Prevalência do sobrepeso e da obesidade em escolares do ensino infantil de uma escola da rede privada de Montes Claros, MG Predominio de sobrepeso y de obesidad en escolares de nivel inicial de una escuela de la red privada de Montes Claros, MG |
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*Farmacêuticas, Graduadas pelas Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, FIPMoc **Acadêmico do Curso de Graduação em Farmácia pelas Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, FIPMoc ***Farmacêutica, Especialista em Farmacologia pela Universidade Federal de Lavras, UFLA Mestranda em Medicina Tropical pela Universidade de Brasília, UnB |
Débora Raquel Neves* Renata Amélia Cardoso Rodrigues* Ronilson Ferreira Freitas** Anna Maly de Leão e Neves Eduardo*** (Brasil) |
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Resumo Tanto no Brasil quanto no mundo, a prevalência do sobrepeso e da obesidade infantil vem aumentando significantemente. Este fato se torna preocupante devido ao risco que essas crianças têm de se tornarem futuros obesos além de adquirirem diversas condições mórbidas associadas à obesidade. Diante do exposto, o objetivo do presente estudo foi determinar a prevalência de sobrepeso e obesidade em escolares do ensino infantil de uma escola da rede privada de Montes Claros – MG, enumerar os fatores de risco e comparar os resultados com valores de referência. Este estudo foi realizado com 34 crianças entre 2 a 5 anos de ambos os sexos. Foi avaliado o peso e a altura de tais crianças para se calcular o IMC (Índice de Massa Corporal) de acordo com a idade e o sexo (percentil). Sobrepeso foi definido como IMC entre o percentil 85 e 90 e obesidade como IMC ≥95. Os responsáveis pelas crianças foram submetidos a um questionário sobre hábitos alimentares e esportivos dos pesquisados. A prevalência do sobrepeso e da obesidade foi de 17,64% e 23,52% respectivamente. O sobrepeso mostrou-se mais prevalente nas meninas (83,3%), já a obesidade foi mais freqüente nos meninos (62,5%). Das crianças que apresentaram sobrepeso, 100% não praticam atividade física e as que apresentaram obesidade 50% praticam. Sendo assim, conclui-se que o sobrepeso e a obesidade mostraram-se tão freqüentes tanto na amostra analisada quanto nos estudos realizados por outros pesquisadores. Unitermos: Prevalência. Sobrepeso. Obesidade. Crianças.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 167, Abril de 2012. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
A obesidade é definida como um excesso de gordura corporal relacionado à massa magra, e o sobrepeso como uma proporção relativa de peso maior que a desejável para a altura são condições de etiologia multifatorial, cujo desenvolvimento sofre influência de fatores biológicos, psicológicos e sócio-econômicos (GIUGLIANO; CARNEIRO, 2004).
Existe uma grande variabilidade biológica entre os indivíduos em relação ao armazenamento do excesso de energia ingerida condicionada por seu patrimônio genético. Os fatores genéticos têm ação permissiva para que os fatores ambientais possam atuar como se criassem “ambiente interno” favorável à produção do ganho excessivo de peso (sobrepeso e obesidade) (BALABAN et al., 2004).
Segundo Rito (2009) as preferências alimentares das crianças, assim como atividades físicas, são práticas influenciadas diretamente pelos hábitos dos pais, que persistem freqüentemente na vida adulta, o que reforça a hipótese de que os fatores ambientais são decisivos na manutenção ou não do peso saudável. Portanto, a informação genética constitui-se em uma causa suficiente para determinar sobrepeso e obesidade, mas, não sempre necessária, sendo possível reduzir-se a sua influência, através de modificações no micro e macro ambiente em que vivem as pessoas (OLIVEIRA et al., 2003).
Segundo Balaban (2001) a prevalência mundial da obesidade infantil vem apresentando um rápido aumento nas últimas décadas, sendo caracterizada como uma verdadeira epidemia mundial. No Brasil, estima-se que cerca de um milhão e meio de crianças são obesas. Este fato é bastante preocupante, pois a associação da obesidade com alterações metabólicas, como a dislipidemia, a hipertensão e a intolerância à glicose, considerados fatores de risco para o diabetes melitus tipo 2 e as doenças cardiovasculares até alguns anos atrás, eram mais evidentes em adultos, no entanto, hoje já podem ser observadas freqüentemente na faixa etária mais jovem (OLIVEIRA; FISBERG, 2003).
O aumento na prevalência da obesidade infantil é preocupante devido ao risco aumentado que esses indivíduos têm de tornarem-se adultos obesos e devido às várias condições mórbidas associadas à obesidade. Diante deste pressuposto, o objetivo desse estudo foi determinar as prevalências do sobrepeso e da obesidade em escolares do ensino infantil de uma escola da rede privada de Montes Claros – MG.
Metodologia
O presente estudo trata-se de uma pesquisa descritiva com abordagem quantitativa. Segundo Rudio (1999), a pesquisa descritiva está interessada em descobrir e observar fenômenos, procurando descrevê-los, classificá-los e interpretá-los. A abordagem quantitativa possui dados contáveis, mensuráveis (FRANÇA; VASCONCELOS, 2004).
O estudo foi realizado em uma escola da rede privada do município de Montes Claros – MG. A população de estudo foram 45 escolares do ensino infantil de uma escola da rede privada de Montes Claros – MG. O ensino infantil da escola selecionada engloba o Maternal, o 1º período e o 2º período. Cada sala contém 20, 15 e 10 alunos respectivamente, totalizando 45 crianças e obedecendo aos critérios de inclusão e exclusão, participaram do estudo 34 alunos. Para serem incluídas no estudo, as crianças deveriam ter participação livre na pesquisa; serem autorizadas pelos pais ou responsáveis através da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido de acordo a Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde do Ministério da Saúde; está regularmente matriculado no ensino infantil do colégio; e está presente no dia da pesquisa.
Foi agendada uma reunião com a diretora do colégio onde foi concedida a autorização para a realização da pesquisa. Posteriormente foi encaminhado aos pais ou responsáveis, um esclarecimento da pesquisa junto com a cópia da autorização da diretora e um termo de consentimento livre e esclarecido, que foi assinado por eles aceitando a participação da criança na pesquisa. Após a aceitação dos responsáveis, foi encaminhado a eles um questionário sobre hábitos alimentares e esportivos da criança.
As crianças que trouxeram os questionários foram selecionadas aleatoriamente, sempre que havia recusa em participar, chamava-se o aluno seguinte. Elas foram avaliadas medindo-se o peso e a estatura. A pesagem foi realizada com a criança descalça em uma balança digital da marca Plenna com capacidade de 0-150 Kg e graduação de 100g. Para a coleta da estatura, a criança ainda descalça foi colocada em posição ereta, encostada numa superfície plana vertical, braços pendentes com as mãos espalmadas sobre as coxas, os calcanhares unidos e as pontas dos pés afastadas. A medida foi feita usando um estadiômetro do tipo trena fixado na parede, com capacidade de 2 m. Com estas medidas, calculou-se o IMC para idade e sexo (percentil).
Os dados foram tabulados pelo programa SPSS versão 11 e analisados em formas de tabelas, identificando a prevalência do sobrepeso e da obesidade em tais crianças.
Resultados e discussão
A adoção do IMC para análise do estado nutricional infantil tende a ser recomendada como padrão internacional de referência por todos os institutos (ALBUQUERQUE; GOMES, 2002; OLIVEIRA et al., 2004).
Para se avaliar a presença da obesidade na infância, o método mais utilizado como critério diagnóstico é a relação peso\estatura por idade. Foi a partir da análise desses dados encontrados que identificou-se a prevalência de escolares acima do peso (GIUGLIANO; MELO, 2004).
A partir das análises realizadas, foi possível observar que 2,94% das crianças entrevistadas possuem baixo peso, 55,8% são normais, 17,64% apresentaram sobrepeso e 23,52% são obesas, conforme mostra a tabela 1.
Fonte: Pesquisa realizada em escolares de uma rede privada de Montes Claros – MG.
Vários estudos realizados no Brasil de características semelhantes a essa pesquisa comprovam a grande prevalência de sobrepeso e obesidade em escolares sendo assim compatíveis com os resultados da tabela 1, o que reforça uma tendência verificada em nível mundial: o incremento do sobrepeso e da obesidade na infância.
No mundo, a estimativa de crianças menores de 5 anos com sobrepeso é de 18 milhões e a prevalência de obesidade nesta mesma faixa etária, varia de 2,5% entre as crianças mais pobres a 10,6% no grupo economicamente mais favorecido. A grande preocupação é o impacto global que esses futuros adultos obesos poderão causar (SOARES; PETROSKI, 2003; BALABAN et at., 2004).
Segundo Giugliano; Carneiro (2004), cerca de um milhão e meio de crianças são obesas, com maior prevalência nas meninas e nas áreas de maior desenvolvimento. No entanto, esse perfil está mudando e a obesidade vem aumentando no sexo masculino e nas classes menos favorecidas. Nos estudos de Fisberg et al., (2006), a prevalência de sobrepeso foi significativamente maior no sexo feminino do que no masculino. Já a obesidade foi significativamente maior prevalente entre os meninos que entre as meninas concordando assim com a nossa pesquisa que apresentou maior prevalência de sobrepeso nas meninas (83,3%) e maior prevalência de obesidade nos meninos (62,5%), de acordo os dados disponíveis na Tabela 2.
Fonte: Pesquisa realizada em escolares de uma rede privada de Montes Claros – MG.
Há uma grande tendência da prática de atividade física ser mais freqüente nas crianças normais do que nas com sobrepeso. A Tabela 3 demonstra isso, apontando que 100% das crianças que estão com sobrepeso não praticam atividade física. Entretanto, 50% das que apresentaram obesidade praticam atividade física. Contudo, vale ressaltar que alguns pais podem não ter respondido tais perguntas com total veracidade. A culpa pelo peso dos filhos pode ter levado os pais a dizerem que estes praticam alguma atividade física.
Fonte: Pesquisa realizada em escolares de uma rede privada de Montes Claros – MG.
Há uma intensa relação entre o tempo gasto assistindo televisão e a prevalência de obesidade. A taxa de obesidade em crianças que assistem menos de uma hora diária é 10%, enquanto que o hábito de persistir por três, quatro, cinco ou mais horas por dia vendo televisão está associado a uma prevalência de cerca de 25%, 27%, e 35% respectivamente (MELLO et al., 2004). Os dados relatados na Tabela 4, contradizem que com os valores mostrados por Mello et al., (2004), apontando que 37,5% das crianças que passam acima de duas horas assistindo televisão, são obesas.
Fonte: Pesquisa realizada em escolares de uma rede privada de Montes Claros – MG.
Com a urbanização, a população passou a mudar do campo para as cidades e a residir em pequenas casas ou apartamentos, trocando os afazeres rurais pelas comodidades da vida moderna. Diante dessas mudanças, a infância, por exemplo, que era sinônimo de brincadeiras como pular, correr, subir em árvore, andar de bicicleta e brincar na rua, atualmente, em decorrência da falta de espaço e do aumento da violência nos grandes centros urbanos, tem feito com que as crianças, cada vez mais, deixem de lado as atividades características desse período de vida para ficar na frente de um computador acessando a internet, de uma televisão a cabo ou brincando de videogames, deixando de lado a prática de exercícios físicos. Assim as alterações no estilo de vida da criança não só ajudam a elevar o nível de estresse, mas também estimulam o sedentarismo, que predispõem a prevalência de crianças obesas (DIAS et al., 2007; BUENO; FISBERG, 2006).
Conclusão
Através do estudo realizado e da análise dos dados obtidos, é possível concluir que o aumento do sobrepeso e obesidade em crianças tem-se aumentado muito nos últimos anos, e que os pais e/ou responsáveis por essas crianças deve-se manter atentos quanto à alimentação e a prática de atividades físicas dessas crianças, sendo que estes fatores podem prevenir e evitar o aumento no índice de obesidade populacional, pois foi observado que o sobrepeso e a obesidade mostraram-se tão freqüentes tanto na amostra analisada quanto nos estudos realizados por outros pesquisadores.
Referências bibliográficas
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