Whey Protein: proteína do soro do leite Whey Protein: la proteína del suero de la leche |
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*Autor **Orientadora Universidade Federal do Paraná (Brasil) |
Fabíola Rodrigues Cezar* | Josiane de Cassia Brito Ferreira* Marcelo Licnerski* | Tatiane Pereira* Maria Gisele dos Santos** |
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Resumo Em muitas pesquisas ficou comprovado a sua grande preferência pelos praticantes do treinamento de força nas academias, e isso se deve muito ao seu efeito anabólico, pois um dos principais objetivos dos praticantes que é a hipertrofia (Rocha e Pereira (1998) e Hirschbruch e colaboradores (2008). Com base nessas indagações, este artigo tem como objetivo analisar especificamente o suplemento Whey Protein, seus componentes bioquímicos, seus efeitos benéficos ou colaterais, a forma correta de utilização. Para dessa forma, compreender melhor o porquê do seu uso e entender as relações estabelecidas com os seus consumidores. Unitermos: Whey Protein. Soro de leite. Proteína.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 167, Abril de 2012. http://www.efdeportes.com/ |
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1. Introdução
Muito se tem falado nos últimos dias sobre o cuidado com o corpo e a importância da prática de exercícios físicos. O número de academias na cidade vem aumentando significativamente, novos produtos relacionados ao corpo são lançados pela indústria a cada semana, programas de televisão estão enfatizando cada vez mais reportagens englobando assuntos relacionados à nutrição, atividade física, produtos de beleza e dicas para como conseguir um corpo “perfeito”. Rocha e Pereira (1998) discorrem que a busca pelo melhor condicionamento físico e pela manutenção da saúde tem levado muitas pessoas à prática de várias modalidades de exercícios físicos em academias e algumas vezes a procura de meios rápidos para alcançar seus objetivos.
Com todos esses avanços não poderia ser diferente o desenvolvimento de vários produtos de suplementação alimentar. A indústria de suplementos cada vez mais apresenta uma gama enorme de produtos, está patrocinando vários atletas de variados esportes para divulgação da marca e vem ganhando espaço no mercado e na população em geral, pois muitos médicos estão prescrevendo suplementos principalmente vitamínicos para seus pacientes.
Sabendo desse avanço na área de suplementação, podemos destacar o grande uso do Whey Protein, que é o suplemento da proteína isolada do soro do leite. Segundo Haraguchi e colaboradores (2006), as proteínas do soro do leite são extraídas durante o processo de extração do queijo. Possuem alto valor nutricional, contendo alto teor de aminoácidos essenciais, especialmente os de cadeia ramificada. Também apresentam alto teor de cálcio e de peptídeos bioativos do soro. Em muitas pesquisas ficou comprovado a sua grande preferência pelos praticantes do treinamento de força nas academias, e isso se deve muito ao seu efeito anabólico, pois um dos principais objetivos dos praticantes que é a hipertrofia (Rocha e Pereira (1998) e Hirschbruch e colaboradores (2008). Com base nessas indagações, este artigo tem como objetivo analisar especificamente o suplemento Whey Protein, seus componentes bioquímicos, seus efeitos benéficos ou colaterais, a forma correta de utilização. Para dessa forma, compreender melhor o porquê do seu uso e entender as relações estabelecidas com os seus consumidores.
2. Composição das proteínas do soro do leite
As proteínas são derivadas da combinação de 20 aminoácidos, a sequência desses aminoácidos determina a função da proteína no organismo, suas funções podem ser estruturais, reguladoras, defesa ou transporte. (LEHNINGER, 2004).
Um dos suplementos alimentares mais a utilizados entre os praticantes de atividades físicas, as proteínas tem como principais funções: o aumento do balanço nitrogenado diário, aumento da ressíntese de ATP depois da atividade física, evita a anemia esportiva por meio da síntese de hemoglobina, mioglobina e enzimas oxidativas durante os exercícios aeróbios, melhorar a recuperação tecidual e a resposta imunológica do organismo. (MORAIS; MEDEIROS; LIBERALI, 2008)
As proteínas do soro do leite possuem estrutura globular e são constituídas por algumas pontes de dissulfeto, responsáveis pela estabilidade estrutural. As frações do soro do leite são constituídas de beta – lactoglobulina ( BLG), alfa – lactoglobulina (ALH), albumina do soro do leite (BSA), imunoglobulinas (LG'S) e glicomacropeptídeos (GMP). As frações podem variar em tamanho, peso molecular e função, fornecendo as proteínas do soro do leite características especiais. (HARAGUCHI; ABREU; PAULA,2006)
As proteínas do soro do leite possuem alta concentração de aminoácidos essenciais e aminoácidos de cadeia ramificada. Existem várias formas de comercialização do Whey Protein as mais utilizadas são: a forma isolada, forma concentrada, forma desidratada. A forma desidratada do Whey Protein é constituída na maior parte de lactose (75%), gordura ( 1,5%), proteína (14%). A forma concentrada do Whey Protein é constituída por lactose (55%), gordura (0,5%), proteína (89%). A forma isolada do Whey Protein é composta por proteína (90%), lactose (0,5), gordura (0,5%), sendo mais indicada e provoca menos desconforto intestinal, porém seu custo elevado diminui a sua utilização, os usuários de suplementos nutricionais derivados do soro do leite utilizam a forma desidratada e concentrada. (SAKZENIAN; MAESTÁ; CASTANHO; ORSATTI; MORAES; SALES; BUSCARIOLO; BURINI, 2009)
3. Horário da Ingestão e recomendação diária
As proteínas auxiliam no reparo e crescimento muscular, a recomendação para a ingestão diária de Whey Protein varia de acordo com a atividade física realizada. Atletas recreacionais praticando exercícios entre 4 e 5 duas por semana devem utilizar de 0,8 a 1,0 g/kg/dia, atletas praticantes de atividade de resistência aeróbia a recomendação é de 1,2 a 1,6 g/kg/dia, praticantes de atividades moderadas devem utilizar 1,2 g/kg/dia, a recomendação para atletas de endurance de elite é 1,6 g/kg/dia, atletas de força devem utilizar de 1,2 a 1,7 g/kg/dia, os atletas novatos de 1,5 a 1,7 g/kg/dia, atletas regulares devem utilizar de 1,0 a 1,2 g/kg/dia. (TERADA; GODOI; SILVA; MONTEIRO, 2009)
A ingestão de proteínas deve ocorrem após o exercício, favorecendo a recuperação e a síntese proteica muscular. Quanto menor for o intervalo entre o término do exercício e a ingestão proteica, menor será a resposta anabólica ao exercício. (HARAGUCHI; ABREU; PAULA, 2006)
A utilização do Whey Protein deve ocorrer após o exercício, no período de recuperação, possuindo uma rápida absorção e digestibilidade o Whey Protein aumenta a síntese proteica muscular entre 1 e 2 horas após o treino, coincidindo com os picos de síntese e catabolismo proteico muscular. (TERADA; GODOI; SILVA; MONTEIRO, 2009)
4. Riscos da utilização excessiva de Whey Protein
Os riscos da utilização excessiva de Whey Protein estão relacionados ao risco de uso excessivo de proteínas de maneira geral.
MacArdle et al (1992) (apud VALENTIM & PRIM) diz não haver nenhum benefício na ingestão excessiva de proteína, já que a energia adicional vinda da proteína se transforma em gordura e é armazenada em depósitos subcutâneos. Além disso, o excesso de proteína pode ser prejudicial pois sobrecarrega o fígado e os rins, já que grandes quantidades de subprodutos do metabolismo protéico (uréia, amônia e outros produtos nitrogenados) são eliminados via urinária.
Há também a questão da lactose (açúcar do leite) que dispara problemas gastro-intestinais em pessoas com intolerância a essa substância.
Em seu estudo, Sakzenian et al (2009) diz que um dos problemas foi em relação ao tipo de suplemento utilizado nos testes, eles utilizaram a forma desidratada e por isto algumas pessoas desistiram do estudo devido aos problemas gástricos. A forma isolada é melhor pois tem menos lactose que é causa de desconforto gastrintestinal em algumas pessoas, porém seu custo é elevado e as pessoas acabam optando pela forma concentrada ou desidratada que contém alta dose de lactose.
Valentim e Prim, falam sobre a importância de se usar os suplementos nutricionais quando não se consegue alcançar uma ingestão satisfatória do nutriente. Por isso seu uso é indicado a praticantes de atividade física para melhora da saúde, aos portadores de doenças e aos atletas em que a demanda energética e protéica precisem ser supridas
A suplementação deve ser feita com orientação de um nutricionista esportista pois somente este profissional sabe certas peculiaridades de cada produto. (CARVALHO I.S., 2005)
5. Efeitos Metabólicos do Whey Protein
As proteínas do soro do leite possuem alto valor nutricional, são as fontes mais concentradas de aminoácidos essenciais, entre eles os aminoácidos de cadeia ramificada. A quantidade e o tipo de proteína ou aminoácido tem influência sobre a síntese proteica. A leucina, um dos constituintes da proteína do soro do leite, esta relacionada com o processo de ativação da iniciação da síntese proteica sendo fundamental no processo de fosforilação de proteínas que dão inicio a tradução do RNA mensageiro para a síntese de proteínas. (LEHNINGER, 2004; TERADA et al, 2009)
A suplementação com Whey Protein age sobre a síntese proteica de duas maneiras sendo elas a rápida absorção intestinal e a liberação de hormônios anabólicos. A rápida absorção eleva a concentração de aminoácidos no plasma, agindo sobre a liberação de hormônios anabólicos, como a insulina, favorecendo a captação de aminoácidos para o interior da células muscular,otimizando a síntese proteica. (TERADA et al, 2009).
6. Efeitos fisiológicos do Whey Protein na musculação
Nos últimos anos houveram avanços importantes em relação à nutrição esportiva, com base em princípios biológicos e fisiológicos. O exercício físico tem grande efeito no metabolismo das proteínas, pois causa aumento na demanda nutricional. A exemplo o treinamento de força traz como consequência a redução na concentração da insulina, desta forma a suplementação com proteínas do soro do leite ajuda a estimular a síntese de proteínas, pois estimula a produção de insulina e reduz a quebra de proteínas. (SGARBIERI, 2004)
A baixa ingestão de nutrientes resulta num fornecimento inadequado de substratos necessários ao metabolismo energético, reparação tecidual, ao sistema antioxidante e à resposta imunológica. Na falta de nutrientes, os aminoácidos necessários para a síntese proteica pelo exercício, o equilíbrio proteico é negativo. A hipertrofia muscular ocorre quando a síntese proteica é maior que a degradação de proteínas. O treinamento de força tem efeito sobre o metabolismo proteico, resultando no crescimento de músculos. Os treinos de resistência necessitam de 1,2 a 1,4 g/Kg de massa por dia. A ingestão de proteínas pós exercício, favorece a recuperação e a síntese proteica muscular. (TERADA et al, 2009)
7. Conclusão
Concluímos que a proteína do soro do leite (Whey Protein) pode auxiliar no processo de hipertrofia quando associada ao trabalho de força, pois como qualquer proteína ela tem função de auxílio ao reparo e crescimento muscular. A Whey Protein ainda é melhor pois é de fácil digestão, evita a acidez metabólica e é rica em aminoácidos de cadeia ramificada.
Deve-se no entanto seguir a recomendação da ingestão diária deste produto e sua correta utilização para um melhor resultado e porque ainda há muito que se estudar sobre este suplemento e seus efeitos no organismo humano. Também deve-se levar em conta o tipo de atividade física e sua respectiva demanda energética e protéica na hora de estabelecer a quantidade a ser ingerida.
É importante o acompanhamento de um nutricionista esportivo porque nem sempre é necessária uma suplementação, muitas vezes a própria alimentação, se adequada ao tipo de exercício, pode fornecer a quantidade necessária de proteína para o indivíduo.
Referências utilizadas
CARVALHO, I.S; Fitness & Performance Journal, Rio de Janeiro, v. 4, n. 5, p. 253, Setembro/Outubro 2005
DAVID L. N, MARCY O, MICHAEL M. C, KAREN O. Lehninger, princípios de bioquímica. W H Freeman & Co, 2004.
HARAGUCHI F. K, ABREU W.C, PAULA H. Proteínas do soro do leite: composição, propriedades nutricionais, aplicações no esporte e benefícios para a saúde humana. Rev. Nutr. vol.19 no.4 Campinas Jul-ago. 2006.
HIRSCHBRUCH M.D, FISBERG M, MOCHZUKI L. Consumo de suplementos por jovens frequentadores de academias de ginástica em São Paulo. Rev. bras. med. esporte; 14(6):539-543, nov.-dez. 2008.
MORAIS R, MEDEIROS R.R. LIBERALI R. Eficácia da suplementação de proteínas no treinamento de força. Rev. Bras. de Nutr. Esp., São Paulo v. 2, n. 10, p. 265-276, Julho/Agosto, 2008.
ROCHA L.P, PEREIRA M.V.L. Consumo de suplementos nutricionais por praticantes de exercícios físicos em academias. Rev Nutr 1998, 11(1):76-82.
SAKZENIAN V. M, MAESTÁ N, CASTANHOK. F, MICHELIN E, ORSATTI F. L, SALES M. D, BUSCARIOLO F. F, BURINI R.C. Suplementação de proteína do soro do leite na composição corporal de jovens praticantes de treinamento para hipertrofia muscular. Nutrire Rev. Soc. Bras. Aliment. Nutr; 34(3), dez. 2009.
SGARBIERI V. C. Propriedades fisiológico-funcionais das proteínas do soro de leite. Revista de Nutrição, 2004.
TERADA L. C, GODOI M. R, SILVA T. C. V, MONTEIRO T. L. Efeitos metabólicos da suplementação do Whey Protein em praticantes de exercícios com pesos. Rev. Bras Nutr Esportiva 2009; 3(16):295-304.
VALENTIM, J.B.; PRIM, C.R. Avaliação do consumo de suplementos proteicos por praticantes de atividade física de uma academia de musculação na cidade de Curitiba, PR.
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