durante a prática de exercício aeróbio ocorre vasodilatação na musculatura ativa provocada, principalmente pela liberação de óxido nítrico, o que promove queda da resistência vascular periférica, dessa forma, durante o exercício aeróbio observa-se aumento da pressão arterial sistólica e manutenção ou queda da pressão arterial diastólica. Todas essas adaptações permitem dizer que o exercício aeróbio caracteriza-se por ser um exercício que promove sobrecarga volumétrica no sistema cardiovascular, ou seja, promove, sobretudo, aumento no fluxo sanguíneo, que resulta no aumento da cavidade da câmara ventricular esquerda (figura 1), promovendo assim hipertrofia ventricular esquerda excêntrica”.

    Em contrapartida, durante a prática do exercício anaeróbio, em especial, o treinamento com pesos, a ação mecânica da musculatura promove aumento da pressão intramuscular e comprime os vasos arteriais dentro do músculo ativo. A partir da intensidade de 15% de 1 RM já é possível verificar impedimento progressivo do fluxo sanguíneo muscular e, em intensidades superiores a 70% de 1RM, ocorre à oclusão vascular completa, desta maneira, a saída de metabolitos (lactato, hidrogênio, fosfato, adenosina, potássio, entre outros) produzidos no exercício é impedida, fazendo-os se acumular no músculo, o que estimula os quimiorreceptores musculares e resulta no aumento da atividade nervosa simpática, levando ao aumento da frequência cardíaca e da contratilidade do coração.

    Forjaz et al (2010) completa dizendo que neste tipo de modalidade de exercício, em paralelo as ativações neurais, a oclusão do fluxo sanguíneo muscular diminui o retorno venoso e aumenta a pós-carga, o que faz com que o volume sistólico não sofra alterações importantes, podendo até diminuir um pouco, assim, o débito cardíaco aumenta pouco, sobretudo em virtude do aumento da frequência cardíaca. Entretanto, a resistência vascular periférica aumenta expressivamente, provocando grande elevação da pressão arterial tanto sistólica quanto diastólica, dessa maneira, os exercícios do tipo anaeróbio com pesos caracterizam-se por promoverem grande sobrecarga de pressão ao sistema cardiovascular, que resulta em espessamento da parede ventricular esquerda sem diminuição da dimensão interna da cavidade (figura 1), desenvolvendo hipertrofia ventricular esquerda concêntrica (GHORAYEB, 2005).

    Oliveira et al (p. 216, 2010) salienta dizendo que “em geral, na maioria dos tipos de exercícios físicos ou programas de condicionamento físico, há uma associação de componentes aeróbios e anaeróbios. Portanto, a hipertrofia fisiológica que ocorre normalmente é uma combinação de diferentes graus de ambas, hipertrofia concêntrica e excêntrica, levando a hipertrofia cardíaca mista, como a observada em triatletas”.

Figura 1. Efeito do treinamento aeróbio e de força (anaeróbio) sobre a câmara ventricular esquerda

Fonte: WILMORE, J.H.; COSTILL, D.L. Fisiologia do Esporte e do Exercício. 2ª ed. São Paulo: Manole, 2001.

Exercícios resistidos

    A definição “exercício resistido” vem sendo comumente utilizada por profissionais da área da saúde, contudo, para os educadores físicos e praticantes os exercícios resistidos são popularmente conhecidos como exercícios com pesos, de força ou musculação, onde são desenvolvidos a partir da contraposição da musculatura alvo, a uma força externa, força essa que pode ser oferecida de forma manual, maquinal, elástica ou a própria massa do corporal (Fojaz et al, 2003).

    Os exercícios resistidos são classificados em dinâmico ou isotônico e estático ou isométrico, tais terminologias são relativas à mecânica de execução dos exercícios, ou seja, contração muscular dinâmica é caracterizada por uma contração onde há a produção de tensão no músculo, seguida de movimento articular (FORJAZ et al, 2010). Em contrapartida, a contração estática ou isométrica, ocorre quando um músculo gera força e tenta encurta-se, mas não consegue superar a resistência externa, sendo assim, gera-se tensão muscular, mas não há movimento articular.

Exercício resistido e respostas cardiovasculares

    Os efeitos fisiológicos que o exercício físico causa ao organismo podem ser classificados em agudos imediatos, agudos tardios e crônicos. Carmo et al (2007) apud RIZETTO (2010) definem efeitos agudos como “respostas que acontecem em associação direta com a sessão do exercício físico”, e completam, os efeitos peri e pós-imediato ao exercício, como elevação da freqüência cardíaca, da ventilação pulmonar e sudorese, são os efeitos agudos imediatos; enquanto que os efeitos agudos tardios são os que ocorrem ao longo das primeiras 24 ou 48 horas que se seguem a uma sessão de exercício.”

    Os efeitos crônicos resultam da exposição frequente e regular às sessões de exercícios e representam aspectos morfofuncionais que diferenciam um indivíduo fisicamente treinado de outro sedentário, como a bradicardia relativa de repouso, a hipertrofia muscular, a hipertrofia fisiológica do ventrículo esquerdo e o aumento do consumo máximo de oxigênio (VO2 máximo) (MARIA; GONGALVES, 2009).

    Por vários anos, apenas os exercícios aeróbios eram recomendados e utilizados para a melhora e manutenção da saúde cardiovascular, contudo, até então, os exercícios resistidos eram ignorados quando a preocupação estava voltada para o sistema cardiovascular (FORJAZ et al, 2010.).

    A prática de ER tem sido recomendada, portanto, como um aspecto primordial para a melhora da aptidão física e funcional, além de apresentar efeito positivo na prevenção de diversas patologias, inclusive as doenças crônicas degenerativas não transmissíveis e de manutenção do potencial funcional de sujeitos em reabilitação cardíaca (CAMARA; MIRANDA; VELARDI, 2010).

    O conhecimento a cerca do exercício resistido e as respostas cardiovasculares ainda foram pouco estudadas, contudo, os estudos existentes verificaram que à medida que as repetições se sucedem ao longo de uma série de exercício, a frequência cardíaca (Figura 2) e as pressões arteriais sistólica e diastólica (Figura 3) aumentam progressivamente, atingindo os valores mais altos nas ultimas repetições (FORJAZ et al 2010; CASTINHEIRAS NETO; COSTA FILHO; FARINATTI, 2010; NERY, 2005).

Figura 2. Respostas da freqüência cardíaca medida durante uma única sessão de leg press realizado a 95% de um RM até fadiga concêntrica da musculatura

Fonte: MacDOUGALL, J.D., TUXEN, D., SALE, D.G., MOROZ, J.R., SUTTON, J.R. 

Arterial pressure response to heavy resistance exercise. Journal of Applied Physiology, v.58, n.3, p.785-790, 1985.

 

Figura 3. Pressão arterial sistólica (círculos) e diastólica (triângulos) medidas na artéria radial durante uma 

série do exercício de extensão de pernas em 40% de uma repetição máxima (1 RM) executada até a exaustão

Fonte: NEGRÃO, C.E. (Edit.) BARRETO, A.C.P. (Edit.); Cardiologia do Exercício: Do atleta ao cardiopata. 3.ed. Barueri, SP: Manole, 2010. 385p.

    A pressão arterial (PA) é uma variável cuja quantificação em sessões de treinamento é desejável, já que tem relação com as demandas cardiovasculares no esforço. Em estudo conduzido por MacDougall et al (1985) com fisiculturista encontrou-se valores exacerbados como 480 mmHg para sistólica e 350 mmHg para diastólica. Nesse sentido, é importante salientar que esses picos pressóricos constituem grande risco de acidente vascular cerebral por rompimentos de aneurismas pré-existentes (DEPARTMENT OF HEALTH AND HUMAN SERVICES, 1997). Aumentos expressivos como encontrado por MacDougall et al (1985) podem ser explicados principalmente pela oclusão dos vasos sanguíneos na musculatura ativa devido à contração muscular com componente isométrico bastante presente, e, em alguns casos, pela resposta quimiorreceptora proveniente do acúmulo de metabólito, e ainda, pela manobra de Valsalva, que em intensidades altas se torna inevitável. Em relação à amostra, composta por atletas, é possível observar algumas peculiaridades. Esses atletas possuem uma alta relação de força com relação à carga máxima, frequentemente fazem uso de drogas anabolizantes, fatos que limitam a generalização desses resultados a outras populações (HAYKOWSKY ET AL, 2001 apud CAMARA, MIRANDA, VELARDI, 2010).

    A exemplo desse clássico estudo, outros também relataram os valores de PA durante o exercício resistido, entretanto com respostas diferenciadas. Para que se possam compreender divergências entre valores das pressões artérias sistólica e diastólica encontradas por diversos estudiosos, tais como Fleck et al (1987), Harris et al (1987), MacDougall et al (1985), Nery (2005), se observou os fatores envolvidos nos protocolos (figuras 5 e 7). O método de aferição da pressão arterial, a intensidade do exercício, o fato de se atingir a fadiga concêntrica e a massa muscular envolvida no exercício, o número de séries, o intervalo entre as mesmas e o número de repetições, são alguns deles. Em relação à técnica de medida da pressão arterial pode-se utilizar o método direto ou indireto. A medida direta da PA é feita por cateterismo intra-arterial (CI), este método é tido como padrão-ouro, mas, devido a sua natureza invasiva, é um procedimento pouco usual, contudo, dentre os métodos indiretos, destacam-se o fotoplestimográfico (Finapres) e o auscultatório, poucos são os estudos comparativos entre esses procedimentos de medida durante o exercício resistido, a ênfase sendo maior em atividades aeróbias e no repouso (POLITO; FARINATTI,2002).

    Em estudo de Wiecek et al (1990) apud Forjaz (2010,p. 387) verificou-se “que a medida auscultatória da pressão arterial no membro inativo durante o exercício resistido subestima os valores intra-arteriais sistólicos em aproximadamente 13%, e a medida imediatamente após a finalização do exercício, subestima-os em mais de 30%. Dessa forma, a medida indireta auscultatória não é válida nessa situação e, por esse motivo, não deve ser utilizada na prática clínica para fins diagnósticos”.

    Ao que condiz ao efeito da intensidade, as respostas hemodinâmicas durante o exercício resistido podem se assemelhar àquelas ocorridas em contrações dinâmicas ou isométricas (estáticas). Portanto, em esforços realizados com cargas leves verificam-se aumento da frequência cardíaca (FC), pressão arterial sistólica (PAS), volume sistólico e débito cardíaco (DC), ao passo que, quando da utilização de cargas altas, observa-se também aumento na pressão arterial diastólica (PAD) (UMPIERRE, STEIN, 2007). Forjaz et al (2010) disserta ainda que para uma mesma quantidade de repetições, quanto maior for a intensidade, maior será o aumento da pressão arterial e da frequência cardíaca, contudo, se exercícios de diferentes intensidades forem realizados até a fadiga concêntrica, o mesmo valor máximo de pressão arterial será atingido.

    Forjaz et al (p. 387, 2010) “ressalta ainda que desta forma as respostas cardiovasculares nesse tipo de exercício dependem tanto da intensidade quanto do número de repetições e, principalmente, de a fadiga concêntrica ser atingida ou não”.

    Outro fator que pode influenciar nas respostas cardiovasculares é a massa muscular envolvida no exercício, Forjaz et al (2010) propõem que com a mesma intensidade e o mesmo numero de repetições, o exercício com maior massa muscular envolvida produz aumento significativo da pressão arterial e da frequência cardíaca. Em um estudo de Leite e Farinatti (2003) foi relatado que nos exercícios de 12 RM para a musculatura posterior de coxa, tríceps e bíceps braquial apresentaram FC e PAS semelhantes, enquanto nos exercícios para a musculatura do quadríceps esses valores foram diferentes. Na extensão de joelhos os valores de e FC foram 10% maiores que no leg press. Isso mostra que o tipo de exercício, para um mesmo grupo muscular pode influenciar as variáveis DP, FC e PAS. Contudo, em estudo realizado por D’ Assunção et al (2007) onde procurou analisar as respostas cardiovasculares agudas em treinamento para pequenos e grandes grupamentos musculares, conclui-se que a massa muscular envolvida não influenciou as respostas cardiovasculares agudas em normotensos treinados.

    Além das características mecânicas/executáveis do exercício, alguns estudiosos procuraram identificar a relação que a manobra de Valsalva (UMPIERRE; STEIN, 2007), e se diferentes padrões de respiração (MORAES ET AL;2009), poderiam interferir nas respostas cardiovasculares a este tipo de exercício, é válido ressaltar que a manobra de Valsalva é inevitável em exercícios com intensidade igual ou superior a 80% de 1 RM, como relata Forjaz et al 2010. Contudo, não se encontrou alterações consideráveis das respostas cardiovasculares a tais padrões de respiração. Porém, em um estudo realizado por Yang et al (2010) coletou a informação de um caso de ruptura do diafragma em uma mulher, tal lesão é esclarecida devido à prática de aulas de pilates (YANG et al, 2010), prática esta que é caracterizada por exigir muito do sistema respiratório, e ainda por ser compostas também de exercícios essencialmente estáticos ou isométricos, desta forma, a manobra de Valsalva torna-se inevitável.

    È interessante observar que, frequentemente, os exercícios resistidos são executados em várias séries consecutivas intercaladas por períodos variáveis de pausa. Entretanto, em pessoas com doenças cardiovasculares, como cardiopatas (UMPIERRE, STEIN, 2007) e hipertensos (NERY, 2010), a pausa curta não permite uma recuperação completa da pressão arterial sistólica, fazendo com que seu acréscimo nas séries subsequentes seja ainda maior (NERY, 2005). A Figura 5 (abaixo) mostra uma tabela que reúne estudos realizados com diversas populações e metodologias de trabalhos nessa, área, também é possível observar os diferentes valores de PA.

Figura 4. Tabela que dispõem que estudos contendo autores, populações, intensidade (% 1RM), método de medida da PA, e resultado das pressões arteriais sistólica e a diastólica

Fonte: NERY, S, S. Pressão arterial de hipertensos estágio І durante diferentes intensidades de 

exercício resistido. São Paulo, 2005. Dissertação (mestrado), Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo.

    A FC e PA indicam uma variável que representa consumo de oxigênio miocárdico (MVO2), ou seja, o trabalho do coração durante esforços físicos contínuos, chamado de duplo produto (DP) e obtêm seu valor pela multiplicação da freqüência cardíaca pela pressão arterial sistólica. Nesse sentido, são ainda mais raros os estudos que avaliaram o DP e a prática de exercícios resistidos, mas esse se comporta diretamente proporcional as resposta de FC e PA, suscetível a alterações de acordo com a intensidade do exercício e grupo muscular utilizado (RIZZETTO, 2010). Como dito, tão pouco são estudos que procuram investigar as respostas do DP mediante a prática de exercícios resistidos, para tanto, em estudo de Castinheiras Neto, Cotas Filho e Farinatti (2010) podemos conferir o comportamento do DP ao estresses do treinamento resistido (Figura 6).

Figura 5. Duplo-produto para três séries do leg press executado com 6 e 12 RM e diferentes intervalos de recuperação entre séries (1:3 e 1:5). 

Os algarismos indicam diferença significativa em relação à série indicada (p < 0,05), * diferença significativa em relação a 12 RM para uma dada série (p < 0,05) 

e Φ diferença significativa em relação ao intervalo de recuperação para uma dada série (p < 0,05). As barras representam intervalos de confiança para 95%.

Fonte: CASTINHEIRAS NETO, A.G. COSTA FILHO, I.R. FARINATTI, P.T.V. Respostas cardiovasculares ao exercício

 resistido são afetadas pela carga e intervalos entre séries. Arq. Bras. Cardiol,, São Paulo, v.95, n.4,Out/ 2010

    Outro fenômeno importante no estudo das respostas cardiovasculares ao exercício resistido e que ajuda a compreender o evento de forma mais completa, é a analise das pressões artérias sistólica e diastólica após a realização de exercícios resistidos.

    A Figura 6 apresenta uma tabela com os resultados de estudos já existentes, onde, podemos comparar resultados sobre as pressões artérias sistólica e diastólica pós exercício resistido.

Figura 6. Comportamento da pressão arterial após o exercício contra-resistência. Treinados = indivíduos que estavam 

praticando treinamento contra-resistência há mais de seis meses; ativos = indivíduos que praticavam outras atividades físicas ou que estavam iniciando a prática 

do treinamento contra-resistência; sedentários = indivíduos que não estavam engajados em qualquer programa de atividades físicas; a idade foi aproximada; N = número total de 

sujeitos; M = masculino; F = feminino; RM = repetição máxima; rep = repetições; PAS = pressão arterial sistólica; PAD = pressão arterial diastólica; NS = resultados não significativos.

Fonte: POLITO, M.D.; FARINATTI, P.T.V. Comportamento da pressão arterial após exercícios contra-resistência: uma revisão sistemática 

sobre variáveis determinantes e possíveis mecanismos. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, Niterói, Vol. 12, nº 6 - Nov/ Dez, 2006.

Discussão

    Diversos estudos e posicionamentos têm sido publicados nos últimos anos, mostrando que, ao contrário do que se pensava, as respostas cardiovasculares ao exercício resistido geralmente são seguras em diversas populações distintas (CAMARA et al, 2010.), tais como: jovens (POLITO; FARINATTI, 2003; FARINATTI; ASSIS, 2005), atletas (FISMAN et al, 2001.) e coronarianos (KARLSDOTTIR et al, 2002; MCCARTNEY, 1999). Entretanto, esse trabalho revisou a maioria dos estudos nesse assunto e contempla as grandes dificuldades em estabelecer as mudanças cardiovasculares provocadas durante sua execução e destaca a necessidade de esmiuçar suas características para ser prescrito com segurança. Como já referido, Polito et al (2006) observa que algumas variáveis do treinamento contra-resistência estão diretamente associadas ao aumento das respostas cardiovasculares, principalmente da pressão arterial (PA), como número de séries, intervalo de recuperação, carga mobilizada em pessoas cardiopatas, tipos de exercícios e massa muscular envolvida. Em concordância com essas observações, o trabalho de Nery (2005), conclui que os exercícios resistidos de baixa ou alta intensidade promovem aumentos semelhantes na PA, com valores mais altos nas repetições finais. Esse mesmo trabalho recomenda que a série deve ser encerrada antes da exaustão, tendo como segurança a fadiga, identificada pela diminuição da velocidade concêntrica. Ainda, sugere aumentar o tempo de intervalo entre as mesmas, mesmo em exercícios resistidos de baixa intensidade (40% 1RM).

    Em relação ao duplo produto (DP), o trabalho de Castinheiras, Costa Filho e Farinatti (2010) mostra que o intervalo mais longo entre as séries, auxilia em um duplo produto menor, e ainda assim, os encontrados nesse trabalho são relativamente altos. Além disso, acreditava-se que o DP pudesse ser menor nesses exercícios em relação aos valores encontrados nos exercícios aeróbios, justificados por um aumento menor de FC, entretanto o trabalho de MacDougall, et al. (1985) mostrou FC de 170 bpm, nas últimas repetições. Sem dúvida, o estudo de MacDougall et al (1985), apresentou valores pressóricos extremamente elevados em fisiculturistas que realizavam exercício de leg press com 95% da carga máxima. Na figura 4, os trabalhos relacionados mostram variados protocolos de intensidade e populações estudadas, bem como diversos valores de PA atingidos nesses exercícios, porem a PA sofre grandes aumentos em todos os trabalhos.

    Por essas colocações, uma supervisão mais próxima das respostas cardiovasculares ao exercício resistido é importante, principalmente para pessoas que possuem alguma limitação cardiovascular. As medidas e instrumentos utilizados em pesquisas com exercícios resistidos precisam ser validados, principalmente nas respostas cardiovasculares agudas.

Consideração final

    Por meio deste estudo podemos compreender quais as respostas que o sistema cardiovascular sofre em suas variáveis mediante o estresse do exercício resistido. È válido ressaltar que o sistema cardiovascular responde ao exercício por meio de seus componentes fisiológicos e morfológicos, e esta pesquisa procurou coletar informações do que se estuda ou já se estudou sobre estes componentes em relação ao treinamento resistido.

    Entretanto, sugere-se que seja realizada uma pesquisa onde procure identificar quais as combinações características de cada treinamento e como é a resposta do sistema cardiovascular nessas diversas situações de exercício resistido, e em diferentes populações, para que a prática desse exercício seja segura e saudável.

Referências bibliográficas

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