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Sexualidade e atividade física em 

indivíduo com deficiência: Qual sua relação?

La sexualidad y la actividad física en personas con discapacidad. ¿Cuál es la relación?

 

Discentes do Mestrado de Exercício e Saúde em Populações Especiais

Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física

Universidade de Coimbra, Coimbra

(Portugal)

José António Aleixo Morais Amaro Pereira

aleixo.uc@gmail.com

Nathália Alonso Martins

alonsonathalia@yahoo.com.br

 

 

 

 

Resumo

          O objetivo deste trabalho é reunir a revisão de literatura acerca do tema sexualidade na deficiência encarando a sua importância e pertinência, determinar qual o nível de conhecimento, atitudes, opiniões e as preocupações, que envolvem questões de ordem sexual em indivíduos com deficiência, dos seus pais e familiares, além de funcionários que lidam profissionalmente com os próprios visados. Além de relacionar a prática de atividade física ao tópico sexualidade.

          Unitermos: Sexualidade. Atividade física. Deficiência. Inclusão.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 167, Abril de 2012. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A sexualidade é uma parte importante da vida de um ser humano. Os psicanalistas vêem à libido como uma energia instintiva a todas as formas de vida que tem como propósito a sobrevivência individual e da raça humana, o seu crescimento e desenvolvimento. Porém, o seu tema está envolto em repressões sociais e durante séculos prevaleceram diversos mitos, nomeadamente de que indivíduos com deficiência seriam assexuados, que tinham um incontrolável instinto sexual e eram conotados como eternas crianças (Küpper, Ambler, & Valdivieso, 1992; Isler, Beytut, Tas & Conk, 2009).

    Saber quais os mitos que envolvem a temática, tornando-a num assunto tabu, são importantes para o correto acesso à educação sexual e a forma como deverá ser administrada a informação. Na prática de atividade física, devido à utilização do corpo, ocorre a facilitação da troca de conhecimentos corporais, relações de gênero e interações com a sexualidade. O esclarecimento adequado deste assunto por profissionais de saúde, faz com que deficientes possam sentir perfeitamente incluídos na sociedade, tomando consciência de si próprios e daquilo que os rodeia, sem se sentirem diminuídos pela sua condição física (Chimiti, Pelegrini, & Gallo, 2007; Foucault, 2001). 

    O objetivo deste trabalho é reunir a revisão de literatura acerca do tema sexualidade na deficiência encarando a sua importância e pertinência, determinar qual o nível de conhecimento, atitudes, opiniões e as preocupações, que envolvem questões de ordem sexual em indivíduos com deficiência, dos seus pais e familiares, além de funcionários que lidam profissionalmente com os próprios visados. Além de relacionar a prática de atividade física ao tópico sexualidade.

Sexualidade e a deficiência

    O termo sexualidade está muito associado ao ato sexual, porém é além disso, uma forma de expressão dos sentimentos, no qual se delimita a identidade sexual, identificando-se com o gênero masculino ou feminino e sendo assim, com suas características próprias. Além disto, suas alterações físicas e psicológicas no decorrer da vida, nomeadamente questões preventivas de doenças sexualmente transmissíveis, contracepção, o que deve ser ou não consentido e com quem, homossexualidade e o casamento (Chimiti, Pelegrini & Gallo, 2007). Na antiguidade, os deficientes eram abandonados e excluídos devido às suas diferenças corpóreas e/ou psíquicas, no qual a sociedade justificava essas atitudes como sendo normais (Pessotti, 1984).

    Durante o final do século XIX e início do século XX, adultos com deficiência intelectual eram considerados como ameaças para a sociedade. Eram vistos como seres degenerados, existindo um receio de que as mulheres procriassem de forma aleatória. Havia a tendência para ver estas pessoas como seres assexuados e “eternas crianças” e tal como era inconcebível falar sobre sexo com crianças, o mesmo se passava em relação a pessoas com deficiência, de forma a proteger a sua inocência natural (Brito & Oliveira, 2009).

    Os julgamentos que as pessoas fazem de indivíduos com deficiência tornam-no um problema bastante mais social que individual. Numa entrevista feita a indivíduos com lesões vértebro-medulares surge a seguinte transcrição que sugere esse mesmo preconceito:

    Um amigo que eu conhecia bem um dia perguntou-me “Tu não consegues, pois não?” Eu disse “não consigo o que? Eu sabia bem onde ele queria chegar, e então pensei em prolongar o momento e esticar ao máximo as suas palavras, por fim ele diz “bem, capaz de ter sexo com alguém”, ao que respondi “Tu não caminhas enquanto fazes amor, pois não? Pelo menos eu ainda não vi algo do gênero no Kama Sutra!” (Sakellariou, 2006).

    Freqüentemente tanto os pais como os educadores transmitem aos indivíduos com deficiência intelectual sentimentos de rejeição da sexualidade, encarando-a como algo extremamente negativo que deverá ser reprimido (Swango-Wilson, 2008). Gardiner & Braddon (2009), declaram que pesquisa mostra claramente que as pessoas com deficiência intelectual têm presente a sexualidade nas suas vidas. Porém este assunto é raramente discutido com eles, o que tem como resultado uma inapropriada perspectiva sexual que se poderá manifestar para com os profissionais que consigo lidam e seus familiares.

    A tolerância das pessoas é maior em relação à sexualidade de indivíduos com lesões vértebro medulares do que com deficiência intelectual, constando que estes últimos tinham menos controle sobre os seus impulsos, e menos responsabilidade sobre a sexualidade (Grieve, McLaren, Lindsay & Culling, 2008). O mesmo autor refere que profissionais de saúde comunitários não demonstraram ser menos complacentes do que aqueles que trabalhavam em meio institucionais. Contudo relações heterossexuais alcançaram bastante mais aceitação que homossexuais.

    Os deficientes visuais têm necessidades semelhantes a um indivíduo que não tenha o mesmo problema, e a verdadeira mensagem deverá ser passada pelos educadores (Krupa & Esmail, 2010). Ideologicamente os educadores e pais, reconhecem o direito das pessoas com deficiência expressarem aspectos da sua sexualidade, na prática contudo as suas crenças conservadoras continuam a conduzir as suas atitudes para a negação daquilo que afirmam cogitar (Küpper, Ambler & Valdivieso, 1992; Evans, McGuire, Healy & Carley, 2009).

Sexualidade e a prática de atividades físicas na deficiência

    Todas as pessoas têm os mesmos direitos, obrigações e possibilidades para desenvolver todo o seu potencial. Construir uma sociedade mais justa e solidária, como educar indivíduos com deficiência englobando a temática da sexualidade ir-lhes-á permitir desenvolver-se num molde integral, aprendendo a conhecer-se, aceitar-se e respeitar-se enquanto homens e mulheres que são (Sánchez, 2008).

    Para o educador físico ou fisioterapeuta que lidam com a atividade física do deficiente, não basta só entender de biomecânica ou cinesiologia, mas sim do ser humano como um todo (Chimiti, Pelegrini, & Gallo, 2007). Tão importante quanto a prática de atividade física, a sexualidade esclarecida faz com que o deficiente se sinta parte da sociedade como todos os indivíduos (World Health Organization, 1975).

    Do ponto de vista neuroquímico, a atividade física promove a liberação de uma série de substâncias no cérebro como a endorfina, dopamina e os endocanabinóides, que além dos efeitos imediatos de euforia e analgesia, são capazes de promover uma modulação do funcionamento cerebral de forma mais sustentada. Isso pode resultar em maior equilíbrio intelectual, gerando menos sintomas de ansiedade e depressão, tudo isso proporcionando um o equilíbrio da sexualidade de um indivíduo (Werneck, Bara Filho, & Ribeiro, 2005).

    A atividade sexual é uma atividade física, podemos perceber a atividade física e a sexualidade como um ciclo, no qual apresenta influências benéficas em ambos os sentidos (Nemec, Mansfield, & Kennedy, 1964). Indivíduos sexualmente ativos tendem a ter maior preocupação com o físico, sendo assim com maior possibilidade de atrair o indivíduo desejado. A melhora do estado geral de saúde, incluindo a capacidade de elevar a auto-estima proporcionada pela atividade física regular, traz influências positivas à sexualidade (Goellner, 2009).

    Outra vantagem, a atividade física em grupo, oferece a sensação de pertencer a um conjunto de pessoas homogêneas promovendo um importante feito que se chama interação social, que faz bem à saúde. O isolamento social não faz bem à saúde, e os efeitos negativos começam pela falta de apoio social. Essa troca de idéias, sentimentos e percepções tem sido repetidamente demonstrado como um importante estratégia de incentivo à realização de atividade física e aceitação do “eu” (Bailey & McLaren, 2005).

    Esta educação deverá ter a preocupação de não se centrar única e exclusivamente na sexualidade enquanto relação física, já que este não é o único nem o mais importante aspecto a ser transmitido, porque não é possível a sua separação do seu desenvolvimento social, crenças, atitudes, valores, auto-conceito e a sua auto-estima (Braga, 2006). A indigência de se sentir aceite, dar e receber afeto, ter um aspecto que seja atrativo, ter amigos com quem possa partilhar pensamento e experiências são alguns das mais profundas necessidades humanas. A sexualidade estende-se para lá das sensações físicas e adequabilidade dos comportamentos entra em confronto com a sua apropriação social pelo que é fundamental a existência de aprendizagem dessas mesmas normas (Gardiner & Braddon, 2009).

    A temática é bastante difícil, mas como profissional de saúde é um dever abordar esse assunto. A ajuda com orientações e cuidados corporais, contribuem para uma vida sexual mais satisfatória (Meister, 2010). Lembrando que a abordagem em cada indivíduo é diferente, sendo de fundamental importância delimitar suas incapacidades e funcionalidades para atingir as devidas expectativas (Sanders, 2007).

    De acordo com Baxley & Zendell (2005) no seu manual: “Sexuality education for children and adolescents with developmental disabilities: an instruccional manual for parents or caregivers of and individuals with developmental disabilities” o processo educacional deverá conter os seguintes aspectos:

  • Reconhecimento das partes do seu corpo, utilizando a designação correcta de cada uma delas.

  • Porque cobrimos certas partes do corpo.

  • Conhecimento da diferença entre o homem e a mulher.

  • Compreensão e expressão das suas mudanças emocionais.

  • Entender qual a importância da sua higiene pessoal.

  • Auto-estima.

  • Autocontrole.

  • Quais os direitos que possui.

  • Perceber como nasce uma criança.

  • Abuso físico e sexual.

  • Infecções transmitidas pela via sexual.

  • Afectividade.

  • Estabelecer os limites entre as actividades que se realizam em público e em privado.

  • Quais as fronteiras relacionais a ter para com diferentes pessoas (pais, amigos, educadores e estranhos)

    A forma como estes conhecimentos poderão ser transmitidos é particularmente importante e desafiador, devido às necessidades específicas de cada indivíduo. Os deficientes historicamente têm menos oportunidades para adquirir informações, evidenciando esta necessidade. Os deficientes visuais poderão usar modelos táteis, diagramas palpáveis e descrições detalhadas para eliminar as barreiras educacionais (Krupa & Esmail, 2010). Para os lesados vertebro-medulares, a dificuldade parece não ser o “como fazer”, mas “com quem fazer”, já que nestes casos a disfunção erétil poderá ser tratada através de implantes, medicação, bombas de vácuo, entre outros. Embora a zona genital perca a sensibilidade esta é transferida de forma aumentada para outras zonas erógenas como os mamilos (Sakellariou, 2006).

    O mais importante é rever conceitos, liberta-se de inseguranças e possíveis medos. A educação sexual proporciona ao indivíduo perceber a sua identidade física, emocional e o seu crescimento sexual, desenvolvendo um conceito positivo de si próprio para que seja criada uma transferência benéfica no seu comportamento em relação à sexualidade humana e na construção de valores morais apropriados (World Health Organization, 2006).O seu acesso permitirá uma menor vulnerabilidade e a redução de comportamentos indesejados da sua expressão sexual (Swango-Wilson, 2008).

Considerações finais

    Embora ainda prevaleça na mente de diversas pessoas a recusa de que o desejo da satisfação sexual independentemente de serem pessoas com ou sem deficiência de qualquer ordem, fato é que os indivíduos com deficiência tem exatamente as mesmas necessidades, sentimentos e desejos que os ditos normais. Posto isto, deverão ter o direito à acessibilidade educacional acerca de todos os conceitos que envolvem a sexualidade, isto tem como objetivo a sua proteção, socialização e a sua melhor adequabilidade da sua expressão sexual.

    Geralmente as crianças e jovens têm acesso à instrução de caráter sexual através da convivência com o seu grupo de pares, contudo os indivíduos com deficiência têm esta lacuna social, estando mais isoladas do que seria esperado e esta falta de oportunidade de interação com grupos de pares acarreta a falta de esclarecimentos. É comum serem alvo de uma superproteção que também as condicionará de forma a conhecerem possíveis parceiros, os comportamentos das pessoas com deficiência não estão condicionados pelas leis promulgadas, mas por aqueles que deles cuidam.

    Urge valorizar a realidade, o Homem é um ser sexuado ao longo de toda a sua vida, pelo que a sua manifestação estará inerente ao desenvolvimento da pessoa com deficiência, como tal, é necessário conceber-lhes a oportunidade de auto exploração, e desfrutar da sua revelação sexual que deverá ser positiva e saudável. Deixar de ver a pessoa com deficiência apenas como alguém que dependente de afeto, mas também como fornecedor de tal numa perspectiva recíproca, consciente e segura.

    O profissional de saúde, como o licenciado em ciências do desporto ou fisioterapeuta, responsável pela atividade física planeada e estruturada do deficiente, pode e deve se posicionar em relação a percepção do indivíduo à sexualidade. Caso o profissional da saúde fugir destes questionamentos contribuirá para negação da existência da sexualidade nestes indivíduos.

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