A contribuição da musculação como uma intervenção contra a obesidade na infância e na adolescência La contribución de la musculación como intervención ante la obesidad en la infancia y en la adolescencia |
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Curso de Educação Física Faculdade Metropolitana (Brasil) |
Jaqueline Luana Oliveira da Silva João Rafael Valentim-Silva Taise Ferreira Vargas Gilmar dos Santos Nascimento Francisco Tadeu Reis de Souza |
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Resumo Este artigo é resultado de um estudo sobre os benefícios existentes dos efeitos da musculação no desenvolvimento da criança e adolescente considerando o modismo e o crescente número de crianças e adolescentes que procuram neste exercício, uma forma de modelar o corpo e combater a obesidade. Esta pesquisa foi baseada em referências bibliográficas com extração de informações em livros relacionados a temática da pesquisa, como também em revistas indexadas e buscas na internet. A musculação para crianças e adolescentes vem ganhando um espaço considerável nas academias e logo na vida dos mesmos, por vários fatores, porém um dos fatores com mais ênfase é a obesidade. A obesidade está atingindo a vida dos jovens cada vez mais cedo por diferentes motivos entre eles os mais importantes são o sedentarismo e a alimentação inadequada, porém, tecnologia como computador, da televisão, do videogame, causando com isso uma inatividade na vida dos mesmos. Unitermos: Musculação. Treinamento. Força. Criança. Adolescente. Obesidade.
Abstract This article is result of a stud about the existents benefits of the effects of power lift in the development of the child and the adolescent considering the fad and the grow up of the number of adolescents that search in this exercise a way of to model the body shape and fight against the obesity. This research was based in references with the extraction of information from books relation shipped with the theme magazines and indexed journals. The power lift for children and adolescents has gained a considerable space in the gyms by several factors, but the most frequent factor is the obesity. The obesity is reaching the life of the yang peoples more early by several factors and among they the two more important are sedentary life style and bad food habits, but, the technology as computer, TV, games, causing with this inactivity in their life. Keywords: Power lift. Training. Power. Child. Adolescent. Obesity.
Artigo elaborado a partir de pesquisa de monografia de conclusão de curso.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 17 - Nº 168 - Mayo de 2012. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
Vivemos em uma sociedade marcada por intensas e rápidas transformações, cujas conquistas têm afetado a vida humana em seus aspectos coletivo e individual. Dentre as facilidades, estão a velocidade na troca e acesso às informações, a sensação de diminuição das distâncias entre os países, além de benefícios como o aumento na expectativa de vida. Entretanto, existem outras facetas desse mundo globalizado, que tornou as pessoas mais sedentárias, criando uma geração fast food, especialmente crianças e adolescentes, que ficam à frente da televisão ou do computador.
Nesse contexto, a importância da prática da atividade física é evidenciada em muitos estudos, pois a mudança dos hábitos alimentares vem tornando cada vez mais as pessoas sedentárias, aumentando consideravelmente a obesidade.
Guerra et al (2001) apud Bush e Heyde (2003) observam que no Brasil, em 1996, a porcentagem da população adulta com diagnóstico de sobrepeso e obesidade era de 41,5%. A partir de 1985 a obesidade foi considerada pelo National Institutes of Health como doença multifatorial, desenvolvida e mantida a partir de diferentes fatores de riscos mórbidos como: hipertensão, diabetes, alterações neuroendócrinas e no perfil lipídico, câncer, problemas cardiovasculares, alterações posturais, bioquímicas e comportamentais.
Nesse contexto, torna-se importante adquirir hábitos saudáveis para a manutenção da saúde e qualidade de vida. O exercício físico sempre foi considerado uma das atividades mais saudáveis que existe, ajudando na manutenção da saúde, atuando como elemento complementar à dieta tradicional.
Nos últimos 10 anos o treinamento de força para crianças está tendo grande aceitação entre os profissionais da Educação Física, Médicos e Cientistas. As crianças estão amadurecendo constantemente, e o que não é apropriado para um pré-púbere, pode ser apropriado para um adolescente. As preocupações dos pais, professores e profissionais da área de saúde, às vezes são preocupações oriundas da desinformação ou de falsos conceitos a respeito do treinamento de força, seus perigos e como ele pode ser adaptado para os jovens.
A musculação cativa as pessoas e os adolescentes. A atividade física mostra-se indispensável para o desenvolvimento motor e para um bom nível de atividade física relacionada à saúde, devendo dessa forma, abranger todos os componentes da mesma. Assim, a problemática centrou-se na seguinte questão: qual a contribuição da musculação no combate à obesidade na infância e na adolescência?
A escassez de informações e de material disponível para consulta constitui motivo de preocupação aos profissionais da Saúde (em particular aos profissionais de Educação Física), devido o crescente número de casos de obesidade, além do desconhecimento dos pais de jovens e adolescentes sobre os benefícios da musculação e como ela pode contribuir na redução do peso corporal.
Nesse contexto, a possibilidade de alertar esta população quanto à imediata necessidade de mudança de comportamento, de pensamento, incentivando a prática da atividade física podem, preventivamente, influenciar na redução do peso corporal.
Outro fator importante na realização deste trabalho é a possibilidade de gerar informações sobre a contribuição da musculação no combate à obesidade em crianças e adolescentes. Estas informações podem fazer parte de um processo educacional, que podem ser incluídas didaticamente em palestras nas academias de musculação e escolas públicas ou privadas contribuindo com a fixação e operacionalização das mesmas para o bem-estar da criança e do adolescente.
Crescimento e desenvolvimento da criança e do adolescente
O crescimento e o desenvolvimento constituem processos dinâmicos que sofrem interferência dos fatores genéticos, nutricionais, sociais e culturais, sendo imprescindível atenção especial na alimentação e nutrição nestes anos da vida com o objetivo de desenvolver o potencial genético com que se nasce (GONZÁLEZ, 2002). Vale ressaltar que crescimento e desenvolvimento constituem-se como parte de um mesmo processo, porém exigem abordagens diferentes e específicas para sua percepção, descrição e avaliação. Portanto, uma alimentação equilibrada, assume importância fundamental em todas as fases do desenvolvimento, visto que contribui para a expressão máxima de marcadores genéticos de crescimento e imuno-competência (ALBUQUERQUE, 2000).
Segundo Lopes e Brasil (2003, p. 69) “o período que vai desde o segundo ano de vida até os dez anos de idade abrange a maioria dos anos do crescimento físico, cognitivo e socioemocional”. Entretanto, na idade e escolar o crescimento é lento e constante, sendo maior em membros inferiores que na região do tronco, caracterizado ainda pela diminuição do apetite. Em relação ao desenvolvimento, o escolar apresenta maior maturidade nos aspectos psicomotor, emocional, social e cognitivo, e é nessa fase que as atividades diárias, incluindo as culturais, de crescimento pessoal, desportiva e de recreação, transcorrem com maior freqüência. A criança passa a ser mais independente decidindo, por si mesma, seus gostos, preferências e aversões, apresentando senso crítico, e estes fatores irão refletir claramente nos hábitos gerais e alimentares da criança (ACCIOLY, 2003). É na infância que se fixam às atitudes e práticas alimentares, difíceis de serem modificadas na idade adulta. Vítolo (2001, p. 149) observa que “é nessa fase que se inicia o comportamento sedentário, algumas vezes de origem social ou cultural, como por meio de videogames, computador, televisão ou aulas extra-curriculares de idiomas”. Por isso, a educação nutricional deve começar o mais cedo possível, transmitindo conhecimentos corretos, estimulando a formação de atitudes positivas, contribuindo para a formação de um comportamento alimentar saudável e adequado.
Os hábitos alimentares adquiridos na infância tendem a se solidificar na vida adulta e por isso é importante estimular a formação de hábitos saudáveis o mais precocemente possível. Lopes e Brasil (2003, p. 62) destacam que os hábitos alimentares “devem ser entendidos como um fenômeno complexo que envolve a coordenação do desenvolvimento motor, cognitivo, social e emocional, regulados simultaneamente por fatores intrínsecos e extrínsecos”.
O equilíbrio emocional, o desenvolvimento afetivo e psicológico, a formação de valores, a aquisição de uma cultura de saúde preventiva, o desenvolvimento das qualidades intelectuais básicas depende da família. Ou seja, a família exerce papel de modelo para todos os hábitos adquiridos pela criança, inclusive o alimentar, e quando seus integrantes possuem hábitos adequados contribuem de maneira decisiva para a evolução alimentar da criança, sendo que os hábitos alimentares adquiridos na infância tendem a se solidificar na vida adulta e por isso é importante estimular a formação de hábitos saudáveis o mais precocemente possível (LOPEZ, 2003, p. 62). Observa-se então que os pais são responsáveis pela escolha do alimento a ser oferecido para a criança, pois esta não tem conhecimento suficiente para tal.
Segundo Santarém et al. (2000, p. 9), o treinamento de força contra resistência vem sendo bastante estudado e tem como objetivo estimular a musculatura corporal a um esforço para se mover contra uma resistência. A necessidade do conhecimento do treinamento contra resistência vem para que se possa recomendar e planejar melhores programas de exercícios para essa população.
De acordo com Fischer (2006, p. 19), o crescimento acentuado do músculo no treinamento de força pode ocorrer depois da adolescência, quando os perfis hormonais de homens e mulheres (adultos) começam a surgir. Nos homens da puberdade para a adolescência há influência da testosterona, e após a puberdade com o treinamento pode ocorrer o aumento da massa muscular além do crescimento normal. Sabe-se que não são possíveis em crianças pequenas, o crescimento além do normal da massa muscular pela imaturidade do sistema hormonal, portanto, é importante que não seja prescrito hipertrofia muscular como objetivos.
Quando uma criança entra na adolescência há um ganho de massa muscular que é individualizado de acordo com o sexo e fatores hereditários. Na análise do desenvolvimento da força muscular da criança e do adolescente observamos três aspectos: Força, Hipertrofia e Resistência muscular localizada (RML), na qual força é a capacidade de exercer tensão contra uma resistência que ocorre por meio de musculares; hipertrofia é quando o músculo aumenta o seu tamanho após um treinamento de musculação contra resistência ou seja hipertrofia em resposta ao treinamento de força; RML é a capacidade que o músculo têm de exercer tensão durante período de tempo, que pode ser constante ou variável, tentando o movimento por tempo prolongado ou fazendo muitas repetições (FISCHER, 2006, p. 25).
Sobrepeso versus obesidade
De acordo com Fisberg (2000) a obesidade pode ser considerada um acúmulo de tecido gorduroso, localizado em certas partes ou em todo o corpo, causado por distúrbios genéticos ou metabólicos (hormonais), ou por alterações nutricionais. Na verdade, a condição responsável por praticamente todos os casos de obesidade é o excesso de consumo de alimentos ricos em gorduras e calorias, associado a uma redução acentuada da atividade física. O autor conceitua obesidade como um acúmulo de tecido gorduroso, pelo corpo todo, causado por doenças genéticas ou endócrino-metabólicas ou por alterações nutricionais.
A ingestão de uma quantidade excessiva de calorias também pode levar à obesidade, mas o aparecimento e a prevalência do sobrepeso em crianças e adultos não decorrem somente em função da ingestão de nutrientes, mas também por um decréscimo na atividade física levando a um balanço energético desfavorável (SIMOPOULOS, 1989; SCHLICKER, 1994).
O crescimento das crianças durante os anos escolares é lento, porém estável, paralelo a um aumento constante na ingestão alimentar, devendo-se ter em mente os problemas surgidos das dietas carentes, das dietas restritivas e das dietas excessivas. Na infância devem ser estabelecidos os bons hábitos alimentares, que continuarão na adolescência e na idade adulta (SCOTT-STUMP, 1999, p 237).
Estudos experimentais de crianças saudáveis, com idade entre 9 e 11 anos, mostraram que aquelas que não comiam nada durante a noite e omitiam o café da manhã; quando recebiam uma variedade de testes, tinham mais erros, estímulos de discriminação mais lenta e memória mais lenta. Estudos similares em outros países com crianças que estavam em risco nutricional, ou seja, enfraquecimentos e com retardo de crescimento mostraram desempenho ainda pior nas tarefas de aprendizagem sem café da manhã (SCOTT-STUMP, 1999, p.241).
O estado nutricional do escolar dependerá da maneira pela qual tenha sido alimentado nas fases anteriores de sua vida. O escolar encontra-se ainda em fase de crescimento e por isso, suas exigências nutricionais continuam elevadas (PHILLIPI, 2002, p. 119). É fundamental que estas crianças recebam refeições adequadas para eliminar a fome passageira que interfere o desempenho em classe, onde a atenção é facilmente desviada e a ingestão total pode variar (ESCOTT- STUMP, 1999.
De acordo com Martínez (2001, p. 12) a má nutrição é caracterizada por “um desequilíbrio, e/ou uma deficiência de nutrientes no organismo”. Estes desequilíbrios são freqüentemente produzidos pela deficiência relativa de proteínas, carboidratos e gorduras como fontes de energia e micronutrientes. Tanto o déficit de nutrientes quanto o de energia podem contribuir para o retardo do crescimento e posterior atraso da puberdade, pois existem indícios de atraso decorrentes da desnutrição crônica na maturação esquelética, na menarca e na fusão epifisária dos ossos longos, sendo esta manifestação do aumento do período de crescimento uma adaptação a circunstâncias nutricionais adversas (ALVELAR et al. 1994 apud ALBUQUERQUE e MONTEIRO, 2000).
Nas revisões da literatura, conforme Berg (1981) apud Arruda e Arruda (1994) esta claro que a diminuição do crescimento, tanto em estatura como em peso, associada com diversos graus de má nutrição “é acompanhada de diminuição da circunferência do crânio, do tamanho do cérebro, do número de células cerebrais e também, em casos menos graves, de déficits nos resultados das provas de capacidade cognitiva e sensorial”.
No Brasil, especialmente no Nordeste, o déficit energético sempre apareceu como um importante marcador dos problemas nutricionais (ARRUDA & ARRUDA, 1994). Dentro do Brasil, a desnutrição concentra-se principalmente no nordeste do país, nas periferias das grandes cidades e nos grandes “bolsões de pobreza”. Considerando este achado é difícil concluir se esta deficiência aconteceu em decorrência da diminuição das necessidades energéticas da população ou de mudanças no comportamento alimentar (ALBUQUERQUE e MONTEIRO, 2000). No entanto, pode-se dizer em relação a este aspecto, que a persistência deste déficit durante o período inicial da adolescência poderá contribuir para um desempenho do crescimento linear menos favorável do que poderia ser em melhores circunstâncias de vida.
É importante ressaltar que, de acordo com o UNICEF, as causas imediatas da má nutrição infantil são a insuficiência alimentar e as doenças. Estas resultam de causas subjacentes à insegurança quanto aos alimentos, aos cuidados materno-infantis inadequados, e às más condições dos serviços de saúde e do meio ambiente. As causas básicas estão nas instituições e nas estruturas sociais, nos sistemas político-ideológicos e na distribuição de renda e dos recursos potenciais. As evidências das causas e as etiologias da má nutrição foram relacionadas à ingestão nutricional deficiente de macro e micronutrientes, infecções e fatores genéticos, ambientais e sociais.
No Brasil, assim como na maioria dos países em desenvolvimento, a deficiência nutricional de maior prevalência e que apresenta mais conseqüências para a saúde é a desnutrição energético-protéica (DEP). A má nutrição tem manifestações e conseqüências diferentes, que dependem da severidade dos achados clínicos e da duração do quadro. Entre os fatores determinantes da DEP, tem-se o consumo alimentar com déficit qualitativo e quantitativo, a quantidade e qualidade da proteína ingerida, o desmame precoce, doenças diarréicas, infecções respiratórias agudas e as doenças típicas da infância, como por exemplo, o sarampo, a coqueluche, a poliomielite e a difteria (ANAIS DO 2º CONGRESSO BRASILEIRO DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA, 2004).
Em relação à obesidade, a Organização Mundial da Saúde, em 1998 a definiu como “doença na qual o excesso de gordura corporal se acumulou a tal ponto que a saúde pode ser afetada”. Estatísticas demonstram que os índices vêm crescendo de forma alarmante, sendo considerada uma verdadeira epidemia mundial. Nos EUA, comparando-se os inquéritos nacionais de 1965 e 1980, constata-se que a obesidade nas crianças de 6 a 11 anos aumentou em 67% entre os meninos e em 41% entre as meninas. Atualmente, 25% das crianças americanas são consideradas obesas, sendo que a maioria pertence a classes sociais com menor poder aquisitivo. No Brasil, as crianças mais atingidas pela obesidade ainda pertencem ás classes sociais mais privilegiadas, apesar da tendência recente de uma mudança nesse perfil. O Instituto Nacional de Alimentação e Nutrição (INAN) aponta que a obesidade infantil no Brasil atinge 16% das crianças (GIUGLIANO & MELO, 2004).
A obesidade é considerada atualmente como um problema de saúde pública tanto na população jovem como na adulta. Os dados referentes às crianças brasileiras, levantados em 1989 pelo Instituto Nacional de Alimentação e Nutrição (INAN) e pelo Programa Nacional de Saúde e Nutrição (PNSN, 1991) apontam que cerca de um milhão e meio de crianças são obesas, com maior prevalência nas meninas e nas áreas de maior desenvolvimento. No entanto, esse perfil está mudando, e a obesidade vem aumentando no sexo masculino e nas classes menos favorecidas.
O poder aquisitivo e a disponibilidade de alimentos, por si só, não geram uma prática alimentar correta. Diversas pesquisas demonstram, por exemplo, que o aumento do poder aquisitivo não se traduz, necessariamente, em melhoria do consumo alimentar e que, por falta de conhecimentos ou atitudes negativas, famílias de baixa renda nem sempre fazem o melhor uso de seus recursos disponíveis (MOTTA, 1987).
Crianças que vivem na pobreza apresentam significativamente mais problemas de saúde do que aquelas que vivem em circunstâncias mais confortáveis. Dessa forma, se reconhece que a pobreza, a desigualdade social e a falta de educação são as causas radicais da má nutrição e se insiste que o melhoramento do bem-estar humano, incluído o nutricional, devem ser os eixos dos esforços do desenvolvimento social e econômico (FAO, 1993, apud Arruda e Arruda, 1994).
Segundo Shils et al (2003) estudos de famílias indicam que o tamanho da família afeta o estado nutricional. Em geral, os filhos de famílias grandes tendem a ser mais mirrados que aqueles de famílias menores, essa criança tem ingestões mais baixas de nutrientes individuais, e suas dietas são nutricionalmente inadequadas comparadas as quotas dietéticas recomendadas.
As políticas que visam a demanda de alimentos englobam os vários aspectos relacionados com a aquisição e consumo, a renda familiar, o tamanho e o nível de instrução da família (GOLVEIA,1999). Segundo Motta (1987) os desvios nutricionais atingem, atualmente, indivíduos de todos os estratos sociais, quer por carência, quer por excesso de nutrientes, e a maioria das vezes tais desvios são condicionados por componentes educativos (conhecimentos ausentes, errôneos ou insuficientes, atitudes negativas, hábitos inadequados).
A avaliação dietética consiste na análise da alimentação de indivíduos com a finalidade de determinar a qualidade da dieta através de um ou mais parâmetros, tais como: ingestão adequada de nutrientes, número de porções consumidas de cada grupo de alimentos, quantidade de diferentes gêneros alimentícios presentes na dieta (CERVATO & VIERA, 2000). O levantamento dos principais alimentos consumidos habitualmente, como leite e derivados, carnes (de qualquer tipo ou espécie), vegetais e outros, a quantidade e a freqüência com que são ingeridos, contribui para uma melhor interpretação dos dados do dia alimentar, na tentativa de estimar a adequação de dieta da criança (NOBREGA, 1998).
A antropometria é um método de investigação em nutrição baseado na medição das variáveis físicas e na composição corporal global. É aplicável em todas as fases da vida e permite a classificação de indivíduos e grupos segundo o seu estado nutricional. Esse método tem como vantagens ser barato, simples, de fácil aplicação e padronização, além de pouco invasivo (GUEDES, & GUEDES, 1997).
Os índices antropométricos mais freqüentemente usados em avaliação nutricional com crianças são o peso / idade, altura / idade e o peso / altura. Os resultados desses dados antropométricos deverão ser sempre analisados em função da idade e do sexo da criança, que são os principais determinantes de sua evolução (ACCIOLY, 2003).
O estado nutricional através da antropometria pode ser expresso através do escore Z, ou seja, do sistema de desvio - padrão, que localiza o peso ou altura da criança avaliada em números de desvios-padrão do valor mediano da população de referência. Um escore Z negativo (inferior a 2) indica que a medida da criança encontra-se abaixo do padrão de referência, um escore Z positivo (superior a 2) significa que o valor da medida do indivíduo é maior do que a média da população de referência (MS, 2002).
Guedes (2003) indica que os problemas envolvidos com caracterização mais clara quanto ao excesso de gordura e de peso corporal não se limitam ao emprego do termo obesidade em substituição a sobrepeso, e vice-versa, mas também ao desacordo verificado em relação aos pontos de corte em sua identificação.
Muitos estudos têm demonstrado que o exercício pode ser muito eficiente em reduzir a gordura corporal em crianças e adolescentes obesos, com ou sem restrição específica da dieta. A maioria desses estudos envolve programas de aumento da atividade física nas escolas (ROWLAND, 1990). Ward e Bar-Or (1986) fizeram uma revisão contendo 13 estudos baseados em exercícios aeróbios regulares de nove semanas a 18 meses, em que o percentual de gordura caiu de 5 a 10% em todos os 13 artigos analisados.
Tipos de obesidade
De acordo com Damásio (2001) a obesidade humana tem resultado na identificação de vários subgrupos de indivíduos obesos. Essa identificação desses subgrupos é realizada em cinco formas: causas etiológicas; quantidade de gordura em excesso; características anatômicas do tecido adiposo; distribuição regional da gordura corporal e época de seu início. Já WHO (1998) relata que a obesidade ainda é classificada de acordo com a distribuição de depósitos de gorduras e são divididos em quatro tipos:
Tipo I – Caracterizado pelo excesso de massa adiposa corporal total sem concentração particular.
Tipo II – Caracterizado pelo excesso de gordura subcutânea na região abdominal e do tronco, também conhecida como do tipo andróide ou obesidade tipo “maça”, pois o aspecto corporal do indivíduo assemelha-se a esta fruta. A obesidade tipo II está associada ao aumento da fração LDL-C, estimulando o desenvolvimento de problemas cardiovasculares e a resistência à ação da insulina.
Tipo III – Caracterizado pelo excesso de gordura visceroabdominal, que também está associada a problemas cardiovasculares e a resistência à ação da insulina.
Tipo IV – Caracterizado pelo excesso de gordura glúteo-femural, também conhecida como do tipo ginóide ou obesidade do tipo “pêra”. A obesidade do tipo IV está mais suscetível a alterações nos períodos de gestação (principalmente repetidas) e desmame precoce.
Benefícios da redução do peso corporal
Ao executar-se qualquer tipo de atividade física para redução ou controle de peso corporal, precisamos de motivação, em que Guedes (2003) ressalta que a motivação principal de alguns indivíduos para se envolver em programas de controle do peso corporal, pode estar associada à melhora das aparências físicas, em razão dos valores estéticos da época. Contudo, no contexto de promoção de saúde, os programas de controle do peso corporal deverão ser encarados na perspectiva de auxiliar os indivíduos a diminuírem a exposição aos riscos predisponentes ao desenvolvimento de disfunções orgânicas que acompanham o sobrepeso e a obesidade.
Ao reduzir o peso corporal de indivíduos com sobrepeso ou obesos, esses passam a apresentar maior proteção aos eventuais distúrbios crônicos degenerativos, e, se eventualmente os sintomas já se manifestarem, sua progressão tende a diminuir ou a desaparecer (GUEDES, 2003).
O autor observa que evidências científicas sugerem que os indivíduos com sobrepeso ou obesos, ao apresentarem reduções de peso corporal, diminuem proporcionalmente a pressão arterial e o risco de aparecimento ou desenvolvimento da hipertensão, reduzem níveis anormalmente elevados de glicose sanguínea associados ao diabetes, controlam concentrações plasmáticas de lipoproteína e de triglicerídios relacionados às doenças cardiovasculares e diminuem o risco de ósteo-artrites e de disfunções quanto aos aspectos psicoemocionais.
Controle do peso corporal em populações jovens
O sobrepeso e a obesidade em crianças e adolescentes têm se constituído em importante fator de preocupação na área de saúde pública. Primeiro, porque o excesso de peso e gordura corporal nos jovens aumenta o risco de adultos apresentarem sobrepeso ou obesidade. Segundo, em razão de o sobrepeso e a obesidade em idades precoces estarem associados ao aparecimento e ao desenvolvimento de fatores de risco que podem predispor os adultos à maior incidência de distúrbios metabólicos e funcionais. Terceiro, em conseqüência de o sobrepeso e a obesidade no adulto resultarem de comportamentos e hábitos inadequados e de difícil modificação, quanto á dieta e à atividade física, incorporados na infância e na adolescência. Por fim, em razão de a prevalência do sobrepeso e da obesidade na população jovem ter aumentado em proporções significativas nas últimas décadas (GUEDES, 2003).
A incidência de obesidades no início da adolescência equivale a disposição de gordura durante os primeiros meses de vida da criança bebê. Com isso as conseqüências psicológicas, sociais estimulam uma maior ingestão de alimentos e com eles as gorduras.
A ansiedade causada pela “pressão” que, de certa forma, a sociedade já impõe para as crianças e adolescentes, estimula a um aumento no consumo de alimentos que não são saudáveis, comendo assim a toda hora e sem limites (GUEDES, 2003).
Metodologia da pesquisa
Para a realização da pesquisa utilizou-se pesquisa bibliográfica, utilizando como instrumento de pesquisa livros, artigos científicos e revistas especializadas, na qual selecionamos informações pertinentes à pesquisa.
Considerações finais
O contexto da sociedade atual alterou-se e mudou o hábito de vida da população. Nesse contexto, muitas crianças e adolescentes tornaram-se obesos, gerando um problema de saúde pública.
Percebeu-se no decorrer da revisão bibliográfica que o treinamento de força na criança e no adolescente pode trazer inúmeros benefícios, auxiliando na profilaxia das lesões articulares. Entretanto, percebeu-se também que na musculação, todos os técnicos e profissionais envolvidos devem ter boa formação e reconhecer que o treinamento deve ser adequado à faixa etária, evitando-se excessos.
Não somente como profilaxia das lesões articulares. O treinamento de força também pode auxiliar no aumento da densidade óssea e prevenção de lesões, aumentando a capacidade de desempenho nos esportes e atividades recreativas.
Os estudos analisados demonstraram que o exercício físico é um mecanismo eficiente que contribui na redução do peso corporal, aliada a outros hábitos positivos a saúde. No entanto a intensidade, duração e até mesmo a modalidade ideal de exercício físico é controverso no meio especializado, havendo certa predominância de estudos que apontam para os exercícios aeróbios de baixa a moderada intensidade devido à minimização dos riscos a saúde.
A eficácia de um programa de treinamento de força muscular associado à prática esportiva, pois assim as crianças tendem a ter benefícios físicos, sociais, psicológicos e motores. É importante respeitar os limites da criança, e o treinamento deve estar de acordo com o seu desenvolvimento motor e psicológico.
Como medida preventiva para a elaboração do programa de treinamento de força para crianças e adolescentes deve-se colocar em evidência a postura correta para realização da atividade e adequação do treinamento à faixa etária, deixando-se evidente que o treinamento vigoroso não afeta o crescimento, nem o desenvolvimento infantil, ao contrário, é fato que a atividade física é necessária para o crescimento e desenvolvimento normal.
Notas
Aumento físico do corpo, como um todo ou em suas partes, o que pode ser medido em termos de centímetros ou de gramas (OPAS;Ministério da Saúde, 2000, p. 76).
É um conceito amplo que se refere a uma transformação complexa, contínua e progressiva, que inclui, além do crescimento, a maturação, a aprendizagem e os aspectos psíquicos e sociais.
Anais do 2º Congresso Brasileiro de Extensão Universitária, 2004.
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